terça-feira, janeiro 26, 2010

Chávez: o começo do fim



Rodrigo Constantino

A crise no governo de Hugo Chávez atinge novos patamares, com o pedido de demissão de seu vice-presidente e ministro da Defesa, Rámon Carrizáles, e sua mulher, ministra do Meio-Ambiente. A economia afunda rapidamente, porque as leis econômicas não podem ser revogadas por decretos estatais. O país enfrenta o racionamento de energia, mesmo sendo exportador do "ouro negro", que existe em abundância no local. A inflação é galopante, e a recente maxidesvalorização da moeda vai apenas jogar mais lenha na fogueira.

Para compensar o fracasso econômico, Chávez intensifica a opressão política. Novos canais de TV foram fechados, despertando a revolta do povo. Houve confronto nas ruas, e dois jovens morreram, além de dezenas que ficaram feridos. O experimento socialista do século XXI está produzindo os mesmíssimos resultados dos experimentos socialistas do século XX: miséria, terror e escravidão. Não há nada de novo aqui. Qualquer liberal já sabia como as coisas seriam na Venezuela.

Já os esquerdistas não. Esses, ou boa parte deles, mostraram enorme empolgação com o "socialismo bolivariano" de Chávez. Eram otimistas quanto aos possíveis resultados "sociais" na Venezuela. Defenderam Chávez, e alguns ainda insistem na estupidez. São cegos por ideologia. No próprio governo não são poucos aqueles que admiram a "revolução bolivariana", e tentam inclusive replicá-la no Brasil. O PNDH-3, assinado pelo presidente Lula, é um esboço nesse sentido. Não dá para mudar os fatos: boa parte da nossa esquerda aplaudiu as medidas de Hugo Chávez.

Mas alguém tem dúvida de que agora, com o declínio acelerado do caudilho venezuelano, a esquerda irá se afastar desse experimento fracassado? Oportunista e hipócrita que só ela, nossa esquerda radical vai fingir que nunca defendeu com unhas e dentes o modelo de Chávez. Vai afirmar que aquilo não era socialismo coisa alguma. No máximo, "socialismo real", ou, melhor ainda, "capitalismo de Estado". Tentará apagar o rastro sujo de apoio ao regime chavista. Vai reescrever a história, como sempre fez. União Soviética? Ora, não era socialista! Afinal, o socialismo que eles pregam é uma Utopia que jamais vai existir. Sempre que os mesmos meios pregados para tal fim forem utilizados, gerando apenas desgraça, eles poderão jogar a culpa para ombros alheios, e alegar que aquilo não era socialismo.

Mas era! Socialismo é justamente isso enquanto meio: a concentração de poder no governo, a estatização da economia e da vida dos cidadãos. Chávez fez exatamente aquilo que os socialistas do governo Lula gostariam de fazer no Brasil, com seu PNDH-3. Reclamar que tais meios levaram a um fim diferente do socialismo idealizado não vale. O fim sempre será esse quando os meios usados forem aqueles defendidos pelos socialistas. Teremos apenas miséria, terror e escravidão. Isso é socialismo na prática! O resto é sonho de idiota útil, massa de manobra dos oportunistas de plantão.

25 comentários:

  1. Que dizer da adesão da Venezuela no Mercosul?

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  2. O que é o Mercosul, Delsonso? Ele ao menos existe realmente? Ou será que é só um mecanismo político sem nenhuma ação quanto a comércio? Eu acho que é isso: um simples órgão burocratoparasita, destinado a servir as estruturas de corrupção.

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  3. Êta huaheh devo ter batido no "s" ao teclar o "f", fica do lado veja. Pareceu chacota. Não foi por mal.

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  4. Anônimo4:07 PM

    É... Vc nunca leu Marx. Tudo bem, também não é o que esse amigo logo acima diz tb...

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  5. É sempre a mesma coisa: críticos ou não leram Marx, ou não entenderam. E como o barbudo era contraditório ao extremo (ops, usava a "dialética"), tem citação para todo gosto!

    Mas vamos ao programa POLÍTICO defendido no Manifesto Comunista:

    1. Expropriação da propriedade fundiária e utilização da renda resultante para as despesas do Estado;

    2. Imposto acentuadamente progressivo;

    3. Supressão do direito de herança;

    4. Confisco da propriedade de todos os emigrantes e rebeldes;

    5. Centralização do crédito nas mãos do Estado, por meio de um banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo;

    6. Centralização de todos os meios de transporte nas mãos do Estado;

    7. Multiplicação das indústrias nacionais, dos instrumentos de produção, desbravamento e melhora das terras, de acordo com um plano coletivo;

    8. Obrigatoriedade do trabalho para todos, organização de exércitos industriais, em especial para a agricultura;

    9. Combinação do trabalho agrícola e do trabalho industrial, medidas para eliminação gradual da oposição entre cidade e campo;

    10. Educação pública e gratuita para todas as crianças. Supressão do trabalho infantil em fábricas, em sua forma atual. Combinação da educação com a produção material, etc.

    Quer mais o que?!?!?

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  6. "De cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua necessidade"

    Essa frase sintetiza muito bem o que é o sistema comunista de produção. Uma sociedade comunista traria muito mais bem estar geral à sociedade humana do que o capitalismo. O socialismo é apenas um passo intermediário para se conseguir chegar ao comunismo.

    O único problema o Rodrigo já afirmou neste post. É uma utopia. Não funciona na prática. Para funcionar o ser humano teria que ser algo parecido aos que os cristãos chamam de anjos. Como não somos é bobagem tentar. Só vai trazer mais sofrimento.

    O capitalismo, com todos os seus problemas (e eles são muitos), ainda é o melhor sistema possível.

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  7. Rogério, o socialismo não funcionaria NEM MESMO se os homens fossem anjos! Mises explicou o motivo: não é possível fazer cálculos racionais sem um sistema livre de preço, existente somente com a propriedade PRIVADA funcionando.

    Os homens teriam que ser anjos E CLARIVIDENTES para o socialismo ter alguma chance. Alguém quer apostar nessas premissas?

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  8. Rodrigo,

    Sinceramente, li apenas o começo do Manifesto Comunista, há muito tempo. Não tenho como opinar sobre a obra inteira, mas vou fazê-lo em relação aos itens do programa político postado por ti há pouco, comparando com o sistema em que vivemos:

    1. Expropriação da propriedade fundiária e utilização da renda resultante para as despesas do Estado;

    No nosso sistema, a renda resultante da propriedade fundiária é reaplicada na expansão da mesma propriedade ou concentração de outras formas de propriedade.

    2. Imposto acentuadamente progressivo;

    Melhor do que um imposto regressivo que termine de matar de fome o trabalhador que ganha merreca...ou não?

    3. Supressão do direito de herança;

    Item polêmico...não vou opinar.

    4. Confisco da propriedade de todos os emigrantes e rebeldes;

    Outro item sobre o qual tenho que refletir mais.

    5. Centralização do crédito nas mãos do Estado, por meio de um banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo;

    Temos centralização do crédito nas mãos de um oligopólio, formado por poucos players que conduzem o sistema financeiro. Na prática, a centralização está aí.

    6. Centralização de todos os meios de transporte nas mãos do Estado;

    De forma semelhante, grandes grupos empresariais controlam o transporte no país (isso sem falar nas estradas "concedidas").

    7. Multiplicação das indústrias nacionais, dos instrumentos de produção, desbravamento e melhora das terras, de acordo com um plano coletivo;

    O que se vê é crescimento de poucos grupos nacionais, cuja atividade de praxe é escolher qual será o atrevido concorrente a ser engolido hoje. Ah, claro, o plano ditado é o lucro.

    8. Obrigatoriedade do trabalho para todos, organização de exércitos industriais, em especial para a agricultura;

    Não preciso falar muito sobre uma classe ociosa. Você é bom economista, deve ter lido Veblen.

    9. Combinação do trabalho agrícola e do trabalho industrial, medidas para eliminação gradual da oposição entre cidade e campo;

    Qual o problema com este item? Seria desejável a manutenção das disparidades entre sociedades capital-intensivas e trabalho-intensivas?

    10. Educação pública e gratuita para todas as crianças. Supressão do trabalho infantil em fábricas, em sua forma atual. Combinação da educação com a produção material, etc.

    É isso aí. E o que temos é uma massa infantil dependente de ensino público degenerado, uma boa parte obrigada a abandonar mesmo esta pequena chance de sair do protoplasma para trabalhar...vivam as escolas particulares e nosso sistema perfeito (ops, perfeição não, é algo incognoscível).

    Abs

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  9. Esqueceram só um detalhe: o homem é mau, egoista e preguiçoso por natureza. Ele só produz alguma coisa se tiver um incentivo básico: LUCRO. Tire a possibilidade da livre iniciativa e a possibilidade de lucro da equação e você verá indústrias obsoletas e agricultura de subsistência, insuficientes para alimentar uma família.

    Se o homem não puder aspitar a um carro novo no final do ano, com a viagem de férias num paraíso tropical, com a casa nova, com o negócio próprio, ele não levantará a bundinha da cadeira nem por decreto do Stalin. Seu único objetivo será pegar a balsa mais próxima rumo a Miami.

    O Estado é uma vaca de infinitas tetas, mas precisa que alguém a alimente. Como uma vaca não produz alimento e nem leite sozinha, é preciso que alguém lhe dê para comer. O resultado todos nós já vimos, em filmes em diversas versões: Estado falido, com usurpadores tentando tirar até a última gota de sangue para enviar para a Suíça. Foi assim em todas as economias socialistas, não vai ser diferente na Venezuela e também não será no Brasil Feudal.

    A natureza é sábia, pois não é socialista: não caça, não come.

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  10. Rodrigo! Germano Machado deve ser proibido de postar comentários em seu Blog até completar doze meses lendo seus artigos além de uma lista de autores que V irá fornecer a ele, a começar do Manifesto Comunista.
    Ser Ignorante é bom! Dá direito de dar lições a qualquer autor de Blog!

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  11. Samuel,

    1) Poxa, me proibir? E minha liberdade individual?

    2) Não quero dar lições a ninguém. Fiz apenas comentários. Aliás, que tal vc comentar o meu post acima, hein? Pode usar os conceitos da escola austríaca à vontade, sempre gosto de aprender.

    Abs

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  12. Francamente, Marx está mais próximo da redação do Novo Testamento do que de uma propaganda das Casas Bahia, em termos cronológicos.

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  13. Meia dúzia de enrustidos boçais corruptos mandando em tudo. Comunismo... Como aliás já está ocorrendo na imensa corruptocracia deste governo que temos. O céu da petezada, dos parasitas. O pesadelo dos consumidores e contribuintes.

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  14. Germano, vc se esquece (?) de que em tudo que vc falou não haveria concorrente nenhum pro governo, com todo mundo já sendo obrigado a pagar pelo serviço dele,e dai
    1) não tem que fazer um trabalho decente, pq vai ser recompensado por qualquer porcaria mesmo
    2) vc é obrigado a ser tratado como um bebezinho sem cerebro, com o governo decidindo por vc o que vc tem que querer

    A esquerda acha que luta contra meia duzia de capitalistas unidos,só que é justamente o contrário, eles lutam contra o mercado, contra a decisão coletiva de bilhões de compradores e vendedores trocando coisas voluntariamente.

    Agora, sobre
    '5. Centralização do crédito nas mãos do Estado, por meio de um banco nacional com capital estatal e monopólio exclusivo;

    Temos centralização do crédito nas mãos de um oligopólio, formado por poucos players que conduzem o sistema financeiro. Na prática, a centralização está aí.'

    Isso já existe, quando os bancos precisam de dinheiro, quem arruma pra eles?O banco central.Que eu saiba a escola austríaca não apoia isso
    E outra coisa, condena tb essa historia de arrancar dinheiro dos pagadores de impostos pra salvar banco falido

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  15. Vou eu citar 3 características do pensamento Marxista, já que estou cá, e essa chuvinha não estia mermo:

    1. Um pensamento feito no cenário da Revolução Industrial.

    2. Um pensamento restrito à ótica antropocêntrica, sem contemplações ambientais nem científicas.

    3. Um pensamento restrito ao quadro europeu.

    É um dogma. Tanto que o comunismo pode ser escolhido por votação democrática. Mas uma vez o comunismo instalado, ele não permite que uma eleição o remova. Equivale a um dogma.

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  16. NTSR,

    Não, não me esqueci disso não. Como o Rodrigo colocou aqueles pontos, apenas quis mostrar o que penso deles, muito embora, conforme comentei, na prática, a monopolização de diversos setores da vida econômica atual não difira demais da centralização por um único agente. Confesso que me sinto um "bebezinho sem cérebro" (para usar os seus termos) quando tenho, por exemplo, que discutir problemas na minha conta telefônica com as 2 operadoras com que trabalho.

    Não conheço muito a escola austríaca, estou estudando há algum tempo (respeito muito Menger e Hayek) , daí, inclusive, o que me trouxe a esse site.

    Já pude perceber, porém, a importância do mercado como meio de difusão dessa decantada liberdade individual pregada por essa escola. Aí eu sou contra. E não me tome por uns esquerdinha, não. Sinceramente, minhas leituras do mercado (esta entidade impessoal com "bilhões" de agentes agindo) me fazem suspeitar algo além da lógica em sua defesa. A paixão com que alguns colegas de fórum se manifestam aqui, por exemplo, proporcionaria altas gargalhadas se trocássemos as palavras "estado" por "mercado" e "esquerdinhas" por "azuizinhos" e postássemos integralmente as mensagens em um fórum de esquerda.

    Acho que tem muito mais a ver com crença...e crença é crença...uns acham que o mercado resolve tudo, porque "sempre será assim". Outros creem no Estado controlador, porque, justamente pelo homem ser mau, alguém tem que botar um freio nele. Outros creem no bezerro de ouro. Entendeu?

    Tem um textinho que achei bem interessante, recomendo a quem quiser, sem preconceitos, dar uma olhada no mercado sob uma perspectiva bem diferente:

    www.theatlantic.com/issues/99mar/marketgod.htm

    Enfim, é isso. Vamos nos falando.

    Abs

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  17. Germano, o artigo fala que são crenças sem evidências mas é justamente o contrário, a idéia de uma economia com planejamento central (mesmo com boas intencoes de controlar os mauvados seres humanos) não funcionou em lugar nenhum do mundo, só acabava prejudicando quem ela dizia que ia ajudar
    E o exemplo mais próximo é a venezuela aqui do lado,com a idéia brilhante de controlar os preços o que eles vão ganhar é filas intermináveis, inflação e falta dos produtos que eles mais querem

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  18. Este comentário foi removido pelo autor.

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  19. Proselitismo do "Deus mercado" nenhum, Germano. Apenas reflexões econômicas, discutidas abertamente, que nos levam a entender benefícios e malefícios entre diferentes sistemas.

    Se lógica não lhe basta, puxe na história. No que deu a substituição do regime quizarista pelo socialismo soviético? Criou-se uma casta burocratoparasita, a "nomenklatura", encastelada no Soviet Supremo e nas diversas "direções políticas" que roubava quase tanto quanto a corruptocracia brasileira rouba hoje.

    Mas como a Rússia, o Cazaquistão e todas as nações eslavas são mais práticas, mais inteligentes e mais democráticas do que o Brasil ignorante, obscurantista e "malandro", eles desmontaram a babilônia deles.

    O desmonte da União Soviética (leia Gorbachov) foi uma simples decisão prática e uma ação evolucionista.

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  20. A pura verdade. Ótimo artigo.

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  21. 'a monopolização de diversos setores da vida econômica atual não difira demais da centralização por um único agente. Confesso que me sinto um "bebezinho sem cérebro" (para usar os seus termos) quando tenho, por exemplo, que discutir problemas na minha conta telefônica com as 2 operadoras com que trabalho.'

    É muito diferente,no que a gente chama de capitalismo empresa nenhuma por maior que seja te obriga a nada, eu mesmo nem celular tenho, acho uma frescura.
    Se elas tem uma parte do mercado muito grande é pq OS CONSUMIDORES decidiram por isso, comprando os produtos dela, muito diferente do que o governo faz, enfiando a mao no seu bolso, arrancando o quanto quiser e devolvendo o que ele decide que tu deve querer, como um adulto que decide o que um bebê deve comer
    E depois, se um dia os consumidores nao quizerem mais o que essa empresa faz, ela quebra e pronto.Só de cabeça podia falar de umas quinhentas empresas enormes que foram pra cucuia, justamente por isso.O que era a poderosa Xerox antes da era digital e o que é hoje?Ou a Sega que nos anos 90 chegava a competir pau a pau com a nintendo,que consoles ela fabrica hoje?Não é difícil também as concorrentes nascerem numa garagem, sem toneladas de dinheiro, SEM os 'meios de produção' marxistas, e crescerem a partir dai pq resolvem melhor os problemas das outras pessoas.Um exemplo?Google. (nao to mandando procurar, to falando google a empresa)

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  22. Agora, isso tudo é no capitalismo liberal, pq pros keynesianos tudo bem vc ser obrigado a sustentar bancos falidos

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  23. Não tem como ser mais parcial? Os canais não foram arbitariamente fechados, a coisa não funciona da dessa maneira diabólica que está colocada. Não sou adepto e sinceramente a figura do Hugo Chavez não me traz nenhuma simpatia, mas esse tipo de crítica precisa de um mínimo de parcialidade. A propósito, os tais dois mortos nas manifestações eram simpatizantes do governo. Só falta dizer agora que o "fanfarão" quer matar o país inteiro (inclusive quem é a favor do governo) pra pegar toda a terra pra ele...

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  24. Acho que vc quiz dizer IMparcial

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