Carta da MP Advisors (Dezembro, 2012)
"Insanidade é
continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados
diferentes"
Albert Einstein
Fim
de ano é tempo de fechar o balanço do tempo que se encerra e planejar os
movimentos para o ano que se abre. E isso se aplica também aos nossos
investimentos. Nesta carta, vamos dar
uma atenção maior ao momento em que o Brasil vive e o que podemos esperar até o
final do mandato Dilma, em especial para o próximo ano.
Primeiro, vamos começar definindo o
que somos hoje para depois inferir para onde iremos. Hoje, somos um país que cresce pouco, cresce bem menos que outros
países em desenvolvimento (em 2012 só não ficamos piores do que o Paraguai),
com inflação persistente e maior do que de nossos pares. Também somos um país não só corrupto, mas
igualmente leniente com a corrupção.
Temos uma carga tributária europeia de 36% do PIB com serviços públicos de
qualidade impublicável. E o dramático é que não se pode culpar a
"crise externa", já que estamos mal no absoluto e também no relativo
(em termos de América Latina). É
claro que, quando comparamos os tempos atuais com, por exemplo, os anos
"Sarney", estamos materialmente bem melhor, porém fica sempre aquela
sensação de dois passos para frente e um passo para trás. Este é o ponto: quantas
oportunidades perdidas estamos deixando para trás.
O crescimento baixo
é algo que frustra a todos, começando pelo Ministro Mantega que começou 2012
bravateando um crescimento de mais de 4% e foi obrigado a comprar o seu peru de
Natal murmurando um singelo 1% entre os dentes.
O que deu errado na estratégia do
Governo? Afinal, não faltaram
medidas expansionistas como redução de impostos sobre o consumo e um corte
jamais visto na taxa de juros real. Se havia
funcionado em 2009 porque não deu certo agora?
Há dois ou três suspeitos. O
primeiro é que a maioria já está de casa e garagem equipada e que há excesso de
dívidas e juros a serem pagos. O espaço livre nos orçamentos para novas
prestações parece estar cada vez menor. O segundo, um item pouco observado,
é o crescimento bem acima da inflação, nos últimos anos, dos gastos das empresas
com mão-de-obra e aluguel resultando em menos dinheiro para investimentos. E o
terceiro e último suspeito, mas não menos importante, a sanha intervencionista
do governo que resolve se meter desde no fator de proteção solar dos
bronzeadores até em quanto um operador do sistema elétrico deve ganhar. A
sensação é que diante de tantas mudanças (algumas parecidas com um cavalo-de-pau
de 180 graus) o investidor grande e também o pequeno simplesmente pararam para
ver onde tudo isso vai dar.
A
economia não anda simplesmente porque meia dúzia de burocratas iluminados cria
decretos em ritmo frenético. A economia
é a soma das pequenas decisões de consumo e investimento de milhões e milhões de
pessoas e empresas todos os dias. Se estes agentes se sentem inseguros para
colocar o seu suado dinheiro para trabalhar, eles simplesmente se retraem. E quem se sente seguro com regras que mudam
todos os dias?
No que diz respeito
à inflação, fechamos 2012 em 5,84% (e isso sangrando a Petrobrás para não aumentar
o preço dos combustíveis), num ano no qual o PIB mal e mal saiu do lugar. Imaginem a inflação num ambiente de
crescimento como estaria?
Particularmente, achamos difícil que todo esse experimentalismo
expansionista não se traduza em aumento dos preços na economia. A título de curiosidade, a inflação pelo
método antigo de cálculo teria estourado o teto de 6,5% em 2012.
Todo modelo calcado
em dívida e consumo tem um limite, e parece que chegamos ao nosso. O próprio governo aparenta ter esse
entendimento quando diz que se
concentrará nos investimentos, ou seja, na expansão da
oferta. Mas a
insanidade (desespero) aparece quando eles soltam (no apagar das luzes de 2012)
mais um pacote de estímulo ao consumo.
Repetem
as ações do passado esperando um resultado diferente no futuro. Não tem como dar certo. No que tange aos investimentos, divulgam novas
diretrizes
para o setor elétrico que simplesmente quebram as empresas geradoras, dando
como contrapartida uma renovação antecipada das concessões. Ou é isso ou então perde-se a concessão que
irá vencer. Tudo de forma muito
autoritária e sem o menor diálogo. Caso tivesse 10 bilhões de dólares para
investir, você assinaria o cheque neste ambiente?
Não
se discute aqui o correto diagnóstico da necessidade de redução do custo
Brasil, isso é tão claro quanto um dia de sol na praia. O que se apresenta como "areia nas
engrenagens" é a maneira de como a governanta (ou seria governante?) vem
implementando as coisas. Para 2013 a pergunta de ouro para a
economia é como Dilma irá se comportar, como uma executiva pragmática que sabe
corrigir os rumos errados, ou como uma dogmática e teimosa criatura dos anos
60? Chile ou Argentina? São os dois
caminhos que se apresentam diante de nós.
É
neste cenário em deterioração (que pode ser revertido ainda) que falaremos
agora das opções de investimento para 2013.
Na renda fixa
podemos esperar um banco central que continuará dócil ao comando do governo
central e, por isso mesmo, aumentos de taxas de juros não estão no radar. Creio que é razoável trabalhar com o atual
patamar de 7,25% para o ano. O
investidor tem sempre 03 opções na renda fixa, ficar pós-fixado, ficar
pré-fixado ou ficar grudadinho nos ativos de inflação. Na primeira (assumindo-se um IPCA de 6%) o juro
real líquido é de apenas 0,15%. Na segunda opção os prêmios estão magros e
somente em 2015 se verá algo projetando acima dos atuais 7,25% (mesmo assim
108% do CDI. se os juros não subirem até lá) e na última opção pode-se dizer
que no caso das NTNB´s boa parte da gordura já foi consumida. Para
onde o investidor de renda fixa deve correr neste momento?
A solução é
alongar. O almoço grátis de retorno com
liquidez imediata acabou. Hoje, há boas
emissões de CRI´s com prazos médios dilatados, porém com juros reais (e isentos
de IR) na casa de 4%-5% ao ano. Neste ambiente, o papel do consultor financeiro é de suma importância,
pois análise de crédito não é algo trivial. Outra opção cada vez
mais popular são os fundos imobiliários. Trata-se
de um produto relativamente novo no Brasil e que merece uma análise caso a caso. Há bons e maus fundos imobiliários. Conceitualmente
falando, pode ser interessante sim pela isenção tributária e pelo potencial de
proteção inflacionário, afinal trata-se de ativos reais.
Quando
falamos de bolsa, é melhor usar o plural, afinal temos duas bolsas hoje no
Brasil. Uma é a das empresas sob intervenção do governo, de pouca valorização e
bem baratas (PL médio de apenas 9) e a outra é a das empresas que escapam
(ainda) da sanha intervencionista do governo e por isso são caras (PL de 19) e
valorizadas. Continuamos crendo que com 500 empresas sendo negociadas em bolsa, o
melhor é fazer uso de bons gestores especializados. Entrar sozinho neste mar revolto é pedir para
se afogar.
No universo vasto
dos multimercados, cremos que 2013 não será tão viçoso quanto 2012, afinal a festança
das NTNB´s já está perto do fim e a valorização da bolsa "sem intervenção"
tem um limite. O ano será desafiador e irá
separar aqueles 10% que sempre se destacam do resto.
De
um modo geral, 2013 será um ano decisivo em termos políticos, afinal mais um
ano sem crescimento ( e talvez com desemprego em alta) esvaziará sobremaneira a
candidatura Dilma e colocará novas cartas sobre a mesa. Tudo num ambiente
externo ainda bastante desafiador. Sanidade,
seletividade e sangue frio são as palavras para 2013!
Verdade verdadeira que nada entendo de economia, mas estou acompanhado de muitos economistas formados nesse entendimento. Mantega é um deles. Lembro-me de que previu que plano real era uma vitória de Pirro, ainda que eu não saiba quem foi esse histórico senhor, refiro-me ao Pirro. Previu um crescimento para o ano de 2.012 e lá se foi por água abaixo seu chute. Acabou por me convencer de que eu também tenho o direito de chutar sem compromisso com os fatos. Daí a minha presença, ainda que insignificante, nesse blog de economia. Mas eu tenho um temor que não vem do conhecimento científico, mas da experiência de quem passou por algumas experiências no laboratório da economia. Como diretor industrial de empresas, era responsável por tabela de preços nesse curioso período da nossa história econômica. Inflação subindo pelas paredes, overnight, etc. Uma verdadeira loucura. Quem passou por esses tempos e tinha de tomar decisões empresariais e sobreviveu, deveria ter diploma reconhecido pelo MIT, por Harvard e com distinção. A prática diante de tempos escuros, difíceis, onde um vacilo encerrava a carreira, ou o que era pior, encerrava a atividade da empresa. Pois bem, uma das coisas que suponho ter aprendido é que o homem age como rebanho ao ouvir um estouro real, ou fictício. Os boatos são assustadores nos tempos de internet. Não se sabe se está sendo informado ou desinformado. E percebo, se puderem corrigir que me corrijam, estou flexível como asa de condor, que os pequenos negociantes, donos de mercearia, padaria, açougue, pequenas livrarias e papelarias, estão aumentando seus preços em patamares bem superiores ao das inflações passadas. Alguns chegam a corrigir seus preços em mais de 50%. Isso me assusta? Como diria o guru, parte sim, parte não. Isso é deja vu. O instinto humano de sobrevivência atua muito mais do que a racionalidade que os livros de ciência supõem. Estão desconfiados e, por conta disso, estão procurando se defender de surpresas. Conclusão. A inflação que o governo determina através de seus métodos, nada tem a ver com as atitudes individuais que os agentes econômicos imaginam. Quando li sobre praxeologia, logo saquei que ali estava o segredo do qual somente eu, na minha declarada ignorância, percebia. Se os indivíduos começam a duvidar da real capacidade dos governantes, por conta própria começam a tomar decisões que, a partir de uma massa crítica, começa a fazer efeito no sistema como um todo. Bem, o fato é que já estou botando a minha barba de molho. Afinal, quem ao menos dá uma lida na história, sabe muito bem o rumo que a economia toma quando nas mãos dos socialistas. A realidade costuma ser trágica para todos os que vivem sob o jugo de suas ideias.
ResponderExcluirExcelente texto Rodrigo, concordo com ele, 2013 não vai ser fácil, devendo já começar com racionamento de energia - tomara que sirva pelo menos para começar a mudar o jogo eleitoral em 2014. Terminei agora há pouco de ler seu livro "PRIVATIZE JÁ" - quero parabenizá-lo pela publicação de tão abrangente e elucidativa obra, principalmente no que concerne à parte relativa à "Privataria Petralha". Continue assim. Felicidades.
ResponderExcluirRodrigo, em parte do texto você escreve "O que se apresenta como "areia nas engrenagens" é a maneira de como a governanta (ou seria governante?) vem implementando as coisas".
ResponderExcluirCom certeza, o correto é governANTA.
Rodrigo entrei no seu blog pra te dar uma idéia(não sei se vc já a fez).
ResponderExcluirvamos lá:
- faça um texto e um vídeo sobre como poderiamos usar o Sistema de VOUCHER para melhorar a educação do país.
a pessoa paga seus impostos normalmente e o governo os tranforma em créditos, daí a pessoa inscreve o filho na escola que desejar, seja pública ou privada.
esta disputa ajuda a melhorar a educação pública, pois se a escola pública não se esforçar pra melhorar vai perder todos os seus alunos e ser fechada.
é o fim de professores concursados e preguiçosos mamando na teta do povo e oferecendo aulas nojentas de lixo.
nunca mais os alunos vão ter que ouvir dos professores:
"eu sou concursado mesmo, to nem ai pra voces alunos".
agora os preguiçosos vão ter de se esforçar pra valer.
óbvio que os sindicatos vão morrer de raiva, mas levando em conta como está nossa educação brasileira: não vejo outra saída.
VOUCHER NELES !!!!
http://super.abril.com.br/cultura/pelo-direito-escolher-443943.shtml
....
Prezado Rodrigo,
ResponderExcluirRecomendo a leitura deste artigo a você e aos seus leitores:
Fonte:http://blogs.estadao.com.br/rolf-kuntz/2013/01/09/a-era-do-deboche/#respond
Mario.
É o que muita gente está recomendando. Alongar os prazos para tentar garantir um rendimento melhor na renda fixa. Mas existem ainda duas opções, que por sua vez não são tão populares, pois o brasileiro ficou muito mal acostumado com a taxa selic alta. Fugir de pós-fixado, aprender operar pré-fixados e fazer trade com os títulos do tesouro.
ResponderExcluirFundos imobiliários podem ser uma boa opção, o problema é que não podem ser comparados com renda fixa. Muito pelo contrário, investir em FIIs é mais trabalhoso do que investir em ações. A maioria das cotas negociadas no mercado hoje estão nada baradas (reflexo da alta demanda do ano passado).
Bolsa de valores acho que continua sendo uma ótima opção, desde que o investidor saiba o que está fazendo. Ou aprende-se a especular para ganhar com o sobe e desce no curto prazo, ou aprende-se análise fundamentalista para escolher bem as empresas. O setor financeiro, por exemplo, sofreu com a intervenção do governo e as ações do Bradesco estão na máxima histórica.
Abcs,
Rodrigo, os preços de imóveis começaram a cair em algumas capitas, estamos presenciando o rompimento de uma bolha imobiliária no Brasil?
ResponderExcluirNunca em vida, eu tinha visto alguém tão mentiroso, enganador, oportunista, hipócrita e demagogo como Lula da Silva.
ResponderExcluirO lado positivo, é que o povo estar acordando aos poucos, mas estar e dando a resposta a esse negador de nove dedos.
Para o bem do Brasil e da verdade, Lula é hoje um homem de imagem e reputação deplorável.
Para aquele que os Petistas chamavam de Deus, hoje não passa de um diabo .
Para lula só tenho a reconhecer que a frese de abram Lincoln tem tudo a vê com o Lulão do mensalão.
Frase de Abram Lincoln: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo; Mas não se pode enganar a todos todo o tempo..."