sábado, outubro 02, 2010

Filme: Wall Street 2



Gordon Gekko está de volta! O socialista Oliver Stone não poderia perder a oportunidade desta última crise financeira, que assolou o mundo, para especular com um novo filme mostrando o que há de pior em Wall Street. Não obstante, trata-se de um ótimo filme. Não tão bom quanto o primeiro, mas ainda assim muito bom. Até socialistas camaradas de Hugo Chávez, quando querem lucrar (e como eles gostam de dinheiro!), precisam atender a demanda. O resultado foi um filme dinâmico, com boa trama, que mostra com razoável fidelidade os bastidores da crise em Wall Street. Os derivativos são tratados como armas de destruição em massa, expressão usada inclusive por Warren Buffett, que não deixa de ser parcialmente verdadeira. Os poderosos do governo são retratados como homens que estalam os dedos e "fabricam" centenas de bilhões do nada, para salvar banqueiros gananciosos. Novamente, é parcialmente verdade. E Wall Street é visto como um antro de gente sem escrúpulos cuja única função é enganar os outros. Uma vez mais, alguma ponta de verdade há nisso. Mas, como Goebbels já sabia, é possível contar um monte de mentiras falando apenas algumas verdades pela metade.

Claro que há muita ganância no mercado financeiro, o que não necessariamente é ruim. "Greed is good", como disse Gekko no primeiro filme. Sem ganância, os empreendedores não arriscam tudo em projetos improváveis, que com o benefício do retrospecto trazem inúmeros benefícios para a humanidade. Além disso, a especulação, vista como um câncer no filme de Oliver Stone, nada mais é do que tentar antecipar o futuro. Quando uma empresa acumula estoque ou quando alguém sai de casa com um guarda-chuva porque o céu está cinza e ameaça chover, ambos estão especulando. A especulação de Wall Street serve para trazer mais liquidez e eficiência para os mercados. Claro que o tiro pode sair pela culatra se houver movimento de manada, as famosas bolhas. Mas os principais fatores que causam tais bolhas foram omitidos no filme. Não é a ganância, nem a ação especulativa em si, ambas características existentes sempre, em todos os setores. O grande culpado é o governo, o banco central, quando estimulam o crédito de forma irresponsável, quando reduzem as taxas de juros de forma artificial, quando adotam medidas populistas para que todos possam ter a "casa própria", mesmo sem condição de pagar por ela. Bolhas não possuem apenas um pai, mas é injusto ocultar o principal deles: o próprio governo!

Ainda assim, reitero que Oliver Stone fez um bom filme, e recomendo a ida ao cinema. Não será perda de tempo. E sem dúvida o filme sobre Wall Street não terá comparação com o outro que Stone pretende fazer, sobre seu camarada Hugo Chávez. Esta especulação com certeza vai falhar. Mas nada que os petrodólares do caudilho venezuelano não possam compensar. Quando a mão invisível do mercado não é respeitada, resta a mão visível do Estado aparecer para salvar os produtos encalhados que ninguém demanda. Os banqueiros retratados por Oliver Stone podem não ser tão diferentes assim dos cineastas "engajados" na causa socialista. Ambos gostam da ajuda do governo quando os consumidores não ficam satisfeitos com seus produtos.

5 comentários:

  1. Anônimo2:54 PM

    Achei bem chato o filme. O relacionamento daqueles dois é patético. Filme previsível e cheio de diálogos longos e arrastados.

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  2. Anônimo4:39 PM

    Caro Rodrigo.

    Primeiro você declara voto na melancia,(ecochatos são os herdeiros dos comunistas arrependidos) que é que nem flamenguista, uma vez petista sempre petista.
    Agora você elogia o diretor mais boçal que o cinema já produziu.

    What´s going on???

    maisvalia

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  3. Anônimo1:32 PM

    Esse filme é MUITO ruim. Melodrama chato que nada tem a ver com o mercado financeiro. Por outro lado, seu post anterior em convenceu, votei em Marina. Não por ela, mas pelo Leal e o Gianetti mesmo..

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  4. Rafael Gargalhão1:21 PM

    Outro dia lia um romance policial em que o heróico protagonista dizia que o mercado financeiro não serve para nada. Isso mesmo: apenas a "economia real", composta de fábricas e lojas, seria realmente importante.

    Pois bem: e onde a "economia real" buscaria crédito, sem os bancos?Onde a "economia real" obteria recursos para sua expansão, sem as bolsas de valores?

    Como alguém consegue escrever livros ou fazer filmes em cima de uma estupidez colossal???

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  5. Há algumas coisas no filme que passam desapercebidas pelo público um pouco mais desatento.
    A 1a são as ótimas referências a The Good, The Bad and The Ugly, neste filme representados por Gekko (The Ugly), Bretton (The Bad) e Jake Moore (The Good). Foi uma bonita homenagem incluir Eli Wallach como Julie.

    Fui ao filme dando uma última chance a Oliver Stone e este ganhou pelo menos o crédito para que eu veja o seu próximo. Ainda não desisti totalmente.

    O 2a ponto é a clara analogia entre o mercado como um todo e a atitude individual de um cidadão retratados no relacionamento de Shia LaBeouf e Susan Sarandon.
    Se o padrão bolha/quebra é um efeito de "loucura coletiva" isto é bem retratado no comportamento individual, aquele que efetivamente é o responsável pelo fenômeno.

    Muito embora tenha uma intenção socialista clara, não é definitivo neste sentido, e é aí que Stone se safa.
    Em última análise ele não culpa apenas o sistema, mas a falta de responsabilidade individual.
    O que, sem que ele perceba, acaba sendo de fato liberal, colocando o indivíduo como o grande responsável pelo seu destino.
    Definitivamente Stone ainda é americano.
    Pelo menos por enquanto...

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