Trechos da entrevista de Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, a Duda Teixeira, nas páginas amarelas da revista VEJA:
"O protecionismo, por mais que pareça dar oportunidades imediatas aos grupos nacionais, é pouco eficiente a médio e longo prazo. Quando se diminui a exposição do país à competição externa, os consumidores são obrigados a pagar um preço mais elevado por um determinado nível de consumo ou de realização de serviços. Ora, se uma parte desse gasto for liberada para a compra de outro produto ou para investimentos, a economia no seu conjunto ganhará mais. Portanto, mais vale privilegiar a competição internacional do que proteger os nossos campeões internos."
"Os desequilíbrios existentes em Portugal são resultado de más decisões tomadas por nós mesmos. Usamos mal o dinheiro, selecionamos mal os projetos de obras públicas, aumentamos os impostos para gastar em serviços de pouco valor, não flexibilizamos suficientemente o mercado de trabalho, não abrimos a economia..."
"As medidas de austeridade que estamos adotando não são a origem do problema. São parte da solução."
"O objetivo é tirar o estado da economia, acabar com o estado patrão, dono de empresas. Pretendemos atrair capital novo para Portugal, recebendo empresas que podem ter relevância para internacionalizar a nossa economia e tornar nossas empresas mais competitivas."
"Os portugueses sentem que o estado não foi um bom gestor de empresas. O custo delas para o país e para os contribuintes é muito elevado."
"O fato de Portugal ter entrado na zona do euro facilitou o financiamento de obras e tornou a seleção dos projetos frouxa e pouco exigente. Como resultado, Portugal ganhou uma rede de estradas muito além das nossas necessidades. Não há tráfego que justifique todos os investimentos feitos na malha viária. Desperdiçamos muito dinheiro em projetos sem retorno financeiro. Sucessivos governos também aumentaram as despesas com gasto de pessoal e serviços sociais, como educação, aposentadorias e seguro-desemprego, que hoje equivalem a toda a receita tributária. O resto é déficit. Se quisermos um país mais competitivo, o que só pode surgir do lado privado, teremos de reduzir o peso do setor público."
"Temos de deixar a economia respirar, ser mais aberta ao capital externo, mais focada nos mercados globais."
Comentário: Se o primeiro-ministro vai ou não conseguir adotar as reformas necessárias, eu não sei. Mas sem dúvida ele tem o diagnóstico correto do problema. E não apela para bodes expiatórios, tampouco reclama que a dolorosa austeridade é parte do problema, como fazem outros populistas europeus. O caso português é importante de se entender, pois ele parece muito com a situação de certo grande país tupiniquim, hoje ainda na fase da bonança insustentável. Gastos sociais crescentes, investimentos sem retorno financeiro (trem-bala? estádios de futebol?), fechamento dos mercados com mais protecionismo, escolha dos "campeões" locais, enfim, a ex-colônia segue os passos da ex-metrópole, e podem anotar: o destino será o mesmo!
Lá estão fazendo as políticas de austeridade pregada pela escola austríaca e até agora só vemos fracasso. A dívida aumentou, o PIB caiu, o desemprego aumentou. O liberalismo está sendo utilizado na Europa com várias reformas. Até agora não deu resultado. Vamos ver no futuro. Só não pode liberal abandonar o filho depois que ver ele ficou feio.
ResponderExcluirEngraçado, é melhor tr um Estado monstruoso e corrupto como o nosso?
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