Rodrigo Constantino
“As pessoas do mesmo ramo raramente se reúnem, mesmo para o lazer e a confraternização, sem que a conversa acabe numa conspiração contra o público ou em alguma manobra para aumentar os preços.” (Adam Smith)
Quando falamos em capitalismo, automaticamente vem à mente de muita gente a imagem dos grandes e poderosos empresários, que controlam amplo poder político em suas mãos. No entanto, este tipo de “capitalismo” não se parece nada com o capitalismo de livre mercado, defendido pelos liberais. Ele está muito mais para um “capitalismo de relacionamentos”, onde o setor público e o setor privado desfrutam de uma ligação simbiótica. Para ajudar a salvar o verdadeiro capitalismo destes “capitalistas”, os economistas da Universidade de Chicago, Raghuram Rajam e Luigi Zingales, escreveram o livro Salvando o Capitalismo dos Capitalistas, uma defesa bastante pragmática do livre mercado como meio para se criar mais riqueza e ampliar as oportunidades. Para os autores, o maior inimigo do capitalismo não são os exaltados socialistas e sindicalistas, mas estes que se dizem capitalistas enquanto conspiram contra a livre concorrência.
Os economistas deixam claro que o sistema de livre mercado é a forma mais eficaz de organizar a produção e distribuição dos bens e serviços na sociedade. São fervorosos defensores do mercado financeiro também, como uma “ferramenta extraordinariamente eficaz para difundir oportunidades e combater a pobreza”. Um mercado financeiro sadio é fundamental para manter vivo o processo da “destruição criadora”. Os autores afirmam: “Sem mercados financeiros vibrantes, inovadores, a economia inevitavelmente se petrificaria e declinaria”. Afinal de contas, muitos possuem boas idéias, mas não conseguem acesso a financiamentos. A falta de recursos para financiar as idéias é o principal empecilho no caminho da riqueza, e eis justamente o que um mercado financeiro sofisticado atende. O desenvolvimento do mercado financeiro difunde a disponibilidade de capital, aumentando a força do ser humano em relação aos donos de capital. A intensa competição entre investidores de risco nos Estados Unidos é o maior aliado dos empreendedores, que costumam encontrar capital disponível para financiar seus projetos inovadores.
Exatamente por isso o desenvolvimento do mercado financeiro encontra fortes barreiras naqueles que pretendem preservar o status quo. Os já estabelecidos preferem manter o poder, naturalmente. E eles se sentem ameaçados pelos mercados livres, que garantem maior acesso aos demais, nivelando as oportunidades. Basta pensar o que Michael Dell, um sujeito com uma boa idéia que abandonou a faculdade, representou para uma grande firma já estabelecida como a IBM. Mas, como lembram os autores, “para que os livres mercados competitivos possam se desenvolver, o primeiro passo é que o governo respeite e assegure os direitos de propriedade até dos cidadãos mais fracos ou indefesos”. Historicamente, a maior ameaça vem do próprio governo e sua voracidade.
Quando os grandes privilegiados com o status quo se unem ao governo, as resistências ao desenvolvimento do livre mercado ficam fortes demais. A única esperança nesse caso vem de fora. Logo, “o comércio exterior e os fluxos transnacionais de capital expõem as empresas estabelecidas num país a uma vigorosa concorrência vinda de fora”. Os países são então forçados a fazer o necessário para tornar a economia mais competitiva. De modo geral, isso pode implicar um fortalecimento das instituições necessárias para os mercados internos.
Um risco sempre presente para o livre mercado está nos perdedores com a concorrência. Esses destituídos encontram incentivos para se organizar e obter proteção do sistema político. Suas demandas costumam superar os subsídios, voltando-se contra o próprio sistema econômico que os levou a tal situação. Essas demandas coincidem com os desejos dos capitalistas estabelecidos. “Quando os despossuídos se organizam espontaneamente”, os autores lembram, “os políticos profissionais e os partidos tentam cooptar essa energia para seus próprios objetivos eleitorais”. Segundo os autores, “para impedir que a política trabalhe contra o mercado, é preciso auxiliar os que perdem na concorrência, não para continuar uma batalha perdida mas para minorar sua dor e prepará-los para um futuro melhor”. Ou seja, uma rede básica de proteção, de preferência permitindo o investimento na adaptação da nova realidade, representa uma importante medida para a sobrevivência do capitalismo. O importante é preservar o dinamismo da livre concorrência e sua conseqüente “destruição criadora”.
Para os autores do livro, o governo tem um papel importante a desempenhar, auxiliando na construção da infra-estrutura necessária para o bom funcionamento do livre mercado. Eles entendem os riscos da captura do governo por parte dos poderes estabelecidos, e defendem mecanismos descentralizadores para mitigar este risco. No entanto, afirmam que “a falta de regulamentação pode ser uma proteção e uma barreira à entrada tanto quanto o excesso de proteção ou uma proibição explícita à entrada!”. Um governo que determina certas regras básicas de transparência, por exemplo, pode ajudar na preservação do livre mercado.
O maravilhoso mecanismo de livre mercado se depara com poderosos inimigos, dentre eles justamente aqueles que afirmam defender o capitalismo enquanto buscam, através do governo, barrar a concorrência. O capitalismo liberal cede lugar ao “capitalismo de relações” nesses casos, com uma espécie de “concorrência administrada”. Este sistema não permite nem substanciais inovações nem a necessária destruição. Além disso, não conta com a imparcialidade na alocação de recursos, já que as regras para distribuir prêmios ou castigos se tornam totalmente arbitrárias. Os recursos e recompensas acabam não com os mais eficientes, mas com os poderosos interesses estabelecidos, os “amigos do rei”. A retórica do interesse público muitas vezes oculta esse auto-interesse das ações contra o mercado.
Para os autores, o tema principal do livro “é que o livre mercado, talvez a instituição econômica mais benéfica que a humanidade conheceu, repousa sobre alicerces frágeis”. Faz-se necessário fortalecer tais alicerces. Como principal receita, temos a lembrança de que “a maneira mais efetiva de reduzir o poder dos interesses estabelecidos no que se refere a influências sobre a legislação é manter os mercados internos abertos à concorrência internacional”. Abraçando a globalização e mantendo um mercado financeiro bastante aberto, estaremos forçando uma busca pela eficiência e, com isso, salvando o capitalismo dos “capitalistas”, muitas vezes os maiores inimigos do livre mercado.
“As pessoas do mesmo ramo raramente se reúnem, mesmo para o lazer e a confraternização, sem que a conversa acabe numa conspiração contra o público ou em alguma manobra para aumentar os preços.” (Adam Smith)
Quando falamos em capitalismo, automaticamente vem à mente de muita gente a imagem dos grandes e poderosos empresários, que controlam amplo poder político em suas mãos. No entanto, este tipo de “capitalismo” não se parece nada com o capitalismo de livre mercado, defendido pelos liberais. Ele está muito mais para um “capitalismo de relacionamentos”, onde o setor público e o setor privado desfrutam de uma ligação simbiótica. Para ajudar a salvar o verdadeiro capitalismo destes “capitalistas”, os economistas da Universidade de Chicago, Raghuram Rajam e Luigi Zingales, escreveram o livro Salvando o Capitalismo dos Capitalistas, uma defesa bastante pragmática do livre mercado como meio para se criar mais riqueza e ampliar as oportunidades. Para os autores, o maior inimigo do capitalismo não são os exaltados socialistas e sindicalistas, mas estes que se dizem capitalistas enquanto conspiram contra a livre concorrência.
Os economistas deixam claro que o sistema de livre mercado é a forma mais eficaz de organizar a produção e distribuição dos bens e serviços na sociedade. São fervorosos defensores do mercado financeiro também, como uma “ferramenta extraordinariamente eficaz para difundir oportunidades e combater a pobreza”. Um mercado financeiro sadio é fundamental para manter vivo o processo da “destruição criadora”. Os autores afirmam: “Sem mercados financeiros vibrantes, inovadores, a economia inevitavelmente se petrificaria e declinaria”. Afinal de contas, muitos possuem boas idéias, mas não conseguem acesso a financiamentos. A falta de recursos para financiar as idéias é o principal empecilho no caminho da riqueza, e eis justamente o que um mercado financeiro sofisticado atende. O desenvolvimento do mercado financeiro difunde a disponibilidade de capital, aumentando a força do ser humano em relação aos donos de capital. A intensa competição entre investidores de risco nos Estados Unidos é o maior aliado dos empreendedores, que costumam encontrar capital disponível para financiar seus projetos inovadores.
Exatamente por isso o desenvolvimento do mercado financeiro encontra fortes barreiras naqueles que pretendem preservar o status quo. Os já estabelecidos preferem manter o poder, naturalmente. E eles se sentem ameaçados pelos mercados livres, que garantem maior acesso aos demais, nivelando as oportunidades. Basta pensar o que Michael Dell, um sujeito com uma boa idéia que abandonou a faculdade, representou para uma grande firma já estabelecida como a IBM. Mas, como lembram os autores, “para que os livres mercados competitivos possam se desenvolver, o primeiro passo é que o governo respeite e assegure os direitos de propriedade até dos cidadãos mais fracos ou indefesos”. Historicamente, a maior ameaça vem do próprio governo e sua voracidade.
Quando os grandes privilegiados com o status quo se unem ao governo, as resistências ao desenvolvimento do livre mercado ficam fortes demais. A única esperança nesse caso vem de fora. Logo, “o comércio exterior e os fluxos transnacionais de capital expõem as empresas estabelecidas num país a uma vigorosa concorrência vinda de fora”. Os países são então forçados a fazer o necessário para tornar a economia mais competitiva. De modo geral, isso pode implicar um fortalecimento das instituições necessárias para os mercados internos.
Um risco sempre presente para o livre mercado está nos perdedores com a concorrência. Esses destituídos encontram incentivos para se organizar e obter proteção do sistema político. Suas demandas costumam superar os subsídios, voltando-se contra o próprio sistema econômico que os levou a tal situação. Essas demandas coincidem com os desejos dos capitalistas estabelecidos. “Quando os despossuídos se organizam espontaneamente”, os autores lembram, “os políticos profissionais e os partidos tentam cooptar essa energia para seus próprios objetivos eleitorais”. Segundo os autores, “para impedir que a política trabalhe contra o mercado, é preciso auxiliar os que perdem na concorrência, não para continuar uma batalha perdida mas para minorar sua dor e prepará-los para um futuro melhor”. Ou seja, uma rede básica de proteção, de preferência permitindo o investimento na adaptação da nova realidade, representa uma importante medida para a sobrevivência do capitalismo. O importante é preservar o dinamismo da livre concorrência e sua conseqüente “destruição criadora”.
Para os autores do livro, o governo tem um papel importante a desempenhar, auxiliando na construção da infra-estrutura necessária para o bom funcionamento do livre mercado. Eles entendem os riscos da captura do governo por parte dos poderes estabelecidos, e defendem mecanismos descentralizadores para mitigar este risco. No entanto, afirmam que “a falta de regulamentação pode ser uma proteção e uma barreira à entrada tanto quanto o excesso de proteção ou uma proibição explícita à entrada!”. Um governo que determina certas regras básicas de transparência, por exemplo, pode ajudar na preservação do livre mercado.
O maravilhoso mecanismo de livre mercado se depara com poderosos inimigos, dentre eles justamente aqueles que afirmam defender o capitalismo enquanto buscam, através do governo, barrar a concorrência. O capitalismo liberal cede lugar ao “capitalismo de relações” nesses casos, com uma espécie de “concorrência administrada”. Este sistema não permite nem substanciais inovações nem a necessária destruição. Além disso, não conta com a imparcialidade na alocação de recursos, já que as regras para distribuir prêmios ou castigos se tornam totalmente arbitrárias. Os recursos e recompensas acabam não com os mais eficientes, mas com os poderosos interesses estabelecidos, os “amigos do rei”. A retórica do interesse público muitas vezes oculta esse auto-interesse das ações contra o mercado.
Para os autores, o tema principal do livro “é que o livre mercado, talvez a instituição econômica mais benéfica que a humanidade conheceu, repousa sobre alicerces frágeis”. Faz-se necessário fortalecer tais alicerces. Como principal receita, temos a lembrança de que “a maneira mais efetiva de reduzir o poder dos interesses estabelecidos no que se refere a influências sobre a legislação é manter os mercados internos abertos à concorrência internacional”. Abraçando a globalização e mantendo um mercado financeiro bastante aberto, estaremos forçando uma busca pela eficiência e, com isso, salvando o capitalismo dos “capitalistas”, muitas vezes os maiores inimigos do livre mercado.
OLÁ, RODRIGÃO.
ResponderExcluirEU PUS UMJ LINK DO SEU BLOG NO MEU. VOCÊ PODERIA POR UM LINK DO MEU AQUI NO SEU TAMBÉM, NÉ, NÃO.? Daí a gente acaba criando uma ponte de relações entre ambos blos.ABRAÇOS!
http://wwwericfrantto.blogspot.com
Os petistas que vivem se dizendo de esquerda estão mais felizes com o capitalismo que pinto no lixo.
ResponderExcluirVeja você Constantino o que "o filho do poder" conseguiu da noite pro dia: "Menos de cinco anos após deixar o emprego de auxiliar de departamento no Zoológico de São Paulo, o filho do presidente Lula, mais conhecido como Lulinha, acaba de comprar a Fazenda Fortaleza, pelo melhor oferta de mercado, com pagamento a vista no valor de 47 milhões de reais. A Fortaleza (vendida de porteira fechada) está localizada na região de Araçatuba, às margens da rodovia Marechal Rondon, no município de Valparaíso-SP, e era de propriedade do pecuarista José Carlos Prata Cunha, um dos maiores produtores de gado Nelore no Brasil. O negócio foi concluído após diversos lances entre os interessados no mercado de carne para a Europa. Os R$ 47.000.000,00 (quarenta e sete milhões de reais) seriam o resultado da sua parte na venda da Telemar, onde era sócio desde 2004, quando sem um centavo sequer, entrou no grupo que adquiriu a Telerj. Tão logo a transação foi concluída, os técnicos do Ministério da Agricultura e da UE realizaram inspeção da rastreabilidade do gado e liberaram o rebanho para os frigoríficos que fazem a exportação para a Europa."
Será que o medo de Lula em revelar os gastos com cartão corporativo tem alguma coisa a ver com tal fato?!?
Comprarei o livro.
ResponderExcluirVou comprar não,tá muito caro,mais de R$100.00 kkkkkkk
ResponderExcluirAcho sua visão talvez radical demais. Mas já conversei com um rapaz liberal de carteirinha e ele tinha propostas e respostas muito interessantes. É bom ver o liberalismo bem às claras. No geral, cocordo que ele é infinitamente superior ao socialismo.
ResponderExcluirNo aguardo de um post sobre o papel do estado na educação e da universidade pública.
"No aguardo de um post sobre o papel do estado na educação e da universidade pública."
ResponderExcluirgerson, vou apenas repetir suas palavras (acima), pois estamos estudando a respeito do assunto em um trabalho da faculdade, e o tema daria um interessante debate (mas debate mesmo, não essa infrutífera troca de agressões que por vezes verificamos aqui no blog).
pena que o trabalho já será apresentado e discutido na proxima quinta. se alguém tiver alguma sugestão de referencia sobre o tema (das crises na universidade do sec XXI)por favor me passe.
ResponderExcluirtive observando em uma referencia sobre o assunto dada por nossa profª que um dos organizadores do texto era... Emir Sader. hehe imagino logo o que Rodrigo Constantino diria antecipadamente do texto!
ABÇS