Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
terça-feira, janeiro 31, 2012
A "presidenta" mostra sua cara (de pau)
Entre a dissidente Yoani Sanchez, que quer apenas o direito de SAIR da ilha-presídio caribenha, e o senhor feudal Raul Castro, a "presidenta" Dilma já tomou partido e escolheu o ditador. Nada surpreendente, para quem sabe que Dilma JAMAIS lutou pela democracia, mas sim por outra ditadura, justamente a pior de todas, a comunista.
Bonecas perigosas
João Pereira Coutinho, Folha de SP
As expectativas não eram elevadas. Um filme sobre o controverso J. Edgar Hoover, lendário diretor do FBI, escrito por Dustin Lance Black, o roteirista de "Milk"?
Mau presságio. Mesmo com Clint Eastwood ao leme, a pena panfletária de Black acabaria por fazer estragos.
Não me enganei. "J. Edgar" é, do ponto de vista cinematográfico, pobre, derivativo, às vezes paródico, sobretudo quando Leonardo Di Caprio, envelhecido por quilos de maquiagem, faz lembrar um boneco de cera do Madame Tussauds.
Mas o problema do filme não está apenas na estética; está na preguiça ética com que Black (e Eastwood) retrata o personagem.
O cinema de Clint Eastwood sempre foi exemplar pela forma adulta como o diretor filma os seus heróis e anti-heróis. Se os fanáticos preferem dilemas maniqueístas, Eastwood opta pelas zonas cinzentas da ambiguidade moral.
"Os Imperdoáveis", filme elegíaco sobre o Velho Oeste, é o supremo exemplo da complexidade de Eastwood: o pistoleiro William Munny pode ser um assassino a soldo com um longo e sanguinário passado; mas é também o derradeiro agente da justiça terrena. Sobretudo quando as instituições dos homens se mostram corruptas e imperfeitas.
Essa complexidade abrandou com o incompreensível "Invictus": fascinado pela figura estimável de Nelson Mandela, Eastwood construiu um retrato hagiográfico e unidimensional de Mandela, tratado como uma espécie de madre Teresa da africanidade.
Que a personalidade de Mandela fosse mais contraditória do que o filme sugere (e a biografia "Conversas que Tive Comigo" mostrou-o há pouco), eis uma hipótese que não ocorreu ao deslumbrado Eastwood.
Como não ocorreu em "J. Edgar". O filme, dizem as resenhas, é uma "biopic" de John Edgar Hoover.
Acontece que não é. O filme é apenas uma versão histérica dos rumores que abundam sobre ele.
Para começar, rumores sobre a sua vida privada: um homossexual reprimido, dominado pela mãe, que gostava de usar vestidos na intimidade e manteve relação secreta com o seu assistente, Clyde Tolson, até ao fim da vida.
Clint Eastwood compra cada um desses rumores, nenhum deles confirmáveis por fatos históricos. E não hesita em filmar Leonardo Di Caprio a experimentar em frente ao espelho um vestido da mãe morta. Difícil chegar tão baixo.
Essa sequência do vestido não é apenas um clichê narrativo escusado; será a base de todos os clichês posteriores, como se os vícios de Hoover brotassem da mesma fonte: sua relutância em sair do armário.
Se Hoover não fosse uma boneca enrustida, sugere Eastwood, não haveria chantagens sobre vários presidentes americanos de forma a conservar o seu poder; não haveria o uso indevido de informações confidenciais (e ilegais) para neutralizar os seus adversários; não haveria megalomania paranoica nas suas meditações autobiográficas.
E, claro, o seu "anticomunismo primário" daria lugar a uma espécie de tolerância multiculturalista "avant la lettre". Se Hoover não fosse veado, ele e Al Capone até poderiam ter sido bons amigos.
Longe de mim sugerir que Hoover era um santo. Com a exceção de Nelson Mandela, ninguém é.
Sabemos hoje que Hoover alimentou hostilidade permanente contra os Kennedys motivada por feroz antipatia ideológica. E seu comportamento persecutório em relação a Martin Luther King, que o filme reduz a mero puritanismo sexual, ilustra só a incapacidade de Hoover em entender a importância de King na luta pelos direitos dos negros.
Mas também sabemos que o FBI se tornou um exemplo de investigação criminal único na época e no mundo; que Hoover foi implacável com as máfias organizadas que operavam durante a Grande Depressão; e que o seu "anticomunismo primário" talvez seja explicado pelo medo real de uma ideologia que produziu mais de 100 milhões de cadáveres no século 20.
Eastwood recusa a complexidade histórica que produziu Hoover. Prefere transformá-lo numa caricatura freudiana, obcecada com a sexualidade alheia e envergonhada com a homossexualidade própria.
Eis um caso irônico de como é possível fazer um filme-denúncia e ser mais papista que o Papa.
As expectativas não eram elevadas. Um filme sobre o controverso J. Edgar Hoover, lendário diretor do FBI, escrito por Dustin Lance Black, o roteirista de "Milk"?
Mau presságio. Mesmo com Clint Eastwood ao leme, a pena panfletária de Black acabaria por fazer estragos.
Não me enganei. "J. Edgar" é, do ponto de vista cinematográfico, pobre, derivativo, às vezes paródico, sobretudo quando Leonardo Di Caprio, envelhecido por quilos de maquiagem, faz lembrar um boneco de cera do Madame Tussauds.
Mas o problema do filme não está apenas na estética; está na preguiça ética com que Black (e Eastwood) retrata o personagem.
O cinema de Clint Eastwood sempre foi exemplar pela forma adulta como o diretor filma os seus heróis e anti-heróis. Se os fanáticos preferem dilemas maniqueístas, Eastwood opta pelas zonas cinzentas da ambiguidade moral.
"Os Imperdoáveis", filme elegíaco sobre o Velho Oeste, é o supremo exemplo da complexidade de Eastwood: o pistoleiro William Munny pode ser um assassino a soldo com um longo e sanguinário passado; mas é também o derradeiro agente da justiça terrena. Sobretudo quando as instituições dos homens se mostram corruptas e imperfeitas.
Essa complexidade abrandou com o incompreensível "Invictus": fascinado pela figura estimável de Nelson Mandela, Eastwood construiu um retrato hagiográfico e unidimensional de Mandela, tratado como uma espécie de madre Teresa da africanidade.
Que a personalidade de Mandela fosse mais contraditória do que o filme sugere (e a biografia "Conversas que Tive Comigo" mostrou-o há pouco), eis uma hipótese que não ocorreu ao deslumbrado Eastwood.
Como não ocorreu em "J. Edgar". O filme, dizem as resenhas, é uma "biopic" de John Edgar Hoover.
Acontece que não é. O filme é apenas uma versão histérica dos rumores que abundam sobre ele.
Para começar, rumores sobre a sua vida privada: um homossexual reprimido, dominado pela mãe, que gostava de usar vestidos na intimidade e manteve relação secreta com o seu assistente, Clyde Tolson, até ao fim da vida.
Clint Eastwood compra cada um desses rumores, nenhum deles confirmáveis por fatos históricos. E não hesita em filmar Leonardo Di Caprio a experimentar em frente ao espelho um vestido da mãe morta. Difícil chegar tão baixo.
Essa sequência do vestido não é apenas um clichê narrativo escusado; será a base de todos os clichês posteriores, como se os vícios de Hoover brotassem da mesma fonte: sua relutância em sair do armário.
Se Hoover não fosse uma boneca enrustida, sugere Eastwood, não haveria chantagens sobre vários presidentes americanos de forma a conservar o seu poder; não haveria o uso indevido de informações confidenciais (e ilegais) para neutralizar os seus adversários; não haveria megalomania paranoica nas suas meditações autobiográficas.
E, claro, o seu "anticomunismo primário" daria lugar a uma espécie de tolerância multiculturalista "avant la lettre". Se Hoover não fosse veado, ele e Al Capone até poderiam ter sido bons amigos.
Longe de mim sugerir que Hoover era um santo. Com a exceção de Nelson Mandela, ninguém é.
Sabemos hoje que Hoover alimentou hostilidade permanente contra os Kennedys motivada por feroz antipatia ideológica. E seu comportamento persecutório em relação a Martin Luther King, que o filme reduz a mero puritanismo sexual, ilustra só a incapacidade de Hoover em entender a importância de King na luta pelos direitos dos negros.
Mas também sabemos que o FBI se tornou um exemplo de investigação criminal único na época e no mundo; que Hoover foi implacável com as máfias organizadas que operavam durante a Grande Depressão; e que o seu "anticomunismo primário" talvez seja explicado pelo medo real de uma ideologia que produziu mais de 100 milhões de cadáveres no século 20.
Eastwood recusa a complexidade histórica que produziu Hoover. Prefere transformá-lo numa caricatura freudiana, obcecada com a sexualidade alheia e envergonhada com a homossexualidade própria.
Eis um caso irônico de como é possível fazer um filme-denúncia e ser mais papista que o Papa.
segunda-feira, janeiro 30, 2012
O começo do capitalismo
Paulo Guedes, O GLOBO
Reunidos no Fórum Econômico Mundial, financistas, políticos e intelectuais exalam pessimismo. Discutem o suposto fracasso das economias liberais e suas economias de mercado. A nova ordem global seria na verdade uma desordem. A celebração anual da era dos excessos em Davos tornou-se agora um Muro das Lamentações. Pela indigência das análises apresentadas, os ocidentais se limitam a concluir, aturdidos, evocando a Lei de Murphy original: "Se uma coisa (o 'capitalismo') tem chance de dar errado, vai dar errado." Ora, as democracias e o capitalismo são instituições extraordinariamente flexíveis, que foram bombardeadas por choques colossais nas últimas duas décadas. O mergulho de 3,5 bilhões de eurasianos, deserdados pelo colapso do socialismo, nos mercados de trabalho globais. Uma revolução tecnológica agudizou as pressões da competição global. E os governos ocidentais recorreram a velhos truques para manter artificialmente o crescimento ante os novos desafios.
Os financistas anglo-saxões sabem de seus abusos, estimulados por bancos centrais que promoveram excessos com dinheiro barato e regulamentação frouxa. A obsoleta social-democracia europeia sabe também de seus excessos, sob o pretexto de promover o bem-estar social. Quando celebravam seu sucesso em Davos, exibiam suas pretensas virtudes e sabedoria. Mas, agora expostas a farra do crédito e a irresponsabilidade fiscal, financistas e políticos dissimulam hipocritamente sua contribuição à crise contemporânea. A culpa é do "capitalismo".
E o que dizer dos bem pagos intelectuais, que sempre enfeitaram com seu brilho as celebrações dessa época de excessos — designada pelos pobres economistas, para sua eterna vergonha, como "Era da Grande Moderação"? Ora, dizem todos agora que é o fim do "capitalismo". Por ressentimento com os privilégios dos financistas? Em busca de atenção e influência? Ou pelo simples cacoete ideológico de renovação das profecias do fim do "capitalismo"?
Não é só Bill Gates que diz, com uma perspectiva histórica, que o "mundo está muito melhor hoje", em entrevista a Deborah Berlinck publicada ontem no GLOBO. Os bilhões de eurasianos que saem da miséria pelo mergulho nos mercados globais em busca de inclusão social também acham isso. Pergunte particularmente aos chineses o que acham de sua inserção na ordem "capitalista". Afinal, para eles, é apenas o começo do "capitalismo".
Reunidos no Fórum Econômico Mundial, financistas, políticos e intelectuais exalam pessimismo. Discutem o suposto fracasso das economias liberais e suas economias de mercado. A nova ordem global seria na verdade uma desordem. A celebração anual da era dos excessos em Davos tornou-se agora um Muro das Lamentações. Pela indigência das análises apresentadas, os ocidentais se limitam a concluir, aturdidos, evocando a Lei de Murphy original: "Se uma coisa (o 'capitalismo') tem chance de dar errado, vai dar errado." Ora, as democracias e o capitalismo são instituições extraordinariamente flexíveis, que foram bombardeadas por choques colossais nas últimas duas décadas. O mergulho de 3,5 bilhões de eurasianos, deserdados pelo colapso do socialismo, nos mercados de trabalho globais. Uma revolução tecnológica agudizou as pressões da competição global. E os governos ocidentais recorreram a velhos truques para manter artificialmente o crescimento ante os novos desafios.
Os financistas anglo-saxões sabem de seus abusos, estimulados por bancos centrais que promoveram excessos com dinheiro barato e regulamentação frouxa. A obsoleta social-democracia europeia sabe também de seus excessos, sob o pretexto de promover o bem-estar social. Quando celebravam seu sucesso em Davos, exibiam suas pretensas virtudes e sabedoria. Mas, agora expostas a farra do crédito e a irresponsabilidade fiscal, financistas e políticos dissimulam hipocritamente sua contribuição à crise contemporânea. A culpa é do "capitalismo".
E o que dizer dos bem pagos intelectuais, que sempre enfeitaram com seu brilho as celebrações dessa época de excessos — designada pelos pobres economistas, para sua eterna vergonha, como "Era da Grande Moderação"? Ora, dizem todos agora que é o fim do "capitalismo". Por ressentimento com os privilégios dos financistas? Em busca de atenção e influência? Ou pelo simples cacoete ideológico de renovação das profecias do fim do "capitalismo"?
Não é só Bill Gates que diz, com uma perspectiva histórica, que o "mundo está muito melhor hoje", em entrevista a Deborah Berlinck publicada ontem no GLOBO. Os bilhões de eurasianos que saem da miséria pelo mergulho nos mercados globais em busca de inclusão social também acham isso. Pergunte particularmente aos chineses o que acham de sua inserção na ordem "capitalista". Afinal, para eles, é apenas o começo do "capitalismo".
A mulher, o bebê e o intelectual
Luiz Felipe Pondé, Folha de SP
As pessoas não gostam de vagabundos, ladrões e drogados travestidos de revolucionários
Os comunistas mataram muito mais gente no século 20 do que o nazismo, o que é óbvio para qualquer pessoa minimamente alfabetizada em história contemporânea.
Disse isso recentemente num programa de televisão. Alguns telespectadores indignados (hoje em dia ficar indignado facilmente é quase índice de mau-caratismo) se revoltaram contra o que eu disse.
Claro, a maior parte dos intelectuais de esquerda mente sobre isso para continuar sua pregação evangélica (no mau sentido) e fazer a cabeça dos coitados dos alunos. Junto com eles, também estão os partidos políticos como os que se aproveitam, por exemplo, do caso Pinheirinho para "armar" a população.
O desespero da esquerda no Brasil se dá pelo fato de que, depois da melhoria econômica do país, fica ainda mais claro que as pessoas não gostam de vagabundos, ladrões e drogados travestidos de revolucionários. Bandido bom é bandido preso. A esquerda torce para o mundo dar errado e assim poder exercer seu terror de sempre.
Mas voltemos ao fato histórico sobre o qual os intelectuais de esquerda mentem: os comunistas (Stálin, Lênin, Trótski, Mao Tse-tung, Pol Pot e caterva) mataram mais do que Hitler e em nome das mesmas coisas que nossos intelectuais/políticos radicais de esquerda hoje pregam.
Caro leitor, peço licença para pedir a você que leia com atenção o trecho abaixo e depois explico o que é. Peço principalmente para as meninas que respirem fundo.
"(...) um novo interrogador, um que eu não tinha visto antes, descia a alameda das árvores segurando uma faca longa e afiada. Eu não conseguia ouvir suas palavras, mas ele falava com uma mulher grávida e ela respondia pra ele. O que aconteceu em seguida me dá náuseas só em pensar. (...): Ele tira as roupas dela, abre seu estômago, e arranca o bebê. Eu fugi, mas era impossível escapar do som de sua agonia, os gritos que lentamente deram lugar a gemidos e depois caíram no piedoso silêncio da morte. O assassino passou por mim calmamente segurando o feto pelo pescoço. Quando ele chegou à prisão, (...), amarrou um cordão ao redor do feto e o pendurou junto com outros, que estavam secos e negros e encolhidos."
Este trecho é citado pelo psiquiatra inglês Theodore Dalrymple em seu livro "Anything Goes - The Death of Honesty", Londres, Monday Books, 2011. Trata-se de um relato contido na coletânea organizada pelo "scholar" Paul Hollander, "From Gulag to the Killing Fields", que trata dos massacres cometidos pela esquerda na União Soviética, Leste Europeu, China, Vietnã, Camboja (este relato citado está na parte dedicada a este país), Cuba e Etiópia.
Dalrymple devia ser leitura obrigatória para todo mundo que tem um professor ou segue um guru de esquerda que fala como o mundo é mau e que devemos transformá-lo a todo custo. Ou que a sociedade devia ser "gerida" por filósofos e cientistas sociais.
Pol Pot, o assassino de esquerda e líder responsável por este interrogador descrito no trecho ao lado, estudou na França com filósofos e cientistas sociais (que fizeram sua cabeça) antes de fazer sua revolução, e provavelmente tinha como professor um desses intelectuais (do tipo Alain Badiou e Slavoj Zizek) que tomam vinho chique num ambiente burguês seguro, mas que falam para seus alunos e seguidores que devem "mudar o mundo".
De início, se mostram amantes da "democracia e da liberdade", mas logo, quando podem, revelam que sua democracia ("real", como dizem) não passa de matar quem não concorda com eles ou destruir toda oposição a sua utopia. O século 20 é a prova cabal deste fato.
Escondem isso dos jovens a fim de não ter que enfrentar sua ascendência histórica criminosa, como qualquer idiota nazista careca racista tem que enfrentar seu parentesco com Auschwitz.
Proponho uma "comissão da verdade" para todas as escolas e universidades (trata-se apenas de uma ironia de minha parte), onde se mente dizendo que Stálin foi um louco raro na horda de revolucionários da esquerda no século 20. Não, ele foi a regra.
Com a crise do euro e a Primavera Árabe, o "coro das utopias" está de volta.
As pessoas não gostam de vagabundos, ladrões e drogados travestidos de revolucionários
Os comunistas mataram muito mais gente no século 20 do que o nazismo, o que é óbvio para qualquer pessoa minimamente alfabetizada em história contemporânea.
Disse isso recentemente num programa de televisão. Alguns telespectadores indignados (hoje em dia ficar indignado facilmente é quase índice de mau-caratismo) se revoltaram contra o que eu disse.
Claro, a maior parte dos intelectuais de esquerda mente sobre isso para continuar sua pregação evangélica (no mau sentido) e fazer a cabeça dos coitados dos alunos. Junto com eles, também estão os partidos políticos como os que se aproveitam, por exemplo, do caso Pinheirinho para "armar" a população.
O desespero da esquerda no Brasil se dá pelo fato de que, depois da melhoria econômica do país, fica ainda mais claro que as pessoas não gostam de vagabundos, ladrões e drogados travestidos de revolucionários. Bandido bom é bandido preso. A esquerda torce para o mundo dar errado e assim poder exercer seu terror de sempre.
Mas voltemos ao fato histórico sobre o qual os intelectuais de esquerda mentem: os comunistas (Stálin, Lênin, Trótski, Mao Tse-tung, Pol Pot e caterva) mataram mais do que Hitler e em nome das mesmas coisas que nossos intelectuais/políticos radicais de esquerda hoje pregam.
Caro leitor, peço licença para pedir a você que leia com atenção o trecho abaixo e depois explico o que é. Peço principalmente para as meninas que respirem fundo.
"(...) um novo interrogador, um que eu não tinha visto antes, descia a alameda das árvores segurando uma faca longa e afiada. Eu não conseguia ouvir suas palavras, mas ele falava com uma mulher grávida e ela respondia pra ele. O que aconteceu em seguida me dá náuseas só em pensar. (...): Ele tira as roupas dela, abre seu estômago, e arranca o bebê. Eu fugi, mas era impossível escapar do som de sua agonia, os gritos que lentamente deram lugar a gemidos e depois caíram no piedoso silêncio da morte. O assassino passou por mim calmamente segurando o feto pelo pescoço. Quando ele chegou à prisão, (...), amarrou um cordão ao redor do feto e o pendurou junto com outros, que estavam secos e negros e encolhidos."
Este trecho é citado pelo psiquiatra inglês Theodore Dalrymple em seu livro "Anything Goes - The Death of Honesty", Londres, Monday Books, 2011. Trata-se de um relato contido na coletânea organizada pelo "scholar" Paul Hollander, "From Gulag to the Killing Fields", que trata dos massacres cometidos pela esquerda na União Soviética, Leste Europeu, China, Vietnã, Camboja (este relato citado está na parte dedicada a este país), Cuba e Etiópia.
Dalrymple devia ser leitura obrigatória para todo mundo que tem um professor ou segue um guru de esquerda que fala como o mundo é mau e que devemos transformá-lo a todo custo. Ou que a sociedade devia ser "gerida" por filósofos e cientistas sociais.
Pol Pot, o assassino de esquerda e líder responsável por este interrogador descrito no trecho ao lado, estudou na França com filósofos e cientistas sociais (que fizeram sua cabeça) antes de fazer sua revolução, e provavelmente tinha como professor um desses intelectuais (do tipo Alain Badiou e Slavoj Zizek) que tomam vinho chique num ambiente burguês seguro, mas que falam para seus alunos e seguidores que devem "mudar o mundo".
De início, se mostram amantes da "democracia e da liberdade", mas logo, quando podem, revelam que sua democracia ("real", como dizem) não passa de matar quem não concorda com eles ou destruir toda oposição a sua utopia. O século 20 é a prova cabal deste fato.
Escondem isso dos jovens a fim de não ter que enfrentar sua ascendência histórica criminosa, como qualquer idiota nazista careca racista tem que enfrentar seu parentesco com Auschwitz.
Proponho uma "comissão da verdade" para todas as escolas e universidades (trata-se apenas de uma ironia de minha parte), onde se mente dizendo que Stálin foi um louco raro na horda de revolucionários da esquerda no século 20. Não, ele foi a regra.
Com a crise do euro e a Primavera Árabe, o "coro das utopias" está de volta.
Os Ungidos (parte 1)
Minha resenha do livro "The Vision of the Anointed" de Thomas Sowell, sobre os "ungidos" que se colocam acima dos testes empíricos e da moralidade alheia para oferecer "soluções" à humanidade.
sexta-feira, janeiro 27, 2012
In praise of pessimists
Buttonwood, The Economist
Sometimes it helps if investors are gloomy
BARELY a week goes by without a report on the level of confidence among consumers, businesspeople and investors. Optimism is what’s wanted—Keynes talked of the “animal spirits” that influence economic activity. Pessimists are routinely denounced as Jeremiahs. Those who try to bet on falling prices find their activities are restricted.
A cheery disposition may be necessary for societies to function. Daniel Kahneman, a psychologist and Nobel economics laureate, has a chapter in his book “Thinking Fast and Slow” which describes overconfidence as “the engine of capitalism”. No entrepreneur can be sure that his planned investment will succeed but if no one took a risk, new products and jobs would never be created. A certain blindness to the odds may be necessary. According to Mr Kahneman, the chances of an American small business surviving for five years are just 35%. But ask individual entrepreneurs about their prospects and 81% think they have a better than seven-in-ten chance of success.
This self-confidence may be innate, just as most people think they are better-than-average drivers. And it would seem logical that the most optimistic people gravitate towards entrepreneurship. That is good for consumers, who can select from a wider variety of products. Even the failed businesses serve a purpose. Daniel Gross, a journalist, wrote a book claiming that bubbles were good for economies since they leave behind infrastructure (canals, railways, fibre-optic cable) that can last for generations.
But it is hard to make such a case for all bubbles. Anyone who has driven past a row of empty houses in the Irish countryside will realise that optimism can lead to wasteful investment. And Mr Kahneman cites studies that show how overoptimistic chief executives (as measured by the amount of stock they own) were more likely to gear up their balance-sheets and pay too much for acquisitions.
The problem with overoptimism was illustrated by the investment-bank collapses of 2008. The men who reached the top of such risk-taking organisations had, by definition, been successful in their previous bets. They believed this was due to skill, not luck, making them too sanguine about their ability to ride out the crisis.
A further problem with optimism is thus that it is pro-cyclical. The greatest moment of success for optimists will occur at the peak of a boom, when they will feel their instincts have been justified. Previous house-price rises will make buyers more optimistic about borrowing more money; and banks will be more optimistic about the prospect of being repaid.
Financial assets are highly unusual in that rising prices tend to elicit higher demand. Analysts extrapolate recent rapid profits growth into the future, even though profits cannot rise faster than GDP indefinitely. If markets were truly efficient, price-earnings ratios should be lower than average at the top of the cycle, since investors should anticipate a reversion to the mean. Instead, high p/e ratios and rapid profits growth tend to go together.
It used to be the role of central bankers to take away the punchbowl when the party was in full swing. Under Alan Greenspan, however, the Federal Reserve ended up spiking the punch with more rum by cutting rates whenever markets wobbled. The hope is that in future central banks will keep an eye on asset bubbles under the guise of “macroprudential” policy. This might involve the use of broader measures than just interest rates. For example, the Fed could pop housing bubbles by imposing a maximum loan-to-value ratio for mortgages.
But what if the bubble this time is in government bonds, not equities? The last time long-term Treasury bonds yielded 2.1% was in 1949. Investors who took the plunge into Treasuries then earned an annual negative real return of 1.6% over the following 30 years.
On this occasion, however, the central bank is one of the main purchasers of Treasury bonds in an effort to keep yields low. Such low yields could be attributed to optimism that American politicians will agree on a long-term plan to sort out the government’s finances. But it seems likely that the main driver is pessimism about the outlook for other asset classes.
In this case the gloom seems entirely beneficial. Low rates stimulate the economy and are good news for the American government, which can finance its deficit cheaply and without facing the dilemmas that beset the Italian and Spanish governments, which must impose austerity at a time of economic slowdown. But the pessimists can’t expect to be thanked.
The Zero Decade
Editorial do WSJ
The two most powerful men in Washington have a big disagreement. No, not President Obama and Speaker John Boehner. We mean Mr. Obama and Federal Reserve Chairman Ben Bernanke, who can't seem to agree on the health of the U.S. economy.
On Tuesday night, the President proclaimed that the "state of our Union is getting stronger," employers are hiring faster than they can find skilled workers, and manufacturing is booming. Less than a day later, Mr. Bernanke and his Open Market Committee (FOMC) downgraded their already modest growth outlook and said the recovery is so vulnerable that the Fed must keep interest rates at near-zero for another three years.
The contradiction may not be as profound as it seems. Mr. Obama is running for re-election and this time he needs to sell audacity more than hope, while the Fed is still trying to reflate the housing market that it seems to believe is the main driver of economic growth. The Fed is straining to deliver the asset-price "stimulus" that Mr. Obama can't any longer get out of Congress.
That's the best way to understand the FOMC's remarkable announcements on Wednesday, followed by Mr. Bernanke's quarterly press conference. The central bank had already promised to keep short-term rates near-zero through most of 2013, but now it feels the need to assure investors it will keep them there through the end of 2014. That would be six years in total, more than half of what may eventually become known as the Fed's Zero Decade.
Mull that one over: The Fed is declaring that it needs to run the same super-easy monetary policy when the economy is growing by 2% or 3% as it did amid the worst of the financial panic. And keep doing it past the horizon. The unavoidable implication is that the Fed doesn't think the economy will grow any faster until what would be halfway through Mr. Obama's second term. The other implication is that the Fed has no idea what to do other than to push even harder on the monetary accelerator. Maybe this time, it hopes, the economy's clutch will engage.
This not-so-quiet desperation was clear in a second Fed release that hasn't received as much attention as it deserves. In a statement redefining how it interprets its policy mandate from Congress, the FOMC said it has "reached broad agreement" on new operating principles.
The Fed's dual mandates are stable prices and full employment, and the Fed said sometimes the two are complementary. But from now on when they're in conflict, the Fed essentially said, it will put inflation aside and instead focus principally on cutting joblessness.
It's no coincidence that such a restatement of principles is coming now, when the Fed is looking to justify its extraordinary monetary interventions. If there were any doubt about this intention, Mr. Bernanke put it to rest in his press conference when he said more "quantitative easing" is likely if growth doesn't accelerate soon.
One problem with all of this was pointed out yesterday by Kevin Warsh, who as a Fed governor sat on the FOMC until early last year. Speaking at Stanford, Mr. Warsh said that "exceptionally accommodative monetary policy" has its uses in a crisis or recession. But the Fed's "recent policy activism—measures that go beyond a central bank's capacity or traditional remit—threatens to forestall recovery and harms long-term growth."
That's a useful warning for markets to hear. Consider that Mr. Bernanke's transparent goal is to drive down long-term interest rates to reduce mortgage rates to reflate the housing bubble. But intervening so directly to keep rates artificially low has made the bond market useless as a price signal or indicator of risk across the larger economy.
The Fed is thus pushing investors of all kinds further out on the risk curve, with consequences no one can foresee—least of all the Fed, as we are now learning from the just-released FOMC transcripts from 2006.
Recall that during the last decade the Fed assured everyone there was nothing to worry about as it kept rates too low for too long, only to create a housing bubble it never did recognize. Recall, too, how its second round of bond-buying (QE2) in 2010-2011 was supposed to lift stock prices but in addition sent commodity prices soaring. Consumer confidence plunged as Americans felt the strain of higher prices for food and energy, and the economy has done notably better since QE2 ended.
Where will the risk-taking excesses show up this time? Who knows, and perhaps the Fed will retreat before the worst happens. But it was fascinating to see last week that investors were willing to buy $15 billion in 10-year Treasury inflation-protected securities, or Tips, despite a negative real yield. That's right, investors were willing to accept negative current returns in exchange for security against a future inflation breakout.
We mean no counsel of doom because the good news is that the U.S. private economy is performing remarkably well considering all of the burdens government has put on it. Imagine what it could do if our politicians promised not to stick it with new taxes, and the Federal Reserve returned to a normal policy that focused on long-term growth rather than reflating bubbles.
O fim da meta de inflação?
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
A ata do Copom divulgada nesta quinta-feira possui um tom extremamente “dovish”, ou seja, suave em relação ao combate à inflação. Os argumentos citados para manter a trajetória de queda da taxa Selic são muito questionáveis, para dizer o mínimo. Se a queda prematura e ousada em 2011 contava como justificativa com o agravamento do cenário externo, por conta do risco de ruptura na Europa, desta vez o mesmo não ocorre. Restou ao Copom forçar a barra para sinalizar que a taxa de juros vai seguir rumo a um dígito.
Nas últimas decisões de reduzir os juros, o Copom apelou até para o SAMBA (do crioulo doido). Trata-se de um modelo econométrico com inúmeras variáveis incertas e, portanto, enorme arbitrariedade. Muitos economistas sérios apontaram, à época, para a ousadia que beirava à irresponsabilidade do BC. O governo, à medida que a crise europeia se deteriorava, cantou vitória: o BC fora preventivo e estava correto. Talvez tenha se empolgado cedo demais.
Com a recente atuação agressiva do Banco Central Europeu, o risco de uma ruptura na Europa se reduziu bastante, ao menos no curto prazo. Além disso, o Fed resolveu adotar um tom mais “dovish” ainda, e afirmou que as taxas de juros devem ficar extremamente reduzidas até pelo menos 2014. Com este cenário de nova rodada de liquidez nos países “desenvolvidos”, aumentam as chances de alta no preço das commodities.
Este não é um quadro deflacionário. Fora isso, o Brasil apresentou índice de inflação acima do esperado na última semana, sem esquecer que fechou 2011 no topo da meta, já muito elevada. A taxa de desemprego está em patamares extremamente baixos, mostrando um mercado de mão de obra bastante aquecido. O crédito segue em expansão. O governo conta com o corte nos gastos fiscais para conter a inflação, mas já vimos que tais promessas são vazias.
Em suma, o país corre sérios riscos de ver a inflação sistematicamente acima da meta. E isso não parece incomodar muito o BC. Será que estamos vendo o fim do modelo de metas inflacionárias no Brasil? Será que o BC mira agora em uma meta de juros? O governo Dilma, com maior ingerência sobre o BC, está dando sinais preocupantes nesta direção. Seria um retrocesso institucional incrível, ameaçando o retorno de uma inflação fora de controle. Todo cuidado é pouco.
No Need to Panic About Global Warming
WSJ
There's no compelling scientific argument for drastic action to 'decarbonize' the world's economy.
Editor's Note: The following has been signed by the 16 scientists listed at the end of the article:
A candidate for public office in any contemporary democracy may have to consider what, if anything, to do about "global warming." Candidates should understand that the oft-repeated claim that nearly all scientists demand that something dramatic be done to stop global warming is not true. In fact, a large and growing number of distinguished scientists and engineers do not agree that drastic actions on global warming are needed.
In September, Nobel Prize-winning physicist Ivar Giaever, a supporter of President Obama in the last election, publicly resigned from the American Physical Society (APS) with a letter that begins: "I did not renew [my membership] because I cannot live with the [APS policy] statement: 'The evidence is incontrovertible: Global warming is occurring. If no mitigating actions are taken, significant disruptions in the Earth's physical and ecological systems, social systems, security and human health are likely to occur. We must reduce emissions of greenhouse gases beginning now.' In the APS it is OK to discuss whether the mass of the proton changes over time and how a multi-universe behaves, but the evidence of global warming is incontrovertible?"
In spite of a multidecade international campaign to enforce the message that increasing amounts of the "pollutant" carbon dioxide will destroy civilization, large numbers of scientists, many very prominent, share the opinions of Dr. Giaever. And the number of scientific "heretics" is growing with each passing year. The reason is a collection of stubborn scientific facts.
Perhaps the most inconvenient fact is the lack of global warming for well over 10 years now. This is known to the warming establishment, as one can see from the 2009 "Climategate" email of climate scientist Kevin Trenberth: "The fact is that we can't account for the lack of warming at the moment and it is a travesty that we can't." But the warming is only missing if one believes computer models where so-called feedbacks involving water vapor and clouds greatly amplify the small effect of CO2.
The lack of warming for more than a decade—indeed, the smaller-than-predicted warming over the 22 years since the U.N.'s Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) began issuing projections—suggests that computer models have greatly exaggerated how much warming additional CO2 can cause. Faced with this embarrassment, those promoting alarm have shifted their drumbeat from warming to weather extremes, to enable anything unusual that happens in our chaotic climate to be ascribed to CO2.
The fact is that CO2 is not a pollutant. CO2 is a colorless and odorless gas, exhaled at high concentrations by each of us, and a key component of the biosphere's life cycle. Plants do so much better with more CO2 that greenhouse operators often increase the CO2 concentrations by factors of three or four to get better growth. This is no surprise since plants and animals evolved when CO2 concentrations were about 10 times larger than they are today. Better plant varieties, chemical fertilizers and agricultural management contributed to the great increase in agricultural yields of the past century, but part of the increase almost certainly came from additional CO2 in the atmosphere.
Although the number of publicly dissenting scientists is growing, many young scientists furtively say that while they also have serious doubts about the global-warming message, they are afraid to speak up for fear of not being promoted—or worse. They have good reason to worry. In 2003, Dr. Chris de Freitas, the editor of the journal Climate Research, dared to publish a peer-reviewed article with the politically incorrect (but factually correct) conclusion that the recent warming is not unusual in the context of climate changes over the past thousand years. The international warming establishment quickly mounted a determined campaign to have Dr. de Freitas removed from his editorial job and fired from his university position. Fortunately, Dr. de Freitas was able to keep his university job.
This is not the way science is supposed to work, but we have seen it before—for example, in the frightening period when Trofim Lysenko hijacked biology in the Soviet Union. Soviet biologists who revealed that they believed in genes, which Lysenko maintained were a bourgeois fiction, were fired from their jobs. Many were sent to the gulag and some were condemned to death.
Why is there so much passion about global warming, and why has the issue become so vexing that the American Physical Society, from which Dr. Giaever resigned a few months ago, refused the seemingly reasonable request by many of its members to remove the word "incontrovertible" from its description of a scientific issue? There are several reasons, but a good place to start is the old question "cui bono?" Or the modern update, "Follow the money."
Alarmism over climate is of great benefit to many, providing government funding for academic research and a reason for government bureaucracies to grow. Alarmism also offers an excuse for governments to raise taxes, taxpayer-funded subsidies for businesses that understand how to work the political system, and a lure for big donations to charitable foundations promising to save the planet. Lysenko and his team lived very well, and they fiercely defended their dogma and the privileges it brought them.
Speaking for many scientists and engineers who have looked carefully and independently at the science of climate, we have a message to any candidate for public office: There is no compelling scientific argument for drastic action to "decarbonize" the world's economy. Even if one accepts the inflated climate forecasts of the IPCC, aggressive greenhouse-gas control policies are not justified economically.
A recent study of a wide variety of policy options by Yale economist William Nordhaus showed that nearly the highest benefit-to-cost ratio is achieved for a policy that allows 50 more years of economic growth unimpeded by greenhouse gas controls. This would be especially beneficial to the less-developed parts of the world that would like to share some of the same advantages of material well-being, health and life expectancy that the fully developed parts of the world enjoy now. Many other policy responses would have a negative return on investment. And it is likely that more CO2 and the modest warming that may come with it will be an overall benefit to the planet.
If elected officials feel compelled to "do something" about climate, we recommend supporting the excellent scientists who are increasing our understanding of climate with well-designed instruments on satellites, in the oceans and on land, and in the analysis of observational data. The better we understand climate, the better we can cope with its ever-changing nature, which has complicated human life throughout history. However, much of the huge private and government investment in climate is badly in need of critical review.
Every candidate should support rational measures to protect and improve our environment, but it makes no sense at all to back expensive programs that divert resources from real needs and are based on alarming but untenable claims of "incontrovertible" evidence.
Claude Allegre, former director of the Institute for the Study of the Earth, University of Paris; J. Scott Armstrong, cofounder of the Journal of Forecasting and the International Journal of Forecasting; Jan Breslow, head of the Laboratory of Biochemical Genetics and Metabolism, Rockefeller University; Roger Cohen, fellow, American Physical Society; Edward David, member, National Academy of Engineering and National Academy of Sciences; William Happer, professor of physics, Princeton; Michael Kelly, professor of technology, University of Cambridge, U.K.; William Kininmonth, former head of climate research at the Australian Bureau of Meteorology; Richard Lindzen, professor of atmospheric sciences, MIT; James McGrath, professor of chemistry, Virginia Technical University; Rodney Nichols, former president and CEO of the New York Academy of Sciences; Burt Rutan, aerospace engineer, designer of Voyager and SpaceShipOne; Harrison H. Schmitt, Apollo 17 astronaut and former U.S. senator; Nir Shaviv, professor of astrophysics, Hebrew University, Jerusalem; Henk Tennekes, former director, Royal Dutch Meteorological Service; Antonio Zichichi, president of the World Federation of Scientists, Geneva.
quinta-feira, janeiro 26, 2012
The Buffett Ruse
Editorial do WSJ
Obama's ploy means the highest capital gains tax rate since 1978
Remember the moment in 2008 when Charlie Gibson of ABC News asked Senator Barack Obama why he would support raising the capital gains tax even though "revenues from the tax increased" when the rate fell? Mr. Obama's famous reply: "I would look at raising the capital gains tax for purposes of fairness." Well, we were warned.
Here we are four years later, and President Obama on Tuesday night linked the term "fair" to U.S. tax and economic policy seven times. The U.S. economy is still hobbling out of recession, real family incomes are falling and 14 million Americans are unemployed, but Mr. Obama declared that his top priority is not to reform the tax code to promote growth and job creation. His overriding goal is redistributing income.
Mr. Obama endorsed the political ruse he calls the Buffett rule, which asserts as a matter of moral principle that millionaires should not pay a lower tax rate than middle-class wage earners. Specifically, Mr. Obama is proposing that anyone earning more than $1 million pay at least 30% of that income to Uncle Barack.
The White House says that if a millionaire household's effective tax rate falls below 30%, it would have to pay a surcharge—in essence a new Super Alternative Minimum Tax—to bring the tax liability to 30%. For those facing this new Super AMT, all deductions and exemptions would be eliminated except for charity.
The Buffett rule is rooted in the fairy tale that taxes on the wealthy are lower than on the middle class. In fact, the Congressional Budget Office notes that the effective income tax rate of the richest 1% is about 29.5% when including all federal taxes such as the distribution of corporate taxes, or about twice the 15.1% paid by middle-class families. (See "How Much the Rich Pay," January 23, 2012.)
This is because wealthy tax filers make most of their income from investments. Such income is taxed once at the corporate rate of 35% and again when it is passed through to the individual as a capital gain or dividend at 15%, for a highest marginal tax rate of about 44.75%.
This double taxation is one reason the U.S. has long had a differential tax rate for capital gains. Another reason is because while taxpayers must pay taxes on their gains, they aren't allowed to deduct capital losses (beyond $3,000 a year) except against gains in the current year. Capital gains also aren't indexed for inflation, so a lower rate is intended to offset the effect of inflated gains.
One implication of the Buffett rule is that all millionaire investment income would be taxed at the shareholder level at a minimum rate of 30%, up from 15% today. The tax rate on investment income from corporations would rise to 54.5% from 44.75%, a punitive tax on start-up or expanding businesses.
The new 30% capital gains rate would be the developed world's third highest behind only Denmark and Chile, according to the American Council for Capital Formation. This is on top of the 35% corporate rate that is already the second highest rate in the world after Japan. That giant sucking sound you hear come January 2013 would be hundreds of billions of investment dollars fleeing to China, India, Korea and other U.S. competitors. Lower capital investment in the U.S. means less wage growth, and so the people hurt most by this tax hike would be workers, according to a study by the Institute for Research on the Economics of Taxation.
Mr. Obama conceded on Tuesday that the high U.S. corporate tax is an economic loser. Yet he misses the crucial point that business owners assess the combined corporate and capital gains tax on those business profits. Lowering the corporate tax rate makes the U.S. more competitive, but the tax change is self-defeating if it is combined with an even larger rise in investment income taxes on capital gains and dividends.
Mr. Obama isn't setting himself apart merely from conservatives with this Buffett ploy. He is rejecting 35 years of bipartisan tax policy that began with the passage of the Steiger Amendment by a Democratic Congress that cut the capital-gains rate to 28% from 35% in 1978.
As the nearby chart shows, the rate has never since risen above 28%, and the last time it moved that high was in 1986 as part of the Reagan-Rostenkowski tax reform that also cut the top marginal income tax rate to 28% from 50%. With income-tax rates so low, a differential was arguably less necessary—though it's worth noting that capital gains revenues fell dramatically after that rate increase.
A decade later Bill Clinton agreed to cut the rate back to 20% as part of the balanced-budget deal with Newt Gingrich. Capital gains revenues soared, helping to balance the federal budget. Nearly every study estimates that the revenue-maximizing tax rate from the capital gains tax is between 15% and 28%. Doug Holtz-Eakin, the former director of the Congressional Budget Office, says that a 30% tax rate "is almost surely above the rate that maximizes tax revenues." So it's likely the Buffett trick would lose revenue for the government.
Yet in a time of the highest deficits since World War II, Mr. Obama wants to double the capital gains tax rate even as he raises the top income-tax rate to 42% or so. Mr. Obama really is taking us back to the worst habits of the 1970s. And not because he thinks higher rates will raise revenue, but merely so he can score points against Mitt Romney and stick it to the successful.
This isn't tax fairness. It's tax folly.
quarta-feira, janeiro 25, 2012
Conhecer o monstro
João Pereira Coutinho, Folha de SP
No outono de 2001, cheguei à Universidade de Oxford para fazer pesquisas sobre o meu tema de doutorado. Instalei-me no colégio (o St. Antony's) e depois fui falar com o meu supervisor, Henry Hardy, então "fellow" de um outro colégio (o Wolfson; nenhum deles, confesso com mágoa, serviu de cenário para os filmes de Harry Potter).
A minha tese lidava com a noção de utopia em política e, em especial, com a crítica que o pensador Isaiah Berlin fizera ao destrutivo conceito. Hardy era (e é) o editor e curador da obra de Berlin. Estava em boas mãos.
A primeira reunião correu bem -para Hardy, não para mim. Uma hora de conversa chegou e sobrou para eu contemplar minha ignorância sobre a matéria, que eu julgava inexistente. Fui anotando bibliografia vasta. E, entre os livros com prioridade absoluta, estava "Mein Kampf", o infame libelo de Hitler.
Rumei à principal livraria da cidade (a saudosa Blackwell's, onde dias depois cruzei com Bill Clinton; outras histórias) e pedi, um pouco envergonhado, o livro de Hitler. Devo ter pronunciado o nome como os homens de meia-idade pedem Viagra na farmácia: "mezzo piano". Quem, em juízo perfeito, compra obras nazistas?
O vendedor nem mexeu uma pálpebra: despachou o assunto como se eu tivesse pedido a última produção de Paulo Coelho. Um livro é um livro é um livro. "Mein Kampf" não tinha nada de especial. Simples fóssil histórico.
E, à primeira vista, o vendedor tinha razão: regressei para o quarto e, durante dois dias, convivi com o cabo Adolf Hitler, em 1924, na prisão de Landsberg, depois do "putsch" falhado contra o governo da região da Baviera.
A prosa é entediante, deselegante, com ocasionais delírios de ódio e megalomania. Mas "Mein Kampf" não é a obra de uma mente inimputável.
Para entender a natureza destrutiva da utopia no século 20, era necessário ler um dos seus exemplos mais viciosos.
"Mein Kampf" era esse exemplo. E o que horroriza no livro, tal como notou Ian Kershaw na biografia definitiva sobre o bicho, é a forma como Hitler apresenta, sem eufemismos, a infâmia moral e estratégica que se preparava para cometer a partir de 1933 -ano em que chega ao poder e, pormenor macabro, "Mein Kampf" passa a ser oferecido a todas as famílias alemãs.
A infâmia moral lida com a "questão judaica". Para Hitler, o "judeu" não era apenas o elemento corruptor da "pureza ariana". "Judeu" e "bolchevique" passaram a ser termos indistintos: exterminar um era exterminar o outro (e vice-versa).
O que nos leva diretamente à infâmia estratégica: a campanha contra a União Soviética de Stálin, violando o pacto de não agressão Molotov-Ribbentrop de 1939, pode ser visto, hoje, como o grande erro dos nazistas na Segunda Guerra.
Mas marchar contra a Rússia sempre esteve presente no pensamento estratégico de Hitler: exterminar os bolcheviques (ou os judeus, tanto faz) implicava alargar o "espaço vital" da Alemanha para leste, ou seja, abocanhar território russo para garantir a subsistência material e espiritual do povo ariano.
As ideias têm consequências, dizia Isaiah Berlin, meu tema de estudo. Em "Mein Kampf", a tese era ilustrada na perfeição: só um otimista antropológico pode imaginar que Hitler era uma mente inimputável. Pelo contrário: a sua monstruosidade é racional e construída sobre premissas teóricas passíveis de leitura e conhecimento.
Por isso aplaudo a decisão de uma revista alemã de publicar excertos da obra em 2012, com comentários eruditos a acompanhar o texto original. Na Alemanha, a publicação de "Mein Kampf" está banida pelo Estado da Baviera, que detém os direitos da obra e se recusa a cedê-los a qualquer editora. O mesmo Estado pondera agora processar a revista por publicar material potencialmente perigoso.
Um erro. O perigo de "Mein Kampf" não está na sua divulgação; está, ironicamente, na sua proibição, transformando-se o livro em objeto de fascínio macabro.
Ler "Mein Kampf" enterra esse fascínio e mostra apenas que Hitler era um exemplar aberrante da nossa humaníssima espécie. Conhecer a sua cabeça é a melhor forma de evitar outra igual.
No outono de 2001, cheguei à Universidade de Oxford para fazer pesquisas sobre o meu tema de doutorado. Instalei-me no colégio (o St. Antony's) e depois fui falar com o meu supervisor, Henry Hardy, então "fellow" de um outro colégio (o Wolfson; nenhum deles, confesso com mágoa, serviu de cenário para os filmes de Harry Potter).
A minha tese lidava com a noção de utopia em política e, em especial, com a crítica que o pensador Isaiah Berlin fizera ao destrutivo conceito. Hardy era (e é) o editor e curador da obra de Berlin. Estava em boas mãos.
A primeira reunião correu bem -para Hardy, não para mim. Uma hora de conversa chegou e sobrou para eu contemplar minha ignorância sobre a matéria, que eu julgava inexistente. Fui anotando bibliografia vasta. E, entre os livros com prioridade absoluta, estava "Mein Kampf", o infame libelo de Hitler.
Rumei à principal livraria da cidade (a saudosa Blackwell's, onde dias depois cruzei com Bill Clinton; outras histórias) e pedi, um pouco envergonhado, o livro de Hitler. Devo ter pronunciado o nome como os homens de meia-idade pedem Viagra na farmácia: "mezzo piano". Quem, em juízo perfeito, compra obras nazistas?
O vendedor nem mexeu uma pálpebra: despachou o assunto como se eu tivesse pedido a última produção de Paulo Coelho. Um livro é um livro é um livro. "Mein Kampf" não tinha nada de especial. Simples fóssil histórico.
E, à primeira vista, o vendedor tinha razão: regressei para o quarto e, durante dois dias, convivi com o cabo Adolf Hitler, em 1924, na prisão de Landsberg, depois do "putsch" falhado contra o governo da região da Baviera.
A prosa é entediante, deselegante, com ocasionais delírios de ódio e megalomania. Mas "Mein Kampf" não é a obra de uma mente inimputável.
Para entender a natureza destrutiva da utopia no século 20, era necessário ler um dos seus exemplos mais viciosos.
"Mein Kampf" era esse exemplo. E o que horroriza no livro, tal como notou Ian Kershaw na biografia definitiva sobre o bicho, é a forma como Hitler apresenta, sem eufemismos, a infâmia moral e estratégica que se preparava para cometer a partir de 1933 -ano em que chega ao poder e, pormenor macabro, "Mein Kampf" passa a ser oferecido a todas as famílias alemãs.
A infâmia moral lida com a "questão judaica". Para Hitler, o "judeu" não era apenas o elemento corruptor da "pureza ariana". "Judeu" e "bolchevique" passaram a ser termos indistintos: exterminar um era exterminar o outro (e vice-versa).
O que nos leva diretamente à infâmia estratégica: a campanha contra a União Soviética de Stálin, violando o pacto de não agressão Molotov-Ribbentrop de 1939, pode ser visto, hoje, como o grande erro dos nazistas na Segunda Guerra.
Mas marchar contra a Rússia sempre esteve presente no pensamento estratégico de Hitler: exterminar os bolcheviques (ou os judeus, tanto faz) implicava alargar o "espaço vital" da Alemanha para leste, ou seja, abocanhar território russo para garantir a subsistência material e espiritual do povo ariano.
As ideias têm consequências, dizia Isaiah Berlin, meu tema de estudo. Em "Mein Kampf", a tese era ilustrada na perfeição: só um otimista antropológico pode imaginar que Hitler era uma mente inimputável. Pelo contrário: a sua monstruosidade é racional e construída sobre premissas teóricas passíveis de leitura e conhecimento.
Por isso aplaudo a decisão de uma revista alemã de publicar excertos da obra em 2012, com comentários eruditos a acompanhar o texto original. Na Alemanha, a publicação de "Mein Kampf" está banida pelo Estado da Baviera, que detém os direitos da obra e se recusa a cedê-los a qualquer editora. O mesmo Estado pondera agora processar a revista por publicar material potencialmente perigoso.
Um erro. O perigo de "Mein Kampf" não está na sua divulgação; está, ironicamente, na sua proibição, transformando-se o livro em objeto de fascínio macabro.
Ler "Mein Kampf" enterra esse fascínio e mostra apenas que Hitler era um exemplar aberrante da nossa humaníssima espécie. Conhecer a sua cabeça é a melhor forma de evitar outra igual.
Economics for the Long Run
By JOHN B. TAYLOR, WSJ
Individuals should be free to decide what to produce and consume, and their decisions should be made within a predictable policy framework based on the rule of law
As this election year begins, a lot of people are wondering what we can do to restore America's prosperity and create more jobs. Republican presidential candidates are offering their ideas, and at his State of the Union message on Tuesday President Obama presented his. I believe the fundamental answer is simple: Government policies must adhere more closely to the principles of economic freedom upon which the country was founded.
At their most basic level, these principles are that families, individuals and entrepreneurs must be free to decide what to produce, what to consume, what to buy and sell, and how to help others. Their decisions are to be made within a predictable government policy framework based on the rule of law, with strong incentives derived from the market system, and with a clearly limited role for government.
The history of American economic policy displays major movements between more and less economic freedom, more and less emphasis on rules-based policy in fiscal and monetary affairs, more and less expansive roles for government, more and less reliance on markets and incentives. Each of these swings has had enormous consequences. Taken together, they make for a historical proving ground to determine which policy direction is better for restoring prosperity.
A big move toward more interventionist policies started in the mid-1960s, after more activist Keynesian economists came to town in the Kennedy and Johnson administrations, and it lasted through the 1970s in the Nixon, Ford and Carter administrations. We saw short-term stimulus packages, temporary tax rebates or surcharges, go-stop monetary policy with inflationary overexpansion followed by severe contraction, wage-and-price guidelines and controls. The eventual result was high unemployment, high inflation and slow economic growth.
This was followed by a shift toward more predictable policies and a more limited role for government starting in the Reagan administration and largely continuing into the George H.W. Bush and Clinton administrations. The result was lower unemployment and higher economic growth with long expansions and few recessions.
More recently—beginning during the George W. Bush administration but really taking wings in the current Obama administration—policy has returned toward more and more government intervention, with results we are all experiencing.
How to move the country back toward the policies that sustain economic freedom and prosperity? To start, much can be learned from the stories of the politicians and economic officials who got us in and out of these messes, and remembering that the cast is bipartisan. Most pertinent to our current predicament is the story of how we got out of the economic mess of the late 1970s.
It's difficult to recall now the seriousness of the U.S. economic slump at that time. Unemployment was high and persistent. Inflation had increased past the creeping stage to a trot. Confidence in U.S. economic leadership was plunging at home and abroad.
That changed when Ronald Reagan became president in 1981. Temporary, short-term Keynesian actions and interventions were out. Stable, permanent policy was in. Reagan proposed and Congress passed critical long-term reforms, especially across-the-board tax rate reductions.
The president was a firm believer in economic freedom, an avid reader and follower of economists like Milton Friedman and Friedrich Hayek. Between the time he failed to unseat President Gerald Ford in the 1976 Republican primaries and his announcement to run again in 1980, Reagan gave innumerable radio addresses putting forth his principles. He used down-home stories of economic freedom that he could tell in three minutes or less. There were no ghost writers—he wrote his stories in long hand on lined yellow paper as he traveled around the country. The failed policies of the 1970s made Reagan's case appealing across the political spectrum. He based his winning election campaign on these principles.
Reagan appointed a large number of economic officials who also were firmly committed to moving away from interventionist policies. No members of the original Council of Economic Advisers under Reagan had come from the Keynesian school of thought, and most of them during the Reagan administrations were influenced by Milton Friedman.
In addition, the president appointed a group of outside economic advisers—originally including George Shultz, Milton Friedman, Alan Greenspan, Arthur Laffer, William Simon and Thomas Sowell—who helped him and others in the administration implement policies to move the country toward economic freedom and then stay the course.
As an example of Reagan's firm commitment to principle, consider monetary policy. When he became president, Federal Reserve Chairman Paul Volcker, a Democrat appointed by President Carter, was determined to reduce inflation and end the go-stop interventions of the 1970s. That meant temporarily high interest rates, which contract the economy. One might have expected Reagan to pressure the Fed to lower interest rates to give a short-term boost to the economy. He did not, despite the political costs. In comparison with the political pressure put on Fed Chairman William McChesney Martin by the Johnson administration and on Arthur Burns by the Nixon administration to follow easy money policies, Reagan's decision to support Mr. Volcker was remarkable.
The president's economic strategy was ready to go as soon as the votes were counted in November 1980. That same month, George Shultz, along with many of the economists who had worked in the campaign, wrote an extraordinary memo to Reagan entitled "Economic Strategy for the Reagan Administration." It began with a call for action: "Sharp change in present economic policy is an absolute necessity. The problems . . . an almost endless litany of economic ills, large and small, are severe. But they are not intractable. Having been produced by government policy, they can be redressed by a change in policy. . . . The need for a long-term point of view is essential to allow for the time, the coherence and the predictability so necessary for success."
That predictable, long-term view continued well beyond the Reagan presidency, but it is no longer with us. The clear lesson is to find and select those leaders, regardless of political party, who along with their advisers are most firmly committed to the principles of economic freedom and who know how to implement and maintain them.
Mr. Taylor is a professor of economics at Stanford and a senior fellow at Stanford's Hoover Institution. This op-ed is adapted from "First Principles: Five Keys to Restoring American Prosperity," published this week by W.W. Norton.
The State of His Policies
Editorial do WSJ
Obama has done nearly everything he wanted. That's the problem
President Obama delivered a State of the Union address Tuesday night that by the account of his own advisers is more campaign document than a plan for governing. He's running against Republicans in Congress, Reaganomics, wealthy bankers and inequality.
Normally a President at the start of his fourth year would be running on his record, accentuating the legislation he's passed. Mr. Obama can't do that with any specificity because the economic recovery has been so weak and the legislation he has passed is so unpopular. So last night he took credit for the shale gas revolution he had nothing to do with and proposed new policies to "spread the wealth around," as he famously told Joe the Plumber in 2008 before he took the words back. We thought he meant it then, and now he's admitting it.
Perhaps this will work if Republicans nominate a standard-bearer who is damaged, or too cautious or guilty to challenge this politics of envy. Mr. Obama clearly has Mitt Romney and his 14% effective tax rate in his sights (see the editorial nearby). The President will try to portray Mr. Romney as Mr. 1%, and if the Republican settles for defending the current tax code, he will lose. He needs a tax reform proposal of his own, as well as the self-confidence to argue for it in the same moral terms that Mr. Obama will attack him.
Meantime, as Mr. Obama begins his fourth year in power it's a good moment to recount the economic record that he'd rather not talk about. The President inherited a deep recession, but in political terms that should have been a blessing. History shows that the deeper the recession, the sharper the recovery, and Mr. Obama was poised by take credit for the economy's natural recuperative powers. Instead, we've had the weakest recovery since the Great Depression and stubbornly high joblessness.
The nearby chart compares rates of quarterly growth during the Reagan and Obama economic recoveries. The comparison is apt because both recoveries followed deep recessions in which the jobless rate reached more than 10%. Once the Reagan recovery got cooking, in 1983, growth stayed above 5% for 18 months and never fell below 3.3% for 13 consecutive quarters.
In the Obama recovery, growth has never exceeded 4% in any quarter and fell off markedly in mid-2010 through the third quarter of 2011. For the first nine months of 2011, growth averaged less than 1.2%. The economy finally picked up again in the fourth quarter, but still at a rate that is subpar for a recovery that long ago should have become robust and durable.
As he runs for re-election, Mr. Obama is trying to campaign as an incumbent who is striving to help the economy but has been stymied at every turn by Congress. Not even MSNBC can believe this. For two years he had the largest Democratic majorities in Congress since the 1970s and achieved nearly everything he wanted.
The New Yorker magazine this week has posted on its website a 57-page memo that economic adviser Larry Summers wrote to Mr. Obama in December 2008. It lays out nearly his entire agenda for the "stimulus," reviving housing, the auto bailout and saving the financial industry. If anything, the memo overstates what would be needed to stabilize the financial panic, but nearly all of the stimulus spending priorities that the memo deemed "feasible" made it into law. They simply didn't work as promised.
The Pelosi Congress also passed ObamaCare, Dodd-Frank, cash for clunkers, the housing tax credit, and much more. The only Obama priority it didn't pass was cap-and-trade, which was killed by Senate Democrats.
Mr. Obama's regulators also currently have some 149 major rules underway, which are those that cost more than $100 million. The 112th Congress hasn't been able to kill a single major rule. The most it has been able to do is extend the Bush tax rates—which helped the economy by avoiding a tax shock—and slow the rate of increase in federal spending. This President has been "obstructed" less than anyone since LBJ.
Mr. Obama clearly has a spring in his step these days, figuring that the public hates Congress and thinks Republicans run it, that the GOP will field a weak presidential candidate, and that he can fool the public into believing only Mitt Romney's taxes will rise if Mr. Obama wins a second term. He has only one big obstacle: his record.
terça-feira, janeiro 24, 2012
As lições de Churchill
Rodrigo Constantino, O GLOBO
Winston Churchill faleceu no dia 24 de janeiro de 1965. Este artigo é uma homenagem a este que foi a figura política de maior destaque no século 20. Liderança inquestionável nos turbulentos anos 40, Churchill foi o maior responsável individual pela derrota nacional-socialista na Segunda Guerra Mundial. Não é pouca coisa.
De sua longa vida, podem-se tirar diversas lições importantes. Superação é uma das primeiras palavras que vem à mente. A quantidade de adversidades e obstáculos que surgiram em seu caminho apenas fortalece o mérito de suas conquistas. Churchill não era de desistir, e usava cada tropeço para se reerguer com mais determinação ainda. Para ele, sucesso era a habilidade de sair de um fracasso para outro sem a perda do entusiasmo.
Como todo ser humano, Churchill tinha suas falhas e contradições. Nem sempre foi correto, e errou em suas previsões em importantes situações. Mas todos estes defeitos servem para torná-lo mais humano, e não eclipsam de forma alguma seus tantos acertos, fundamentais para preservar a liberdade naqueles ameaçadores anos.
Uma de suas maiores qualidades como estadista era seu realismo. Enquanto muitos preferiam o falso consolo de esperanças ingênuas, Churchill analisava os fatos com maior frieza. Como escreve Paul Johnson em sua biografia, “Churchill era realista o bastante para perceber que as guerras aconteceriam e, por mais terríveis que fossem, ele preferia vencê-las a perdê-las”. Ele sabia ser pragmático quando necessário, mas sua essência era basicamente a de um liberal, defensor da democracia e também do livre mercado.
Sobre a democracia, aliás, Churchill tornou famosa a idéia de que se trata do pior modelo político, exceto todos os outros. Ele era realista o suficiente para não esperar escolhas democráticas fantásticas, e costumava dizer que o melhor argumento contra a democracia era uma conversa de cinco minutos com um eleitor médio. Esta postura cética é importante para limitar os estragos que podem ocorrer com o abuso de poder do governo, mesmo sob regimes democráticos.
Nas grandes batalhas do século 20, tanto ideológicas quanto físicas, Churchill esteve do lado certo. Ele abominava os monstros aparentados: o comunismo, o nazismo e o fascismo. Considerava a tirania bolchevique a pior de todas. Chegou a afirmar que “o vício intrínseco do capitalismo é a partilha desigual do sucesso”, enquanto “o vício intrínseco do socialismo é a partilha equitativa do fracasso”.
Ainda assim, soube fazer concessões práticas quando a própria sobrevivência dos valores ocidentais estava em jogo. Até mesmo com Stalin ele costurou um pacto para derrotar Hitler, após este trair o ditador soviético. Para Churchill, se Hitler invadisse o inferno até o diabo mereceria ao menos uma palavra favorável.
Churchill havia lido “Mein Kampf” e, ao contrário de tantos que consideravam Hitler apenas um aventureiro iludido, ele acreditou em suas promessas. O “pacifismo” era o credo da moda, mas Churchill soube enxergar melhor a realidade. Isso fez com que a Inglaterra estivesse preparada quando o inevitável ataque nazista ocorreu. O papel de liderança exercido por Churchill neste momento de vida ou morte foi crucial para a vitória inglesa. “Nós nunca nos renderemos”, enfatizou em seu famoso discurso.
Ele era a “personificação do entusiasmo”, como explica Johnson. Sua retórica não era, entretanto, vazia, e suas ações incansáveis colocavam em prática sua mensagem. Sua coragem na liderança da máquina de guerra inglesa comprovava sua fala. Sua confiança era contagiante, e sua determinação, inspiradora. Segundo o historiador Paul Johnson, seria legítimo dizer que Churchill realmente salvou a Inglaterra (e, portanto, o Ocidente).
Além das medalhas militares, Churchill publicou quase 10 milhões de palavras em discursos e livros, pintou mais de 500 telas, construiu pessoalmente boa parte de sua propriedade particular, foi membro da Royal Society, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, foi exímio caçador e jogador de pólo, criou cavalos vencedores e consumiu espantosa quantidade de champanhe, em companhia de seus charutos. Era muito espirituoso, com incríveis tiradas dignas de uma mente rápida e sagaz.
Para Paul Johnson, a vida de Churchill passa ao menos cinco lições importantes: pense sempre grande; nada substitui o trabalho árduo; nunca deixe que erros e desastres o abatam; não desperdice energia com coisas pequenas e mesquinhas; e, por fim, não deixe que o ódio o domine, anulando o espaço para a alegria na vida. Belas lições!
sexta-feira, janeiro 20, 2012
Sombras do passado
Nelson Motta, O Globo
Por mais que os ficcionistas quebrem a cabeça para inventar crimes, mistérios e conspirações complexos, surpreendentes e emocionantes, os livros, filmes e seriados acabam sempre superados pela vida real. O assassinato do prefeito Celso Daniel completa dez anos sem culpados nem condenados, e pior, desde o início das investigações sete testemunhas e investigados já foram assassinados ou morreram em circunstâncias misteriosas. O principal acusado é digno de um pulp fiction: o Sombra.
O roteiro: prefeito de uma próspera cidade industrial faz um acordo com empresários correligionários para desviar dinheiro público para as campanhas do seu partido. Ninguém ganharia nada, não eram corruptos, eram patriotas a serviço da causa e do partido, afinal, estava em jogo transformar o Brasil, os nobres fins justificavam os meios sujos. Foi assim no início, mas o ser humano…
Com a dinheirama crescendo e rolando sem controle, o Sombra, chefe da operação e amigo do prefeito, começa a desviar para sua própria causa. Outros empresários do esquema, e alguns políticos que intermediavam as contribuições, também começam a meter a mão. Até que o prefeito, que não sabia de nada, descobre tudo e ameaça detonar o esquema. Seria o fim para o Sombra e a quadrilha.
O prefeito é atraído pelo Sombra para uma cilada, o carro dos dois é interceptado por bandidos e o prefeito sequestrado, o Sombra escapa ileso. Nenhum resgate é pedido, dias depois o prefeito é encontrado morto a tiros e com marcas de tortura. Contra as evidências, a polícia trata o caso como um sequestro comum, mas o Ministério Publico vai fundo nas conexões políticas. O garçom que havia testemunhado a última conversa entre o prefeito e o Sombra é executado. Em seguida, uma testemunha da morte do garçom. O bandido que fazia a ligação entre os sequestradores e o Sombra é assassinado na cadeia. O médico legista, que atestou as marcas de tortura, morre envenenado. Ameaçado, o irmão do prefeito se exila na França. O Sombra continua nas sombras, o processo não anda, logo o crime estará prescrito. E o pior de tudo: não é ficção.
Por mais que os ficcionistas quebrem a cabeça para inventar crimes, mistérios e conspirações complexos, surpreendentes e emocionantes, os livros, filmes e seriados acabam sempre superados pela vida real. O assassinato do prefeito Celso Daniel completa dez anos sem culpados nem condenados, e pior, desde o início das investigações sete testemunhas e investigados já foram assassinados ou morreram em circunstâncias misteriosas. O principal acusado é digno de um pulp fiction: o Sombra.
O roteiro: prefeito de uma próspera cidade industrial faz um acordo com empresários correligionários para desviar dinheiro público para as campanhas do seu partido. Ninguém ganharia nada, não eram corruptos, eram patriotas a serviço da causa e do partido, afinal, estava em jogo transformar o Brasil, os nobres fins justificavam os meios sujos. Foi assim no início, mas o ser humano…
Com a dinheirama crescendo e rolando sem controle, o Sombra, chefe da operação e amigo do prefeito, começa a desviar para sua própria causa. Outros empresários do esquema, e alguns políticos que intermediavam as contribuições, também começam a meter a mão. Até que o prefeito, que não sabia de nada, descobre tudo e ameaça detonar o esquema. Seria o fim para o Sombra e a quadrilha.
O prefeito é atraído pelo Sombra para uma cilada, o carro dos dois é interceptado por bandidos e o prefeito sequestrado, o Sombra escapa ileso. Nenhum resgate é pedido, dias depois o prefeito é encontrado morto a tiros e com marcas de tortura. Contra as evidências, a polícia trata o caso como um sequestro comum, mas o Ministério Publico vai fundo nas conexões políticas. O garçom que havia testemunhado a última conversa entre o prefeito e o Sombra é executado. Em seguida, uma testemunha da morte do garçom. O bandido que fazia a ligação entre os sequestradores e o Sombra é assassinado na cadeia. O médico legista, que atestou as marcas de tortura, morre envenenado. Ameaçado, o irmão do prefeito se exila na França. O Sombra continua nas sombras, o processo não anda, logo o crime estará prescrito. E o pior de tudo: não é ficção.
Leviatã capitalista
Rodrigo Constantino
A revista The Economist traz em sua última edição uma reportagem de capa sobre o avanço do capitalismo de estado nos países emergentes. A matéria disseca em várias páginas este “novo” modelo, fazendo um grande esforço para enxergar o lado positivo dele. Argumenta que há mudanças em relação ao passado, como uma maior profissionalização nas estatais ou o uso dos mercados de capitais para alavancar estas empresas.
Mas, mesmo sob uma lente obsequiosa, as conclusões da revista britânica não são nada favoráveis ao capitalismo de estado. Ele fomenta o “capitalismo de compadres”, onde governantes escolhem os amigos vencedores, prejudicando todas as outras empresas. Ele acaba engessando a “destruição criadora”, limitando as inovações dinâmicas. Ele causa grandes estragos sob governos incompetentes. Ele estimula bastante a corrupção e o autoritarismo, concentrando poder demais em poucos governantes. E por aí vai.
A revista conclui, portanto, que as desvantagens superam as vantagens, e que as falhas do modelo levam alguns anos até ficarem evidentes. Se as estatais são tão eficientes e competitivas como se argumenta, então mais um motivo para que não precisem do apoio estatal. Subsídios e protecionismo servem para garantir sobrevida aos incapazes de competir no livre mercado.
A conclusão da revista é óbvia para qualquer brasileiro mais atento, cansado de conhecer as desgraças do capitalismo de estado. Podem ter algumas mudanças no cenário que limitam o estrago do modelo, como uma maior abertura comercial e a presença de investidores estrangeiros atentos. Mas nada disso pode alterar sua essência, que será sempre a ineficiência. Faltam os mecanismos adequados de incentivo, presentes somente no capitalismo de livre mercado.
Para quem tiver interesse em se aprofundar no tema, recomendo a leitura do livro “The Commanding Heights”, de Daniel Yergin e Joseph Stanislaw. Ele não é novo, mas tampouco o agora reverenciado capitalismo de estado o é.
quinta-feira, janeiro 19, 2012
The rise of state capitalism
The Economist
The spread of a new sort of business in the emerging world will cause increasing problems
OVER the past 15 years striking corporate headquarters have transformed the great cities of the emerging world. China Central Television’s building resembles a giant alien marching across Beijing’s skyline; the 88-storey Petronas Towers, home to Malaysia’s oil company, soar above Kuala Lumpur; the gleaming office of VTB, a banking powerhouse, sits at the heart of Moscow’s new financial district. These are all monuments to the rise of a new kind of hybrid corporation, backed by the state but behaving like a private-sector multinational.
State-directed capitalism is not a new idea: witness the East India Company. But as our special report this week points out, it has undergone a dramatic revival. In the 1990s most state-owned companies were little more than government departments in emerging markets; the assumption was that, as the economy matured, the government would close or privatise them. Yet they show no signs of relinquishing the commanding heights, whether in major industries (the world’s ten biggest oil-and-gas firms, measured by reserves, are all state-owned) or major markets (state-backed companies account for 80% of the value of China’s stockmarket and 62% of Russia’s). And they are on the offensive. Look at almost any new industry and a giant is emerging: China Mobile, for example, has 600m customers. State-backed firms accounted for a third of the emerging world’s foreign direct investment in 2003-10.
With the West in a funk and emerging markets flourishing, the Chinese no longer see state-directed firms as a way-station on the road to liberal capitalism; rather, they see it as a sustainable model. They think they have redesigned capitalism to make it work better, and a growing number of emerging-world leaders agree with them. The Brazilian government, which embraced privatisation in the 1990s, is now interfering with the likes of Vale and Petrobras, and compelling smaller companies to merge to form national champions. South Africa is also flirting with the model.
This development raises two questions. How successful is the model? And what are its consequences—both in, and beyond, emerging markets?
The law of diminishing returns
State capitalism’s supporters argue that it can provide stability as well as growth. Russia’s wild privatisation under Boris Yeltsin in the 1990s alarmed many emerging countries and encouraged the view that governments can mitigate the strains that capitalism and globalisation cause by providing not just the hard infrastructure of roads and bridges but also the soft infrastructure of flagship corporations.
So Lee Kuan Yew’s government in Singapore, an early exponent of this idea, let in foreign firms and embraced Western management ideas, but also owned chunks of companies. The leading practitioner is now China. The tight connection between its government and business will no doubt be on display when the global elite gathers in the Swiss resort of Davos next week. Among Westerners there, government delegates often take the opposite view to those from the private sector: Chinese delegates from both sides tend to have the same point of view, and even the same patriotic talking-points.
The new model bears little resemblance to the disastrous spate of nationalisations in Britain and elsewhere half a century ago. China’s infrastructure companies win contracts the world over. The best national champions are outward-looking, acquiring skills by listing on foreign exchanges and taking over foreign companies. And governments are selective in their corporate holdings. Overall, the Chinese state has loosened its grip on the economy: its bureaucrats concentrate on industries where they can make a difference.
Let a thousand mobiles bloom
Yet a close look at the model shows its weaknesses. When the government favours one lot of companies, the others suffer. In 2009 China Mobile and another state giant, China National Petroleum Corporation, made profits of $33 billion—more than China’s 500 most profitable private companies combined. State giants soak up capital and talent that might have been used better by private companies. Studies show that state companies use capital less efficiently than private ones, and grow more slowly. In many countries the coddled state giants are pouring money into fancy towers at a time when entrepreneurs are struggling to raise capital.
Those costs are likely to rise. State companies are good at copying others, partly because they can use the government’s clout to get hold of their technology; but as they have to produce ideas of their own they will become less competitive. State-owned companies make a few big bets rather than lots of small ones; the world’s great centres of innovation are usually networks of small start-ups.
Nor does the model guarantee stability. State capitalism works well only when directed by a competent state. Many Asian countries have a strong mandarin culture; South Africa and Brazil do not. Coal India is hardly an advertisement for efficiency. And everywhere state capitalism favours well-connected insiders over innovative outsiders. In China highly educated princelings have taken the spoils. In Russia a clique of “bureaugarchs”, often former KGB officials, dominate both the Kremlin and business. Thus the model produces cronyism, inequality and eventually discontent—as the Mubaraks’ brand of state capitalism did in Egypt.
Rising powers have always used the state to kick-start growth: think of Japan and South Korea in the 1950s or Germany in the 1870s or even the United States after the war of independence. But these countries have, over time, invariably found that the system has limits. The Chinese of all people should understand that the best way to learn from history is to look at its long sweep.
But it may take many years for the model’s weaknesses to become obvious; and, in the meantime, it is likely to cause all sorts of problems. Investors in emerging markets, for instance, need to watch out. Some may be taking a punt on governments as much as companies. State-capitalist governments can be capricious, with scant regard for minority shareholders. Others may find their subsidiaries or joint ventures in emerging markets pitted against state-backed favourites.
Another concern is the impact of the model on the global trading system—which, at a time when the likely Republican nominee for president wants to declare China a currency manipulator on his first day of office, is already at risk. Ensuring that trade is fair is harder when some companies enjoy the support, overt or covert, of a national government. Western politicians are beginning to lose patience with state-capitalist powers that rig the system in favour of their own companies.
For emerging countries wanting to make their mark on the world, state capitalism has an obvious appeal. It gives them the clout that private-sector companies would take years to build. But its dangers outweigh its advantages. Both for their own sake, and in the interests of world trade, the practitioners of state capitalism need to start unwinding their huge holdings in favoured companies and handing them over to private investors. If these companies are as good as they boast they are, then they no longer need the crutch of state support.
quarta-feira, janeiro 18, 2012
Propaganda infantil: proibir ou não?
Vídeo onde argumento contra a nova tentativa de proibirem a propaganda voltada ao público infantil das 7h às 22h na televisão. Trata-se de medida extremamente perigosa para nossas liberdades básicas.
A maldição do brizolismo
Rodrigo Constantino
Se estivesse vivo, Leonel de Moura Brizola completaria 90 anos de idade no próximo domingo. Dizem que não é educado atacar alguém que já faleceu. Mas quando suas idéias e seu mito ainda vivem, influenciando a política atual, considero legítimo o esforço de desmistificar o defunto. É justamente o que pretendo fazer, de forma sucinta, abaixo.
Brizola representa, em minha opinião, o que sempre houve de pior na política brasileira. Extremamente populista e demagogo, ele sempre esteve do lado errado nas lutas ideológicas. Se o Brasil é um país pobre e atrasado, então Brizola tem sua parcela de culpa nisso, por menor que seja (e não creio ser tão pequena). Especialmente para os cariocas, o estrago causado pelo brizolismo foi imenso, com seqüelas sentidas até hoje.
Eu tive a oportunidade de assistir um debate em que Brizola participou, na PUC do Rio. Lembro de ter questionado, à ocasião, sobre como aquela retórica vazia podia conquistar tantos estudantes. Reconheço que ele era bom na arte da retórica, ou seja, era um excelente sensacionalista. Ainda assim, era sensacionalismo puro! Mas os alunos ficavam encantados, repetindo aquelas palavras de ordem, aqueles chavões nacionalistas bobocas.
Vejamos o caso das privatizações. Brizola sempre foi uma das mais virulentas vozes contrárias ao processo de desestatização. Em abril de 1997, chegou a escrever no Jornal do Commercio: "A privatização da Vale é um ato insano e injustificável; eu desconfio da inteireza mental do presidente Fernando Henrique". O discurso de Brizola contra o suposto “entreguismo” sempre foi carregado de xenofobia, como se o comércio mundial fosse apenas uma batalha de estrangeiros contra brasileiros. Nada mais falso, obviamente.
A mentalidade caudilhista sempre esteve presente em Brizola, que foi lançado na política por Getúlio Vargas, um ditador. Sua ligação com o tirano de Cuba, Fidel Castro, era apenas um passo natural para um esquerdista que sonhava em impor o socialismo goela abaixo dos brasileiros (nos turbulentos anos de 1964, Brizola chegou a sugerir um “golpe preventivo” a seu cunhado, Jango). Brizola foi presidente de honra da Internacional Socialista, e conspirou a vida toda em prol deste regime que, por onde passou, deixou um rastro de miséria e escravidão.
Seu oportunismo fez com que Brizola fosse o único político a governar dois estados diferentes na história do Brasil: Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Como carioca, posso atestar que esta foi a pior “exportação” que os gaúchos fizeram para o Rio, do ponto de vista dos moradores da Cidade Maravilhosa, naturalmente. Sem receio de exagerar na dose, Brizola foi o maior responsável pela desgraça que se abateu sobre o Rio desde então. Ao blindar as favelas contra a ação policial, sob o manto de proteção aos “pobres”, Brizola ajudou a criar verdadeiras fortalezas do crime. A homenagem dos traficantes parece justa, ao nomearem a cocaína dos morros de “brizola".
Além disso, temos todos aqueles CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública) abandonados, mas estrategicamente colocados à beira das estradas, talvez para propaganda política. Esqueletos de cimento que serviram para o discurso populista de Brizola e seus seguidores, em prol da educação das crianças carentes. Os tais “Brizolões”, com projeto arquitetônico do comunista Oscar Niemeyer, comprovam que não bastam boas intenções – se é que existiram de fato – para se obter bons resultados. A esquerda sempre tentou monopolizar as virtudes, sem ligar para as conseqüências concretas de suas ações.
Se Brizola já se foi, o brizolismo continua vivo. Infelizmente. Seus filhotes políticos governaram o Rio por muitos anos. Um dos principais ícones mais recentes deste brizolismo é Antony Garothinho. Sua marca é a demagogia elevada, a retórica de luta de classes, o nacionalismo xenófobo, e a idolatria do estado como único meio para os fins nobres. A simbiose entre governo e máfias sindicais tem sido outra marca do brizolismo também, herança absorvida pelo PDT de Carlos Lupi e companhia.
Todo este sensacionalismo daqueles que falam em nome dos pobres trabalhadores tem servido apenas para concentrar riqueza nos próprios sensacionalistas e seus apaniguados, espalhando miséria aos demais. Não custa lembrar que o próprio Brizola era um abastado fazendeiro, com grande criação de ovelhas no Uruguai. O que tem de político rico à custa dos pobres que alegam defender não é brincadeira!
Aliás, reza a lenda que parte do capital usado para a compra da fazenda no Uruguai veio do desvio de recursos que o ditador Fidel Castro teria dado a Brizola para financiar movimentos revolucionários no Brasil. O boato rendeu o apelido de "El raton" a Brizola. Não sei se é verdade ou não. Mas se for, trata-se da segunda coisa louvável de Brizola que tenho conhecimento (a primeira foi apelidar Lula, seu concorrente direto, de "sapo barbudo"): roubar dinheiro do El Coma Andante! Só de pensar na cara de raiva do senhor feudal cubano, impedido de revelar publicamente o fato para não passar recibo de otário, ah, isso não tem preço!
terça-feira, janeiro 17, 2012
Morrer pelos homens?
João Pereira Coutinho, Folha de SP
A "autoestima" das mulheres depende da estima que elas esperam receber dos homens
LIGO A TV. Notícias tenebrosas sobre os implantes mamários franceses e o risco que representam para milhares de mulheres no mundo inteiro. O meu interesse é cultural, não médico: quem diria que décadas de lutas feministas seriam enterradas por próteses de silicone defeituosas?
As lutas feministas, convém lembrar, tinham uma ambição civilizacional considerável: virar do avesso o mito de Pigmalião, o artista imortalizado pelo poeta Ovídio que, certo dia, esculpiu uma bela figura, apaixonou-se pelas suas formas e, como brinde dos deuses, viu a estátua virar mulher de verdade.
A história sempre me comoveu por motivos essencialmente "românticos": Pigmalião renunciara ao amor antes de esculpir a estátua; mas o destino é irônico e, por vezes, o que consideramos adormecido acaba por despertar novamente. Que a deusa Vênus tenha recebido as preces reprimidas de Pigmalião, concedendo vida à matéria inerte: eis a ideia redentora de que só o amor triunfa sobre a morte.
Mas isso sou eu a falar. Ou a delirar. Porque a sensibilidade feminista é mais literal e menos generosa: o mito de Pigmalião representa apenas a secular submissão da mulher ao homem. E quem é que os homens pensam que são, ao pretenderem "esculpir" a mulher para que ela cumpra os desejos falocêntricos dos machos?
Boa pergunta. George Bernard Shaw, um panfletário com talento, deu a resposta: revisitou o mito de Pigmalião na sua peça homônima e concedeu-lhe um final progressista.
Sim, o prof. Henry Higgins transforma a plebeia Eliza Doolittle numa verdadeira "lady" da retórica e das maneiras. Exatamente como no musical "My Fair Lady", inspirado na peça.
Porém, e ao contrário do que sucede no musical, é legítimo pensar que Eliza dá o seu grito do Ipiranga, abandonando o prof. Higgins no final por não suportar a natureza condescendente e desrespeitosa dele. É o supremo sonho feminista: a criatura liberta-se do criador e decide seguir em frente.
Infelizmente, muitas mulheres não conseguem seguir em frente. Que o digam as mulheres brasileiras, campeãs mundiais em cirurgias estéticas. Motivos do recorde?
Uma parte opta pela cirurgia por razões estritamente médicas: reconstruções do peito depois de doença oncológica ou acidente. São razões compreensíveis e sobre elas nenhuma palavra a dizer.
Mas existe uma vasta legião de mulheres saudáveis que se submete à cirurgia por motivos de "autoestima". A expressão, usada e abusada pelas revistas mentecaptas, pretende iludir uma verdade desconfortável: a "autoestima" das mulheres, sejamos honestos, depende da estima que elas esperam receber dos homens.
Claro que o leitor, e sobretudo a leitora, poderá argumentar que os homens funcionam da mesma maneira em matéria de vaidade física. Quem não conhece casos dramáticos de heterossexuais inseguros que passam horas na academia, em malhação marcial, em busca dos músculos perfeitos?
Verdade. Acontece que não conheço nenhum homem que, para obter o mesmo resultado e conquistar as atenções do sexo oposto (ou até do mesmo sexo), esteja disposto a passar pelo calvário das mulheres siliconadas.
No fundo, não conheço nenhum homem que esteja disposto a deitar-se numa sala de operações; a suportar os rigores da anestesia e do bisturi; a implantar uma qualquer prótese no interior do corpo para simular firmeza ou juventude; e, Deus nos livre, a correr sérios riscos de vida para ficar com aspecto de Adônis. Há limites. Até para conquistar mulheres.
O problema é que não parece haver limites para as próprias mulheres. O que nos leva de volta para o mito de Pigmalião, na sua interpretação literal: foram anos de lutas feministas para que elas deixassem de estar submetidas ao cinzel e ao escopo do escultor falocêntrico.
Mas ninguém esperava que, libertas, as mulheres corressem para o passado e voltassem a se submeter, de forma voluntária, ao escopo e ao cinzel do cirurgião plástico.
Na minha qualidade de homem, admito que tanta dedicação é comovente. Mas, acreditem, minhas senhoras, não vale a pena sofrer e morrer por nós.
A "autoestima" das mulheres depende da estima que elas esperam receber dos homens
LIGO A TV. Notícias tenebrosas sobre os implantes mamários franceses e o risco que representam para milhares de mulheres no mundo inteiro. O meu interesse é cultural, não médico: quem diria que décadas de lutas feministas seriam enterradas por próteses de silicone defeituosas?
As lutas feministas, convém lembrar, tinham uma ambição civilizacional considerável: virar do avesso o mito de Pigmalião, o artista imortalizado pelo poeta Ovídio que, certo dia, esculpiu uma bela figura, apaixonou-se pelas suas formas e, como brinde dos deuses, viu a estátua virar mulher de verdade.
A história sempre me comoveu por motivos essencialmente "românticos": Pigmalião renunciara ao amor antes de esculpir a estátua; mas o destino é irônico e, por vezes, o que consideramos adormecido acaba por despertar novamente. Que a deusa Vênus tenha recebido as preces reprimidas de Pigmalião, concedendo vida à matéria inerte: eis a ideia redentora de que só o amor triunfa sobre a morte.
Mas isso sou eu a falar. Ou a delirar. Porque a sensibilidade feminista é mais literal e menos generosa: o mito de Pigmalião representa apenas a secular submissão da mulher ao homem. E quem é que os homens pensam que são, ao pretenderem "esculpir" a mulher para que ela cumpra os desejos falocêntricos dos machos?
Boa pergunta. George Bernard Shaw, um panfletário com talento, deu a resposta: revisitou o mito de Pigmalião na sua peça homônima e concedeu-lhe um final progressista.
Sim, o prof. Henry Higgins transforma a plebeia Eliza Doolittle numa verdadeira "lady" da retórica e das maneiras. Exatamente como no musical "My Fair Lady", inspirado na peça.
Porém, e ao contrário do que sucede no musical, é legítimo pensar que Eliza dá o seu grito do Ipiranga, abandonando o prof. Higgins no final por não suportar a natureza condescendente e desrespeitosa dele. É o supremo sonho feminista: a criatura liberta-se do criador e decide seguir em frente.
Infelizmente, muitas mulheres não conseguem seguir em frente. Que o digam as mulheres brasileiras, campeãs mundiais em cirurgias estéticas. Motivos do recorde?
Uma parte opta pela cirurgia por razões estritamente médicas: reconstruções do peito depois de doença oncológica ou acidente. São razões compreensíveis e sobre elas nenhuma palavra a dizer.
Mas existe uma vasta legião de mulheres saudáveis que se submete à cirurgia por motivos de "autoestima". A expressão, usada e abusada pelas revistas mentecaptas, pretende iludir uma verdade desconfortável: a "autoestima" das mulheres, sejamos honestos, depende da estima que elas esperam receber dos homens.
Claro que o leitor, e sobretudo a leitora, poderá argumentar que os homens funcionam da mesma maneira em matéria de vaidade física. Quem não conhece casos dramáticos de heterossexuais inseguros que passam horas na academia, em malhação marcial, em busca dos músculos perfeitos?
Verdade. Acontece que não conheço nenhum homem que, para obter o mesmo resultado e conquistar as atenções do sexo oposto (ou até do mesmo sexo), esteja disposto a passar pelo calvário das mulheres siliconadas.
No fundo, não conheço nenhum homem que esteja disposto a deitar-se numa sala de operações; a suportar os rigores da anestesia e do bisturi; a implantar uma qualquer prótese no interior do corpo para simular firmeza ou juventude; e, Deus nos livre, a correr sérios riscos de vida para ficar com aspecto de Adônis. Há limites. Até para conquistar mulheres.
O problema é que não parece haver limites para as próprias mulheres. O que nos leva de volta para o mito de Pigmalião, na sua interpretação literal: foram anos de lutas feministas para que elas deixassem de estar submetidas ao cinzel e ao escopo do escultor falocêntrico.
Mas ninguém esperava que, libertas, as mulheres corressem para o passado e voltassem a se submeter, de forma voluntária, ao escopo e ao cinzel do cirurgião plástico.
Na minha qualidade de homem, admito que tanta dedicação é comovente. Mas, acreditem, minhas senhoras, não vale a pena sofrer e morrer por nós.
segunda-feira, janeiro 16, 2012
Atire no mensageiro
Rodrigo Constantino
"Fatos não deixam de existir porque são ignorados." (Aldous Huxley)
Políticos sempre preferem a tática de "atirar no mensageiro" em vez de enfrentar os duros fatos da realidade. Com o rebaixamento da S&P não seria diferente. Até o ministro das finanças alemão, muito mais sério que o restante, não se segurou. Schäuble disse que houve interesse político na medida, assim como empresarial (agências concorrendo por atenção). E ainda afirmou que estão analisando formas de reduzir a influência destas agências americanas.
Não vem ao caso lembrar que os mercados já precificavam um cenário pior de crédito para estes países rebaixados há dois meses pelo menos, e que a S&P apenas sancionou aquilo que todos já sabiam. Tampouco é o caso de refrescar a memória dos políticos europeus com o fato de que a S&P rebaixou o próprio governo americano muito antes. O legal é mesmo "atirar no mensageiro" na esperança de que a realidade não tenha que vir à tona.
Essa gente acredita mesmo na máxima dos marqueteiros, de que percepção é realidade. Mas a realidade inexoravelmente prevalece para derrubar os ilusionistas. E a queda é diretamente proporcional ao tempo de "negação" das lideranças.
"Fatos não deixam de existir porque são ignorados." (Aldous Huxley)
Políticos sempre preferem a tática de "atirar no mensageiro" em vez de enfrentar os duros fatos da realidade. Com o rebaixamento da S&P não seria diferente. Até o ministro das finanças alemão, muito mais sério que o restante, não se segurou. Schäuble disse que houve interesse político na medida, assim como empresarial (agências concorrendo por atenção). E ainda afirmou que estão analisando formas de reduzir a influência destas agências americanas.
Não vem ao caso lembrar que os mercados já precificavam um cenário pior de crédito para estes países rebaixados há dois meses pelo menos, e que a S&P apenas sancionou aquilo que todos já sabiam. Tampouco é o caso de refrescar a memória dos políticos europeus com o fato de que a S&P rebaixou o próprio governo americano muito antes. O legal é mesmo "atirar no mensageiro" na esperança de que a realidade não tenha que vir à tona.
Essa gente acredita mesmo na máxima dos marqueteiros, de que percepção é realidade. Mas a realidade inexoravelmente prevalece para derrubar os ilusionistas. E a queda é diretamente proporcional ao tempo de "negação" das lideranças.
A dor na face
LUIZ FELIPE PONDÉ, Folha de SP
Muitas vezes apenas gostaríamos de dizer "não". Coisa difícil dizer "não", porque o "sim" é civilizado na sua condição de hipocrisia necessária para a vida em grupo.
Não dizer bom-dia, não dizer que gostou, não dizer que quer ir, não dizer que ama, dizer apenas "não".
Na ordem capitalista em que vivemos, onde tudo circula na velocidade do vento que nos constitui como miserável mercadoria que somos, o "não" aparentemente vende mal.
Mas não é verdade. O "não" é a alma do luxo. "Não quero" pode ser a diferença entre sua banalidade e sua sofisticação não afetada. Mas como tudo que é luxo, o "não" é difícil de achar, de cultivar, de sustentar.
Vende-se muito livro de autoajuda por aí. O leitor que me acompanha sabe como detesto autoajuda. Uma indústria que cresce na mesma proporção em que tudo perde o valor. Mas com isso não quero dizer que não precisemos de ajuda na vida. Somos uns coitados. Mas tem coisa melhor do que esse lixo.
Outro problema é que umas das maiores contradições da vida é que o cotidiano das relações quase sempre inviabiliza afetos espontâneos e nos arremessa a convivência estratégica que apenas "lida" com problemas.
Em resumo, quase sempre os membros da nossa família não são nossos melhores amigos e não é gente em que podemos confiar nossos desesperos porque sempre esperam de nós soluções para as demandas do dia a dia.
Maridos, esposas, filhos, irmãos, pais, quase sempre não servem para ouvir nossos segredos, mas apenas servem para constatar nossas misérias secretas.
Não há relação evidente entre família e paixões alegres (como diria, mais ou menos, o filósofo do século 17 Baruch Spinoza).
As responsabilidades são muitas, as expectativas excessivas, o que era amor se transforma em exigência de sucesso material e segurança previdenciária.
Comumente ataco manifestações de jovens e do povo. Não porque ache que a vida como está seja grande coisa, mas porque considero a infelicidade eterna e atávica do homem a razão final de todo desconforto político, moral e afetivo.
Quem diz que a solução do homem é política é sempre um mau caráter que gosta de política. Seja na universidade, seja em Brasília. A vida é uma prisão e não gosto de rotas de fuga falsas.
No fundo, sou mais "anos 60" do que aqueles que dizem ser "anos 60", mas que viraram "ambientalista de terno e gravata", "defensores da qualidade de vida" ou "roqueiros que cantam para as crianças da África". Para mim vale sempre uma regra básica: não confio em nada em que departamentos de recursos humanos confiam.
Nutro profunda simpatia por dois pensadores utópicos, Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau, ambos do século 19, representantes do movimento libertário americano.
Há uma dor característica causada por sorrisos falsos. Os músculos da face doem por conta do sorriso mentiroso, que é sempre o mais comum em nosso cotidiano, dizia Emerson, autor de "Self-Reliance" ("Autoconfiança"), de 1841, um clássico do movimento libertário.
Os homens em sua maioria vivem uma vida de sereno desespero, dizia Thoreau, autor de "Walden" (1854), narrativa de um período de sua vida em que se isolou numa casa num bosque.
Thoreau ficou mais conhecido como o criador do conceito de "desobediência civil", quando disse que o melhor governo é o que governa menos ou de forma nenhuma.
Hoje o pensamento público tornou-se monótono porque todo mundo quer agradar e salvar o mundo. Eu não quero salvar ninguém, nem aspiro a um mundo melhor.
Como dizia Emerson, existem grandes vantagens em sermos mal compreendidos ("misunderstood").
A mania de sermos completamente compreendidos nada mais é do que o desejo de agradar a todos o tempo todo, uma das pragas típicas de um mundo marcado pelo marketing de tudo.
Em 2012 espero ser muito mal compreendido por todos aqueles que quiserem fazer de mim seu ídolo, positivo ou negativo, supondo que sabem exatamente o que eu penso ou o que sou.
Espero, acima de tudo, como dizia Thoreau, que não tenha que ir a lugar nenhum para o qual eu precise comprar uma roupa nova.
Muitas vezes apenas gostaríamos de dizer "não". Coisa difícil dizer "não", porque o "sim" é civilizado na sua condição de hipocrisia necessária para a vida em grupo.
Não dizer bom-dia, não dizer que gostou, não dizer que quer ir, não dizer que ama, dizer apenas "não".
Na ordem capitalista em que vivemos, onde tudo circula na velocidade do vento que nos constitui como miserável mercadoria que somos, o "não" aparentemente vende mal.
Mas não é verdade. O "não" é a alma do luxo. "Não quero" pode ser a diferença entre sua banalidade e sua sofisticação não afetada. Mas como tudo que é luxo, o "não" é difícil de achar, de cultivar, de sustentar.
Vende-se muito livro de autoajuda por aí. O leitor que me acompanha sabe como detesto autoajuda. Uma indústria que cresce na mesma proporção em que tudo perde o valor. Mas com isso não quero dizer que não precisemos de ajuda na vida. Somos uns coitados. Mas tem coisa melhor do que esse lixo.
Outro problema é que umas das maiores contradições da vida é que o cotidiano das relações quase sempre inviabiliza afetos espontâneos e nos arremessa a convivência estratégica que apenas "lida" com problemas.
Em resumo, quase sempre os membros da nossa família não são nossos melhores amigos e não é gente em que podemos confiar nossos desesperos porque sempre esperam de nós soluções para as demandas do dia a dia.
Maridos, esposas, filhos, irmãos, pais, quase sempre não servem para ouvir nossos segredos, mas apenas servem para constatar nossas misérias secretas.
Não há relação evidente entre família e paixões alegres (como diria, mais ou menos, o filósofo do século 17 Baruch Spinoza).
As responsabilidades são muitas, as expectativas excessivas, o que era amor se transforma em exigência de sucesso material e segurança previdenciária.
Comumente ataco manifestações de jovens e do povo. Não porque ache que a vida como está seja grande coisa, mas porque considero a infelicidade eterna e atávica do homem a razão final de todo desconforto político, moral e afetivo.
Quem diz que a solução do homem é política é sempre um mau caráter que gosta de política. Seja na universidade, seja em Brasília. A vida é uma prisão e não gosto de rotas de fuga falsas.
No fundo, sou mais "anos 60" do que aqueles que dizem ser "anos 60", mas que viraram "ambientalista de terno e gravata", "defensores da qualidade de vida" ou "roqueiros que cantam para as crianças da África". Para mim vale sempre uma regra básica: não confio em nada em que departamentos de recursos humanos confiam.
Nutro profunda simpatia por dois pensadores utópicos, Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau, ambos do século 19, representantes do movimento libertário americano.
Há uma dor característica causada por sorrisos falsos. Os músculos da face doem por conta do sorriso mentiroso, que é sempre o mais comum em nosso cotidiano, dizia Emerson, autor de "Self-Reliance" ("Autoconfiança"), de 1841, um clássico do movimento libertário.
Os homens em sua maioria vivem uma vida de sereno desespero, dizia Thoreau, autor de "Walden" (1854), narrativa de um período de sua vida em que se isolou numa casa num bosque.
Thoreau ficou mais conhecido como o criador do conceito de "desobediência civil", quando disse que o melhor governo é o que governa menos ou de forma nenhuma.
Hoje o pensamento público tornou-se monótono porque todo mundo quer agradar e salvar o mundo. Eu não quero salvar ninguém, nem aspiro a um mundo melhor.
Como dizia Emerson, existem grandes vantagens em sermos mal compreendidos ("misunderstood").
A mania de sermos completamente compreendidos nada mais é do que o desejo de agradar a todos o tempo todo, uma das pragas típicas de um mundo marcado pelo marketing de tudo.
Em 2012 espero ser muito mal compreendido por todos aqueles que quiserem fazer de mim seu ídolo, positivo ou negativo, supondo que sabem exatamente o que eu penso ou o que sou.
Espero, acima de tudo, como dizia Thoreau, que não tenha que ir a lugar nenhum para o qual eu precise comprar uma roupa nova.
Entre socialistas e populistas de direita
Rodrigo Constantino
Em reportagem no Financial Times, Marine Le Pen mostra suas bandeiras populistas na corrida eleitoral francesa. A candidata de direita pretende resolver os problemas do país saindo do euro, imprimindo dinheiro, proibindo a imigração e criando barreiras protecionistas. O downgrade da França pela Standard & Poor's forneceu o timing perfeito para a largada de sua campanha, com a retórica anti-euro.
Na tentativa de atrair as massas, Le Pen disse que pretende aumentar o salário dos mais pobres em 200 euros mensais, que seria pago com imposto de 3% sobre produtos importados. Além disso, ela pretende retornar ao franco, liberar o banco central para imprimir o equivalente a 100 bilhões de euros por ano, e pegar emprestado do banco até 45 bilhões de euros com taxa de juros zero. Le Pen não vê risco inflacionário nestas medidas.
Segundo pesquisas, o candidato socialista François Holland lidera com 27%, Sarkozy está em segundo com 23,5% e Le Pen em terceiro com 21,5% das intenções de voto. A França está dividida entre socialistas e populistas de direita, que são inclusive muito parecidos. Triste destino o que aguarda os franceses.
Neste vídeo eu falo sobre os tempos perigosos em que vivemos, uma vez que a crise cria um ambiente propício aos oportunistas de plantão, que vendem "soluções" mágicas e fáceis. Não faltarão emoções aos europeus nos próximos anos. Espera-se que algum resquício de razão possa prevalecer.
Pérsio Arida na Folha
Trechos da entrevista de Pérsio Arida na Folha de SP hoje.
Foi um erro ter freado a economia no início do ano passado?
O desaquecimento foi intencional e necessário, e foi numa boa medida. A economia brasileira não cresce a taxas de 2010 -são insustentáveis.
Por quê? O normal é um crescimento baixo?
Uma taxa de crescimento muito acima do normal leva a sobreaquecimento, pressão inflacionária excessiva, gargalos de infraestrutura, falta de poupança doméstica. Hoje a taxa sustentável é algo em torno de 3,5%, 4% -que é o que deveremos crescer neste ano, se não houver percalço maior. Para crescer mais do que isso, precisaria ter mais poupança doméstica ou ter mais poupança externa.
Como o sr. define a política econômica? É desenvolvimentista, ortodoxa?
Do ponto de vista fiscal, a performance de 2011 foi melhor do que a de 2010. É um governo mais austero. Houve uma contração dos balanços do BNDES, o que é positivo. Por outro lado, tem uma tendência protecionista que não é ideal.
Por exemplo?
Automóveis. Está protegendo um grupo de multinacionais contra outro. É difícil de entender a racionalidade.
Emprego no Brasil não seria uma justificativa?
Não. As medidas protecionistas dificilmente têm justificativa. A tendência intervencionista tem que ser contida, pois faz um desacerto no longo prazo.
Mas todos os países adotam medidas assim.
Não existe país perfeito no mundo. Se outros erram, é problema deles. Há uma série de reformas estruturais que poderiam ser feitas em sistemas como FGTS, FAT etc. O Brasil tem uma trajetória preocupante em gastos públicos, que não é de agora. Teria muito a ganhar com contração de gastos públicos e desoneração fiscal. Sei que é uma plataforma impopular.
Qual o impacto do novo salário mínimo?
É desastroso. É uma superindexação. Tem um efeito prejudicial para os custos do trabalho, exerce uma pressão inflacionária e tem um efeito danoso sobre os Orçamentos de Estados e municípios e na Previdência.
Mas esse aumento não dinamiza a economia?
Não. A maneira certa de dinamizar a economia é diminuir taxa de juros e impostos.
A alta do mínimo não distribui renda?
Não. Provoca pressão inflacionária e aumenta os gastos. A melhor distribuição de renda é diminuir a taxa de juros, permitir o desenvolvimento do sistema de hipotecas no Brasil, reajustar bem o FGTS. Evita que os trabalhadores sejam roubados. Quer melhor distribuição de renda do que essa?
O sr. concorda com a linha do BNDES de estímulo aos "campeões nacionais"?
Não, mas entendo a racionalidade dela. Coreia do Sul e outros países a adotaram. Há setores onde há falhas do mercado. Ainda há horizontes de empréstimos relativamente curtos. Mas a análise tem que ser a partir das falhas de mercado, e não da constituição de grupos. Quem tem acesso ao mercado de capitais privado não deveria usar recursos do BNDES. É a visão liberal. Se o mercado não estiver falhando, não tem por que [conceder empréstimo].
Como explicar isso?
Existe um pacto entre Estado e grupos empresariais e elites no Brasil que é um pacto antiliberal. Liberal no sentido norte-americano, que é o da plataforma, cronicamente fraca no Brasil, da diminuição da intervenção estatal e das liberdades civis.
O Brasil tem muitas similaridades com os EUA, mas, contrariamente a eles, aqui o liberalismo foi sempre fraco. Se olharmos para a escravidão, o FGTS ou a hiperinflação, há um denominador comum: os mais prejudicados são os mais pobres, sempre. O país tem um pacto entre elites e governo antiliberal.
É um pacto a favor do Estado e que sempre se pautou por uma certa repressão de liberdades civis.
É um pacto contra os mais pobres?
Ninguém é contra os pobres. Pacto é feito para tentar beneficiar. Quando se fazem políticas protecionistas, créditos direcionados, privilégios a determinados grupos, quem está implementando e quem recebe benefícios genuinamente pensa que está fazendo o bem comum.
A fraca tradição liberal se expressa nas dimensões econômica e política. Isso se aplica também para liberdades civis. O caso da Comissão da Verdade é um exemplo.
Basta comparar com a reação da sociedade norte-americana à violação das liberdades civis em Guantánamo em pleno contexto do 11 de Setembro.
Foi um erro ter freado a economia no início do ano passado?
O desaquecimento foi intencional e necessário, e foi numa boa medida. A economia brasileira não cresce a taxas de 2010 -são insustentáveis.
Por quê? O normal é um crescimento baixo?
Uma taxa de crescimento muito acima do normal leva a sobreaquecimento, pressão inflacionária excessiva, gargalos de infraestrutura, falta de poupança doméstica. Hoje a taxa sustentável é algo em torno de 3,5%, 4% -que é o que deveremos crescer neste ano, se não houver percalço maior. Para crescer mais do que isso, precisaria ter mais poupança doméstica ou ter mais poupança externa.
Como o sr. define a política econômica? É desenvolvimentista, ortodoxa?
Do ponto de vista fiscal, a performance de 2011 foi melhor do que a de 2010. É um governo mais austero. Houve uma contração dos balanços do BNDES, o que é positivo. Por outro lado, tem uma tendência protecionista que não é ideal.
Por exemplo?
Automóveis. Está protegendo um grupo de multinacionais contra outro. É difícil de entender a racionalidade.
Emprego no Brasil não seria uma justificativa?
Não. As medidas protecionistas dificilmente têm justificativa. A tendência intervencionista tem que ser contida, pois faz um desacerto no longo prazo.
Mas todos os países adotam medidas assim.
Não existe país perfeito no mundo. Se outros erram, é problema deles. Há uma série de reformas estruturais que poderiam ser feitas em sistemas como FGTS, FAT etc. O Brasil tem uma trajetória preocupante em gastos públicos, que não é de agora. Teria muito a ganhar com contração de gastos públicos e desoneração fiscal. Sei que é uma plataforma impopular.
Qual o impacto do novo salário mínimo?
É desastroso. É uma superindexação. Tem um efeito prejudicial para os custos do trabalho, exerce uma pressão inflacionária e tem um efeito danoso sobre os Orçamentos de Estados e municípios e na Previdência.
Mas esse aumento não dinamiza a economia?
Não. A maneira certa de dinamizar a economia é diminuir taxa de juros e impostos.
A alta do mínimo não distribui renda?
Não. Provoca pressão inflacionária e aumenta os gastos. A melhor distribuição de renda é diminuir a taxa de juros, permitir o desenvolvimento do sistema de hipotecas no Brasil, reajustar bem o FGTS. Evita que os trabalhadores sejam roubados. Quer melhor distribuição de renda do que essa?
O sr. concorda com a linha do BNDES de estímulo aos "campeões nacionais"?
Não, mas entendo a racionalidade dela. Coreia do Sul e outros países a adotaram. Há setores onde há falhas do mercado. Ainda há horizontes de empréstimos relativamente curtos. Mas a análise tem que ser a partir das falhas de mercado, e não da constituição de grupos. Quem tem acesso ao mercado de capitais privado não deveria usar recursos do BNDES. É a visão liberal. Se o mercado não estiver falhando, não tem por que [conceder empréstimo].
Como explicar isso?
Existe um pacto entre Estado e grupos empresariais e elites no Brasil que é um pacto antiliberal. Liberal no sentido norte-americano, que é o da plataforma, cronicamente fraca no Brasil, da diminuição da intervenção estatal e das liberdades civis.
O Brasil tem muitas similaridades com os EUA, mas, contrariamente a eles, aqui o liberalismo foi sempre fraco. Se olharmos para a escravidão, o FGTS ou a hiperinflação, há um denominador comum: os mais prejudicados são os mais pobres, sempre. O país tem um pacto entre elites e governo antiliberal.
É um pacto a favor do Estado e que sempre se pautou por uma certa repressão de liberdades civis.
É um pacto contra os mais pobres?
Ninguém é contra os pobres. Pacto é feito para tentar beneficiar. Quando se fazem políticas protecionistas, créditos direcionados, privilégios a determinados grupos, quem está implementando e quem recebe benefícios genuinamente pensa que está fazendo o bem comum.
A fraca tradição liberal se expressa nas dimensões econômica e política. Isso se aplica também para liberdades civis. O caso da Comissão da Verdade é um exemplo.
Basta comparar com a reação da sociedade norte-americana à violação das liberdades civis em Guantánamo em pleno contexto do 11 de Setembro.