quarta-feira, novembro 05, 2008

A Vitória de Obama



Rodrigo Constantino

“Ninguém é mais dogmaticamente insistente na conformidade do que aqueles que advogam a ‘diversidade’”. (Thomas Sowell)

Aquilo que a esquerda no mundo todo sonhava virou realidade: Barack Hussein Obama é o presidente dos Estados Unidos! Sua campanha bilionária foi mesmo de tirar o chapéu. Conseguiu mobilizar muita gente, conquistar através de seu carisma a emoção de milhões de eleitores cansados de um governo medíocre. O repetitivo uso das palavras “mudança” e “esperança” foi uma grande arma, que nos remete ao caso brasileiro nas eleições passadas. Não obstante o fato de que a mudança pode ser para pior, e que a esperança pode ser a “grande falsária da verdade”, como nos ensinou Baltazar Gracian, resta questionar quais as verdadeiras qualidades de Obama que fizeram com que tanta gente ficasse tão empolgada com sua eleição.

Muitos repetem automaticamente a questão racial, comemorando que se trata do primeiro presidente negro americano. Besteira! Os negros já conquistaram inúmeros cargos importantes na política americana, e o simples fato de Obama ter disputado pelo maior partido americano, o Partido Democrata, já seria suficiente para mostrar que a cor da pele não é mais um impeditivo ao cargo máximo da política. Afinal, ele derrotou nas primárias a poderosa família Clinton! Um parêntese: Qualquer um com tanta sede pelo poder é a última pessoa que deveria ter poder. Além disso, aqueles que citam o aspecto racial parecem não notar que estão justamente aderindo ao racismo que dizem combater. Ora, por que devemos comemorar a eleição de alguém por causa da cor da pele? Isso é exatamente aquilo que Martin Luther King Jr. não queria! Seu sonho era uma nação onde as pessoas não fossem julgadas pela cor da pele, e sim pelo caráter. Qual o caráter de Obama? Algum empolgado defensor sabe? Quais são as grandes idéias de Obama? Algum emocionado defensor sabe? Pelo visto, querem Obama porque ele é negro, e isso é racismo puro, ainda que com sinal trocado.

Na verdade, a questão racial serviu desde o começo da campanha para blindar Obama contra críticas. A poderosa agenda “politicamente correta” vem ganhando mais espaço, e se alguém questiona a capacidade administrativa do candidato negro, é logo tachado de “racista”. Os cariocas conhecem bem essa patrulha, usada quando a então governadora petista Benedita se envolveu em escândalo de uso indevido do dinheiro público. O racismo é sempre execrável, mas isso vale para os dois lados. Se alguém deixa de votar num candidato apenas por causa da cor da pele, isso é tão abominável quanto alguém votar num candidato apenas por causa da cor da pele. Infelizmente, creio que isso aconteceu em grande escala nessas eleições americanas. Afinal, quantos eleitores de Obama realmente conheciam suas principais idéias? Qual o grande currículo de Obama, cuja “profissão” na vida sempre foi ser político? Como disse Charles de Gaulle, “a política é um assunto sério demais para ficar nas mãos dos políticos”. Obama nunca quis gerar riqueza no setor privado. Pelo visto, ele tinha algo mais “nobre” em mente: usar a riqueza alheia para pregar a “justiça social”. Não sei quanto ao leitor, mas eu admiro mais a trajetória de um Michael Bloomberg da vida...

As idéias de Obama são claramente intervencionistas, alinhadas com a agenda “progressista” que condena o livre mercado. Qual a coerência da esquerda brasileira, que sempre acusou os americanos de pregar o liberalismo enquanto pratica o protecionismo em casa, em defender Obama? Ora, Obama é o candidato dos subsídios agrícolas, o candidato do protecionismo comercial, justamente tão atacado no Brasil – e com razão. Eu já não cobro coerência da esquerda faz muito tempo. Afinal, os mesmos que condenam esse protecionismo americano adoram quando o próprio governo adota medidas protecionistas, e ainda recebem o francês Bovè, ícone dos subsídios agrícolas da Europa, com tapete vermelho no Fórum Social Mundial. Ou então condenam o embargo americano a Cuba pela miséria da ilha-presídio, ao mesmo tempo em que chamam de “exploração” o comércio com os americanos. Está mais do que na hora da esquerda decidir se o livre comércio é algo bom ou ruim! E poderia aproveitar para resolver se é desejável que o governo tire dinheiro do pagador de impostos para dar aos banqueiros, pois o PROER foi motivo de fúria em nossa esquerda, enquanto hoje ela aprova os pacotes de ajuda do governo aos bancos. Melhor não tentar entender a “lógica” esquerdista...

Algo muito interessante nessa vitória de Obama foi o entusiasmado apoio que ele recebeu de tantos antiamericanos ferrenhos, os mais patológicos de todos. Será que Ahmadinejad, Raúl Castro, Lula e tantos outros que sempre destilaram seu ódio ao “império” americano e seu modus vivendi, repentinamente passaram a gostar dos Estados Unidos? Não parece estranho que os maiores inimigos dos Estados Unidos estavam do lado de Obama? Fora isso, ele recebeu amplo apoio dos maiores inimigos internos dos Estados Unidos também. Os fortes sindicatos, que tentam garantir privilégios à custa dos demais trabalhadores, doaram milhões para a campanha de Obama. A grande imprensa foi toda favorável a Obama. Os “intelectuais”, que costumam ser bajuladores de ditaduras esquerdistas mundo afora, estavam todos com Obama. Os atores de Hollywood, sempre prontos para atacar os Estados Unidos e defender regimes nefastos, deram total apoio a Obama. Enfim, mesmo se não soubesse nada das idéias de Obama, já ficaria contra ele, somente pela lista assustadora de empolgados defensores de sua vitória.

Espero que o governo de Obama não seja um desastre para os Estados Unidos, como foi o governo de Bush. Mas acho difícil evitar um avanço ainda maior do governo nas liberdades individuais. Infelizmente, os pilares ideológicos dos “pais fundadores” da nação estão cada vez mais enterrados por lá também. A própria idolatria ao presidente, o culto ao “messias salvador”, com inúmeras pessoas chorando de tanta emoção com a crença de que os males serão solucionados através da magia estatal, demonstra como o país se afastou dos princípios liberais de seus fundadores. Estes enxergavam com enorme desconfiança o governo, visto como um “mal necessário”, cuja função básica era apenas preservar as liberdades e o direito de propriedade privada. Algo muito diferente da imagem que muitos têm do governo atualmente, uma espécie de Deus capaz de criar riqueza num estalo de dedos. E Obama é seu mais novo profeta, o representante do próprio Deus na Terra.

O que a vitória de Obama realmente representa é isso: a crescente tendência de aumento do governo e concomitante redução da liberdade individual; a vitória da agenda “politicamente correta” que prega a “diversidade” enquanto é totalmente intolerante com certas diferenças; a vitória dos dogmáticos que pregam a “mudança” enquanto desejam apenas mudar os outros; e, por fim, o uso inadequado da questão racial, que não passa de racismo com sinal trocado.

9 comentários:

  1. É Rodrigo, Obama venceu as eleições, mostrando que os defensores liberais tem que começar a agir mais ativamente na sociedade. Afinal se até o país símbolo da liberdade já vem sofrendo a algum tempo com ataques sistemáticos dos defensores da intervenção estatal, imagina nessas bandas ...

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  2. Caro Rodrigo

    Temo, como muitos amigos, as conseqüências em nível global, afinal a agenda da esquerda é extensa e nefasta.
    Não consigo compreender o voto do americano, mesmo quando argumentam que a campanha foi bilionária, etc... etc...
    Afinal, esse indivíduo vinha sendo elogiado, publicamente, por assassinos do estirpe de um fidel.
    Enfim, um enorme retrocesso para a civilização ocidental.
    Antes que esqueça: parabéns pelo Blog!
    Abraços.

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  3. Ele não foi sempre político. Ele foi professor da Universidade de Chicago por 12 anos - desde que terminou o doutorado em 91 até 2004.

    Simultaneamente foi advogado em um escritório de advocacia (Davis, Miner, Barnhill & Galland) por 11 anos, de 93 a 2004.

    Tudo bem que concordo que o Obama pode ser bem preocupante como gestor economico, especialmente por causa da grande pressão da sociedade americana pela volta da regulamentação do período pré-Reagan e pelo aumento de gastos. Mas não precisamos apelar para criticá-lo. Basta falar a verdade.

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  4. Rafael, de fato, ele trabalhou como advogado. É que eu tinha visto esse trecho de um editorial da The Economist:

    "His experience of it is limited to spending a year working for Business International, a consultancy firm subsequently bought by The Economist Group. But he quickly abandoned the commercial world because he wanted to do something nobler. Since then his experience has been limited to the world of non-profits, law firms, universities and politics.

    More significant, though, is that Mr Obama has always been particularly close to two groups that are the bane of most businesspeople’s lives—lawyers and trade unionists. Both Mr and Mrs Obama are lawyers."

    Rodrigo

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  5. O discurso de Obama após a vitória foi um tremendo lero-lero, um blablablá sem fim, conversa de cerca Lourenço, coisa que ele parece fazer muito bem. Não passa de um Rolando Lero, o famoso papo 10. Ninguém atentou para o detalhe das características especiais do sistema eleitoral americano, que apesar do colégio eleitoral ter dado uma boa margem a Obama, o mesmo não ocorreu com o voto popular, cuja diferença não foi expressiva. O povo americano está sim dividido. O que deu a impressão de uma vitória massacrante de Obama foi a grande festa, o grande carnaval armado por aqueles que o elegeram e pelos marqueteiros. Obama, hipócritamente, utilizou sem escrúpulos técnicas do show business. O fato do comparecimento do eleitorado ter sido expressivo, como há muito tempo não ocorria, não quiz dizer que isso ocorreu por méritos de Obama, e sim pelo fato da campanha ter sido muito disputada até os últimos momentos.

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  6. Rodrigo,

    Tenho lido toda semana ja faz algum tempo a The Economist. Eles estao "far far away" de uma visao liberal do mundo.

    Ele endossaram o Obama e tem tratado Sir Brown como o messias que "salvou" o sistema financeiro internacional. E nao estao sozinhos: o FT e o NYT - este ultimo via Paul Krugman, colocam Brown no altar dos deuses supremos tambem.

    Ideologias e Luteros a parte, o sinal trocado da questao racial nao é tao preto no branco assim como voce coloca. Mesmo que muitos tenham votado por causa da cor, o simbolismo de eleger um negro, com lacos arabes, à presidencia dos EUA, cuja elite é dominada por WASP, é muito importante.

    Isto pode ser colocado como a queda de um paradigma, reenfatiza o "sonho americano" onde tudo é possivel, que a sociedade tem o mecanismos suficientes para qualquer um buscar e realizar seus sonhos. Na minha percepcao é isso que demostra a eleicao d'Obama.

    O que seria tao liberal no planeta Terra hoje quanto isso?

    Acho muito importante, mas isso tambem nao é coisa do outro mundo. O americanos sempre surpreende e se reinventam.

    Quero ver isso acontecer na Europa: um indiano/paquistanes no governo ingles ou um marroquino/senegales no governo frances.

    O dia que isso acontecer ... eu juro que estara tudo "upside down".

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  7. Excelente artigo, Constantino. Mas porra, justamente quando a América dá um "upside down", como diz o Corletto, racial e elege um mestiço e não negro como dizem, o cara tem que ser pilantra, vagabundo, assassino, enfim, esquerdista como esse tal de camarada comissário do "povo" sr. Barack Obama... mas que azar... Os americanos contam com minhas orações para exorcisar toda essa urucubaca, macumba, vodu e islamice que significa a eleição desse sujeito.

    Constantino, peço que você leia o artigo que escrevi em meu blog sobre a eleição dessa montanha de merda que é o Obama http://joaoemilianoneto.blogspot.com/2008/11/besta-quadrada-emerge-da-terra.html

    ABRAÇÃO!!!!:)

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  8. Gostaria de mostrar o lado oculto de Obama com boas fontes:

    1. Ele não apresentou sua certidão de nascimento http://coturnonoturno.blogspot.com/2008/10/obama-continua-ianque.html
    portanto circula que ele não é americano legítimo.

    2.Ele está em plena sintonia com a extrema esquerda, incluindo os supracitados ditadores e Raila Odinga , primeiro ministro queniano de extrema esquerda, ruim como cicuta. (http://africanpress.wordpress.com/2008/08/10/senator-barack-obama-in-kenya-obama-and-odinga-the-true-story/)

    3. Os "crimes" de Obama parecem estar escondidos, mas o site http://www.obamacrimes.com/ de Philip Berg, advogado que o está processando por não ter apresentado sua certidão de nascimento, mostra alguns.

    Acho que disso você não sabia. Ainda tem as acusações de seu "amigo" Olavo de Carvalho, basta entrar no site dele que você encontra.

    Enfim, Obama não é nada santo.

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  9. Muito boa a sua análise, Rodrigo. Eu também já vinha observando os mistérios, as obscuridades e as doações bilionárias à candidatura de Obama (a maioria fracionada em pequenos valores e com remetentes suspeitos ou não checados). Agora é esperar pra ver. Tomara que estejamos enganados, não é?
    Quanto às posições das esquerdas, realmente é melhor desistir de buscar alguma lógica nelas.
    Abs.,
    Maristela.

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