João Luiz Mauad, Revista Banco de Ideias - Instituto Liberal
“A verdade, deplorável
verdade, é que o gosto pelas funções públicas e o desejo de viver à custa dos
impostos não são, entre nós, uma doença particular de um partido: é a grande e
permanente enfermidade democrática de nossa sociedade civil e da centralização
excessiva de nosso governo; esse é o mal secreto que corroeu todos os antigos
poderes e corroerá igualmente todos os novos.” (Alexis de Tocqueville – Lembranças de 1848;
As jornadas Revolucionárias em Paris)
Aos 36 anos, o proficiente economista Rodrigo Constantino
acaba de lançar o seu sétimo livro e, não por acaso, mais uma obra cujo pano de
fundo é a incansável defesa da liberdade. “Privatize Já” - Editora Leya, 2012, 399 páginas - é o resultado
de uma extensa pesquisa sobre o tema das privatizações, não só no Brasil, como
no mundo inteiro. Embora repleto de dados
empíricos que comprovam o sucesso das políticas privativistas, onde quer que
elas tenham sido implementadas, o livro está longe de ser uma leitura monótona. Pelo contrário: dividido em 5 partes e 30 capítulos, o livro
explica, de forma instigante, as vantagens da privatização e como a sua
implementação, durante o Governo FHC, melhorou o Brasil e como ainda poderia
melhorar muito mais, caso a ideologia estatizante, a mesma de que falava
Tocqueville, já no Século XIX, possa ser derrubada.
“Privatize Já” é justamente um libelo contra essa ideologia
estatizante que vem corroendo as entranhas da sociedade brasileira. De acordo com o prórpio Constantino, “uma
pesquisa de 2007 feita pelo Instituto Ipsos e encomendada pelo jornal O Estado
de São Paulo mostrou que mais de 60% dos entrevistados são contra a
privatização de serviços públicos”. Além
disso, mais da metade da população condenaria uma hipotética venda do Banco do
Brasil, da Caixa Econômica ou da Petrobrás.
Tal ideologia majoritária é alimentada, segundo Constantino, por uma
série de falácias, disseminadas de forma sistemática por aqueles que têm
interesse na manutenção do “status quo”.
Editado no mesmo padrão bem sucedido em outros livros da
Editora Leya, “Privatize Já” intercala capítulos longos com pequenas inserções
que contam histórias interessantes sobre o tema. Neste caso, Constantino utilizou de forma
magistral as chamadas “páginas de fundo preto” para demonstrar como a
propriedade privada é muito mais eficiente, não apenas em termos econômicos e
sociais, mas até mesmo ecologicamente.
Nessas páginas, Constantino explica, por exemplo, porque as baleias
correm sérios riscos de extinção, enquanto as vacas são imunes a eles. Ou como a propriedade privada fez disparar o
número de elefantes no Zimbábue, enquanto a propriedade pública os dizimava no
Quênia. Há ainda histórias impagáveis,
como a do fabricante soviético que produzia somente um tamanho de sapatos.
Constantino reserva a última parte do
livro para denunciar aquilo que ele, muito apropriadamente, chama de “privataria
petista”, ou a submissão do Estado aos interesses do partido no poder. Essa “privataria” vai desde a profusão de
cargos concedidos aos apadrinhados do partido em empresas estatais, passa pela
chamada orgia das ONG’s, que de não governamentais só têm mesmo o nome, já que
vivem basicamente do dinheiro público, normalmente destinado àquelas entidades cuja
simbiose política e ideológica com o partido é latente, passa também pela
concessão de volumosas verbas publicitárias para empresas de mídia
“chapas-brancas”, até chegar ao loteamento das agências reguladoras,
transformadas em verdadeiros balcões de negócios. Sem esquecer, é claro, do mecanismo
facistóide de troca de favores com o empresariado bem comportado, que tem no
BNDES seu braço mais importante.
Enfim, como muito bem resumiu Constantino, “está na hora ... de debater o tema da
privatização sem deixar as paixões cegarem a razão. O estado pode ter um importante papel como
regulador, mas inevitavelmente fracassa como empresário. Não se trata de má sorte, e sim da sua
própria natureza. Se cada um souber o
seu lugar adequado, então nós, brasileiros, só teremos a ganhar com isso”.
Boa tarde Rodrigo,
ResponderExcluirMe atrevo a sugerir um texto sobre a criação de uma agência reguladora do esporte. O texto está no blog do juca kfouri.
http://blogdojuca.uol.com.br/2013/01/a-regulacao-economica-do-futebol-no-brasil/
Mais Milton Friedman por favor!
Independentemente de ideologias, o que falta mesmo ao Brasil é um projeto de país.Onde queremos estar daqui a 10 anos?
ResponderExcluirSeria cômico, se não fosse trágico, observarmos que qualquer coisa que pertença ao Estado não tenha dono. E por ser assim, os que ocupam cargos no Estado, agem, em sua maioria, como se não devessem prestar contas a ninguém pelo que fazem, como se comportam. Basta perceber como é tratado um orelhão, uma praça pública, as delegacias de polícia, os carros destinados à segurança, as ambulâncias, os hospitais públicos, as escolas públicas, etc., etc., etc. Não há quem responda pela manutenção a não ser os abnegados. E a pressão para que se ganhe mais é terrível, pois contam com o apoio dos governantes, dos políticos que vivem desse expediente. Estamos atingindo um paroxismo na arte de fazer o Estado consumir sem nada deixar para a população. Os estatistas têm duas preocupações atualmente, manter a máquina pública bem azeitada, o que significa bem remunerada, principalmente se o grupo é bem articulado em sindicatos e tem forte expressão, e a assistência social, que a título de eliminar a fome, o que todos concordamos, acaba por criar uma classe de indigentes que vivem através das bolsas. O Estado, que costumava ser a máquina dos investimentos de vulto no país, não tem mais fôlego para suportar a demanda dos bens que lhe são próprios. Assim, segurança existe, mas não existe, saúde tem, mas não tem, infraestrutura logística é necessária, mas insuficiente, educação, bem, essa está a serviço da ideologia, pois que não se precisa de quem use o cérebro para processar informações e torná-las conhecimento, bastando para tanto tão somente estocar direitos. É o que se faz hoje nas escolas, uma espécie de hipnose coletiva para que os indivíduos "pensem e ajam" como comunidades, não mais como indivíduos, uma loucura que a realidade não aceita, mas que não se consegue afastá-la da mente revolucionária. Penso que o Rodrigo Constantino não viverá o suficiente, nem tampouco seus netos, para enxergar mudanças no cenário ideológico. Muitas gerações deverão sofrer o impacto da insensatez até que uma renovação, causada por algum fato estranho, as façam pensar.
ResponderExcluirNo Brasil é diferente. Muitos frandes empresários brasileiros estão no Senado da República e na Câmara de Deputados. Se privatizar, aqui, não tem nenhuma garantia que melhora - só continua bom para alguns escolhidos, sejam eles federais, estaduais, municipais ou da iniciativa privada, ou ambos. Aqui não é tão fácil assim.
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