Luiz Felipe Pondé, Folha de SP
Fazer a cabeça das crianças sempre foi um dos pratos prediletos do fascismo. Agora, nem a Branca de Neve escapa, coitada, do ódio dos fascistas. O conjunto de "estudos" que se dedica a fazer a cabeça das crianças é parte do que podemos chamar de "oppression studies". Você não sabe o que é?
"Oppression studies" é uma expressão usada pelo jornalista americano Billy O'Reilly, da Fox News, para se referir às "ciências humanas engajadas no controle das mentes". Explico.
Reprovou um aluno? Opressão. É preguiçoso? Não, a sociedade te oprimiu e fez você ficar assim. Um ladrão te assaltou? Ele é o oprimido, você o opressor. Aliás, sobre isso, vale dizer que, com a violência em São Paulo, devemos reescrever a famosa frase do Che: "Hay que enfiar la faca em la cavera, pero sin perder la ternura jamás".
A frase dele, assinatura de camisetas revolucionárias, é: "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás". Essa camiseta é a verdadeira arma contra gente como ele. Os americanos deveriam afogar o Irã em Coca-Colas, Big Macs e pílulas anticoncepcionais para as iranianas transarem adoidado com seus amantes.
Convidou uma colega de trabalho para jantar? Opressão! Você é um opressor por excelência, deveria ter vergonha disso. Não é um amante espiritual do Obama? Opressor! Come picanha? Opressor! Não acha que a África é pobre por culpa sua? Opressor! Suspeita de que o sistema de cotas vai destruir a universidade pública criando um novo espaço de corrupção via reserva tribal de mercado e compra de diplomas de escolas públicas? Se você suspeita disso, é um opressor! Acha que uma pessoa deve ser julgada pelos seus méritos e não pelo que o tataravô do vizinho fez? Opressor! Anda de carro? Opressor! Ganhou dinheiro porque trabalha mais do que os outros? Opressor!
Os "oppression studies" sonham em fazer leis. Por exemplo, recentemente, um comitê de gênero (isto é, o povo que diz que sexo não existe e que tudo é uma "construção social", claro, opressora) desses países em que o "mundo é perfeito" teve uma nova ideia. Esses caras (ou seriam car@s?) querem proibir qualquer propaganda ou programação infantil que reproduza imagens de mulher sendo mulher e homem sendo homem. Não entendeu? É meio confuso mesmo. Vamos lá.
Imagine uma propaganda na qual existe uma família. Segundo os especialistas em "oppression studies", para a marca não ser opressora, a família não pode ser heterossexual, porque se assim o for, o "espelho social" (a imagem que a mídia reproduz de algo) fará os não heterossexuais se sentirem oprimidos.
O problema aqui não é que as pessoas devem ser isso ou aquilo (melhor esclarecer, se não eu viro objeto de estudo dos "oppression studies"), mas sim por qual razão esses cem car@s (não são muito mais do que isso), que não têm o que fazer na vida a não ser se meter na vida, na família e na escola dos outros, têm o direito de dizer o que meus filhos ou os seus devem ver na TV? Até quando vamos aturar essa invasão da vida alheia em nome dos "oppression studies"?
Contos de fadas como Branca de Neve, Cinderela e Gata Borralheira são grandes objetos de atenção dos "oppression studies". Claro, as três são oprimidas, por isso gostam dos príncipes. Se fossem livres, a Branca de Neve pegaria a Cinderela. Humm... não seria uma má ideia....
Veja o lixo que ficou a releitura da Branca de Neve no filme que tem a atriz da série "Crepúsculo", a bela Kristen Stewart, como a Branca de Neve. Coitada...
A coitada tem que terminar sozinha para sustentar sua posição de rainha "empoderada", apesar de amar o caçador (passo essencial para libertar nossa heroína da opressão de amar alguém da nobreza, o que seria ainda mais opressor).
Os "oppression studies", na sua face feminista, revelam aqui o ridículo de sua intenção: fazer de toda mulher uma mulher sem homem porque ela mesma é o homem. Todo mundo sabe que isto é a prova mais banal da chamada inveja do falo da qual falam os freudianos. Fizeram da pobre Branca de Neve uma futura rainha velha e sem homem. Ficará azeda como todas que envelhecem assim.
Um fato que se aprende com a idade: a FADA e a BRUXA, são as mesmas pessoas...
ResponderExcluirPor mulher azeda entende-se tratar de uma mulher amargurada.
ResponderExcluirMas eu pergunto: Há alguma explicação científica que relacione a amargura de uma mulher com a ausência de homem, isso na faixa etária da meia-idade? Se sim, o mesmo ocorre com os homens, ou os varões são imunes?
O que eu já vi foram muitos homens desajustados, intolerantes e machistas arruinarem a vida de mulheres bem intencionadas e promissoras. A porcentagem de homens viciados em álcool e drogas no Brasil é impressionante, fora outras mazelas que podem tornar a vida do casal insuportável e destrutiva.
Se existe esse fenômeno apontado pelo Pondé(síndrome da mulher solteirona-amargurada), este é fruto de uma cultura que ensina as mulheres desde crianças a serem submissas aos homens, a sacrificar seus sonhos e expectativas em nome do casamento, a ter sua voz calada com cidadã em detrimento de misóginos, misóginos estes que fundaram praticamente todas as religiões do mundo.
O comentário de hoje do Luiz Carlos Prates, do SBT Santa Catarina, tem a ver com o que eu quis dizer no post anterior:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=8EeJZBp_Gv8
Euclides
ResponderExcluirEu discordo do seu comentário que mulheres são "educadas" para serem do lar ou quererem um marido. Pergunte a qualquer mulher, independente da formação que teve, que o maior sonho dela é ter marido e filhos. E isto não é ensinado, é biológico mesmo.
Mulher não gosta de ser mandada por homem, mas odeia ainda mais ter que ficar "carregando" um. Mulheres, como todos os indivíduos, desejam ter autonomia, mas sentem necessidade de um homem para suportar junto as dores e responsabilidades da existência (o contrário também vale).
Este conceito é também explorado por Pondé que, segundo ele, mulher odeia homem fracassado.
"Pergunte a qualquer mulher, independente da formação que teve, que o maior sonho dela é ter marido e filhos. E isto não é ensinado, é biológico mesmo."
ResponderExcluirQualquer mulher? Maior sonho? Viajou legal, hein!
Claro que mulher odeia fracassado. E isso não é do Pondé, muita gente já notou o óbvio antes dele
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=e1d5h0Y4BWk
Tornar a branca de neve um trambolho masculinizado não é inveja do falo, é só um meio pra chegar em um fim.E o fim é reforçar a conversa de que tudo é cultural, o que serve pra culpar o homem e o chamar de opressor quando ele simplismente age como homem.
ResponderExcluirObrigar os homens a sufocar sua natureza cria uma geração de desequilibrados neuróticos.
' "Pergunte a qualquer mulher, independente da formação que teve, que o maior sonho dela é ter marido e filhos. E isto não é ensinado, é biológico mesmo."
ResponderExcluirQualquer mulher? Maior sonho? Viajou legal, hein! '
Sempre tem as que acreditam no feminismo e vão priorizar a carreira, chegam nos trinta e ficam desesperadas quando notam que não tem mais um mar de otários se jogando nos pés dela.
Prezado L F Pondé
ResponderExcluirVeja como o tema Homem -Mulher e suas intermináveis leituras e visões,continuam, e isso é bom, gerando debates acalorados e de bom nível. Isso me remete aquela clássica pergunta de Freud " O que quer uma mulher?", muito discutida no meio psicanalítico. E até hoje, confesso...
Mas, o que particularmente gostei deste novo texto foi a precisão na identificação de um grupo social que tenta nos impor um modelo do que é certo e errado. Sempre teremos o certo e o errado, mas cabe a cada um de nós descobrir o seu próprio "certo e errado".
Márcio Astrachan
ps: desculpem não ter oferecido a fonte;
ResponderExcluir"Nunca fui capaz de responder à grande pergunta: o que uma mulher quer?"
- Carta a Marie Bonaparte, como citado no "Sigmund Freud: Life and Work" [Sigmund Freud: Vida e Trabalho] (1955) por Ernest Jones, vol. 2, Pt. 2, Pt. 3, Ch. 3, Ch. 16
Márcio Astrachan