Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
Uma
vez mais apontado como o técnico da nossa seleção, Felipe Scolari entrou de
sola ao declarar que os jogadores têm que aceitar a pressão, caso contrário
deveriam trabalhar no Banco do Brasil. Naturalmente, sua fala incomodou a turma
defensora do estado empresário. Mas ele não mentiu.
Claro
que nem todos os funcionários públicos são acomodados. Tem gente séria
trabalhando em estatais. Mas os raladores de verdade são exceção, não a regra.
E o motivo está no mecanismo de incentivos. Como Felipão bem sabe, o jogador,
para dar o melhor de si, precisa dessa pressão, da punição se jogar mal, e do
bônus se arrebentar.
O
mesmo não ocorre nas estatais. Os funcionários estão cercados de privilégios, e
quase nunca o mérito é utilizado como régua, sendo mais comum o uso de
politicagem na escada hierárquica dessas empresas. Vide os escândalos
infindáveis envolvendo estatais, as indicações apadrinhadas, os favorecimentos
dos compadres.
Mas
nem todos os funcionários públicos podem trabalhar sem pressão. Aqueles da
Receita Federal precisam trabalhar direito para tirar mais recursos da
sociedade e transferi-los aos cofres do governo. Por isso virou manchete, como
de praxe: arrecadação bate novo recorde!
Trabalhamos
mais de um terço do ano só para sustentar o setor público. Como a carga é
escandinava, mas os serviços são africanos, ainda temos que pagar tudo em
dobro: plano de saúde privado, segurança do condomínio, escola particular para
os filhos etc. Como seria bom se os acomodados estivessem na Receita em vez de
no Banco do Brasil...
Para
resolver a ineficiência de nossas estatais, nem a pressão do Felipão dá jeito,
pois ele não teria liberdade para agir com base na meritocracia. Só resta mesmo
uma saída: Privatize Já!
Felipão exagerou um pouco, sim. Provavelmente, devido à noção de funcionário do Banco do Brasil que se tinha quando ele era mais jovem. É importante, frisar, contudo, que o Banco do Brasil passou por profunda mudança organizativa durante o governo FHC, sobretudo em 1998, mudança esta que até hoje revolta alguns funcionários mais antigos, pré-1998. Sem dúvida, o Banco do Brasil ainda têm inúmeros problemas. Na minha opinião, na qualidade de ex-funcionário, alguns deles são nitidamente devidos à sua condição de empresa de economia mista, como critérios pouco transparentes para comissionamento de administradores e de alguns cargos na Direção Geral e processos internos com excesso de burocracia. Mas o dia a dia de um funcionário médio do Banco do Brasil, que trabalha nas agências, é de muita pressão pelo atingimento de metas negociais e prevê punições em caso de desempenho insatisfatório. Tanto que a lucratividade do Banco nos últimos anos foi muito semelhante a de seus concorrentes privados. Na minha época de funcionário do Banco, vi colegas de várias agências ficarem sem a participação nos lucros em virtude do não atingimento de metas. Vi administradores de agência (gerentes gerais) perderem a comissão por isso. Não perderam o emprego, de fato, mas vi muitos voltarem ao piso da carreira (escriturário). E é necessário esclarecer: o funcionário do BB é celetista, como qualquer um que trabalha na iniciativa privada, e não tem estabilidade no cargo. A promoção interna se dá por meio de comissionamentos, e a comissão pode ser revogada. No entanto, como ranço de empresa de economia mista, reconheço que os processos de descomissionamento em geral são burocráticos e demorados, à exceção, talvez, do cargo de gerente geral de agência. Neste caso, não atingiu a meta, está fora. Pelo exposto, acho que Felipão exagerou um pouco. Por desconhecimento da realidade atual do Banco. O que ele disse é verdade em muitos lugares. No Banco do Brasil, nem tanto.
ResponderExcluirFelipão exagerou um pouco, sim. Provavelmente, devido à noção de funcionário do Banco do Brasil que se tinha quando ele era mais jovem. É importante, frisar, contudo, que o Banco do Brasil passou por profunda mudança organizativa durante o governo FHC, sobretudo em 1998, mudança esta que até hoje revolta alguns funcionários mais antigos, pré-1998. Sem dúvida, o Banco do Brasil ainda têm inúmeros problemas. Na minha opinião, na qualidade de ex-funcionário, alguns deles são nitidamente devidos à sua condição de empresa de economia mista, como critérios pouco transparentes para comissionamento de administradores e de alguns cargos na Direção Geral e processos internos com excesso de burocracia. Mas o dia a dia de um funcionário médio do Banco do Brasil, que trabalha nas agências, é de muita pressão pelo atingimento de metas negociais e prevê punições em caso de desempenho insatisfatório. Tanto que a lucratividade do Banco nos últimos anos foi muito semelhante a de seus concorrentes privados. Na minha época de funcionário do Banco, vi colegas de várias agências ficarem sem a participação nos lucros em virtude do não atingimento de metas. Vi administradores de agência (gerentes gerais) perderem a comissão por isso. Não perderam o emprego, de fato, mas vi muitos voltarem ao piso da carreira (escriturário). E é necessário esclarecer: o funcionário do BB é celetista, como qualquer um que trabalha na iniciativa privada, e não tem estabilidade no cargo. A promoção interna se dá por meio de comissionamentos, e a comissão pode ser revogada. No entanto, como ranço de empresa de economia mista, reconheço que os processos de descomissionamento em geral são burocráticos e demorados, à exceção, talvez, do cargo de gerente geral de agência. Neste caso, não atingiu a meta, está fora. Pelo exposto, acho que Felipão exagerou um pouco. Por desconhecimento da realidade atual do Banco. O que ele disse é verdade em muitos lugares. No Banco do Brasil, nem tanto.
ResponderExcluirJá fui auditor (privado) do Banco do Brasil e posso afirmar que o Felipão não exagerou em nada. Passei meses no prédio Sede I do BB, localizado em Brasília e deu vergonha de ser brasileiro ao ter conhecimento do rítmo de "trabalho" existente nessa instituição. A rotina era a mesma de um desempregado, pois a maioria das pessoas faziam tudo, menos trabalhar. Certamente, esse banco só existe ainda devido ao imenso spread bancário, concentração de bancos no mercado e ao governo federal, pois, devido à ineficiência (pra não escrever outra coisa), em um mercado competitivo certamente já teria falido.
ResponderExcluirPrivatize já!
Igor
Para ter gerado tanto debate, é porque ele tocou na ferida. Falou o que todo mundo pensa. E sério!
ResponderExcluirMárcio Astrachan
O Felipão como outros que falam essa besteira de não ter pressão em trabalhar no BB não sabem do que estão falando. Trabalhei 4 anos no Banco do Brasil, entre o varejo e o corporate, e existe muita pressão. Os funcionários do BB não são funcionários públicos, acho que todos sabem disso. É verdade que quase não há demissão no Banco, mas é muito comum perder a comissão (não é comissão de vendas, mas "cargos") e sem esse acréscimo no salário todos os funcionários recebem praticamente a mesma coisa. E para garantir a comissão é necessário "matar um leão por dia".
ResponderExcluirExiste funcionário vagabundo como em qualquer lugar, mas a maioria rala pra caramba.
Ser técnico da seleção, receber R$ 300 mil e viajar o mundo todo por conta da CBF não tem mais pressão do que um gerente do BB que recebe ligações, emails, torpedos etc cobrando metas.
Quem não conhece a rotina dos funcionários do BB que se informe, pois reproduzir algo errado é para papagaios que não sabem pensar.
Em qquer lugar, trabalho depende muito de atitude, iniciativa, e sim, um pouco de pressão ou estresse. Naquela final de 2006 por exemplo faltou isso tudo a seleção brasileira. Vamos ver se o Filipão trabalha bem de novo. O lado ruim disso ocorrer, ganharmos a copa, é o povo achar que o Brasil, país, tá no rumo certo!
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