Rodrigo Constantino
Deu no Der Spiegel: A Vote of No Confidence in Europe
Diz um trecho da matéria:
Germany and France are serious this time. During next week's meeting of European Union interior ministers, the two countries plan to start a discussion about reintroducing national border controls within the Schengen zone. According to the German daily Süddeutsche Zeitung, German Interior Minister Hans-Peter Friedrich and his French counterpart, Claude Guéant, have formulated a letter to their colleagues in which they call for governments to once again be allowed to control their borders as "an ultima ratio" -- that is, measure of last resort -- "and for a limited period of time." They reportedly go on to recommend 30-days for the period.
Como tenho repetido ad nauseam, a tentativa de forçar um casamento sem afinidades culturais na zona do euro vai acabar produzindo uma separação litigiosa. No afã de selar a paz imposta de cima para baixo pela moeda comum, a elite europeia acabou parindo enormes desequilíbrios econômicos, e agora demandam uma união fiscal na marra, à revelia dos alemães (que pagariam o grosso da conta).
Uma moeda comum depende de alguns fatores para funcionar, como realidades econômicas não tão díspares e mobilidade de mão de obra. Quando os paulistas pagam via transferência federal para os maranhenses, isso é tolerado em nome da "cultura nacional" ou, no limite, há um êxodo de nordestinos para o sudeste, como ocorreu no passado. O mesmo se dá dentro dos Estados Unidos. Na China e na Rússia o fenômeno não ocorre livremente porque o estado autoritário controla a migração, exigindo passaportes mesmo dentro das fronteiras.
Mas e quando os gregos precisam migrar para a Alemanha? Não só a língua é totalmente diferente, como a cultura e o sentimento patriótico são distantes. Acaba que este pilar crucial da união monetária fica faltando. Os gregos - e portugueses, e espanhóis, e italianos - não são livres de fato para migrar para a Alemanha, ajudando a equilibrar as respectivas economias. Ao mesmo tempo, os alemães não aceitam transferir recursos, o que seria equivalente do ponto de vista econômico. Resta, então, fechar as fronteiras e criar ainda mais desequilíbrios entre suas economias. O euro vai ficando cada vez mais insustentável desta forma.
Rodrigo,
ResponderExcluirO Euro não acaba gerando alguns dos efeitos do Padrão Ouro?
Deixando a política monetária à cargo dos países, eles teriam liberdade para "corrigir" alguns desses fatores via inflação. Isso seria melhor?
[]s
Juliano
Juliano, de fato, o euro acaba fazendo o papel do padrão-ouro. Mas não sei se é melhor. Como uma países dificilmente farão as reformas impostas por este padrão, ou a Alemanha aceita transferir renda (com todo seu moral hazard), ou o euro pode implodir, e este cenário parece pior ainda que a desvalorização da lira, dracma e escudo. Seria uma deflação geral.
ResponderExcluirMas Alemanha tem se beneficiado muito com um euro desvalorizado do seu ponto de vista.
ResponderExcluirPois se voltassem com o marco, este valeria muito e a Alemanha também ficaria em situação difícil.
Certo ou errado?
Apesar de serem assuntos parecidos, o que a referencia original trata eh do acordo Schengen, que permite a passagem de pessoas entre fronteiras sem controle de passaporte. Esse acordo eh muito anterior ao Euro. Inclusive, alguns paises nao fazem parte da Uniao Europeia e nao usam o Euro, mas fazem parte do acordo Schengen (Noruega, Suecia, Dinamarca, mas acho que essa ultima resolveu sair ja no ano passado).
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