Rodrigo Constantino
A matéria de capa da revista VEJA desta semana traz a polêmica sobre os limites do mercado. Devemos ter a liberdade de vender um rim? De aceitar ser cobaia em um experimento medicinal? A revista toma o partido de Michael Sandel, professor de filosofia em Harvard e autor de "Justiça" e "O que o dinheiro não compra".
Considero o debate fascinante, e desconfio de quem tem postura muito extremada no assunto. Ele é complexo mesmo! Mas confesso que, na dúvida, sou sempre pela liberdade de trocas voluntárias entre adultos responsáveis, desde que isso não prejudique terceiros.
A revista afirma, por exemplo, que os jovens que aceitam ser cobaias nos testes de remédios novos não são livres de verdade, pois seu poder de barganha está comprometido por sua situação financeira. Lógica muito perigosa! Pelo mesmo caminho, quase qualquer um que aceita um emprego que não é o do seus sonhos cai nesta categoria.
Será que um policial que sobe as favelas cariocas tem "liberdade de escolha" pela ótica da revista? No entanto, quem poderia negar que ele corre riscos mortais? E quem somos nós para impedir sua decisão?
Não fujo da polêmica em meu novo livro "Privatize Já!" (LeYa), que tem um capítulo justamente sobre isso, perguntando: Seu corpo é mesmo seu? Cito Sandel, reconheço a delicadeza do tema, mas tomo o partido contrário de VEJA.
Acho sim que é repulsivo "mercantilizar" certas coisas, como a virgindade, por exemplo. Acho abominável e imoral certos valores serem vendidos por um preço. Mas não acho que o estado tem o direito de impedir tais trocas, via de regra. E nem tudo aquilo que é imoral deve ser também ilegal.
Na dúvida, eu escolho a liberdade (e responsabilidade) do adulto tomar sua própria decisão, mesmo que influenciada pelas restrições orçamentárias (e quem não tem tais restrições, à exceção de uma minúscula minoria de ricaços?).
Sobre a lógica da liberdade de escolha dada a situação financeira, é a forma pela qual a esquerda tenta responder ao debate, distorcendo o significado de Liberdade, tirando o foco sobre a liberdade individual, de expressão e pensamento, e colocando todo sobre as questões materiais e limitações naturais que restringem não a liberdade, mas a onipotência.
ResponderExcluirA máxima do seu post Rodrigo, pra mim, é "E nem tudo aquilo que é imoral deve ser também ilegal."
A questão da proibicao dos jovens é mais por imaturidade do que "barganha".
ResponderExcluirMesma coisa quanto ao bullying. Fazer isto contra jovens tem todo um aspecto psicológico pois o jovem não sabe ser defender. Mas em adultos... get over it!!
Importante dizer que qualquer ser humano, salvo um sheik qualquer, tem limitações orçamentárias dentro do seu universo. O Eike Batista, mesmo turbinado pelo BNDES, não pode comprar um time de futebol inglês como o fazem russos e sheiks. É tudo uma questão de referencial. Tolher a liberdade com base nesse argumento, não é apenas perigoso, mas legitima qualquer restrição à ela.
ResponderExcluira moça só está exercitando o direito de optar pela profissão mais antiga do mundo. não entendo a polêmica
ResponderExcluirEsse caso revela, de maneira triste, é verdade, o conteúdo ético do sistema capitalista: é o único sistema econômico que respeita a liberdade do indivíduo; a tal ponto de este poder optar por fazer dela uma coisa detestável como essa.
ResponderExcluirA verdadeira liberdade (valor supremo) só existe quando o indivíduo pode realmente optar por fazer o bem ou o mal.
Rodrigo
ResponderExcluirSem nenhuma religiosidade, sem pieguismo e carolismo, liberdade com responsabilidade, livre-arbítrio sempre (desde que não agrida a terceiros) me lembrou muito da famosa frase altamente responsável de Paulo de Tarso: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém".
Abraço
É triste perceber que nem todo mundo se deu conta, tal qual os marqueteiros do Mastercard, que "algumas coisas na vida simplesmente não têm preço".
ResponderExcluirComo diz o povo: no capitalismo, algumas pessoas são tão pobres que só possuem dinheiro.
É complicado mesmo esse assunto, mas concordo que, na dúvida, cada um que responda por seus atos, e se vai dormir com a consciência limpa ou não, isso não me diz respeito.
ResponderExcluirEu, particularmente, não ficaria orgulhoso acaso essa menina fosse minha parente (por questões logicamente morais), mas o fato dela fazer isso, pensando nas liberdades individuais, não me incomoda.
Por mais que a proibição à prostituição venha de uma longa construção moral da sociedade, se pararmos para refletir de forma mais ampla, parece ser um precedente para outras proibições que nos levem ao mundo coletivista.
São coisas que parecem pequenas, e que muitas vezes que vêm para nosso suposto bem, mas quando vamos ver, o Estado está regulando a nossa moralidade, alimentação, hábitos, gostos etc.
Temos então um conflito explicíto entre a realidade subjetiva e a realidade absoluta do que realmente signfica liberdade individual.
ResponderExcluirEu sou muito cético quanto a insistência de alguns de invocar a harmonia entre racionalidade e liberdade individual, como se a entidade homem fosse uma espécie de ser onde suas decisões são supremas.
Inclusive o avanço de algumas áreas como a sociologia e economia comportamental, em vez de endossar, tendem a colocar um freio em questões como essas que até então possuiam uma status de inviolabilidade, como por exemplo o livre mercardo.
Enfim, embora seja um assunto extremamente delicado, por si só não elimina a possibilidade de o estado legislar sobre essas questões, muito embora a linha seja muito tênue com o princípio do autoritarismo e um total faroeste com o qual algumas pessoas sonham, onde tudo pode, desde que você não faça mal a terceiros.
Att,
Fica difícil não se intrometer no assunto, muito embora não seja chamado. Antes da liberdade, ou no máximo ao seu lado, há que se considerar a ordem das coisas. Todo universo físico obedece a leis, independentemente da vontade humana. As leis formalizadas pelo homem são uma transmutação daquilo que observou na natureza para a convivência humana. Sem ordem qualquer liberdade se transfere para o caos. E existem sim leis morais, aquelas que regulam a convivência e trazem harmonia entre nós. Falar de liberdade excluindo ou omitindo a ordem é formatar um corpo físico com ausência de inteligência. Já se pensou em fazer um jogo sem regras, onde cada um dos contendores apenas se utiliza de sua liberdade?
ResponderExcluirComplemento o que escrevi observando que somente podemos estudar o cosmo tendo em vista a sua inteligibilidade e principalmente à sua ordem. Se não houvesse ordem não existiria ciência alguma.
ResponderExcluirQue exemplo essa desgraçada tá dando...quem tem filha hein?Deve ser um inferno
ResponderExcluirNao vejo nada demais. Quantas mulheres se estapeiam para dormir com um famoso e rico( de preferencia milionário) pelo simples status que isso dá... Essa discussão estaava muito em moda na época do filme proposta indecente. A menina alem de ser comida levou uma grana. Quem posa pelada, arreganhada, mostrando o grelo igual a Gallisteu, e toooooodo mundo disso que aquilo foi uma inovação no nu artistico(rsrsrsrsrsrs). E quem é DI MENOR,- lembrendo que pela lei o trabalho infantil é proibido- tal qual a Bruna Marquezine, faz papel valorizando a piranhisse, e quem vira uma caveira ambulante- caveira(!) para desfilar e ganhar seus milhões, vendendo sua saúde física e mental. Isso também é imoral? E não é?!!, Vende quem quer, paga quem pode. É a lei do mercado.
ResponderExcluirMônica Pires - Itaperuna RJ
Mas isso é muito diferente.
ResponderExcluirNão tem nenhum problema se a mulher quer um cara rico pra ter um relacionamento estável, construir família, ficar com ele pro resto da vida.
Muito diferente do que essa daí e muitas outras fazem, essa glamurização gratuita da prostituição.
Quem mais perde com isso é ela própria, eu sinceramente não acredito que uma puta seja feliz,por mais dinheiro que ela ganhe
Não entrei no mérito de felicidade pessoal, só tive a preocupação em repensar esse trecho "Acho sim que é repulsivo "mercantilizar" certas coisas, como a virgindade, por exemplo. Acho abominável e imoral certos valores serem vendidos por um preço. Mas não acho que o estado tem o direito de impedir tais trocas, via de regra. E nem tudo aquilo que é imoral deve ser também ilegal. " pois o que procurei questionar foram certos valores e imagens tão caros à nossa puritana(rsrsrsr) sociedade.
ResponderExcluirAtt Mônica Pires.
A questão não está sendo tratada como deveria. Rodrigo, não vi nenhum economista lembrando que 27% da virgindade da guria deve ir para o leão. Ou seja, o mesmo percentual que eu que acordo cedo e pego ônibus para ir ao trabalho devo recolher. Isso é justo? Uma imoralidade ser taxada da mesma forma que algo dentro da moral...
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