Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
quarta-feira, novembro 18, 2009
"Falta ao Brasil a vocação da poupança"
Trechos da entrevista de Eduardo Giannetti hoje (19/11/09) no jornal Valor:
"O caminho de ajuste do Brasil não foi o melhor do ponto de vista de criar condições para um crescimento sustentado mais à frente, tanto que todo esse aumento do consumo privado e do gasto corrente do governo significa uma queda importante da poupança doméstica e da capacidade de investimento no futuro próximo. Esse é o ponto que me preocupa. Nós fizemos um ajuste que dá grande alívio e conforto no curto prazo, mas implica sacrifício e perdas de crescimento potencial num segundo momento."
"O Brasil já é tradicionalmente um país de nível de poupança baixa, um quadro que se agravou depois de 1988, com a nova Constituição. Na reação à crise, se aprofundou esse movimento da compressão da poupança para alimentar o consumo. Nós estamos com um nível de poupança doméstica de 14% do PIB. Com esse nível, a nossa capacidade de investir e formar capital fica muito prejudicada."
"Primeiro, não se pode confundir recuperação cíclica com crescimento sustentado. Não há nenhum segredo em crescer até 6% depois de um ano em que o crescimento é zero e que o PIB da indústria de transformação vai cair 7%. Chamar isso de marolinha não faz o menor sentido. Quando você sai de um baixo nível de utilização de capacidade, há espaço num primeiro momento para reduzir a ociosidade. O enredo do crescimento muda quando o país trabalha muito perto da plena utilização de recursos. Aí começa a dificuldade de crescer, porque é necessário acumular capital, a grande fragilidade do Brasil."
"Juscelino contaminou a imaginação brasileira com a aspiração de desenvolvimento acelerado, mas não quis apresentar a conta, e encontrou a inflação como um meio de viabilizar um forte adicional ao processo de formação de capital. Como a conta só apareceu depois do seu mandato, ele ficou com essa pecha de grande presidente."
"Acho que está se criando uma situação parecida com a do Juscelino e a do Geisel."
Puxa... Fiquei espantado com as opiniões libertárias desse Giannetti. Ele, nos seus livros, fala bastante bem de Marx e de Keynes. Acho que ele é um comunista disfarçado.
ResponderExcluirNo seu livro de citações, ele pôs vários "quotes" do Marx e apenas um do Mises.
Tomemos cuidado com as opiniões desse cara.
Nada mal, Ludwig, os ensinamentos de Keynes sim as interpretações “rastaqüeras”, a caricatura que keynesianos vulgares, primários, hidráulicos fazem dele.
ResponderExcluirInchar uma economia é fácil. É só evitar uma das 3 linhas (juros altos, redução dos dispêndios públicos e câmbio valorizado) que o progressismo sabe bem relacionar. Geralmente eles montam uma "salada" das três. Mas para crescer é preciso desenvolver a ciência, a cultura, o fascínio popular por atividades e empreendimento. E isto economista dessa estirpe não consegue e nem está preparado para conseguir.
ResponderExcluirRodrigo:O livro da Rand,Quem é John Galt, na Virtual, custa a "bagatela" de 500 pratas!! portanto se lançarem uma nova edição por uns 100, até que não será caro...Abraços.
ResponderExcluirTaí, Rodrigo. Max Weber em sua principal obra considerava esse quisito (vocação para a poupança) essencial ao surgimento do capitalismo moderno. Talvez a ética católica tenha predominado entre nós e isso explique as dificuldades do capitalismo por estas bandas.
ResponderExcluirO prêmio Nobel Hayek falava da "pretensão do conhecimento" de alguns economistas, que acham que podem controlar a economia, um fenômeno complexo, de cima para baixo. São os "planejadores centrais". Eles, sábios clarividentes, vão decidir o nível de poupança doméstica. Isso não é novo. A Gosplan, na falida URSS, tentava controlar o preço de milhares de produtos, através de complexos modelos econométricos.
ResponderExcluirEu, um simples estudioso da Escola Austríaca, não sou tão inteligente assim, e prefiro adotar uma postura mais humilde. Sou sincero ao afirmar, sem rodeios: não tenho a menor idéia de qual é o nível ideal, adequado ou justo para a poupança doméstica no Brasil. Seria 14%? Ou talvez R$ 20%? Quem sabe R$ 27%? Claro, o próprio blogueiro poderia estar certo, e o nível adequado seria maior que 14%. Mas por que não 15%? Aliás, se eu soubesse mesmo qual o nível de "equilíbrio" da economia, eu estaria ganhando rios de dinheiro especulando com base nisso.
Enfim, eu não faço idéia de qual o nível "certo" para a taxa de poupança do Brasil. Por isso mesmo, prefiro deixar a lei da oferta e procura decidir, ou seja, o livre mercado.
ps.: paródias não infringem direito autoral, ok?!
Adamos
ResponderExcluirNão sou economista, apenas leio um pouco aqui ou ali. E pelo que li, tenho visto concordância enorme entre economistas quanto ao fato de que uma taxa de poupança muito baixa é um entrave ao desenvolvimento. Talvez você esteja melhor informado do que eu e possa demonstrar que há muitos economistas que não pensam assim.
Aprendiz, não sei se você percebeu, mas eu estava citando o texto que o Rodrigo publicou há uns dias atrás.
ResponderExcluirEle criticava os economistas que se achavam mais capazes de determinar a taxa de câmbio Real x Dolar "justa", ao invés de aceitar que a melhor taxa é aquela determinada pelo mercado.
No caso do nível de poupança, por que não confiar também "no mercado"? A taxa de poupança do Brasil é "baixa" por que os poupadores brasileiros decidiram poupar apenas 13%. Usaram seus recursos da forma como quiseram, privilegiando gastar o dinheiro agora à gastar.
A ironia é que o Rodrigo acha absurdo o Goldman Sachs discordar da taxa de câmbio de mercado, mas, aparentemente, acha totalmente razoável dizer que o brasileiro deveria poupar mais.
"à pupar".
ResponderExcluirAdamos
ResponderExcluirPercebi sim sua ironia. Ocorre que há muitos economistas que consideram que não é conveniente dirigir o cambio e ao mesmo tempo consideram (como todo mundo) que o crescimento de um país fica prejudicado pela falta de poupança.
Ocorre que tal conjunto de visões é razoável. Muitos países em muitas épocas tem adotado o cambio flutuante, e não se prova que isso possa levar a qualquer desastre econômico. Você pode discordar, ou achar que situações especiais pedem intervenção no cambio, mas não pode dizer que é uma visão indefensável.
Quanto à falta de poupança, mesmo quando se investe com dinheiro emprestado, obriga-se a uma poupança posterior, para pagar a dívida e seu serviço, com todos os riscos que a dívida acarreta. Em outras palavras, pode-se poupar antes (com segurança e de forma mais barata) ou depois, mas em algum momento dinheiro terá de ser tidado da conta de gastos para a de investimentos (entendido de forma ampla). Você pode não concordar que depender menos de empréstimos para investimentos seja o melhor, mas não pode dizer que seja uma posição indefensavel.
Portanto o Rodrigo tem posições defensáveis a respeito dos dois assuntos, e não é impossivel que AMBAS estejam corretas. Certamente você argumentará que é estranho que ele veja defenda um nível adequado de poupança mas não defenda um nível adequado de cambio. E daí que seja estranho? isso não prova que não sejam ambas as posições corretas.
Mas há mais um detalhe. note que lástimar a falta de poupança ou mesmo incentiva-la é mito diferente de obriga-la.
"Tomemos cuidado com as opiniões desse cara".
ResponderExcluirLudwig, poucas afirmações podem revelar preconceito de forma tão clara. Preconceito de opinião!