segunda-feira, julho 20, 2009

O Proselitismo da UNE



Rodrigo Constantino, para a Revista Voto

Desde sua criação na década de 1930, a União Nacional dos Estudantes tem participado de forma ativa do debate político no país, quase sempre abraçando bandeiras ditas “progressistas”. A entidade está tão impregnada de ideologia marxista, que atualmente a UNE mais parece um braço partidário do PSOL, e poderia muito bem mudar o significado de sua sigla para União Nacional dos Esquerdistas. Com a chegada ao poder do PT, a UNE deixa de lado suas duras críticas ao governo, e adota um constrangedor silêncio em relação aos escândalos de corrupção. Ela demonstra, com isso, seguir literalmente a máxima de dois pesos e duas medidas. Para os socialistas, afinal, os fins sempre justificaram quaisquer meios.

Basta lembrar o barulho ensurdecedor que os estudantes da UNE faziam no passado contra o governo, quando o PT ainda era oposição. O caso dos “caras pintadas” pedindo o impeachment do presidente Collor, mobilizados pela UNE, representa um excelente exemplo. Ou a pressão que a UNE exerceu para instalar CPIs durante o governo tucano, além da campanha “Fora FHC” disseminada pela entidade. Agora que o PT é governo, a UNE condena o desejo da oposição de instalar uma CPI para investigar os escândalos da Petrobrás. Quem te viu; quem te vê.

Como os jornais mostraram, a UNE recebeu quase um milhão de reais de órgãos públicos federais para realizar seu 51º Congresso, sendo R$ 100 mil da própria Petrobrás. O cão não morde a mão que o alimenta. E a UNE é como os cachorros raivosos alimentados pelo porco Napoleão no livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Parece um cão treinado para latir quando o governo precisa desviar a atenção de algum novo escândalo. A UNE mostra não seguir princípios e valores imparciais, mas sim interesses atrelados à sua ideologia socialista. Seria o caso de questionar: quais estudantes ela realmente representa?

Nenhuma palavra da UNE contra os infindáveis escândalos envolvendo José Sarney, que o presidente Lula agora tanto defende. Nenhuma palavra contra a nova e estranha amizade entre Collor e Lula. Onde estão aqueles jovens com caras pintadas? Trocaram a tinta pela peroba e viraram agora “caras-de-pau”? Nada da UNE sobre os escândalos envolvendo a Petrobrás, uma das principais patrocinadoras do congresso. Ao contrário: defender a CPI para investigar a corrupção na estatal passou a ser coisa de “neoliberal”. A UNE, pelo visto, não condena a corrupção do governo, se este governo for de esquerda, e de preferência liberar verbas gordas para a entidade.

Como no livro de Orwell, existe apenas um mandamento para os membros da UNE: “Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”. Os porcos ligados a Napoleão passaram a negociar com os homens de granjas vizinhas, e aprenderam a andar em duas patas. Tudo faz parte do “jogo democrático”. Até mesmo beijar a mão de um ícone da oligarquia nordestina! Agora já é impossível distinguir porco de homem. É espantosa a capacidade que os principais líderes do movimento estudantil têm para “esquecer” o passado recente. Parece até mesmo alguma patologia cognitiva. Caso contrário, teria que ser falta de caráter mesmo.

A verdade é que muitos jovens percebem desde cedo que há no Brasil um futuro promissor para “estudantes” que trocam o estudo pelos discursos sensacionalistas. Em vez de se dedicar arduamente aos estudos e depois competir no mercado por um emprego produtivo, esses jovens observam que pegar microfones durante as aulas e condenar o “sistema”, gritando bravatas e oferecendo soluções utópicas, costuma trazer recompensas melhores e mais rápidas. Como disse o economista William Easterly em O Espetáculo do Crescimento, “criar pessoas com elevada qualificação em países onde a atividade mais rentável é pressionar o governo por favores não é uma fórmula de sucesso”. A via política acaba rendendo mais que a via econômica num país como o Brasil, onde o governo concentra poder econômico demais.

A UNE virou um trampolim para jovens com ambições políticas. Por que batalhar duro para criar riqueza, quando basta colocar uma camisa vermelha e gritar chavões socialistas para expropriar riqueza alheia através do governo? É análogo ao que se passa no campo com o MST. Em vez de trabalhar pesado sob o sol nas plantações, os “camponeses” aprendem rápido que basta pegar uma foice, colocar um boné vermelho e invadir propriedades alheias, para que o governo libere verbas milionárias para o movimento “social”. Não devemos esperar que os homens produzam riqueza, quando a produção é punida com crescentes impostos e a extorsão é remunerada. Um país desses terá cada vez mais parasitas, e menos hospedeiros. Alguém ainda se espanta com tanta miséria no Brasil?

A lamentável verdade é que a UNE tem contribuído para esta situação, através da doutrinação ideológica dos alunos. Como atrativo para os jovens, a UNE oferece um privilégio: uma carteira que garante desconto em eventos “culturais” como shows de rock e jogos de futebol. Os jovens são vítimas mais fáceis para os oportunistas de plantão. Afinal, costumam ser mais românticos e sonhadores, guiados pelas emoções e o desejo de “consertar o mundo”. Talvez por isso os esquerdistas defendam o direito ao voto de um jovem de 16 anos, enquanto condenam a redução da maioridade penal. Ou seja, o jovem responsável que pode votar acaba se tornando uma criança indefesa e inimputável, vítima da “sociedade”, quando pratica algum crime. Eis a “lógica” esquerdista. Eis a mentalidade predominante na União Nacional dos Esquerdistas, quer dizer, dos Estudantes.

14 comentários:

  1. Rodrigo, ao menos em se tratando do Brasil de hoje, não acredito que haja esquerda ou direita de fato. A UNE, como o PT e outros, se corrompeu. Se antes se dizia (ou era) esquerdista, hoje faz o jogo de quem lhe oferece vantagem.

    Está na hora de começar uma campanha para que NÃO SE REELEJA MAIS NINGUÉM. A sujeira vem de Brasília, que serve como exemplo. Temos que limpar o Congresso.

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  2. Jurema

    Penso que você está errada. A corrupção é parte dos métodos preconizados por Lênin. Apenas leia as coisas que ele disse, e você entenderá que não há "desvio" da esquerda.

    Além disso, considerando que a inveja é um dos principais motores do socialismo, não é de se admirar que marxistas, quando tem grana na mão, se aproveitem. Isso não é exceção. A regra é que nos países com sistema marxista, a nomenklatura tenha um padrão de vida muitíssimo melhor que o povão.

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  3. Rodrigo, Jurema e Aprendiz,

    E isso ai! Nao existe desvio nenhum, apenas o 'esquerdismo' mostra sua cara real. Nao importa se e trabalhador ou patrao para esse povo, mas sim o que aquela pessoa pode fazer pelos amigos do Rei.

    Eu defendo uma solucao ao meu ver simples: vamos criar um movimento para o nao recolhimento dos impostos. Se nao ha servico sendo prestado ou transparencia nas contas, entao nao deve haver cobranca.

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  4. Só tem verdades neste texto.
    Essencial para todos.

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  5. ESTA UNE É UM SUBPRIME DE BAIXÍSSIMA COGNIÇÃO, O RETORNO SERÁ O CONHECIDO CLAMOR PELO ARRAÇOAMENTO, EXIGIDO, COMO DEVER DE ESTADO. LAMENTÁVEL...

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  6. Eis ai o Brasil bajulando com erário público uma nova classe de pelegos.

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  7. Uma coisa que devemos tirar o chapéu para o Lula: ele soube mapear perfeitamente todas as instituiçoes ou organizações que poderia ameaçar seus projetos de popularidade e, simplesmente as comprou.

    MST, UNE, até o Globo... todos comprados. Deixe que a FIESP e a OAB gritem à vontade... ninguém ouve mesmo!

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  8. A UNE não tem rabo preso com ninguém. O rabo é SOLTO. E balança quando a Petrobrás solta uma verba para o seus Congressos ou quando governo enche suas burras de DINHEIRO para que a entidade possa lutar por... mais verbas para a entidade.

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  9. Une, Revolução dos Bichos, já é o segundo a abordar os dois assuntos hoje.

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  10. Concordo em deixarmos de pagarmos ou recolhermos os impostos, pois assim os mataríamos de fome e eles seriam OBRIGADOS A PAGAREM PELO DIREITO DE EXISTIREM. Quem disse que eles podem nos obrigar a recolhermos impostos para eles? No caso dos empresários e comerciantes, sugiro que os mesmos emitam um recibo com o valor real do produto e um boleto com o valor do imposto para ser recolhido ao governo por cada contribuinte. Assim sendo pagaria quem quisesse ou achasse que estava sendo merecidamente restituído pelos impostos pagos, caso contrario, se o governo quisesse receber que fosse atrás de cada devedor. Pelo menos assim nós os obrigaríamos a trabalharem se quisesem receber. Seria o caos para esses macacos interesseiros que só querem receber sem nos restituir nada em troca.

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  11. A UNE com certeza é um caso notório de aglomeração de esquerdistas que se engalfinham visando uma vaga no governo. É lamentável que dinheiro do Estado patrocine essa gente. No período militar a ação da UNE ainda era compreensível, embora também não seja motivo de aplausos, uma vez que, sabemos muito bem qual era a verdadeira intenção da comunada (uma Cuba mais ao sul). Entretanto era um período de exceção e originou situações de exceção. Hoje só serve para proselitismo político e doutrinação comunista que feita na própria sala de aula pelo fiel escudeiro da UNE, o professor “engajado”.

    Aproveito esse espaço para te parabenizar a respeito dos textos onde argumentas contra o “filósofo” (e as aspas se fazem mesmo necessárias) Olavo de Carvalho. É muito importante que se bata no que é dito pelo Olavo, pois muito freqüentemente ele é atrelado ao pensamento liberal, mas na verdade destoa dele de modo drástico, mostrando-se apenas um fanático com muita pouca capacidade de argumentação, uma característica comum aos fanáticos e embusteiros intelectuais.

    Manoel (Blog CONTRAPONTO).

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  12. É, george orwell, um seguidor das idéias de trotsky, felizmente n viveu para ver coisas como o presidente da une dizer que n é papel da instituição fazer oposição ao governo.

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  13. A turma da Libelu e similares já incomodava no meu tempo de faculdade porque atrapalhavam as aulas com 'comunicados' que serviam apenas como ensaio para palanque. Mas na época pelo menos não estavam vendidos (por muitos milhões) ao Poder Central e sua argumentação ainda não carecia da coerência. E, melhor, na época realmente queriam a democracia como eu queria e AINDA quero. Lutemos, pois, pelo retorno do Estado de Direito!

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  14. Bom, primeiro gostaria de colocar algumas situações, aparentemente não vivenciadas pelo blogueiro falador, que se dispõe a fazer critica sem conhecimento de causa a não ser seus diplomas, não desmerecendo isso, mas esclarecendo que eles não fazem a realidade.

    O principal a se falar aqui não foi realmente dito, pois o autor do texto acima não parece vivenciar nada alem do que os jornalecos amarronzados costumam pregar, uma das coisas que é necessário fazer antes de criticar algo ou alguém é ter provas, ter atitudes e criar ou participar de ações que visem diminuir influências danosas a sociedade, não parece ser o caso desse texto. Vamos lá, para não parecer outro fanfarrão, coloquemos os fatos nos termos, pois estive no congresso da UNE, em Brasília, como estudante, ator social e como oposição ao que a entidade virou, sim, ela não é mais uma entidade de estudantes, mas um antro de politiquinhos profissionais que a tomou de assalto com suas idéias sem nexos e sem contexto real e social. Voltei a estudar a pouco, estive junto com os caras pintadas na época do impeachment, sei que dentro da UNE existiam poucas boas cabeças já naquela época, discutíamos outras visões e o porque de atuar contra o governo naquele momento. Isso a entidade perdeu, o vigor e a função de representação, no entanto, compará-la ao PSOL, que hoje luta de uma forma que nenhum partido o faz é, no mínimo, falta de conhecimento, visão enviesada e parca ou burrice mesmo.

    Talvez o Rodrigo deva sair de sua poltroninha e acompanhar outros veículos de informação, para não ter essa visão tacanha de quem lê Veja e o globo, assiste a jornais na TV de gosto duvidoso, e o que é pior, para alguém que se diz tão bem formado, acredita em tudo. Nas suas palavras contra a UNE percebi um pouco do Casoy e sua critica intolerante e também o rancor direitista de um PSDB sem vocação real para o social. Com certeza, sem a noção de realidade e a vivência de uma luta, o autor só tem a colaborar com a uniformização da sociedade, que aqui ele poderia fazer um aparte, lembrando tão bem como lembrou da revolução dos bichos, do livro 1984, onde se busca a dependência dos cidadãos as normas, como querem a direita política, econômica e social desse país. Mas o enviesamento proposto pelo autor não é esse, a manutenção de um regime ditatorial travestido de falsa liberdade é mais cômodo de abraçar.

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