Rodrigo Constantino, O GLOBO
A oposição brasileira finalmente esboça alguma reação, ainda que bastante atrasada. O senador Aécio Neves fez um discurso mais duro no Senado, atacando os abusos do governo atual. E o ex-presidente FHC escreveu um artigo propondo mais foco da oposição, que deveria, segundo ele, aproximar-se da classe média, hoje abandonada pelo governo. Ainda que iniciativas louváveis, estas são reações muito tímidas.
Os políticos que discordam dos rumos atuais do país deveriam aprender com o jovem americano Paul Ryan, do Partido Republicano. Responsável por apresentar um orçamento alternativo ao Congresso, Ryan teve a coragem de enfrentar os verdadeiros problemas do país e colocar o dedo na ferida. Seu plano fiscal, chamado “O caminho para a prosperidade”, apresenta uma visão bastante diferente do futuro da nação americana e do papel do governo.
Deixando o excessivo pragmatismo de lado, Paul Ryan pretendeu resgatar valores hoje perdidos naquela que já foi a “terra da liberdade”. Seu objetivo é limitar novamente as funções do governo àquilo prescrito na Constituição. A igualdade perante as leis, por exemplo, voltaria a ser um princípio básico respeitado pelo governo, que atualmente vem concentrando poder arbitrário e exagerado. Ryan compartilha do ideal dos “pais fundadores” dos Estados Unidos, que defendiam um país com ampla liberdade individual, meritocracia e governo limitado.
Além disso, ele apresentou propostas concretas para a redução drástica do déficit público. O governo americano tem sido irresponsável há anos, gastando mais do que arrecada. As guerras mundo afora, os resgates bilionários de empresas e bancos falidos, estímulos keynesianos e um estado de bem-estar social cada vez mais inchado comprometeram as finanças públicas do país. O déficit fiscal este ano será novamente superior a US$ 1 trilhão.
Não obstante, o presidente Obama, com tom extremamente populista, defende um governo ainda mais ativo. O governo pretende criar uma espécie de SUS no país, como se isso fosse realmente desejável para os mais pobres. A grande bandeira política de Obama foi sua reforma do sistema de saúde pública. Os crescentes rombos fiscais, cujos maiores drenos são justamente os gastos com saúde e previdência, parecem não incomodar os democratas no poder. Sua visão de nação reflete uma fé inabalável na capacidade de o governo prover bons serviços a preços baixos, o que a história sempre demonstrou ser uma grande ingenuidade.
Paul Ryan apresentou uma visão alternativa, onde indivíduos decidem como gastar seu próprio dinheiro, sem a tutela ineficiente do governo. Seu plano prevê um código tributário mais simples e menores impostos em relação ao que os democratas desejam. Com o foco no longo prazo, Ryan mostrou que há a necessidade de escolha entre dois futuros muito diferentes. De um lado, Washington continua decidindo onde gastar os recursos criados pela iniciativa privada, com seus projetos corruptos e incompetentes. Do outro, o governo adota uma política de forte redução dos gastos, deixando o caminho livre para que indivíduos e empresas possam novamente colocar a economia na trilha da prosperidade.
Sem apelar para discurso demagógico, Ryan reconhece que os ajustes necessários seriam também dolorosos no primeiro momento. Afinal, trata-se de corrigir o rumo atual, que tem sido de total irresponsabilidade. Não dá mais para viver além dos meios existentes, e, quanto mais tempo levar para os americanos aceitarem este fato da realidade, maior será o sofrimento. A complacência de hoje será paga com o suor dobrado de amanhã. E Ryan teve a coragem de não ignorar o enorme elefante na sala, que todos fingem não existir.
Se sua iniciativa vai ou não surtir efeito prático, ainda parece cedo dizer. A escolha, em última instância, caberá aos eleitores americanos. Mas o presidente Obama já teve de vir a público reagir, e anunciou um projeto de corte de US$ 4 trilhões nos gastos públicos nos próximos 12 anos. Muitas incertezas ainda pairam no ar, e seu discurso foi carregado de demagogia. Obama atacou os mais ricos, como se mais impostos para ricos não prejudicassem justamente os mais pobres. Mas o pêndulo pode ter começado a virar. Os americanos agora contam com uma liderança que tem a coragem de defender uma opção diferente para o país.
Voltando ao Brasil, vemos que a reação da oposição é bem-vinda, mas que ainda é muito tímida. Falta uma liderança que conteste o modelo atual de estado, que concentra poder demais e arrecada impostos demais. Onde está o Paul Ryan brasileiro?
FHC está morrendo de medo de Kátia Abreu e do fim da brincadeira PSDB X PT.
ResponderExcluirRodrigo,
ResponderExcluirAcho que o grande pulo do gato para oposição é desvincular a liberdade individual e a ultima grande crise. E deixo claro meu alinhamento com a liberdade e não com os partidos em si.
Esse vinculo atual é a resposta que o governo atual tem quando confrontado com o pedido de liberdade. Ele associa de modo tosco(e popular) que o controle de governo se exerce por esses meios, gastos e gastos para prover tudo, e caso de liberdade aos "ricos" eles acabam em uma nova crise.
Não sei como fazer isso, explicar ao povo que regular o setor financeiro e dar suporte ao crescimento do pais, é diferente de controlar o sistema financeiro e de um modo lenista, tomar conta de tudo no BR, metendo a mão e sendo o grande financiador.
abs
o ultimo comentario, foi meu primeiro aqui.
ResponderExcluirme parece estranho voce defender a liberdade individual e os comentarios só aparecerem após tua verificaçÃo.
ou esta é uma limitação da ferramenta?
abs
Pois é Rodrigo, já está em tempo de deixar os comentários sem moderação, como era antes
ResponderExcluiré esquisito ter de fazer contraposição a esse tipo de coisas por aqui, mas deixar comentários moderados ou liberados não tem nada a ver com a posição política/filosófica/ideológica do Constantino
ResponderExcluiro princípio-mor do liberalismo é exatamente deixar que as pessoas tenham liberdade no trato de suas coisas, desde que isso não prejudique terceiros - sendo este um blog particular, dele, por que haveria ele de se sentir obrigado a liberar a moderação se, para si mesmo, ele considera que moderando obterá um resultado melhor que aquele obtido com a falta de moderação?
a coisa seria diferente em um fórum público, mas não sendo o caso, deixem o homem em paz com suas escolhas, ora essa. ou, se vão tentar convencê-lo, pelo menos não invoquem a questão da liberdade individual como argumento para obrigá-lo a fazer o que ele não quer
Acho q o fato do Rodrigo ter deixado os comentários bloqueados, foi explicitamente contra spams, q normalmente postam coisas bizarras como "porn" e afins, só isso, a liberdade continua.
ResponderExcluirAbraços.
Fabio Nascimento
'se, para si mesmo, ele considera que moderando obterá um resultado melhor que aquele obtido com a falta de moderação?'
ResponderExcluirE quem foi que disse que era esse o caso?
Ele só passou pro moderado por causa de um troll que não tinha o que fazer, que agora deve estar enchendo o saco de alguém em algum forum por aí
Será que o Obama se reelege? Eu espero que não.Ele já começou com a demagogia, com a conversa de imposto só pros ricos...
ResponderExcluirme explica como vc fala mal da bush administration e fala bem do paul ryan?
ResponderExcluirAgora pronto, todo republicano agora é bush
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