Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
sexta-feira, outubro 21, 2011
Outro golpe de Dawkins nas religiões
Por Neville Hawcock | Do Financial Times
"Mostre-me a criança e lhe darei o homem", diz a máxima jesuíta. Isso se Richard Dawkins não chegar lá primeiro. O novo livro do ateu-mor, "The Magic of Reality", é elaborado para imunizar de uma vez por todas mentes tenras contra o sobrenatural e seus apologistas.
Na verdade, não só mentes tenras. Embora destinado a crianças de 10 anos para cima, o texto é persuasivo em qualquer idade. Afinal, Dawkins é um popularizador e um proselitista; seu argumento, magnificamente complementado aqui pelas ilustrações ricas de Dave McKean, possui uma clareza maravilhosa.
Ele começa definindo seus termos. "Realidade" é tudo o que pode ser compreendido diretamente por nossos cinco sentidos ou indiretamente por instrumentos e modelos científicos. (As emoções, que podem parecer excluídas por essa definição, também são parte da realidade, dependendo para sua existência de "cérebros... ou algo equivalente a cérebros".) A "mágica" cai em três categorias: mágica sobrenatural, as bobagens dos contos de fadas e mitos (muito ruim, manuseie com cuidado); a mágica de palco, à la "Penn and Teller" (que na maioria das vezes tem uma certa graça); e a mágica poética, quando a natureza nos toca (muito bom, mergulhe nessa).
O propósito de Richard Dawkins é demonstrar que o mundo real, entendido cientificamente, está embebido do tipo de mágica mencionada neste último tópico. "Comparados com a beleza e mágica do mundo real, a magia sobrenatural e os truques de palco parecem baratos e de mau gosto", escreve.
Cada capítulo subsequente consiste de duas partes. Uma abertura curta pergunta, por exemplo, "O que é o sol?", e Dawkins percorre rapidamente vários mitos antigos, sobre Huitzilopochtli [que pode ser traduzido como "Beija-Flor Azul" ou "Beija-Flor Canhoto", que era o deus asteca do Estado e da guerra], Hélio e o "deus tribal de YHWH" [Jeová]
Esses deuses de palha, invocados para ser destruídos por Dawkins, não estão à altura da tarefa de explicar a realidade, mas pelo menos proporcionam ao ilustrador McKean um grande tema. (A divindade tem as melhores ilustrações?) Em seguida, a maior parte do capítulo lida com a questão "O que é o sol de fato?" e Dawkins faz suas exposições.
E ele é muito bom nisso. O capítulo sobre arco-íris apresenta a explicação mais clara, entre todas as que já vi, sobre como eles aparecem, enquanto em "Quem foi, de fato, a primeira pessoa?" faz um enorme uso de uma vasta linha de instantâneos sobre cada um de nossos ancestrais: tudo parece bem com seus bisavós de 4 mil anos; mas com seus bisavós de 50 mil anos, não; e com seus bisavós de 185 milhões de anos - bem, vamos dizer que há algo estranho com ele.
Os dois últimos capítulos tratam mais diretamente das preocupações com as religiões organizadas. "Por que coisas ruins acontecem?" conclui que elas simplesmente acontecem, especialmente quando você é parte de uma cadeia alimentar. Os milagres também não merecem muita consideração. Dawkins elabora o argumento de Hume de que você deve apenas acreditar em relatos de milagres quando a probabilidade de eles realmente terem acontecido é maior que a probabilidade de alguma informação estar sendo transmitida de maneira errada - uma condição que nunca se alcança.
"A verdade", conclui Dawkins na última página, "é mais mágica - no melhor e mais instigante sentido da palavra - do que qualquer mito ou mistério ou milagre fabricados". Ou, conforme Cristo (também conhecido como "um pregador judeu errante chamado Jesus") disse: "A verdade o libertará". (Tradução de Mario Zamarian)
'(As emoções, que podem parecer excluídas por essa definição, também são parte da realidade, dependendo para sua existência de "cérebros... ou algo equivalente a cérebros".)'
ResponderExcluir1 que diabos é um 'algo equivalente a um cérebro'? E como é que ele sabe que as emoções são simuláveis nesse negócio, se pelo menos até hoje ninguem foi capaz de entender o cérebro direito?
2 Emoções não dependem só de cérebros mas de um organismo inteiro, de sistema nervoso, de hormônios...mulher na tpm que o diga
3 N sou religioso nem ateu mas isso parece um malabarismo pra evitar falar da CONSCIÊNCIA, que é um campo que a ciência ainda n foi capaz de entrar.
obs, por consciência n to falando da parte do cérebro que pode ser estimulada e gerar um pensamento mas sim a parte de vc que ASSISTE ao pensamento, n sei se dá pra entender.
ntsr
Há muitos estudos sobre esse ramo da consciência. Um tempo atrás li um livro que tem uma coletânea de experiências realizadas para entender melhor como surge a consciência.
ResponderExcluirhttp://www.amazon.com/Illusion-Conscious-Will-Bradford-Books/dp/0262731622/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1319226816&sr=8-1
Esse livro é sobre a suposta ilusão do livre arbítrio.Não é disso que eu to falando, e sim da parte de vc que ASSISTE ao livre arbítrio.
ResponderExcluirSuponha que vc tem um scanner ligado no seu cérebro e alguem fala: pense numa bola vermelha. Daí vc pensa, e o scanner mostra que a área associada a visão teve uma maior atividade
Mas ninguém tem como saber por ex, se vc pensou numa bola vermelha grande, ou pequena, ou azul.Pelo menos ainda n, então, somente VC é capaz de saber pq foi vc que criou e assistiu àquilo.
A parte de vc que assiste ao seu pensamento não é o seu pensamento, é algo meio intuitivo, n sei se dá pra explicar.Acho que o 'penso logo existo' tb é uma forma de tentar chegar nisso
E também nao tem como provar que existe consciencia nos outros, se os céticos seguissem sua filosofia ao pé da letra iam pensar que é o único que pensa por si só num mundo de robôs ou zumbis
ResponderExcluirO Olavão explica isso melhor do que eu, n gosto muito de umas coisas dele mas nisso o que ele fala faz sentido.
ntsr.
Tipo, a consciencia n é so uma conexão de neuronios, vc sabe que é mais que isso pq vc tem a sua própria! Se for a sua vez de ligar a cabeça num scanner todos vão ver quais áreas do cérebro estao mais ativas mas VC sabe que não é so isso pq VC é a testemunha viva dos pensamentos que vc ta criando!
ResponderExcluirIsso apenas se reflete conexao de neuronios
ntsr
O livro faz uma crítica a idéia que toda a ação é uma ação consciente da mente. Não lembro do livro ter em algum momento defendido a idéia que não há livre arbítrio. O que o livro defende é que a consciência acontece depois de um processo inconsciente já ter sido iniciado no cérebro.
ResponderExcluirPara ser breve, vou pular os detalhes técnicos e citar uma experiência famosa que o livro relata. Um grupo de voltunários, com eletrodos ligados ao cérebro, foram ordenados a mover um dedo da mão aleatoriamente e num momento aleatório. O que as imagens obtidas do cérebro mostraram foi que havia realmente uma atividade cerebral 0.8 segundos antes do movimento do dedo. (pag.50) Mas o que chamou atenção foi que em experiências seguintes, foi também medido o exato momento em que as pessoas conseguiam "sentir" o ato consciente da decisão de querer mover o dedo. E o que eles notaram é que a consciência da decisão de querer mover o dedo acontecia muito depois daqueles 0.8 segundos inciais em que o cérebro já havia iniciado o processo de movimento. Ou seja, o ato consciente seria precedido de um ato inconsciente.
Enfim, eu recomendo o livro pela linguagem clara e simples e pelos relatos de várias experiências que já fizeram nesse campo (todas muito interessantes).
Não estou aqui defendendo nenhuma posição nesse ramo, sou apenas um leigo transcrevendo uma parte do livro. =]
Então, é uma evidência a mais de que o funcionamento dos neurônios é uma coisa e a consciência é outra
ResponderExcluirNão to falando isso pra depois defender religião nenhuma, só acho razoável acreditar que existe alguma coisa além da matéria, mesmo que ninguém saiba direito o que é
ResponderExcluirDiferente do ateu que afirma com toda convicção do mundo que n tem nada.
ntsr.
Na verdade há vários tipos de ateus:
ResponderExcluirhttp://commonsenseatheism.com/?p=6487
Existe até ateus que praticam a religião, mas não acreditam no seu deus - há vários casos no judaísmo, por exemplo.
Porém a maioria dos ateus não afirma que não possa existir um deus criador, só acreditamos que é improvável. Assim como também não afirmamos a não-existência de duendes, unicórnios, fadas, etc.
Esse vídeo explica melhor o que quero dizer:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=G1zxolRqRqI
Caro Constantino,
ResponderExcluirDawkins é um reducionista por excelência. Reduzindo a realidade à definição (vc diz que ele define "seus termos")que ele apresenta, é claro que tudo não está ali dentro dos limites que ele mesmo traçou não existe. Mas pergunto: ele está certo em sua definição de realidade? Realidade é só o que pode ser abarcado pelos 5 sentidos? Pois é!
Estes Richard Dawkins e sua mente infectada pelos memes retardantes do cientismo e do ódio irracional ao sobrenatural. Depois que o "argumento central" de "Deus um Delirio" virou pó (http://www.youtube.com/watch?v=74-0pxj82gk), ele foje de debates com apologistas preparados como o diabo foje da cruz. Dawkins é simplesmente um embaraço vergonhoso em assuntos de filosofia, religião e história. Só dá atenção a este senhor, que não passa de um propagandista barato, quem se deixa levar facilmente por retórica, frases de efeito e neurolinguistica persuasivas.
ResponderExcluir