Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
quinta-feira, abril 02, 2009
Os Mitos Anticapitalistas
Rodrigo Constantino
“As pessoas que insistem em usar a política para promover o mercado são as mesmas que insistem na coerção do governo em vez da escolha individual.” (Robert Murphy)
O Brasil é um dos países onde a mentalidade anticapitalista mais se alastrou entre os leigos. O lucro ainda é visto por muita gente como fruto da exploração capitalista, e o governo acaba sendo idolatrado como uma espécie de “messias salvador”. É, pois, com grande satisfação que vejo o lançamento de Os Pecados do Capital: O Guia Politicamente Incorreto do Capitalismo (Editora Saraiva, 2009), de Robert Murphy, Ph.D. em economia pela Universidade de Nova York. Murphy derruba inúmeros mitos sobre o capitalismo, e faz isso com sólidos argumentos e de forma até divertida. Trata-se de uma leitura agradável, que irá desfazer diversas falácias tão disseminadas entre os brasileiros.
Algumas pessoas podem achar que a velha dicotomia entre socialismo e capitalismo está ultrapassada, devidamente enterrada com o fim da Guerra Fria. Mas, como lembra Murphy, “a elite intelectual continua a desprezar o capitalismo”. A culpa de todos os males sociais é sempre jogada para os ombros do livre mercado, e a solução proposta sempre acaba com mais recursos e poder para o governo. É nesse contexto que o livro ainda se mostra extremamente útil. O capitalismo de livre mercado, compreendido como um sistema de troca voluntária, onde comprador e vendedor concordam com uma troca por acharem que ela é mutuamente benéfica, ainda continua um ideal distante. No mundo todo, em diferentes graus, o governo usa da força para intervir nessas trocas. No caso brasileiro, a situação é ainda pior, embora na mitologia de esquerda o “neoliberalismo” seja acusado pela miséria aqui existente. Conforme fica claro durante a leitura do livro, o Brasil está muito longe de ser uma economia capitalista de livre mercado.
O título original do livro, justamente o subtítulo da versão traduzida, já deixa evidente a polêmica estimulada pelo autor: trata-se de um guia politicamente incorreto do capitalismo. Tanto o governo como os “intelectuais” de esquerda têm interesse em manter a lógica econômica do capitalismo afastada dos mais leigos. Dificilmente se escutará por aí explicações como aquelas oferecidas pelo autor para problemas do cotidiano. Por exemplo, pouca gente irá explicar na grande imprensa que são os controles de preços do governo que geram escassez generalizada de produtos. Não será comum ver quem diga que as importações não acabam com empregos locais. Menos comum ainda será ver alguém afirmando que a Grande Depressão não foi causada pelo livre mercado, e que o New Deal não resolveu a crise. Raríssimo será ver algum economista explicando que o trabalho infantil não se tornou coisa do passado nos países desenvolvidos por medidas do governo, mas sim graças ao capitalismo.
O autor explica, por exemplo, como o livre mercado combate o racismo, punindo economicamente o racista, enquanto medidas do governo, como cotas, apenas fomentam a segregação. Ele mostra como o capitalismo pode proteger o meio ambiente, através dos incentivos da propriedade privada, enquanto nações socialistas foram sempre as mais poluidoras em termos relativos. Murphy explica também as gritantes diferenças de incentivos entre “reguladores” particulares e burocratas, lembrando que os primeiros só sobrevivem se forem eficazes, enquanto os últimos costumam receber mais verbas como “recompensa” pela ineficiência. Ele expõe ainda o fato de que os próprios indivíduos gastam de forma muito mais prudente seu próprio dinheiro do que o governo, torrando o dinheiro da “viúva” em benefício próprio. Ele afirma que o sistema de Seguridade Social é apenas um esquema Ponzi insustentável, que oferece um meio fácil para o governo tomar dinheiro emprestado, hipotecando o futuro das próximas gerações. Ele argumenta que os verdadeiros monopólios contam sempre com a ajuda do governo, impedindo a livre concorrência de novos entrantes.
Isso tudo – e muito mais – é mostrado no livro de Murphy de forma bastante direta, com argumentos claros e vários exemplos ilustrativos. No término, ele oferece algumas dicas para que o leitor entenda melhor o livre mercado. Eis algumas delas: olhar os impactos das medidas do governo num horizonte mais longo, procurando custos ocultos da intervenção, em vez de benefícios imediatos e superficiais; examinar os antecedentes do governo no que se refere a ‘planejamento’ econômico; estudar história, para investigar as conseqüências dos governos que desrespeitaram a propriedade privada; estudar outras instituições sociais ‘espontâneas’, como as línguas, para compreender que resultados ordenados e eficientes não demandam um controle central; e aceitar que os males sociais não podem ser erradicados apenas através da “vontade política”.
A Editora Saraiva presta um grande serviço ao país publicando esse excelente livro em português. Após sua leitura, será difícil alguém manter uma postura anticapitalista. Os argumentos racionais de Murphy são um potente antídoto contra os dogmas repetidos ad nauseam pelos “intelectuais” de esquerda. Basta deixar a razão falar mais alto que a emoção, e os mitos anticapitalistas irão se esfacelar, um a um.
Existe uma razão histórica para que a mentalidade anticapitalista tenha se inscrustado no Brasil. Portugal não sofreu a revolução protestante da Europa do sec XVI. Esta revoluçao foi a que deu suporte ideológico para o Capitalismo, origem da supremacia Européia sobre o Islã e sobre todo o Globo. Lutero e outros, combatendo a hipocrisia da Igreja, deu prestígio ao LUCRO e dignificou aqueles empreendedores que o produziam. A nossa mentalidade é ainda pré Revolução religiosa...
ResponderExcluir"O Brasil é um dos países onde a mentalidade anticapitalista mais se alastrou entre os leigos."
ResponderExcluirLeigos?!...
Os Sacerdotes da economia são os únicos q tem o conhecimento sobre a vida e o direito de opinião?!
Esse discurso tecnocratico é um discurso de dominação.
A barbarie Capitalista está ai no nosso dia dia e a dominação e a exploração continuam.
Concordo com vc q o Estado não é a solução, mas embora vc não perceba o Estado é q mantem o Capitalismo ainda vivo.
Discurso tecnocratico? Há algo de tecnocratico no texto? Algo que diga que os economistas são senhores da opinião? Não há nada que diga isto no texto mas no Brasil isto de fato acontece, mas do outro lado , pois a maioria dos economistas Brasileiros são de esquerda, prova disso é que os estudiosos das faculdades federais são mais valorizados em termos de opinião quando ja foi provado que eles são os mais parciais a favor da esquerda. Então há sim tecnocracia, porém À serviço da esquerda, que abrange além dos tecnicos, os artistas, que sempre terão imenso poder sobre a juventude, muito maior que qualquer economista (se fosse o caso deles serem liberais, mas não é. garcía marquez vai prevalecer sempre sobre vargas losa neste continente de mentes retrógradas. E não ficou claro que o capitalismo só precisa de dois individuos em busca do mutuo beneficio para funcionar e eles não precisam ser técnicos em nada? O estado não mantém o capitalismo vivo, e sim este mercantilismo obsoleto... Isto é enojante. Deixo aqui para descontração o link para o video onde Benicio Del Toro se enrola para falar do lado que seu filme não retrata sobre o assassino ernesto guevara: http://www.youtube.com/watch?v=IZGTV6FbBXM&feature=related
ResponderExcluirPs: Oque justifica o amor deles pelo estado heim? Só apanham do mesmo, são extorquidos pelo mesmo e nós parecemos loucos por lutarmos contra o leviatã, por não querermos mais limpar a bunda dele... Vai entender.
Praticamente tudo que o Constantino escreve é baseado numa visão economica sobre a sociedade, onde a economia é a unica perspectiva sobre ela (sociedade).
ResponderExcluirPorque ele usou o termo leigo então?
Infelizmente um parte da esquerda caiu no discurso economico capitalista de gerencia economica.
O Estado só existe em sociedades de capital, ou seja, onde existe um sistema de regulação economica sobre a sociedade.
Este comentário foi removido pelo autor.
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