quarta-feira, novembro 12, 2008

Individualismo Versus Racismo



Rodrigo Constantino

“No longo prazo, a única forma que o racismo pode ser superado é através da filosofia do individualismo, a qual eu tenho promovido por toda a minha vida.” (Ron Paul)

Em seu mais famoso discurso, Martin Luther King Jr. fala do sonho de viver num país onde as pessoas deixem de ser julgadas pela cor da pele, e passem a ser julgadas pelo seu caráter. MLK ressalta a importância das “magníficas palavras” contidas na Declaração de Independência Americana, que defende o direito inalienável à liberdade para todos os indivíduos. Essa é exatamente a postura de Ron Paul, assim como a de vários libertários que rejeitam qualquer tipo de mentalidade coletivista. Como diz Ron Paul em The Revolution, nossos direitos não chegam a nós porque pertencemos a algum grupo, e sim porque somos indivíduos. E como indivíduos é que devemos julgar uns aos outros.

O racismo nada mais é do que um tipo de coletivismo que enxerga a cor da pele como a característica predominante em cada um. Ron Paul afirma: “O racismo é uma forma odiosa particular de coletivismo onde os indivíduos são tratados não pelos seus méritos, mas com base na identidade de grupo”. Para Ron Paul, a filosofia do individualismo é o maior desafio intelectual que o racismo já enfrentou. Por outro lado, a politização do tema pode ser um empecilho para o término desta “desordem do coração”, como Ron Paul chama o racismo. Os “pais fundadores” dos Estados Unidos, entre eles os autores da mesma Declaração de Independência admirada por Martin Luther King Jr., ficariam chocados ao observar como a sociedade americana se tornou politizada, passando a tratar cada assunto no qual há divergências como um problema federal a ser solucionado em Washington. O meio adotado pode ser muitas vezes contraproducente, afastando ainda mais o desejado fim.

Ron Paul explica que o governo exacerba o pensamento racista e ataca o individualismo, porque sua própria existência encoraja a organização das pessoas em linhas raciais para fazer lobby por benefícios e privilégios ao seu grupo. No fundo, isso vale não apenas para a questão racial, mas para todas as outras. Vemos os homossexuais se organizando para demandar privilégios também, e inúmeros outros grupos que ignoram o indivíduo para abraçar algum coletivismo qualquer. Mas o que deveria importar mesmo não é a preferência sexual, ou então a cor da pele de alguém, e sim seu caráter, sua conduta, seus valores e princípios. Uma pessoa pode ser íntegra ou não, e isso claramente não tem relação alguma com a cor da pele ou a preferência sexual.

É espantoso ter de repetir uma obviedade dessas em pleno século XXI, mas infelizmente essa obviedade ainda não é parte do senso comum, mesmo que seja puro bom senso. A mentalidade racista, que separa e julga pessoas usando como critério a cor da pele, ainda é uma triste realidade no mundo em que vivemos. E isso vale para ambos os lados, é importante lembrar. O regime de cotas é uma prova disso. Assim como a postura de muitos americanos dos guetos que “acusam” um negro de estar “agindo como branco” caso ele não aceite as regras locais de conduta, muitas vezes prejudiciais ao indivíduo. Se o negro do gueto rejeita as letras agressivas do rap ou a forma de falar do grupo, ele pode acabar sendo vítima da hostilidade dos demais, um ato claro de racismo com sinal invertido. No Brasil, o mesmo comportamento já pode ser observado em favelas, onde a vulgaridade do funk deve ser a norma seguida para merecer a aceitação do grupo.

Deixo a conclusão com Ron Paul (tradução livre): “Nós não devemos pensar em termos de brancos, negros, hispânicos, e outros grupos do tipo. Este tipo de pensamento apenas nos divide. O único pensamento ‘nós-versus-eles’ que podemos nos permitir é o de povo – todo o povo – versus o governo, que rouba e mente para todos nós, ameaça nossas liberdades, e rasga nossa Constituição”.

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