quarta-feira, março 28, 2012

Demanda agregada


Rodrigo Constantino*

“As estatísticas são como o biquíni: o que revelam é interessante, mas o que ocultam é essencial.” (Roberto Campos)

Não sei quanto ao leitor, mas eu demandaria um iate, um helicóptero e um jatinho se eu tivesse bilhões de dólares sobrando. Minha demanda tende ao infinito. Se não desfruto de tais bens materiais, isso se deve à falta de recursos, não de demanda. Esta conclusão pode parecer extremamente óbvia, e deveria. Infelizmente, a obviedade é algo em escassez quando se trata da economia keynesiana.
O foco obsessivo dos keynesianos em dados agregados acabou deturpando sua visão de mundo. Em vez de compreenderem que tais agregados servem, no máximo, como modelos simplificadores imperfeitos, esses economistas acabaram aceitando que a abstração era a realidade, gerando muita confusão teórica. O exemplo mais claro desta inversão é o tratamento dado ao PIB. A fórmula conhecida, Y = C + I + G + (X – M), produziu na cabeça dos mais desatentos uma crença absurda, qual seja, a de que o aumento dos gastos públicos é algo positivo para o crescimento econômico.
Como o governo não pode dar nada sem tirar do setor privado, pois suas fontes de recursos são os impostos, a inflação (que não passa de um imposto disfarçado) e o endividamento (que terá de ser pago eventualmente), claro que o aumento dos gastos públicos terá como contrapartida, inevitavelmente, a redução ou dos investimentos privados ou do consumo privado. Mas o foco demasiado no curto prazo, fruto de uma visão míope, faz com que os keynesianos negligenciem esses impactos negativos ao longo do tempo. Se o governo quer estimular o crescimento econômico e, portanto, a criação de empregos, basta ele expandir seus gastos.
Em Os pecados do capital, Robert Murphy dá um exemplo politicamente incorreto de falha no cálculo do PIB. Ele cita o caso de um homem que se casa com sua governanta, e explica: “Antes do casamento, os serviços dela (lavar, aspirar e cozinhar) eram comprados no mercado aberto e, portanto, contribuíam para o PIB oficial. Mas, depois do casamento, a nova dona-de-casa realiza essas mesmas tarefas ‘de graça’, fazendo o PIB oficial diminuir em função de seu salário anual anterior”. Da mesma forma, as operações no mercado negro, enormes em um país burocrático como o Brasil, não são computadas nos números oficiais do PIB. Ao excluir os gastos “intermediários” do cálculo, para evitar dupla contagem, o PIB “minimiza a importância dos capitalistas e exagera o papel dos consumidores finais e os gastos do governo”.
O economista Mark Skousen aponta outro exemplo dessas falhas:

Especialmente durante as festas natalinas, a mídia informa quase diariamente sobre as perspectivas das vendas a varejo, sugerindo que, se as vendas do Natal subirem, a economia está saudável e sólida. Por trás desses relatórios está a noção de que, se as festas natalinas durassem o ano inteiro, a economia poderia se expandir ainda mais

Entre vários problemas no cálculo do PIB, talvez o mais importante seja esse foco excessivo nos gastos, tanto dos consumidores como do governo. Isso passa a ideia de que são os gastos que geram a produção e, portanto, o crescimento econômico.
Keynes argumentava que, em períodos de insuficiente demanda agregada, caberia ao governo compensar esta queda com o aumento dos gastos. É a famosa política anticíclica. Foi a justificativa teórica perfeita para políticos ansiosos para torrar o dinheiro da “viúva” e conquistar votos pelas vias populistas. Claro que, na época da bonança e do forte crescimento econômico, o termo “anticíclico” era ignorado. A política acabava unidirecional, como se feita por economistas manetas. Mas o próprio conceito de demanda agregada insuficiente é falacioso. Parece que o rabo é que balança o cachorro, e não o contrário.
A lógica, de forma simplificada, funciona assim: a crise econômica ocorre como reação a uma queda da demanda agregada, sabe-se lá por qual motivo. Os empreendedores perderam seu “espírito animal” de repente. E cabe ao governo estimular a economia com aumento de gastos. Isso fará a demanda agregada subir, empregos serão criados e o consumo poderá retomar sua trajetória. Com mais consumo, as empresas produzem mais, empregando mais gente. Os salários podem aumentar, gerando um ciclo virtuoso. Parece tão simples que toda a miséria do mundo fica parecendo apenas resultado da falta de “vontade política”.
Claro que isso tudo não passa de uma grande falácia econômica. Os keynesianos trocam a ordem dos fatores, alterando o produto final. Basta pensar em Robinson Crusoé e Sexta-Feira em uma ilha. Seria absurdo supor que é a demanda de algum deles que produz o crescimento econômico. Robinson Crusoé pode demandar uma enorme casa, mas esta só será produzida se houver recursos disponíveis. E estes dependem da poupança e da produtividade. Logo, é a poupança efetiva que permite o investimento produtivo, que, por sua vez, possibilita mais consumo depois. É preciso fazer o bolo para depois comê-lo. Keynesianos pensam que podem ter e comer o bolo ao mesmo tempo.
Se alguém questiona quais fatores permitem o aumento da “renda nacional”, a resposta deverá ser: a melhoria dos equipamentos, das ferramentas e máquinas empregadas na produção, por um lado, e o avanço na utilização dos equipamentos disponíveis para a melhor satisfação possível das demandas individuais, por outro lado. O primeiro caso depende da poupança e da acumulação de capital; o segundo, das habilidades tecnológicas e das atividades empresariais. Se o aumento da renda nacional em termos reais é chamado de progresso, devemos aceitar que este é fruto das conquistas dos poupadores, investidores e empreendedores.
Os gastos do governo costumam desviar recursos destes fins mais produtivos. Keynes chegou no ponto absurdo de defender que seria justificável o governo, durante uma crise, contratar gente para cavar buracos e mais gente para tampá-los. Evidentemente que o fantástico desta proposta não passou despercebido na época. Questionado sobre o efeito de tais medidas no longo prazo, Keynes cunhou sua famosa frase: “No longo prazo estaremos todos mortos”. O longo prazo, porém, inexoravelmente chega, por razões cronológicas. Hoje, nada mais é que o longo prazo de algum tempo atrás. E, para aqueles vivos, o custo desta mentalidade keynesiana costuma ser bastante elevado.
Com esta ferramenta equivocada, os keynesianos conseguiram até mesmo creditar guerras pela recuperação econômica. Paul Krugman, laureado com o Prêmio Nobel de Economia e um dos maiores ícones do keynesianismo moderno, repete o tempo todo que foi a Segunda Guerra Mundial que salvou os Estados Unidos da Grande Depressão. Mais recentemente, ele chegou a defender que gastos públicos para criar um mecanismo de defesa contra a hipotética invasão alienígena seria uma medida sensata para conter a crise. Eis o grau de absurdo que chega à lógica keynesiana. Qualquer reflexão mais atenta mostraria que jamais pode ser favorável para a economia desviar recursos escassos para fins inúteis. Qual o ganho social em utilizar aço e trabalho escasso para produzir navios que serão afundados na guerra? Como dizia Mises, a prosperidade que a guerra traz para a economia é a mesma dos furacões e terremotos.
Na verdade, esta falácia é bem antiga, e já tinha sido refutada por Bastiat em seu exemplo da janela quebrada. Algum vândalo joga uma pedra que estilhaça a janela de uma loja. Em seguida, algumas pessoas tentam consolar o dono da loja alegando que, ao menos, ele estará gerando emprego ao consertar a janela. Afinal, se janelas nunca fossem quebradas, de que iriam viver os reparadores de janelas? Esta linha de raciocínio cai justamente na falácia anteriormente citada, pois ignora aquilo que não se vê de imediato. Sim, o conserto da janela iria propiciar um ganho para o vidraceiro. Mas o que seria feito desse dinheiro gasto caso a janela não tivesse sido quebrada? Eis a pergunta que nem todos fazem, porém crucial para o entendimento da economia.
Existem várias alternativas de uso que o dono da loja poderia dar ao dinheiro. Ele poderia investi-lo para aumentar a produção, poderia poupá-lo ou poderia gastar com qualquer outra coisa. Supondo que ele gastasse a mesma quantia na compra de um terno, o alfaiate teria sido beneficiado, mas agora que o dinheiro foi usado para consertar a janela, esse terno deixou de ser vendido. Isso é aquilo que não se vê, ao menos de imediato. O alfaiate do exemplo é ignorado, é o homem esquecido na análise superficial da coisa. Parece ridículo de tão óbvio este caso, mas o leitor mais leigo ficaria chocado com os demais casos, que são apenas variações dessa mesma falácia.
Como espero ter deixado claro, as recessões econômicas não são resultado de ausência de demanda agregada, pois esta nada mais é que o somatório da demanda de todos os agentes econômicos, que tende ao infinito. O buraco é bem mais embaixo. E quando o governo tenta estimular a economia gastando mais, endividando-se e contratando trabalhadores para tarefas improdutivas, isso apenas agrava o problema estrutural. Os consumidores e empresários sabem que terão de pagar a conta mais cedo ou mais tarde, e isso afeta suas decisões. Consumo estimulado artificialmente produz apenas inflação, se financiado pela emissão de moeda sem lastro. E o tiro keynesiano sai pela culatra, pois os investidores ficam receosos com o futuro aumento de impostos, necessário para honrar os gastos mais elevados do governo.
A hiperatividade do governo durante as crises costuma afetar negativamente a economia, ao contrário do que pensam os keynesianos. Manipular a “demanda agregada” jamais foi ou será uma política sensata de crescimento econômico sustentável. Os keynesianos são como alquimistas modernos, que acreditam poder transformar chumbo em ouro por meio da magia. Como os alquimistas antigos, estão fadados ao fracasso, sempre. Infelizmente, aprendemos com a história que poucos aprendem com a história.
A despeito dos inúmeros fracassos das políticas keynesianas no passado, eles sempre dão um jeito de ignorar as lições históricas e reinterpretar os fatos de forma a jogar a culpa dos erros em ombros alheios. O governo gastou trilhões em estímulos e, ainda assim, a economia ameaça nova recessão? Então, claro que o problema só pode ter sido falta de estímulo! Insanidade, já alertava Einstein, é fazer tudo igual novamente e esperar resultados diferentes. Os insanos estão no poder.

* Artigo inédito do livro "Liberal com orgulho" (Ed. Lacre, 2011)

19 comentários:

  1. Anônimo3:45 PM

    Não existe demanda infinita, você pode até desejar um jatinho, uma ilha e um iate, mas dificilmente irá desejar infinitos destes, da mesma forma que você não deseja infinitos celulares, infinitos computadores, etc.

    Não é a demanda que dirige a produção? Ora, Steve Jobs não criaria seus produtos maravilhosos se não houvesse interesse pela sociedade por maior tecnologia.

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  2. Anônimo, algo me diz que vc não entendeu meu ponto, mas deixa pra lá...

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  3. Anônimo9:25 PM

    Acredito que o fato de termos sempre mais desejos materiais do que capacidades de realiza-los da uma ideia do que seja demanda infinita, a partir do individuo, (pelo menos penso assim) isso não seria verdadeiro apenas no caso dos heremitas ou coisa assim :-)
    Quanto aos keynesianos eles tem algo a favor de sua teoria, que é o poder efetivo do Estado. A formula do PIB é verdadeira por causa da capacidade do Estado, e o fato deste não produzir dinheiro é pouco relevante contanto que produz resultados, a emergencia da milhoes de brasileiros a uma melhor renda, prova em parte isso, ninguem pode negar. Talvez aquela frase que diz que uma mentira muitas vezes repetida se torna verdade se aplica perfeitamente a ação estatal.
    Junior M.

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  4. Anônimo9:48 PM

    A mágica do keynesianismo tem nome: empurrar com a barriga a crise para um momento distante. Isto é tudo que os políticos querem. De paliativos a paliativos imediatistas, eles prosseguem no poder, mesmo sabendo que em algum dia a coisa ficará insustentável.

    Sem distributivismo eles não se mantém por muito tempo no poder e só o poder lhes importa.

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  5. Demanda infinita signfica que as vontades humanas em consumir são sempre constantes. Ninguém vai chegar em um momento da vida e pensar "Estou satisfeito. Daqui pra frente nao vou consumir mais nada e ficar parado até morrer". Isso é tão simples e auto-evidente que me preocupa saber que tem pessoas que nao conseguem entender algo elementar assim.

    Keynesianismo já foi refutado diversas vezes. PIB é a forma mais bizarra que existe para medir a riqueza de uma sociedade. Dizer que gastos do governo enriquecem alguém é análogo a dizer que um ladrão de rua enriquece a sociedade por roubar alguem e depois sair gastando o dinheiro.

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  6. gustavo6:28 AM

    PIB é uma coisa bizarra para medir as riquezas de um país ? Mas já li nesse blog, o Constantino dizer que austeridade não afeta o crescimento e deu como exemplo os EUA pós depressão. Lá ele utilizou o PIB como base de seu argumento. Resumindo, se o PIB é uma grande bobagem, então porque utilizá-lo como prova de seu argumento ?

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    1. Sim, PIB é bizarro. PIB implica que quanto mais o governo gastar, mais rico o país está ficando. Ou então quanto mais o país importar, mais pobre está ficando. Ja passou da hora de abandonar esse indicador.

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  7. Gustavo, leia o artigo novamente. Eu não digo que o PIB é uma grande bobagem. Eu digo que ele pode levar a um tipo de mentalidade "macro" perigosa. São coisas bem diferentes!

    Medir o PIB é um desafio, tem falhas, é preciso cautela. Mas é algo razoavelmente objetivo para mensurar produção. Não basta como indicador de progresso, mas é alguma coisa. Bem melhor que o mais subjetivo FIB, por exemplo...

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  8. márcio9:03 AM

    Rodrigo
    Vou fazer uma pequena provocação a vc. A economia mundial foi pautada no pós guerra pelo keynesianismo. Hj vemos um mundo muito melhor e desenvolvido do que no início do keynesianismo. Pela lógica, o keynesianismo deu certo no longo prazo.

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  9. A provocação não é das melhores. Tivemos o auge da inflação no auge do keynesianismo, década de 70. DEPOIS, as reformas "neoliberais" vieram.

    Ainda assim, não se faz análise de forma tão simplista. Correlação não é causalidade. É preciso estudo muito mais sério para avaliar essas coisas.

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  10. Anônimo2:56 PM

    Não há demanda infinita por bens materiais.
    Biull Gates e inúmeros outros bilionários não conseguem usufruir, em gastos particulares, toda a renda que obtêm, daí que quem usufrui são outros, sejam consumidores ou investidores. Poupança é exatamente aquilo que não necessitamos consumir. Se houver interesse infinito no consumo não haverá poupança.
    Assim, fica contraditória a idéia.

    Muitos almejam consumir mais do que auferem de lucro, ou renda se preferir (a diferença entre o salário e o custo de trabalhar é o lucro) e auferem renda maior do que seus impulsos de consumir.

    veja que 1,2, 3 aviões para usiofruto (não investimento) não faz qualquer sentido, da mesma forma dezenas de casas (palacios) não poderão ser usufruidos senão com descolcamento trabalhoso.

    Os grandes bilionários não usufruem materialmente de tudo que auferm como renda.

    O DESEJO DE CONSUMO É FINITO, MUITO LIMITADO, DIGA-SE.

    GRAVE ASNEIRA ESSA AFIRMAÇÃO SOBRE DEMANDA INFINITA.

    ...mesmo que se extrapole o usufruto individual, teoricamente a demanda coletiva também seria possivel de satisfazer.

    aBS.

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  11. Anônimo3:13 PM

    Au Sauer:

    Demanda infinita não o mesmo que demanda permanente.

    Demandamos comida todos os dias (demanda pernamente) mas não demandamos comida infinitamente, há um limite em que nos satisfazemos e se comermos além deste isto não mais será prazeroso e si tortuoso, a menos que ambicionemos outra coisa que não a comida, um prêmio extra por exemplo. Neste caso a demanda não é por comida e sim pelo premio. Da mesma forma não é possivel demandar para usofruto particular (e não para investimento) uma quantidade infinita de bens cujo utilização, se fosse possível, seria já uma tortura em vez de um prazer.

    Não há ambição material infinita porque não é possivel usofuto infinito de bens materiais.
    Possuir inúmeros aviões para uso particular (e não para investimento) seria limitado e usufrui-los ao máximo seria tortuoso. Ou seja, não se demanda bens materiais infinitamente, a menos que para investimento sem usufruto, diga-se uma demanda mais intelectual do que material. Neste caso não consumo efetivo, não é o individuo que consome o bem, mas apenas o possui para consumo alheio.

    Uma grossa asneira se crer que a demanda por bens materiais é infinita sob a idéia de consumo próporio.

    Abs
    Pedro

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  12. Anônimo3:16 PM

    Au Sauer:

    Demanda infinita não o mesmo que demanda permanente.

    Demandamos comida todos os dias (demanda pernamente) mas não demandamos comida infinitamente, há um limite em que nos satisfazemos e se comermos além deste isto não mais será prazeroso e si tortuoso, a menos que ambicionemos outra coisa que não a comida, um prêmio extra por exemplo. Neste caso a demanda não é por comida e sim pelo premio. Da mesma forma não é possivel demandar para usofruto particular (e não para investimento) uma quantidade infinita de bens cujo utilização, se fosse possível, seria já uma tortura em vez de um prazer.

    Não há ambição material infinita porque não é possivel usofuto infinito de bens materiais.
    Possuir inúmeros aviões para uso particular (e não para investimento) seria limitado e usufrui-los ao máximo seria tortuoso. Ou seja, não se demanda bens materiais infinitamente, a menos que para investimento sem usufruto, diga-se uma demanda mais intelectual do que material. Neste caso não consumo efetivo, não é o individuo que consome o bem, mas apenas o possui para consumo alheio.

    Uma grossa asneira se crer que a demanda por bens materiais é infinita sob a idéia de consumo próporio.

    Abs
    Pedro

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  13. Anônimo3:44 PM

    Imagine uma ilha com, digamos, 1000 pessoas, sobreviventes de um naufrágio próximo. Imagine tbém que eles se vêem sem saída, sem perspectiva de resgate, por algum motivo. Com o passar do tempo, vão providenciar abrigos, meios de caça, pesca, encontrar e armazenar água, etc. "Serviços" básicos serão demandados, quem quiser trabalhar e produzir, principalmente no início, vai ter o que fazer. A carga de trabalho com o passar do tempo vai diminuir, pois o abrigo estará construído, os meios definidos; tudo bem que deverá haver manutenção para isso tudo, mas a carga de trabalho vai diminuir bastante. O pessoal vai, aos poucos, "curtir" mais o lugar, trabalhar menos. Os filhos nascidos na ilha terão algum trabalho, claro, mas menor que seus ancestrais. A DEMANDA na ilha com certeza vai cair (a per capita principalmente). Diferentemente do exemplo dado no post, os RECURSOS estão por toda parte. Os keynesianos propõe acabar com o "paraíso", através de uma guerra entre facções na ilha, através da construção de um barco para sair da ilha, mesmo sem boas perspectivas, através da construção de barricadas contra um inimigo improvável, através da criação de um fundo comunitário para obras coletivas (que nem todos estão a fim, mas há uma liderança consistente lá!...). Esse líder precisa mostrar serviço, inventando DEMANDA nova, botar o pessoal para produzir algum tipo de riqueza, nem que seja passa-tempo, afinal, o tédio está se alastrando! Tem gente reclamando que quer sair da ilha de qquer jeito, enfrentar o mar-sem-sim. E etc e ETC e etc!!! Os liberais, pelo que estou vendo, defendem o paraíso. Mas o bicho-homem nunca foi de curtir um paraíso, desde Adão. Keynes é considerado o maior economista do século XX, por ter sido o primeiro a se conformar com isso e assinar embaixo.

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  14. Bruno Tôrres de Melo Rêgo.3:50 PM

    Rodrigo eu concordo plenamente com esse texto, mas o que fazer diante de uma crise, como a que assolou o mundo em 2008? É óbvio que o idela seria não se chegar àquela crise, mas chegamos e precisamos resolver. Não vejo como evitar uma recessão brutal sem investimentos estatais, já que naquele momento boa parte do setor privado estava a beira da morte.

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  15. Pedro, das 3:13 PM,

    Não há diferença nenhuma em dizer que as demandas são permanentes ou infinitas.

    Isso não significa que alguém vai querer consumir o mesmo bem, sem parar, até morrer.

    Significa apenas que, até a nossa morte, sempre haverão demandas a serem atendidas. Cada dia o ser humano acorda com vontades que podem mudar a qualquer momento. Somos animais em constante transformação. Assim que terminamos de atender uma demanda, já surge outra. Por isso dizemos que as demandas são insaciáveism infinitas.

    E para atender essas demandas a única forma é através de uma prévia produção. Você precisa primeiro produzir algo se quiser trocar com alguém ou se quiser consumir você mesmo. É por isso que Say disse que a produção cria a própria demanda, pois cria os meios de atender as demandas que são sempre constantes.

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  16. Anônimo5:57 PM

    Sauer,
    perdoe-me, mas permanente não é o mesmo que infinito.

    Podemos demandar limitadas quantidades permanentemente, mas não podemos demandar infinitas ou ILIMITADAS quantidades, permanentemente ou não (se infinito não há diferença. Infinito se refere a quantidade ilimitada.

    Há coisas das quais precisamos permanentemente, mas não há coisas que precisemos infinitamente, em quantidade ilimitada, porque não somos capazes de usufruir fisicamente de quantidades infinitas, ilimitadas.

    Parece que voce não deseja sequer ler o que escrevi a respeito, muito menos refletir (isso nem dói, garanto). Lhe deve ser proveitoso, mas pelo menos consulte um dicionário.

    A afirmação feita pelo Rodrigo é de que sua demanda é infinita, por infinitos bens e serviços (certamente) e não que sua demanda é permanente por quantidades limitadas de bens.

    Viu só?
    ...Há grande diferença entre a demanada permanente por limitadas quantidades e a demanda infinita, ILIMITADA, (permanente ou não) por bens.

    Demanda infinita se refere a quantidades infinitas e demanda permanente se refere a quantidades limitadas permanentemente. A diferença é muito grande.

    Forte abraço
    Pedro

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  17. Pedro, na minha opinião, você está criando conflitos semânticos desnecessários.
    Os sinônimos para infinito: http://www.como-se-diz.net/sinonimo/infinito.html

    De forma alguma eu quis dizer que alguém vai consumir um infinito. É óbvio que não existe consumo infinito de qualquer coisa. Qualquer ação no tempo é FINITA POR DEFINIÇÂO.

    As demandas de uma pessoa nunca vão acabar (a não ser com a morte). Em nenhum momento alguém vai parar e ficar parado até morrer. Não somos robôs programados a atingir algum objetivo e depois "desligar". Enquanto houver pessoas no planeta, haverá sempre novas demandas.

    Apenas isso é o que eu quero dizer com "demandas infinitas" (também poderia ter dito insaciáveis, ilimitadas, permanentes etc. Não faz diferença para a análise).

    Veja uma das definições mais comuns de ensinam na primeira aula de economia: "Economics is about supplying infinite demand with scarce resources."

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  18. Anônimo5:25 PM

    Muito interessante sua opinião Rodrigo, mas eu penso que você interpretou de forma errônea muitas partes da teoria Keynesiana.
    Tratando exclusivamente da questão de deficiência na demanda agregada:
    A lei de Say não permite que ocorra um descolamento entre demanda e produção, mas é claro empiricamente e isso é parte da teoria Keynesiana, que existe certa rigidez nos preços e mesmo que a demanda fosse infinita( onde no limite, as empresas reduziriam os preços para aumentar as vendas, garantindo assim o equilibrio entre oferta e procura), este equilibrio não seria alcançado facilmente por tal rigidez.
    A demanda por bens também depende da propensão a consumir da população, o consumo, e se todos resolvermos pouparmos ao mesmo tempo não haverá demanda para qualquer produto e as empresas irão a falência. Você pode dizer que obviamente o sistema de preços desistimulará a poupança, através da queda da rentabilidade dos investimentos, mas isso não ocorre de forma instantânea e o descolamento de tempo para o ajuste já um bom motivo para ocorrer uma recessão e por isso o Governo ou qualquer outra entidade deve agir através de políticas anticíclicas.

    Quanto a frase de introdução a economia do Gustavo Sauer, acho que ele foi extremamente infeliz, pois esta frase é uma metáfora e qualquer estudante de economia entende que levá-la de forma literal beira à ignorância.

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