LUIZ FELIPE PONDE, Folha de SP
O brasileiro tem complexo de vira-lata. Adora bancar o chique falando mal de si mesmo.
Principalmente quando alguém chique (leia-se, europeu) fala mal do Brasil. Um modo específico de nosso complexo de vira-lata é achar a Europa o máximo.
Quem conhece bem a Europa e ultrapassou a caipirice de achar tudo lindo por lá sabe que os europeus são (também) arrogantes, metidos, preconceituosos e exploradores e pensam, ainda hoje, que somos uns "índios" mal alimentados, ignorantes e mal-educados.
Claro que há exceções, portanto, não se faz necessário que europeus me escrevam jurando que são legais, ou que seus avós são legais, ou que seus cachorros são criados com todos os direitos humanos, mesmo porque, apesar de que isso não é sabido, ninguém pode ajuizar sobre sua própria virtude.
Lamento pela gente que se julga "crítica e consciente", mas todo mundo que se acha legal por definição é um mentiroso.
Se você for uma leitora que um dia mochilando pela Europa transou com um europeu (europeus costumam adorar brasileiras, porque acham nossas mulheres fáceis e doces, coisa rara nas mulheres europeias de hoje em dia, que a cada dia se tornam mais chatas, competitivas e estéreis), não confunda o papo que teve com ele antes do coito com o fato de que os europeus nos acham subdesenvolvidos. Inclusive porque para eles você é fácil porque é subdesenvolvida.
Sim, achar a Europa o máximo é coisa de gente caipira e brega. Se você pensa assim, tome um remédio. Ou minta.
Recentemente, um intelectual europeu em visita ao Brasil fez críticas ao país. Nada que não saibamos sobre nós mesmos. Mas, logo, alguns intelectuais e artistas vira-latas tiveram um orgasmo porque o "sinhozinho" falou mal das "zelites".
Sim, a elite brasileira pode ser bem brega na sua condição de elite de colônia. E horrorosa na sua ignorância "luxuosa". Aqui, ostentação é destino. Pessoas educadas sabem que a felicidade (seja lá no que for) deve ser guardada a sete chaves. Só gente brega "mostra" que é feliz. Neste caso, um toque de melancolia é elegância.
Por exemplo, o hábito de cultuar restaurantes pretensiosos como "de Primeiro Mundo" porque são caros é comum entre nós.
Dizer que você esteve em tal restaurante "caríssimo" (sempre pretensioso) é atestado de breguice. Mas julgar alguém "superinteligente" porque vem da Europa também é brega.
É fácil posar de "culto e crítico" e ficar horrorizado com nossas injustiças sociais quando se teve a chance de ganhar muito dinheiro ao longo da história à custa das injustiças sociais dos outros. Europeu que se faz de rogado pela injustiça no mundo só cola em vira-lata.
Por outro lado, se a riqueza cultural europeia é óbvia, e não se trata de negar este fato, ela se deve em grande parte às injustiças sociais europeias do passado e não ao seu "estado de bem-estar social" atual. Este tipo de "estado" produz apenas banalidades e monotonias de classe média.
Uma grande falácia é supor que injustiça social e riqueza cultural sejam excludentes, pelo contrário. Ou que justiça social produza necessariamente originalidade intelectual.
Não sou um "patriota", patriotismo é para canalhas. Calabar -que optou pelos holandeses em detrimento dos portugueses no Pernambuco colonial- pode ter razão. Falo aqui apenas de nosso complexo de vira-lata.
É muito comum que grandes intelectuais estrangeiros venham a nossa terra inculta e falem um "feijão com arroz" básico supondo que somos ignorantes mesmo e por isso não precisam suar a camisa diante de nossas plateias que sacodem seus ouros, exibem seus decotes e orelhas de livros.
Já vi isso acontecer várias vezes. Também no mundo acadêmico isso acontece, não só no mundo da filosofia de luxo.
Um grande professor que tive e que vive na Europa há anos me disse certa feita que até hoje os europeus não acreditam que "na volta das caravelas que colonizaram as Américas" pode haver algum "índio" que seja igual ou melhor do que eles.
A afetação moral em europeus não é muito diferente da afetação intelectual de nossos decotes de marca.
Acho a Europa um lugar retrógado e socialista - com o perdão da redundância.
ResponderExcluirMas os europeus estão corretíssimos em sua visão do Brasil. Duvida? Saia nas ruas sujas cheias de gente mal educada e fedorenta. Esse lugar não tem futuro algum, é uma zona de alienação. FUJA!
Pondé, desta vez foi mal. Não concordo; vc anda com umas idéias estranhas ultimamente. Sei não...
ResponderExcluirComplexo é sentir-se alguma coisa e não o ser.
ResponderExcluirO brasileiro não tem complexo de vira-lata, ele é vira-lata.
Está aí neste autor um exemplo. Até quando critica a vira-latisse do brasileiro é com ponto de vista de um vira-lata.
Vira-latisse é isso não é? Não consegue evoluir porque não aceita a condição ridícula em que se encontra.
Engraçado esta não aceitação também, impede até o sujeito de enxergar o que é melhor.
Po Rodrigo sério que você gostou desse texto?
ResponderExcluirO cara comete o mesmo erro que ele combate. Essa visão da Europa é uma babaquice tão grande quanto à visão que ele critica que eles tem de nós.
Pontos válidos num texto fraco e sensacionalista.
E eu não sei, mas nunca achei esse argumento de exploração gerando progresso na europa. Se é assim, porque eles que exploraram? E por favor, não entendam que eu sou adepto à teoria da superioridade cultural ou algo assim, só não acho esse argumento (significativamente importante no texto) válido).
Bom como é a primeira vez que eu comento é bom deixar claro que eu acho seu blog muito bom Rodrigo!
Abraço!
acho que a maior breguice do mundo é ser socialista......
ResponderExcluirNão concordo com a ideia central do texto e, menos ainda, com os argumentos secundários.
ResponderExcluirComplexo de inferioridade é uma coisa. Reconhecimento de diagnóstico preciso de certas realidades, outra.
Não importa se os Europeus são preconceituosos ou pouco sintonizados com a realidade brasileira. Isso não nos coloca em melhores lençóis, nem derruba a correção de várias de suas - e nossas mesmas! - ideias sobre o Brasil.
Quem inventou essa historia de complexo de vira latas foi Nelson Rodrigues.Como o cara ta morto é fácil falar que CVL é qualquer coisa no mundo, já vi um professor falando que era a mesma coisa que ter vergonha de ser brasileiro.
ResponderExcluirO europeu que diz que isso aqui é um grande esgoto não está fazendo nada de mais, qualquer um com QI de dois dígitos chega na mesma conclusão.
Sem sentido é começar a achar que o esgoto é bonito só porque vc nasceu lá.Esses são os que vão se encantar quando souberem o que é relativismo cultural.
Pessimista o Pondé né? Vira-latas abanando o rabo para arrogantes...Mas temos de admitir q a metáfora é boa, pois o vira-latas não leva rancores para casa, continua a abanar o rabo mesmo depois de uma desfeita.
ResponderExcluirMas ele não ganha em pessimismo de infelizes dizendo q esse país é um esgoto! É apenas um país de ignorantes governado por gente q não dá a mínima pra isso.
'É apenas um país de ignorantes governado por gente q não dá a mínima pra isso.'
ResponderExcluirNão meu caro, o problema não é a inguinorancia, o problema é o povo.Um povo que acha que o objetivo da educação é ser um meio pra virar funcionário público,um povo que idolatra um bêbado que teve tempo e dinheiro pra estudar e que é analfabeto porque quer, um povo preguiçoso que só pensa em futebol, carnaval e festa, não vai ser grandes coisas na vida nunca.
Caríssimo, ignorância é toda essa sua aula sobre o assunto e muito mais...basta continuar a olhar ao redor.
ResponderExcluirah é, tinha esquecido que agora o brasil é primeiro mundo, culpa minha não prestar atenção na propaganda do PT
ResponderExcluirachei esse texto meio sem pé nem cabeça. primeiro porque não se pode resumir todos os europeus a fdp's, e nem todos os brasileiros ricos a medíocres, generalizações são perigosas. E quanto ao fato social descrito, de colônia e processo histórico, não cabe a nós criticarmos o que aconteceu, porque já aconteceu, cabe a nós usarmos o passado para compreendermos melhor o futuro. Como se deu a formação da república ? Quais foram os empecilhos estrangeiros pra formação das mesmas ? Quais foram as dinâmicas das esferas individuais relacionadas a esse problema ?
ResponderExcluirA questão que você coloca vai muito além de uma simples relação dicotômica entre brasil x europa, dominado e dominante.
Como liberal, naturalmente rejeito a idéia de que a riqueza da Europa tenha sido construida em cima da exploração, seja dos locais ou das ex-colônias. dito isso, devo dizer que concordo em boa parte com o que ele diz.
ResponderExcluirUma coisa é fazer criticas construtivas a algo, no caso o Brasil; estas, tenho muitas. Algo diferente é um fenomeno muito comum por aqui, demonstrado inclusive na maioria dos comentários acima, que é o desprezo automático por tudo aquilo que venha daqui, incluindo pessoas (algo que considero inclusive uma forma de coletivismo, baseado na nacionalidade); fenomeno exemplificado pelas famosas frases "o brasileiro é vagabundo, o brasileiro é desonesto etc..." e que serve apenas de resmungo, sem propor nada (mas agora recordo-me que os que praticam isso consideram que não há nada para se fazer aqui afinal).
Na medida em que for possivel me auto-julgar, não considero nem a mim, nem a maioria das pessoas com que convivo como parte desse "povo que acha que o objetivo da educação é ser um meio pra virar funcionário público,um povo que idolatra um bêbado que teve tempo e dinheiro pra estudar e que é analfabeto porque quer, um povo preguiçoso que só pensa em futebol, carnaval e festa". Obviamente que há muitos que fazem esse perfil, mas conheço varios outros que não.
Por fim devo dizer que não creio que nenhum desses europeus ao qual o Pondé se refere (e note que refiro-me a aqueles com a mentalidade descrita pelo articuliasta, ao inves de um genérico "os europeus") irá tratar qualquer um de vocês que tambem demonizam automaticamente qualquer coisa ou pessoa que venha daqui de maneira melhor apenas por compartilharem tal idéia. Antes de tudo, vocês tambem seram vistos primeiramente como brasileiros (gostem disso ou não), com todas as consequencias negativas de tal visão deles.
'Na medida em que for possivel me auto-julgar, não considero nem a mim, nem a maioria das pessoas com que convivo como parte desse "povo que acha que o objetivo da educação é ser um meio pra virar funcionário público'
ResponderExcluirquanto menor é o universo menos verdadeira é a estatística.
Passem cinco minutos no perolasdoorkut que vcs vão ter uma idéia do que é o brasil de verdade.
ResponderExcluirIgnorância é a raiz de tudo... Sem ela um lixo de governo não se sustenta. Para esse governo lixo, ela é seu grande pilar de sustentação.
ResponderExcluirOs brasileiros, em sua maioria, têm complexo de VIRALATA!
ResponderExcluirBrasillllllllllllllll!
Qualquer coisinha, qualquer porcaria, que um brasileiro faz vira herói nacional.
Não sou, nem um pouco, patriota.
Tenho mesmo é "VERGONHA DE SER BRASILEIRO", no sentido VIRALATA.
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Também, não entendi bem o que o Pondé está querendo dizer.
Abço.
Com certeza o pior texto que já li do Pondé (que aliás, nunca fui muito fã).
ResponderExcluirEuropa é rica por causa da exploração que fizeram no passado? Por favor! Isso é a mesma baboseira que meus professores da universidade diziam sobre a causa da riqueza dos EUA ser o seu "imperialismo".
Como disseram acima, autor comete o mesmo erro que critica. Ademais, usa coletivismos tão inapropriados, vazios de sentido: "o europeu... o brasileiro". A natureza humana é um só. Se existe um comportamento inato ao "brasileiro", então esse comportamento é inato a todas as outras pessoas do mundo.
Sociólogos adoram fazer essas psicoanálises coletivas. Diziam que os japoneses e alemães nunca iriam se desenvolver pois eram preguiçosos e desonestos...
Péssimo texto.
Pra finalizar, uma pesquisa sobre o ânimo do brasileiro sobre o brasil (ao contrário do Pondé que apenas vomitou essa psicoanálise da cabeça dele):
ResponderExcluirhttp://poseidon01.ssrn.com/delivery.php?ID=156082089114104068084094087115113102002054084092007058124024028088064087014091122096027019013002018046016020089068086078092027007088076009125071116010064070084086022082007005082005082005116100127&EXT=pdf
Brasil está na média dos países pesquisados. Acima de vários países mais desenvolvidos, como: Suíça, Noruega e Finlândia.
Quem leu Karl Popper sabe que texto de psicanálista vale pouca coisa...texto confuso do Pondé vale menos ainda.
ResponderExcluirSó tem generalizações sem sentido. Falar de ufanismo, xenofobia, xenofilia, vira-latice e qualquer outro fenômeno sem definir do que se está falando, sem dar exemplos de distribuição estatística na população e sem dar exemplos concretos e significativos (não a anedota da braileira fácil) só serve para ofender alguns desavisados e inflar o ego do autor.
O Pondé é um polemista do tipo bem pessimista. Ok, ele pode escrever como bem entender, né. Mas o que ele não parece perceber é como em seus textos ele constrói uma imagem coletivista e generalizadora a todo momento (geralmente escreve sobre ateus e religiosos, classe média, relatiistas culturais, etc) e depois louva o individualismo sem perceber que construiu alguns espantalhos de palha para bater com gosto.
Por quê ao invés de fazer uma crítica superficial, o autor não dá nomes aos bois e lista intelectuais da atualidade xenófobos e xenófilos, bulldogues e vira-latas, do Brasil e da Europa e tenta explicar melhor a relação entre as suas idéias?
Desde que o Pondé falou que quando ele fode mal a culpa é da mulher que não gosta de ser mulher-objeto que ele só tem falado besteira. Esse texto então bateu todos os recordes. O Rodrigo com certeza perde a credibilidade dando espaço para um texto tão ruim assim. Desaprovo. Daqui a pouco vai publicar textos de Marx.
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