sábado, agosto 04, 2007

O Socialismo em Marcha


Rodrigo Constantino

“Raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez.” (David Hume)

Esse artigo não vai falar das declarações assustadoras do presidente Lula sobre “brincar de democracia”, ameaçando os opositores, dizendo que ninguém coloca mais gente na rua do que ele (também, com tanta transferência de recurso do bolso dos contribuintes para seus camaradas do MST, CUT e UNE...). Não será sobre o gigantesco aparelhamento da máquina estatal por colegas de partido. Também não irá tratar do fato de os petistas chamarem de “golpista” todos aqueles que relatam fatos ou condenam a corrupção, demonstrando que o autoritarismo está em seu DNA. Tampouco falará sobre a repulsiva amizade dos petistas com o ditador Fidel Castro, culminando num ato absurdo de deportar dois pobres atletas cubanos, tratados como prisioneiros somente por terem saído do país, algo proibido pelo líder admirado (de longe) por nossos “intelectuais” (quando é para deportar terroristas comunistas, essa turma cria infinitos obstáculos). Não será sobre nada disso. O foco será sobre o avanço do governo na economia.

Com todos os seus defeitos, parece inegável que a abertura comercial promovida por Collor no começo da década de 1990 foi fundamental para tirar o Brasil do retrocesso acelerado. Está certo que o país ainda é muito fechado, bem mais protecionista que os países desenvolvidos. Mas a pouca abertura realizada foi suficiente para gerar uma revolução de competitividade em nossas empresas. A competição entre produtores, independente da sua nacionalidade, é a maior garantia de um bom produto para os consumidores. A arma que os consumidores possuem é a livre concorrência, não o governo. Quanto menos o governo se intrometer na economia, melhor para os consumidores. Nesse sentido, as privatizações feitas pela necessidade de caixa do governo FHC foram excelentes para o povo brasileiro. Ninguém desejaria o retorno da Telebrás. Observando o resultado das privatizações da CSN, CVRD, Embraer, Telebrás, ferrovias etc. fica evidente que somente fatores ideológicos explicam alguém ainda defender um governo gestor de empresas. Não há lógica alguma nisso. No entanto, é justamente o que o governo Lula vem tentando recriar no país.

O governo já demonstrou interesse em ver a Brasil Telecom e a Telemar juntas, formando uma única e grande empresa de controle nacional, sendo que o governo teria influência através de uma golden share. O que importa a nacionalidade dos controladores para os consumidores? Absolutamente nada! O que interessa é a competição livre, justamente o que estaria ameaçado com a idéia do governo de recriar uma espécie de Telebrás. Fora isso, a Petrobrás, maior estatal do país, vem comprando grandes empresas privadas, o que aumenta o controle estatal na economia. Primeiro foi a Agip, depois a Ipiranga, uma grande parte da Brasken e agora a Suzano Petroquímica. As compras feitas pela estatal chegam a cerca de US$ 4 bilhões. Isso representa transferência de controle da iniciativa privada para o setor público, sempre mais ineficiente, corrupto e sujeito às pressões políticas. Enquanto nos Estados Unidos temos dezenas de empresas competindo no setor de petróleo e petroquímica, no Brasil vemos a Petrobrás reduzindo a competição e assumindo um monopólio perigoso, no estilo da PDVSA venezuelana. O governo não está satisfeito. Quer mais! Pelo visto, quer controlar toda a economia, como sempre foi o caso em países socialistas, gerando muita miséria. Se a racionalidade fosse parte do nosso cotidiano, estaria na pauta de discussões a privatização da Petrobrás. Em vez disso, vemos a estatal comprando cada vez mais empresas privadas, estendendo os tentáculos do governo na economia. Está tudo trocado!

Na crise aérea vemos o mesmo tipo de mentalidade. Após o presidente Lula afirmar que não sabia da gravidade da crise (ele nunca sabia de nada, e nós não sabemos o que ele faz lá), e seu aliado Marcos Aurélio Garcia comemorar com gestos obscenos a suposta culpa da TAM no acidente, a reação atrasada do governo é aumentar o grau de controle estatal no setor. Em vez de privatizar a Infraero e reduzir a quantidade de agências incompetentes que servem apenas para cabides de emprego, o governo pretende decidir as rotas e até as tarifas no setor. O “planejamento” será feito pelo governo, impedindo as soluções criativas do setor privado, sempre mais atendo às reais demandas do consumidor. Por que não criar a Aerobrás logo? Tenho certeza que muitos no governo gostariam justamente disso. O debate econômico no Brasil é assustadoramente atrasado...

Socialismo é quando o governo detém os meios de produção, seja de facto ou de jure. Tivemos socialismo tanto na União Soviética de Stalin como na Alemanha nazista, onde o governo apontava até os diretores das grandes empresas, decidindo quanto seria produzido, quanto seria vendido, para quem e a que preço. Sempre que o governo assumiu este grau de controle sobre os meios de produção, o resultado foi a total miséria do povo. Socialismo significa prateleiras vazias. Infelizmente, muitos brasileiros ainda não acordaram para esta realidade, preferindo defender mais e mais governo atuando na economia. Muitos querem um governo gestor de empresas, algo totalmente sem sentido. Miram no lamentável exemplo da Venezuela, em vez de focar no caso do sucesso americano. É idolatrar muito o fracasso! São esses que permitem esta marcha socialista em curso no Brasil. É realmente uma pena ver o mundo avançando em direção ao capitalismo, reduzindo a intervenção estatal na economia, enquanto no Brasil a palavra “privatização” ainda desperta forte revolta popular. Enquanto esta mentalidade não mudar, não temos a menor chance de sucesso.

13 comentários:

  1. Anônimo6:22 PM

    Você vai comentar algo a respeito da "Grande Vaia" contra o Lula, que teve na Av. Paulista e reuniu mais de 10.000 pessoas?

    Abraços

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  2. Anônimo6:44 PM

    Constantino

    será q vao deportar os boxeadores mesmo? Caraca q vergonha, enquanto Achille Lollo, e outros ficam ae a vontade, putz

    O jogador de handebol parece q estao em Sao Paulo mesmo.

    E quanto ao Brasil dar certo, esquece, com essa mentalidade q temos acho q até fomos longe demais

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  3. Cuba: Ame-a ou deixe... GOTCHA!

    Ditaduras de verdade não deixam ninguém sair.

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  4. Esse culto ao atraso é o que atravanca a vida aqui ao sul dos trópicos.

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  6. Anônimo10:20 AM

    http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/070803_cubanosboxebg.shtml

    Como dialogar com defensores de ditadores? Os esquerdistas gostam de acreditar que são os únicos que conseguem se colocar no lugar dos "mais fracos", e portanto os únicos que podem defendê-los. Mentira!!! A verdade é que lhes falta empatia. Coloquem-se no lugar de um cubano, um ser humano que nasce sem seus direitos básicos... quer sair da ilha? Não pode, Fidel não deixa... e vc não é ninguém pra saber mais que el comandante... vá cortar cana! Todos iguais, mais uns mais iguais que os outros; Fidel > você.

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  7. Excelente texto, Constantino.

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  8. Anônimo5:37 PM

    "no Brasil vemos a Petrobrás reduzindo a competição e assumindo um monopólio perigoso, no estilo da PDVSA venezuelana".

    Desemprego despenca na Venezuela:

    http://www.aporrea.org/actualidad/n96989.html

    Caracas, 21 Jun.- La tasa de desocupación en mayo del presente año se ubicó en 8% (973 mil 375 desocupados), informó el presidente del Instituto Nacional de Estadística (INE), Elías Eljuri, en referencia al informe sobre la situación de la fuerza de trabajo en Venezuela correspondiente a mayo.

    En comparación con ese mes de 2006, cuando la tasa de desempleo se ubicó en 10,2% (1 millón 213 mil 947 desocupados), la cifra de este año refleja una disminución de 2,2 puntos porcentuales (240 mil 572 personas), destaca un boletín de prensa del INE.

    El análisis comparativo intermensual de la población desempleada establece que en mayo de 2007 se refleja una disminución en términos absolutos de 127 mil 703 personas en relación con abril del mismo año, cuando ese índice se ubicó en 8,8% (1 millón 1001 mil 78 desocupados).

    Eljuri acotó que la tasa de desempleo de mayo 2007 es la más baja en ese mes desde 1999, año en el que se encontraba en 14,6%. En ese año se inició la difusión del indicador con periodicidad mensual.

    En mayo de 2000 la tasa de desempleo en el país fue de 13,8%; en 2001 fue 13,1%; 2002, 15,3%; 2003, 19,2%; 2004, 15,8%; 2005, 12,6% y 2006, 10,2%.

    Por otro lado, el número de ocupados en el país entre mayo 2006 y mayo 2007, refleja un incremento de 2,2% (484 mil 330 personas), con lo que la tasa de ocupación pasó de 89,8% (10 millones 688 mil 128 ocupados) a 92,0% (11 millones 172 mil 458 ocupados).

    En cuanto a la caracterización de la ocupación, en el sector formal se evidenció un incremento de 377 mil 771 ocupados entre mayo de 2006 y 2007, con lo cual el porcentaje de población empleada en este sector pasó de 54,9% a 55,9%.

    Pode chorar, direita caricata!

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  9. Anônimo5:41 PM

    “Raramente se perde qualquer tipo de liberdade de uma só vez.” (David Hume)

    Frase de efeito tola e contextualizada ao gosto do freguês. Hume certamente não pensou, por exemplo, nos índios brasileiros escravizados nas "guerras justas" e nem ainda nas vítimas do tráfico atlântico. Só por aí, milhões de exceções à regra.

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  10. Anônimo3:02 PM

    Esse debiloide vem comemorar uma taxa de 10% de desemprego na Venezuela...vai animal

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  11. Anônimo4:21 PM

    Avisem pro analfabeto fã de Chavez que a Venezuela enfrenta um surto inflacionario, crise no abastecimento de alimentos, indices abusurdamente altos de violencia e corrupção. Esse indice de desempego, tão logo a inflação acabe, vai voltar a pipocar. Ninguem investe mais naquele país.

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  12. Coincidência feliz essa. Ontem mesmo escrevi um texto sobre o mesmo assunto como resposta a alguns amigos meus que se enquadram na esquerda festiva carioca.

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  13. É o que dá a miséria da educação. Infelizmente o marxismo vagabundo tomou conta das escolas e o resultado é que o povo acha que o problema é da iniciativa privada quando o problema está no estado.
    A economia do país perde mais uma década com esse governo.

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