domingo, abril 03, 2011

Bolsonaro e o fuzilamento da direita

Guilherme Fiuza, Revista ÉPOCA

NO BRASIL DE HOJE, COMO SE SABE, NINGUÉM é de direita. Ou melhor: a direita existe, mas é uma espécie de sujeito oculto, que só aparece para justificar os heróicos discursos da esquerda - eterna vítima dela. Lula governou oito anos, promoveu seus companheiros aos mais altos cargos e salários estatais, fez sua sucessora, e a esquerda continua oprimida pela elite burguesa. É de dar pena. Nessa doce ditadura dos coitados, é preciso cuidado com o que se fala. Os coitados são muito suscetíveis. Foi assim que o deputado federal Jair Bolsonaro foi parar no paredão.

Bolsonaro é filiado ao Partido Progressista, mas é uma espécie de reacionário assumido. Defende abertamente as bandeiras da direita - que, como dito acima, não existem mais. Portanto, Bolsonaro não existe. Mas fala - e esse é seu grande crime. Depois da polêmica entrevista do deputado ao CQC, da TV Bandeirantes, o líder do programa, Marcelo Tas, recebeu e-mails de telespectadores revoltados. Parte deles protestava contra o próprio Tas, por ter dado voz a Jair Bolsonaro. Na Constituição dos politicamente corretos - assim como nas militares -, liberdade de expressão tem limite.

A grande barbaridade dita por Bolsonaro no CQC, em resposta à cantora Preta Gil, foi que um filho seu não se casaria com uma negra, por não ser promíscuo. Uma declaração tão absurda que o próprio Marcelo Tas cogitou, em seguida, que o deputado não tivesse entendido a pergunta. Foi exatamente o que Bolsonaro afirmou no dia seguinte. Estava falando sobre homossexualismo e não percebeu que a questão era sobre racismo: “A resposta não bate com a pergunta”, disse o deputado.

Se Jair Bolsonaro é ou não é racista, não é essa polêmica que vai esclarecer. No CQC, pelo menos, ele não disparou deliberadamente contra os negros. Estava falando de promiscuidade, porque seu alvo era o homossexualismo. O conceito do deputado sobre os gays é, como a maioria de seus conceitos, reacionário. A pergunta é: por que ele não tem o direito de expressá-lo?

Bolsonaro nem sequer pregou a intolerância aos gays. Disse inclusive que eles são respeitados nas Forças Armadas. O que fez foi relacionar o homossexualismo aos “maus costumes”, dizendo que filhos com “boa educação” não se tornam gays. É um ponto de vista preconceituoso, além de tacanho, mas é o que ele pensa. Seria saudável que os gays, com seu humor crítico e habitualmente ferino, fossem proibidos de fustigar a truculência dos militares? A entrevista também passou pelo tema das cotas raciais. Jair Bolsonaro declarou o seguinte: “Eu não entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um médico cotista”.

É a resposta de um reacionário, um dinossauro da direita, prescrito pelas modernas ideologias progressistas e abominado por sua lealdade ao regime militar. Mas é uma boa resposta. E agora? Agora o Brasil bonzinho vai fazer o de sempre: passar ao largo do debate e choramingar contra a direita. Eis um caminho de risco zero. Processar Bolsonaro, o vilão de plantão, é vida fácil para os burocratas do humanismo. No reinado do filho do Brasil, até o nosso Delúbio, com a boca na botija do mensalão, gritou que aquilo era uma conspiração da direita contra o governo popular. O filão é inesgotável.

Cutucar o conservadorismo destrambelhado de Bolsonaro é atração garantida. Mas censurá-lo em seguida não fica bem. Parece até coisa dos antepassados políticos dele. A metralhadora giratória do capitão dispara absurdos, mas não está calibrada para fazer média com as minorias - e isso é raro hoje em dia. De mais a mais, se manifestantes negros podem tentar barrar um bloco carnavalesco que homenageia Monteiro Lobato, por que um deputado de direita não pode ser contra o orgulho gay e as cotas raciais? Vai ver o preconceito também virou monopólio da esquerda.

7 comentários:

Anônimo disse...

' foi que um filho seu não se casaria com uma negra, por não ser promíscuo'

Errado, não foi isso que ele disse, na resposta ele não falou de casar com negra nenhuma

http://www.youtube.com/watch?v=HyaqwdYOzQk&feature=player_embedded

Pô, até tu, veja?
ntsr

Anônimo disse...

Ato falho simulado para ganhar visibilidade e capitalizar votos. Esse Bolsonaro é inteligente.

Morena Flor disse...

Os fins não justificam os meios.

Mesmo ele "não fazendo média" com "minorias", ele continua um grosseirão presunçoso.

Mais um da escola do olavo de Carvalho(não me admirarei se Olavo sair em defesa dele, são iguaizinhos, Bolsonaro só não é tão "boca suja" qto o Olavo).

Morena Flor disse...

"O que fez foi relacionar o homossexualismo aos “maus costumes”, dizendo que filhos com “boa educação” não se tornam gays. É um ponto de vista preconceituoso, além de tacanho, mas é o que ele pensa".

Já falei em outros lugares e repito:

Uma coisa é liberdade de opinar. Outra, MUITO DIFERENTE, é usar deste direito para ofender uma classe de pessoas, só pq "voça çinhoria"(escrevi de propósito mesmo!) ACHA q gay é tudo promíscuo.

Imagino a cara do "cidadão" se um gay disser q "esses homens héteros não valem nada". Claro q não vai gostar, não é? E isso é, de fato, injusto!(aliás, NUNCA OUVI homossexual algum dizer tal coisa dos héteros, q hétero é tudo pegador, galinha, canalha, imprestável e similares adjacentes.... Estranho né?) Pois então, q ele respeite para ser respeitado.

Anônimo disse...

Mas é justamente isso que o RC falou no vídeo
Contanto que n aponte uma arma pra cabeça de ninguem nem obrigue ninguem a nada, o gay tem sim o direito sim de falar que ele pensa que hetero é pegador, canalha, etc

Pra esquerda, liberdade de expressao so existe pra quem concorda com ela
ntsr

Anônimo disse...

À Morena Flor:

Aqui quem escreve é o "leitor do MSM" (rs), Morena. Tenho visto sua participação no MSM e lhe dou muito mais razão que àqueles radicais religiosos conservadores de lá. Mas tem uma crítica que fazem a vc que me parece procedente: a de que vc carrega um ranço "politicamente correto", sobretudo no que concerne ao feminismo. Até entendo vc, sei que vc não é comunista, mas é preciso tomar muito cuidado para não estar se posicionando como o faz as esquerdas, para não acabar engrossando e reforçando o discurso delas.

Talvez isso se deva à sua idade (27, né?). Eu já fui de esquerda, já fui do PT na sua origem, já defendi bandeiras "politicamente corretas", e sei muito bem o que é a estratégia gramsciana. É preciso inclusive não usar a mesma linguagem da esquerda. Tenho filho de sua idade e também já a tive (rs).

Apóio em parte o feminismo, tive mulheres feministas como companheiras, mas tb critico os seus exageros e postura beligerante. Sua conduta em defesa do feminino ainda peca por alguma beligerância e utilização de palavras que têm origem na esquerda feminista.

Não defendo o patriarcado, não sou religioso (muito pelo contrário), mas tenho consciência de que a esquerda feminista, assim como a esquerda gay, têm como finalidade minar a instituição da família. Faz parte da estratégia gramsciana.

Não que morra essa esquerda de amores pelas minorias, pois apóiam até o extermínio delas se lhe for conveniente em algum momento, como já deixei claro em alguns comentários. É tudo política e jogo de poder.

Olho vivo e bem aberto!!!

Bj.

Anônimo disse...

Pra que um homem vai querer casar e ter filhos, pra mulher virar uma jararaca gorda, levar os filhos embora e arrancar metade de tudo que ele tem?
google por marriage strike, essa é a maior conquista do feminismo