Teórica Investimentos
Visão da Semana (de 6 de maio a 13 de maio).
Dos três
principais vetores de crescimento da economia mundial, acreditamos que em dois
deles o maior risco é de surpresas positivas. Para deixar clara nossa visão,
repetindo o que já colocamos nesse semanal há algum tempo, temos a visão que a
Europa pode surpreender positivamente, mostrando algum crescimento nos próximos
trimestres e deixando de ser uma draga para o crescimento global. Acreditamos
que o pior da economia europeia já tenha passado e, por isso, o risco é de nos
surpreendermos com dados mais fortes que o esperado. Nada de muito maravilhoso,
mas grandes chances de entramos num período menos pessimista.
Outro vetor que podemos observar surpresas
positivas é a economia americana. Também nada de excessivamente otimista, mas o
setor privado vem mostrando elevado grau de resistência, capacidade de se auto
sustentar e de investir e gordura para, com segurança, entrar num período de
maior tomada de risco. A probabilidade de novo enfraquecimento é menor do que a
probabilidade de entramos num momento de maior força da economia. Nesse
sentido, o espírito animal do empresário faz com que ele se antecipe e, dado
sua maior margem de segurança para tomar risco, mude sua estratégia para uma
busca por crescimento ao invés de busca por proteção ou sobrevivência. Apesar
da possibilidade desse cenário mais otimista ocorrer, acreditamos que o
terceiro principal vetor da economia global, a China, não deve surpreender
positivamente. Mas também não acreditamos em surpresas negativas vindas da
economia chinesa. Temos a visão que o processo de reequilíbrio e mudança de
perfil do crescimento chinês será bem administrado pelo governo, o que será
positivo para o crescimento da China e do mundo no médio e longo prazo, apesar
de um menos vigoroso crescimento no curto prazo.
Nesse ambiente de recuperação e possíveis
surpresas positivas na economia global, os investimentos nas economias
emergentes, em especial nos BRICs, que passam por um momento de questionamento
sobre a relação entre risco e retorno, podem voltar ao foco de interesse dos
tomadores de risco. Todavia, apesar do nosso maior otimismo sobre a economia
global, o lado doméstico continua sendo o ponto mais desanimador do nosso
ambiente de investimento. A baixa qualidade da atual gestão econômica
enfraquece o bom funcionamento da economia brasileira e retira o mínimo de
condições, que antes existiam, para o desenvolvimento do sistema. Apesar disso,
a história nos mostra que, mesmo com péssimas gestões, a economia brasileira
aos trancos e barrancos consegue se desenvolver.
Repetimos
que o ambiente de liquidez global abundante tem conseguido evitar eventos de
cauda, porém, uma expansão mais fundamentada somente ocorrerá através de
reformas e ajustes estruturais, que precisam de tempo e consenso político. A
liquidez é a ponte para se chegar no acordo político e nas reformas. Porém, sem
os ajustes necessários, será uma ponte para lugar nenhum e voltaremos ao
ambiente de crises e incertezas.
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