segunda-feira, setembro 25, 2006

Pegando Carona no BRIC



Rodrigo Constantino

O economista chefe do Morgan Stanley, Stephen Roach, escreveu um relatório onde alerta para uma possível virada na boa performance das bolsas dos países membros do chamado BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. Ele chama a atenção para a possibilidade de uma menor generalização dentro do heterogêneo grupo, onde os fundamentos isolados começariam a receber mais destaque através de um critério de diferenciação. O crescimento econômico pífio do Brasil, que para ser medíocre teria que melhorar muito, ficaria assim em maior evidência, já que hoje acaba ocultado pelo enorme crescimento dos demais países.

O crescimento da economia brasileira tem sido, de longe, o mais fraco do grupo. A dinâmica interna não tem força, e apenas as exportações puxaram um pouco mais a média para cima. O PIB cresceu uma média anual de apenas 2,2% no período de 2001 a 2005, literalmente um quarto dos 8,9% de média de crescimento dos outros três países do BRIC, no mesmo período. Stephen Roach usa esses dados para questionar até mesmo o motivo do Brasil fazer parte desse grupo, já que não parece qualificado para tanto. Na verdade, parece que apenas o tamanho continental do país, assim como a letra inicial do seu nome – que cria um impacto mais agradável do ponto de vista sonoro, justificam a presença do Brasil nesse grupo de rápido crescimento econômico. E o Brasil acabou pegando uma boa carona no BRIC, já que o conceito em si, alimentado pela boa performance econômica dos demais, conquistou muitos investidores. Muitos dólares respingaram na terra brasilis por tabela, ainda que nossa performance econômica fosse equivalente a do Haiti.

Não obstante esses fatos lamentáveis, os petistas comemoram tamanha mediocridade, falando dos empregos “criados” pelo governo Lula. Não aprovo o governo FHC. Não pelas privatizações, pois ser contra a redução do papel de empresário do Estado é coisa de maluco, sejamos sinceros. Mas pelo excesso de gastos públicos, que não foram devidamente reduzidos. Mas o fato de um liberal reprovar o governo FHC pelo excesso de presença estatal na economia não impede que justiça seja feita, através de um julgamento objetivo e imparcial. Na era FHC, o mundo viveu tempos terríveis de crises, como as da Ásia, Rússia, LTCM, Nasdaq e Y2K. Era crise grave atrás de crise grave. Já no período do governo mais corrupto da história brasileira, este que agora tenta a reeleição com uso de dólares ilegais e ranço autoritário, o mundo nunca experimentou tanta bonança. A economia global vem crescendo cerca de 5% ao ano, os países emergentes mostram mais de 6% de crescimento, e o Brasil patina na lama, crescendo menos de 3% ao ano, ainda mais puxado pelo crescimento externo. Mas os petistas acham o máximo a performance econômica da era Lula, comparando em termos absolutos com a era FHC, ignorando todo o contexto mundial.

O relatório do Morgan Stanley apenas reforça fatos já conhecidos pelos que não fogem deles como o diabo foge da cruz. O Brasil vem pegando carona no BRIC, pois em termos de performance, não merecia fazer parte do grupo. E o governo Lula vem pegando carona nessa carona, aproveitando o crescimento mundial, que trás o Brasil a reboque, para conquistar votos e esconder o mar de corrupção que tomou conta do país. O que o governo Lula tem de corrupto, tem de sortudo também. Para a alegria dos safados, e tristeza da nação.

10 comentários:

BOOTLEAD disse...

Boa Tarde Rodrigo,

Desculpe-me, mas meu comentário não tem nada a ver com este artigo, aliás muito bem escrito como todos os anteriores, mas sim com uma reportagem que acabei de ler na "folha-on-line"sobre aquela pessoa ignóbil e tão apedeuta quanto o seu lider máximo, que eu chamo de aldo rabeiro, em minúsculas mesmo, como devemos nos referir a este tipo de gente. Aquele mesmo que quer colocar no nosso sagrado pãozinho francês 20% de farinha de nordestino, já querem até nos submeter a seus usos e costumes no amarra, q.m.
Bom, saiu na folha-on-line, em entrevista prestada pelo deputado "pólista" a reporter Gabriela Guerreiro intitulada
"Aldo acusa oposição de forçar segundo turno contra vontade popular", no qual reproduzo o seguinte trecho:"Imagino que há campanha entre os adversários do presidente Lula querendo levar a eleição para o segundo turno, independente da vontade do eleitor, porque acha que assim é melhor. Mas eu pergunto: é melhor para quem, cara pálida? Quem tem que decidir é o eleitor", enfatizou.
Caramba, poderias me explicar, não estou entendendo mais nada, quar dizer que quem vai levar as eleições para o segundo turno, serão os partidos da oposição e não os eleitores que abominam esta trupe de apedeutas,ignóbios, etc
Obrigado pela sua atenção e continue com seus artigos deveras pertinentes.
F.L.(Bootlead)
http://bootlead.blogspot.com/

Rodrigo Constantino disse...

Eu tinha visto aqui, e rolado de rir! São uns imbecis. Perigosos imbecis...

Anônimo disse...

Rodrigo
A reeleição traz consigo a possibilidade de abuso de poder e do uso da máquina pública para fins eleitorais.Lula tem usado e abusado deste expediente.Sem escrúpulos, como é do seu feitio, promoveu neste último ano de governo um autêntico trem da alegria , beneficiando funcionários federais, aposentados que ganham um salário mínimo e beneficiários do bolsa Família.Trata-se de farta distribuição de dinheiro para camadas da população que hoje garantem a liderança de Lula nas pesquisas. O economista Roberto Macedo, em artigo no Estado de São Paulo, transcrito no blog Argumento e Prosa - http://argumentoeprosa.blogspot.com/ - .faz uma interessante analogia entre a generosidade governamental com o dinheiro público e o “jabá” que as gravadoras pagam às emissoras de rádio para a execução de determinadas músicas. É o jabá eleitoral.Eu diria mais: trata-se da ampliação, em nível nacional, das práticas dos antigos coronéis da política em seus redutos eleitorais: uma dentadura em troca de um voto; um saco de cimento em troca de um voto; um remédio em troca de um voto. Lula consolida, então, o coronelismo em dimensão nacional .

Anônimo disse...

Caro Rodrigo,

Como economista vc sabe que não podemos crescer mais que 3,5% AA, as contas não fecham, a infra estrutura está no limite, não temos poupança (sugada pelo deficit do governo) se avizinha uma crise no setor elétrico, continuamos dando mais importancia aos aposentados do setro público que a educação que planta nosso futuro.
Somos o país das escolhas insensatas e vivemos em um capitalismo envergonhado.
O poder público se porta como se fosse capaz de gerar riqueza ao invés de simpelsmente retornar a sociedade o que recolhe através de nossos impostos.

Anônimo disse...

FHC, assim como Lula, não fizeram o principal, que é zelar pela vida humana. O que é melhor economia crescer a 10% ao ano e vc não poder sair na rua ou a economia crescer a 1% e vc poder sair na rua.

No Brasil é maravilhoso: governo arrecada 40% do PIB, faz muito pouco, economia não cresce nada pois os juros são astronomicos, E SE MATA A TORTO E A DIREITO NAS RUAS sendo isso apenas um pequeno efeito colateral da situação do país.

FHC deixou a criminalidade explodir, Lula não fez ABSOLUTAMENTE nada. Agora estamos fú!

Ou entra alguém com coragem para exterminar os bandidos, ou continuaremos prisioneiros da liberdade. (Gostou Guigui?)

Anônimo disse...

Ótimo artigo, Rodrigo, e ótimos comentários.

Há dois caminhos para sair desse impasse do crescimento:

- expansão monetária, como na Argentina, Venezuela, Indonésia. Com crescimento por uns anos e a inevitável quebra ou super-inflação alguns anos lá pra frente.

- Corte de gastos estatais e reformas microeconômicas: dolorosos para o estado glutão que temos mas as únicas reformas que podem proporcionar crescimento sem ilusões.

Se a primeira proposta perder as eleições, já fico contente. Se qualquer político, mesmo o Lula e sua quadrilha, resolverem implementar a segunda - o país agradece.

Um abraço

Anônimo disse...

O governo Lula gerou muitos empregos: empregos públicos, através de concursos ou cargos de confiança para os correligionários! Os empregos produtivos, no setor privado, estão sob controle apenas indireto do governo. Dependem dos altos encargos trabalhistas, da burocracia mais complicada do mundo, das restrições ao investimento estrangeiro, restrições às demissões e contratações, restrições de salário mínimo, da alta carga e da alta complexidade tributária. O estado brasileiro faz de tudo pra evitar que uma vaga formal de emprego seja criada, e isso nem começou com o PT, é apenas a maneira que sempre foi.

De empregos públicos o país não precisa. Será que um dia vamos superar essa idéia de que o estado é responsável por gerar empregos?

Quando os jovens mais brilhantes e especializados deste país pararem de estudar pra concurso público e começarem a montar empresas, aí estaremos no caminho certo. Infelizmente, isto parece estar completamente fora do paradigma brasileiro.

Anônimo disse...

Belo artigo, não se pode deixar passar uma historia dessas depois da reportagem do Financial Times.

Anônimo disse...

Pessoal.... sou estudante de direito do RS, e estou precisando fazer um trabalho sobre BRIC, onde estou tendo dificuldades de encontrar um embasamento sólido do tema... Por gentileza c alguém ter algo sobre o BRIC, mandar para min... Mto Obrigado pela atenção!!!

lucas_aui@msn.com

Unknown disse...

os critérios a colocar o Brasil no BRIC vã além da análise das crises na Rússia ou das taxas d crescimento.

Procure se informar antes d fazer outro artigo tendencioso!

INCAUTOS, ATENTAI À FALSA ARGUMENTAÇÃ!!