Denis Rosenfield escreve um bem-humorado artigo hoje no Estadão, imaginando um marciano que chegou ao Brasil após uma aula de filosofia grega, mais especificamente aristotélica, sobre o princípio da não-contradição. Pobre marciano! Veio parar justo no país das contradições lógicas. Por exemplo:
Pois nosso amigo marciano ficou surpreso com o que estava acontecendo em nosso país, porque tudo o que via ele percebia como uma infração das regras mais elementares da lógica e, nesse sentido, de como entendia a política. Nas manifestações da última quinta-feira, anunciadas como "greve geral" ou como Dia Nacional de Lutas, ele não conseguia compreender o que poderia significar uma greve de movimentos sociais "organizados", como CUT e MST, aparelhados pelo PT e financiados pelos governos petistas, contra o próprio governo petista. Trocando em miúdos, isso significava uma greve do PT contra o PT. O princípio de não contradição estaria sendo infringido!
Como podia ser que, no 13.º ano de um governo petista, o PT se sentisse tão incomodado com seu próprio governo? Cansado de si mesmo? Desorientado consigo? O que diriam, então, os cidadãos confrontados com tal confusão? Como pode alguém fazer auto-oposição?
Como eu já disse aqui, eis o enorme desafio do marqueteiro João Santana agora: criar a imagem de que Dilma e o PT representam a oposição ao próprio governo! A vida dos sindicatos que mamam nas tetas estatais também não é nada fácil, quando precisam protestar contra o patrão. Haja constrangimento. Voltemos ao marciano:
Quem cobra coerência lógica no Brasil sofre, não resta dúvida. É como andar com um relógio suíço que marca a hora certa em uma praça pública cujo relógio central registra um horário totalmente distinto. Você se sente meio maluco, quando a maioria dos vizinhos parece não se importar tanto assim com a falta de sentido à sua volta. O marciano, naturalmente, resolveu ir embora e retornar para o mundo da lógica:
A presidente, com humildade, deveria ter reconhecido desde o início os seus erros e os de seu antecessor, resgatando o princípio de não contradição e a clareza e a distinção de ideias. Poderia ter aberto um novo caminho. Nosso amigo marciano, por sua vez, confuso, preferiu voltar ao seu planeta. Pelo menos lá reinam a coerência e a racionalidade.
O mundo poderia ser um paraíso se não existissem marqueteiros políticos, sociologos, cientistas sociais e até a maioria dos economistas.
ResponderExcluirExplico: Que bom se o mundo tivesse mais pitagóricos, peripatéticos, hereges, lógicos, céticos e principalmente mais seres politcamente incorretos, pois estes estão unicamente preocupados com a lógica ( fazer o que precisa ser feito) e não com a politicagem de encabrestados que acreditam que o paraíso ainda exise (Os polititiqueiros coletivistas, aqueles que gostam de fazer tudo para agradar a todo mundo, independente das circunstâncias)
Lição de Gramsci. Fazer as vezes de oposição para ocupar o espaço desta.
ResponderExcluirO autor deste artigo,estranhamente há algum tempo tenta livrar as responsabilidades da presidente,como já foi capaz de elogiar o deputado Marco Maia do PT .Parece que estes petistas também estao em Marte,sem nenhuma responsabilidade pelo que está acontecendo.Dizer que a nossa governante fez uma faxina ética,faz pensar que Denis Lerrer estava em Saturno
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