sexta-feira, março 25, 2011

Capitalismo de Estado



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

A matéria de capa do caderno de Economia do jornal O Globo hoje mostra o avanço do BNDES na Era Lula. O banco estatal foi o que mais cresceu no país neste período. Seus desembolsos anuais ficavam na faixa dos R$ 35 bilhões antes de Lula assumir o poder, e quando ele saiu, os empréstimos liberados chegavam a quase R$ 150 bilhões por ano. O Tesouro teve que aportar mais de R$ 230 bilhões no banco, fora outros quase R$ 20 bilhões de aumento de capital. Este ano o governo Dilma já comunicou outro aumento de R$ 55 bilhões.

As cifras são impressionantes. Igualmente impressionante é a concentração de grandes empresas no destino final dos empréstimos. A Petrobras, uma espécie de “estado paralelo” devido ao seu gigantismo, recebeu sozinha mais de R$ 50 bilhões neste período. Outras empresas agraciadas com a montanha de dinheiro subsidiado foram JBS, Braskem, AmBev e as empresas de Eike Batista. O governo seleciona setores e grupos nacionais “vencedores”, interferindo no dinamismo do mercado. Os “amigos do rei” são favorecidos à custa dos demais.

Este modelo não é novo. Na verdade, ele é bastante conhecido pelos brasileiros. A Era JK tinha abordagem semelhante, financiando setores escolhidos de cima para baixo por meio da inflação, e a Era Geisel fez algo similar, utilizando financiamento externo. Em outros lugares do mundo, o regime soviético partia da mesma ideologia, com a crença de que cabia a uma cúpula centralizada direcionar o crédito da economia. Atualmente, o modelo chinês segue esta receita fadada ao fracasso. Poucos e enormes bancos estatais determinam quem recebe financiamento subsidiado para crescer. Existem construções suntuosas e até cidades “fantasmas” no país, que ainda conta com centenas de milhões de miseráveis.

Para financiar a farra do crédito público, a poupança doméstica não é suficiente, até porque ela é reduzida por culpa da fome insaciável do governo por recursos. O endividamento público federal já passa de R$ 1,6 trilhão, e deve fechar o ano perto de R$ 2 trilhões. O governo paga caro por esta dívida, e repassa parte a taxa subsidiada para poucas empresas, cujo tamanho é suficiente para acessar o mercado privado de dívida. Alguns chamam este modelo de “capitalismo de estado”, mas outro nome mais realista seria simplesmente “fascismo”.

9 comentários:

  1. Anônimo10:01 AM

    Artigo primoroso, Constantino. Esse é um governo voltado "para os pobres". Que pena a oposição não se interessar por essas coisas, não?

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  2. Guilherme (Guirma)11:01 AM

    Prefiro mil vezes o tal "capitalismo de estado" ao "socialismo do capital"!!! É só ver como se saiu o Brasil na maior crise do capitalismo dos últimos setenta anos!!! Foram as medidas de "estado" e não as de "mercado" que impediram o tsunami... Enquanto isso, os tais países capitalistas "exemplos para o mundo" praticavam o socialismo do prejuízo, inundando as piscinas dos incompetentes banqueiros de dólares com a recomendação:: "Vão e não pequem mais"!! Como diria eu mesmo:: O maior socialista é um capitalista recém falido!!!

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  3. Anônimo1:47 PM

    É o modelo chinês do "socialismo de mercado", nas palavras do seu criador, Deng Xiao Ping.

    A nova esquerda quando na oposição, critica o grande capital; quando se torna situação, se associa a ele na qualidade de "burguesia do capital alheio" (by Reinaldo Azevedo), do capital dos contribuintes.

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  4. Rdrigo, eu chamaria de incesto, esse repasse de dinheiro público para mãos privadas dos amigos. Veja que o governo corta 50 BI dos legisladores que fazem demagogia e populismo e isso é ótimo, pois esses devem apenas fazer leis e ficalizarem os executivos, mas a farsa é brutal, pois o governo corta 50 bi dessa cambada e bota 55 BI no BNDES para ter exclusividade.

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  5. Guilherme, que comentário limitado.

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  6. Guima, VS é um alienado! precisa ler mais vezes o blog do rodrigo e se ESFORÇAR para compreende-lo e, pelo amor de Deus, não fique repetindo a ladainha petista. A CRISE QUE V SE REFERIU VAI ESTOURAR NA MÃO DA DILMA! MAS VAI ESTOURAR, só foi postergada.

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  7. O Interessante é que o Governo Norte-americano também fez o mesmo dando 750 bilhões de dolares aos banqueiros falidos em 2008, ou melhor ao FEDER, que de federal não tem nada. Um cheque em branco para que este banco "central" fizesse o que bem entendesse com o dinheiro.
    Alguém sabe dizer que "amigos do rei" do FEDER foram favorecidos?!

    Abraços

    Kelvin

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  8. leonardo3:49 PM

    O grande problema eh que no Brasil so recebe dinheiro do BNDES quem tem dinheiro. Firma pequena e que tenha alguma guia de INSS/FGTS não paga não ganha nem cheque especial no BB e MUITO MENOS emprestimo para fortalecer e fomentar a industria. POR isso que empresas com mais de 15 anos no Brasil são raras e se estão funcionando tem uma divida astronimica. $$ do BNDES é só para os ricos e para as empresas apadrinhadas. Infelizmente.

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  9. Anônimo12:38 PM

    Todas essas gigantes e até monopolistas, receberem dinheiro do BNDES é vergonhoso, mas uma Ambev e o Eike é o fim da picada. O lucro é deles , mas o risco é nosso Que captem dinheiro na banca privada, como em qualquer lugar do mundo.

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