segunda-feira, novembro 07, 2005

O LIXO DE MARADONA
07.11, 17h54

por Rodrigo Constantino, economista

O bode chegou! Todo governante autoritário em casa precisa de um bode expiatório fora, para justificar as atrocidades domésticas. Bush é o bode expiatório perfeito. Afinal, é presidente do país mais poderoso do mundo, e ainda por cima adota medidas políticas contrárias ao consenso esquerdista, predominante nas rodas de pseudos-intelectuais que abundam na mídia. Crime grave!

Não gosto de Bush, por vários motivos que sequer vem ao caso, bastando dizer que não são os mesmos que geram ódio patológico em certos acéfalos. Para começar, Bush é político, e raramente gosto de políticos. Mas o fato é que Bush representa o símbolo perfeito para a causa de todos os males do mundo, pela ótica canhestra. A ignorância, quando aliada à desonestidade intelectual, exige um rótulo que simplifique o “entendimento” do mundo. Bush passa a encarnar Lúcifer em pessoa. Se tem um furacão, é culpa de Bush. Se há miséria no mundo, culpa do Bush. Se mais um atentado terrorista ocorre, em uma série que vem sendo construída há décadas, pode ter certeza que foi culpa de Bush. Se alguém sofre de prisão de ventre, deve ter ligação com Bush. Carrapatos que matam? Tem dedo do Bush nessa história!

O aparato anti-Bush montado pelos latino-americanos foi incrível, nesta visita do presidente americano. Uma lista de “notáveis” mereceu destaque, tanto pela quantidade de adeptos conquistados para o rebanho monolítico, como pelas acusações feitas, vindo de quem veio. Hugo Chávez, o projeto de Fidel Castro sem barba e com muito petróleo, é sempre uma atração à parte. Seus discursos inflamados, repletos de populismo, ainda emocionam as massas de idiotas úteis. Uma curiosidade científica e tanto! Chimpanzés aprenderiam mais rápido que certos humanos ou não? Eis a questão que me intriga...

Evo Morales, o cocalero socialista que tem boas chances de se tornar presidente da Bolívia, foi outro destaque no evento contra Bush. Se eu fosse Bush, ficaria ao menos muito contente com essa oposição. Triste seria alguém como Morales fazer um elogio a você! Certas figuras falando bem da gente é pior que o mundo nos criticando. Morales considera o capitalismo como o maior mal da humanidade. A liberdade de comprar e vender, participar de trocas voluntárias, deve ser terrível mesmo para os que gostariam de impor seus produtos goela abaixo. Talvez a cocaína seja o grande bem da humanidade então...

Por fim, o ex-craque de futebol, Diego Maradona, foi o grande articulador do movimento anti-Bush. Seu carinho por Fidel Castro chega a emocionar, e o genocida mereceu até uma tatuagem como homenagem do jogador. Entendo a amizade de Maradona com Evo Morales, afinal, este vende algo que aquele adora. Mas a paixão por Fidel parece estranha. Talvez seja pelos mesmos motivos que Chico Buarque nutre profunda admiração pelo ditador assassino: ambos são ricos e vivem bem longe da ilha presídio! Assim, com certeza, fica mais fácil falar bem do regime cubano. Afinal, se eles morassem em Cuba e vivessem com dez dólares mensais, empurrando suas filhas para a prostituição para terem o que comer, provavelmente detestariam Fidel. Claro, não poderiam nem mesmo afirmar isso, a não ser que atravessassem os tubarões até Miami.

Maradona, que entende de bola e não de política, recebeu muita atenção da mídia pelos seus comentários políticos sobre o presidente americano. Disse ele que Bush é o lixo humano! E disse isso um dia depois de trocar abraços carinhosos com Fidel Castro, o diamante humano, pela ótica do craque argentino. Como já disse, não gosto nada de Bush. Mas confesso que, diante desses relatos, não posso evitar certa simpatia pelo texano. Quem é detestado pelos admiradores de Fidel Castro sobe automaticamente no meu conceito.

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