Editorial do Estadão
O governo venceu, depois de quase dois anos e meio de campanha contra o presidente da Vale, maior empresa privada do Brasil, segunda maior mineradora do mundo e líder mundial na extração de minério de ferro. Roger Agnelli deixará o posto, afinal, porque o Bradesco desistiu de enfrentar a pressão do Palácio do Planalto. Sem a rendição do banco, o governo federal não teria os votos necessários para forçar a mudança na cúpula da empresa. O acordo foi concluído em reunião do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, na sexta-feira. O resultado já era dado como certo por fontes do governo e, portanto, não surpreendeu. Mas a disputa em torno da presidência da mineradora foi muito mais que um embate entre dois grandes acionistas. Este é o ponto mais importante, não só para os diretamente envolvidos nesse confronto, mas, principalmente, para o País.
Se houve algo surpreendente, não foi a rendição do Bradesco, na semana passada, mas sua longa resistência. Há uma enorme desproporção de forças entre o governo federal e uma instituição financeira privada, mesmo grande. Os dirigentes do banco acabaram levando em conta seus interesses empresariais e os possíveis custos de um longo confronto com as autoridades. A pressão exercida a partir do Palácio do Planalto foi "massacrante", segundo uma fonte do banco citada pelo jornal O Globo.
Ao insistir no afastamento de Roger Agnelli, a presidente Dilma Rousseff seguiu no caminho aberto por seu antecessor. Derrubar o presidente da Vale foi um dos grandes objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde o agravamento da crise internacional, em 2008, quando a Vale anunciou a demissão de cerca de 1.300 funcionários, as pressões contra os dirigentes da empresa foram abertas. Além de se opor às dispensas, o presidente da República passou a exigir da Vale maiores investimentos em siderurgia.
Seria preciso, segundo ele, dar menos ênfase à exportação de minério e realizar um maior esforço de venda de produtos processados. Em sua simplicidade, o presidente Lula nem sequer levou em conta a enorme capacidade excedente da indústria siderúrgica, não só no Brasil, mas em escala mundial.
Mas nem é o caso de examinar o mérito das ações defendidas pelo presidente da República e por seus estrategistas. Se essa discussão valesse a pena, os argumentos teriam ocupado espaço na imprensa e os principais dirigentes da Vale com certeza os teriam examinado, com a mesma competência demonstrada ao promover o crescimento da empresa desde sua privatização. O ponto importante é outro.
O presidente Lula agiu como se fosse atribuição de seu gabinete administrar tanto as estatais quanto as grandes companhias privadas. Deu ordens a diretores da Petrobrás e censurou-os publicamente. A imprudente associação da Petrobrás com a PDVSA para construir a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. é fruto do cumprimento de uma dessas ordens. Aliás, nem sempre os dirigentes da estatal conseguiram seguir as determinações de Lula - a preferência a fornecedores nacionais, por exemplo - porque isso comprometeria seu trabalho.
Um presidente sensato não se meteria sequer na administração de uma estatal grande e complexa. Muito menos se atreveria a ditar políticas para empresas privadas também grandes, complexas e bem-sucedidas como a Vale e a Embraer, mas a autocrítica e o sentido de proporção nunca foram grandes atributos do presidente Lula. Além do mais, sentimentos como esses acabariam facilmente sufocados pelo objetivo maior: comandar de seu gabinete várias da maiores empresas brasileiras. Se bancos federais se meteram onde não deveriam, comprando, por exemplo, participação no Banco Panamericano, foi para atender a essa concepção de poder.
A presidente Dilma Rousseff já mostrou, em mais de uma ocasião, diferenças importantes em relação a seu antecessor e grande eleitor. Neste caso, no entanto, quando se trata da fome de poder e da ambição centralizadora, a continuidade da política anterior parece garantida.
Mas e agora, Rodrigo, o que vai acontecer? O que temos à frente?
ResponderExcluirHá muito tempo eu já disse o que vcs vão ter pela frente
ResponderExcluirMas não acreditam...querem ser otimistas...azar.
ntsr.
Eu ja vendi minhas posições na vale. Agora só no curto prazo pra comprar o papel da mesma. De preferência o day trade...
ResponderExcluirO futuro ficou incerto
Culpa da imprensa autista que não grita enquanto a corda lhe aperta o pescoço.
ResponderExcluirEspero que as ações da Vale caiam bastante e o Bradesco pague por sua subserviência.
Aos poucos a mão do governo vai substituindo a mão do mercado. O PT criou o plano nacional de banda larga para reviver a "falida" Telebras. Também criou o circo do pré-sal onde crédito farto e casa própria são os pães. Agora é a Vale.
ResponderExcluirVoltaremos a escolher Cumbica como a saída para o Brasil?
Não vou vender minhas ações da Vale, nem da BR, nem do BB. Afinal, penso que a máxima de Rockfeller nos dias atuais também se aplica ao minério de ferro a os bancos. Os melhores negócios do mundo são mineração, petróleo e bancos bem administrados. Em seguida, os mesmos mau administrados, nas mãos no governo.
ResponderExcluirEm 2009 chaves fez o mesmo:
ResponderExcluirCARACAS - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou a estatização de pelo menos cinco empresas do setor siderúrgico e fechou um acordo para comprar por US$ 1,050 bilhão a unidade do grupo espanhol Santander no país, em mais um passo da ampla onda de estatizações em curso.
Fazem parte da lista as companhias Matesi, Comsigua, Venprecar, Orinoco Iron bem como a Tavsa, de tubos de aço, de capital japonês, mexicano, australiano e europeu. Também passará para a mãos do Estado venezuelano uma produtora de cerâmica, a Cerámicas Carabobo. As empresas vinham enfrentando conflitos trabalhistas há alguns meses.
O presidente disse que a decisão vai ajudar a Venezuela a reduzir importações e estimular a indústria local.
- Estamos planejando um grande e integrado complexo industrial - afirmou.
Meses de negociação
O anúncio do acerto para a aquisição do Banco de Venezuela, um dos maiores do país, acaba com meses de negociações, iniciadas após Chávez ter anunciado em julho do ano passado que iria nacionalizar o banco.
A Venezuela vai pagar US$ 630 milhões no dia 3 de julho, quando assumir formalmente o controle da instituição. O restante será pago em duas parcelas iguais nos meses de outubro e dezembro. O acerto garante ao Santander a repatriação de dividendos da instituição, sendo US$ 182,4 milhões no dia 27 de maio e US$ 122,3 milhões no dia 3 de julho.
O vice-presidente da Venezuela, Ramon Carrizalez, afirmou que a transferência de administração do Banco de Venezuela vai permitir que o governo assuma maior controle sobre a economia no momento em que o país se encaminha para um modelo socialista. Segundo ele, a negociação ocorreu em "um clima de cordialidade".
O presidente do Banco de Venezuela, Michel Goguikian, disse que o acordo era "muito satisfatório" tanto para o banco quanto para o governo.
O grupo espanhol Santander possui cerca de 98% do Banco de Venezuela, que foi privatizado em 1996 por US$ 351 milhões, depois de passar pelas mãos do Estado em meio à mais devastadora crise financeira que atingiu o país, entre 1994 e 1995.
No ano passado, uma instituição financeira do país esteve muito perto de comprar o Banco de Venezuela, mas o governo não autorizou a operação e decidiu adquirir o banco por um valor que foi estimado entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,3 bilhão.
A crise financeira mundial, no entanto, que derrubou os preços de petróleo e aumentou a aversão a risco de investidores, permitiu que a aquisição do Banco de Venezuela saísse mais em conta para o governo.
Esta é mais uma etapa em um amplo processo de nacionalização realizado pelo governo de Chávez para ampliar o controle do Estado, que já estatizou empresas dos setores de cimento, energia, telecomunicações e petróleo desde 2006.
No início de maio, o governo da Venezuela estatizou 60 empresas que prestam serviços à indústria petroleira,depois da promulgação de uma lei que dá ao Estado o direito de controlar total ou parcialmente bens e serviços relacionados à atividade.
Com a Petrobrás certamente devemos ter o barril de petróleo mais caro do mundo. Agora, pelo andar da carruagem, passaremos a ter a tonelada de minério de ferro de maior custo de extração do planeta.
ResponderExcluirNa realidade, a presidente não fez rigosamente nada de diferente em relação ao antecessor. Exceto a omeleta. O que há é uma verdadeira cruzada para poupá-la de tudo e popularizá-la acima de tudo. Isso implica num profundo marasmo oposicionista. A presidente, em pouco mais de 100 dias, já está blindada para assuntos importantes. O mesmo que ocorreu com o antecessor.
ResponderExcluirDawran Numida