Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
terça-feira, junho 07, 2011
Um novo amigo para Israel
Entrevista para o Nosso Jornal Rio, da comunidade judaica, por Denise Wasserman
Raramente a mídia publica matérias favoráveis a Israel e o mesmo pode-se dizer dos artigos de opinião, salvo alguns jornalistas apelidados pela comunidade como “amigos de Israel”.
Exatamente há uma semana muitas pessoas ficaram surpresas e admiradas com um artigo no jornal O Globo, intitulado “O ódio a Israel”. O título um tanto forte chamou atenção para a leitura que até então não dava pistas para que lado tenderia.
A grata surpresa, no entanto, foi proporcionada pelo jovem economista Rodrigo Constantino, colunista do jornal O Globo, membro-fundador do Instituto Millenium e vencedor do Prêmio Libertas, em 2009, no XXII Fórum da Liberdade.
Logo no primeiro parágrafo do seu artigo, Rodrigo revelou que Israel e a comunidade judaica acabaram de ganhar um novo amigo.
A repercussão do artigo foi enorme e até gerou um convite do consulado de Israel no Rio de Janeiro para que Constantino visitasse Israel.
Por esse motivo, procuramos Rodrigo Constantino para saber um pouco mais sobre suas opiniões a respeito desse tema. A entrevista exclusiva você acompanha a seguir. Vamos lá?
.O que o levou a escrever um artigo em defesa de Israel?
-Na verdade este artigo é “requentado”, isto é, publiquei originalmente em 2009 no meu blog e também no site da globo.com. É o mesmo artigo com pequenas modificações. Um assunto que para mim é antigo, mas que reacendeu com a recente declaração do presidente Barack Obama e com o discurso do primeiro-ministro israelense no Congresso americano. Acompanho esse tema há muitos anos e o considero patológico, pois quem se diz anti-americano, se sente, necessariamente, anti-israelense e isso se deve a uma tendência natural das pessoas em defender os ditos “mais fracos”. Israel está associado “ao Império do mal”. Há uma total falta de informação, pois as notícias reais não chegam através da mídia e isso gera uma profunda ignorância. Essa falta de justiça sempre me incomodou muito.
.Em seu artigo você diz que o ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia deveria aprender com Israel como produzir tecnologia de ponta. Cita também que o PIB de Israel é muito superior aos de seus vizinhos islâmicos, bem como a renda per capita. Isto tudo considerando que Israel vive sob constante ameaça terrorista. Sob o ponto de vista econômico existe algum milagre nesses índices israelenses?
-Como economista não posso acreditar em milagres e sim em progresso. Israel tem uma economia liberal e com alto nível de empreendedorismo. Possui mão de obra qualificada e, como citei no artigo, é um dos países mais avançados em indústrias de tecnologia. A Microsoft e a Cisco construíram suas únicas unidades de pesquisa e desenvolvimento fora dos Estados Unidos em Israel. Cientistas israelenses desenvolveram o primeiro aparelho para diagnóstico de câncer de mama totalmente computadorizado e não radioativo. Outra grande invenção israelense na área de informática é o pen drive. Enfim uma conjunção de fatores produziram um país autossuficiente em setores primordiais para o seu desenvolvimento.
.Na comunidade judaica o seu artigo gerou críticas positivas, naturalmente. E em relação aos leitores em geral, como você sentiu a repercussão da publicação?
-Não me incomodo em provocar polêmica e não tenho medo de ofender um ou outro. O meu único compromisso é com a verdade dos fatos. Na minha opinião, Israel tem todos os méritos por suas conquistas e por ter sobrevivido num meio hostil. O israelense é um povo lutador que sempre soube dar a volta por cima.
.Você cita a inveja e o interesse de autoridades islâmicas no clima de guerra para esconder as atrocidades cometidas contra o seu próprio povo. O que o levou a essa análise?
- Em primeiro lugar é importante frisar que nem todo muçulmano prega a violência ou é a favor da guerra. Mas o Islã é uma religião que ainda não passou pelo Iluminismo. Maomé, que é o profeta dos islâmicos, era um guerreiro com uma postura totalmente instransigente. Como imaginar um profeta que incita à violência? As gritantes diferenças econômicas e sociais entre os judeus e os muçulmanos adicionam muita lenha na fogueira, não resta dúvida. Entre os muçulmanos há muita miséria e ignorância, ausência das liberdades mais básicas, mulheres submissas com o corpo todo coberto, e uma religião que enaltece o sacrifício por Alá. Em vez de cometerem suicídio em ataques terroristas na tentativa de destruir Israel, fariam melhor se pressionassem seus líderes para que Israel fosse um exemplo a ser seguido, e não “varrido do mapa”.
.Qual é a sua relação com a comunidade judaica?
-Tenho alguns conhecidos judeus, mas a minha relação com a comunidade é muito pequena, apesar de sempre ter me interessado em estudar e analisar os fatos que norteiam Israel. No meu ponto de vista, em 90% das vezes, defendo as posições deste país, mas tenho consciência que quando se trata de Israel as posições dos líderes mundiais são avaliadas com dois pesos e duas medidas.
O que me chama a atenção nessa pendenga eterna entre israelenses e palestinos é o modo quase unânime como os brasileiros que se metem a falar de política se posicionam, tomando automaticamente as dores dos palestinos. Não que isso surpreenda, porque o padrão ideológico aqui é fácil de detectar: se é contra os EUA (o "imperialismo"), o capitalismo (o "instrumento de opressão imperialista") e Israel (os judeus aliados dos inimigos imperialistas), o brasileiro-médio-representante-do-zeitgeist-mental vai ser a favor. A pessoa não precisa nem ser uma comunista hardcore pra se encaixar nessa generalização, basta não querer destoar muito do que se diz por aí. Esse confronto na opinião pública segue o conceito de guerra assimétrica: cobra-se toda a retidão de um lado (Israel) e exime-se, de antemão, qualquer culpa do outro (Palestina). Então quando o Hamas prega a destruição da "entidade sionista" e joga foguetes a esmo em Israel, o estado judeu não pode nem reagir, justamente por ser mais forte, o que caracterizaria uma "reação desproporcional". Ficar ao lado do mais fraco por ser o mais fraco não é (ou não deveria ser) critério de justiça. Mas isso tem uma explicação que também passa pela ideologia: se a pessoa assume que A ficou forte e rico porque "explorou" B, então todo o contexto se torna secundário; B está certo e tem o direito de jogar bombas, enquanto A tem o direito de receber bombas na cabeça sem dar um pio até criar vergonha na cara e deixar o Oriente Médio totalmente dominado pelos iluministas muçulmanos.
ResponderExcluirMaravilha Rodrigo, parabéns cara!
ResponderExcluirGrande Rodrigo, meus parabéns. Você poderia indicar alguns livros sobre o real conflito Israel/Palestina? Os livros disponíveis que encontro são muito tendenciosos pro palestinos e pintam Israel de forma muito injusta. O que podemos ler de interessante a respeito e que não seja tendenciso?
ResponderExcluirAbs
Bom, se quiser leitura tendenciosa para o OUTRO lado, leia "Em Defesa de Israel", de Alan Dershowitz.
ResponderExcluirPode ler também os livros de Bernard Lewis sobre o Oriente Médio.
Constantino,
ResponderExcluirO que desanima de ler as coisas que você escreve é como você fala besteira quando resolve palpitar em algo fora de Economia. Quase tudo que disse nessa entrevista foi adequado, mas esse comentário sobre Iluminismo e Islam foi terrível.
Anthony,
ResponderExcluirSe quer algo sobre as origens do conflito, leia "Palestine Betrayed" do Efraim Karsh. É mais uma obra de referência, mas é bem imparcial.