Excelentíssima
Senhora Presidente da República.
Já nos
conhecemos, a senhora e eu. Dessa vez, portanto, não vai haver
apresentação. Vou começar lembrando
à senhora algumas curiosidades.
Oito anos é atualmente o tempo máximo de
mandato de presidente da república, não é? Oito anos, presidente, se não estou
enganado, é também o tempo limite para que uma pena de prisão em regime fechado possa ser convertida em
semiaberto (apreendi isso assistindo na TV o julgamento de alguns conhecidos
seus na Ação Penal 470) e por aí vai. Enfim, presidente, oito é um número aplicável a tantas
coisas..rss. Na China se costuma dizer que oito é o número da sorte. Mas hoje;
vai ser do seu azar. Explico-lhe brevemente o porquê:
Hoje a tarde, li
perplexo na internet as notícias que dão conta do lançamento do seu Programa
“Mais Médicos”. Não vou aqui gastar seu tempo detalhando um por um os aspectos
dele. Nosso tema aqui, presidente, é bem específico – nós vamos falar do
aumento do tempo da formação médica de seis para oito anos obrigando-nos a
prestar dois anos de serviço no SUS antes de receber reconhecimento oficial
como médicos.
Presidente
Dilma, a senhora sabe o que são “doutorandos” e médicos “residentes”? Não sabe,
né? Lá vai a explicação – doutorandos são, normalmente, estudantes no ultimo dos seis anos da
tradicional formação médica que a senhora e os gênios que lhe assessoram querem
mudar. Médicos residentes já se formaram – tem responsabilidade legal e,
trabalhando sob supervisão de colegas mais experientes, fazem uma determinada
especialização. A senhora sabe o que eles tem em comum, presidente? Eu lhe
respondo – eles “carregam nas costas os hospitais universitários brasileiros”.
Eles, para sua informação, já trabalham, na sua gigantesca maioria, em
hospitais públicos ou vinculados ao seu maravilhoso Sistema Único de Saúde! São
eles que atendem a gigantesca massa daqueles que a senhora e seus
correligionários do Partido-Religião chamam de “usuários” e nós chamamos de
pacientes. Enquanto eles estão dentro de hospitais públicos com teto e paredes
desmoronando nos ambulatórios, enfermarias e blocos cirúrgicos, a senhora
e o Lula são atendidos por outros
médicos dentro, por exemplo, do Hospital Sírio Libanês! Alguns desses colegas
que atendem a senhora e nosso ex-presidente deveriam estar junto com os
doutorandos e residentes supervisionando a sua formação como médicos e
especialistas. A senhora sabia disso, presidente??
Mas, por favor,
não quero lhe constranger... Vamos dizer que essa sua medida desesperada para se
reeleger seja realmente implantada... Gostaria de tirar com a senhora algumas
duvidas: tem a senhora a noção de que a rede hospitalar brasileira inteira está
completamente sucateada, presidente? Sabe por quê? Porque malditos colegas
meus e seus ajudaram a transformar um país que tem quase o tamanho da China num
gigantesco posto de saúde! Diga de uma vez por todas isso ao povo, presidente
Dilma. Mesmo que a senhora “derrame” 12.000 médicos dentro do SUS de uma hora para outra eu lhe pergunto
– Onde e em que condições eles vão trabalhar??? Dentro dos famosos
pronto-atendimentos? A senhora sabe o que é um pronto-atendimento, presidente?
Eu lhe explico – é um lugar onde se atende tudo aquilo que não é
suficientemente grave e deveria estar num posto de saúde; ou é tão sério que
deveria estar dentro de uma emergência de verdade! Sabe por que esse tipo de
imundície foi inventado? Para esconder que não existem mais hospitais nesse
maldito país. Seu antecessor, que nos anos 70 perdeu esposa e filho num
hospital publico preferiu emprestar dinheiro para Cuba, perdoar a dívida da
Bolívia e comprar deputados no Congresso nacional em vez de construir hospitais!
Nas últimas duas
semanas, presidente, a senhora propôs ao povo brasileiro um plebiscito, depois
um referendo e agora – sempre maravilhosamente assessorada – vem com um absurdo
que nem mesmo a ditadura militar quis impor: estender o tempo de formação dos
médicos brasileiros por razões ligadas ao fracasso do plano de poder do PT.
Presidente, cada
vez que lhe escrevo fico divido. Não sei se expresso a indignação de quase
400.000 médicos brasileiros ou se fico com pena da senhora. Até quando vai esse
seu desgoverno? Até onde a senhora acha que pode enganar tanta gente durante
tanto tempo?
Afaste-se
imediatamente dessa corja de colegas MEUS que lhe assessora, que esqueceram que
são médicos, e que depois de
formados jamais atenderam ninguém no sistema público. Se a senhora não fizer isso,
vai apreender de uma maneira dolorosa que políticos podem ter partido, podem
ser liberais ou democratas, progressistas ou conservadores, podem até ser
ditadores, mas jamais vão ter poder suficiente para aliviar a dor ou evitar a
morte. Essa função é nossa e, dia
após dia, cada vez mais a senhora
vem nos impedindo de exercê-la.
"Oito anos, presidente, se não estou enganado, é também o tempo limite para que uma pena de prisão em regime fechado possa ser convertida em semiaberto (apreendi isso assistindo na TV o julgamento de alguns conhecidos seus na Ação Penal 470) e por aí vai."
ResponderExcluirOnde ele ouviu essa bobagem ??! O tempo para se mudar de um regime mais severo para outro menos severo depende da quantidade da pena. Na prática, o condenado deve cumprir uma fração da sua pena e ostentar bom comportamento para mudar de regime (progredir de regime). Se se tratar de "crime comum", ele deve cumprir no mínimo 1/6 da pena para progredir de regime. Se se tratar de "crime hediondo", ele deve cumprir 2/5 da pena para progredir.
Os oito anos, na verdade, só servem de parâmetro para o seguinte: pena maior que oito anos imposta na sentença deve necessariamente começar a ser cumprida em regime fechado. Assim como pena maior que quatro anos deve necessariamente começar a ser cumprida em regime semi-aberto. Consequentemente, pena menor do que quatro anos (para crimes menos graves) pode ser cumprida em regime aberto.
Essa mensagem não tem nada a ver com o mérito deste post, mas não pude deixar de esclarecer esse ponto, depois de ter lido essa bobagem escrita pelo tal Dr. Milton Pires...
Ora, Ivan, que ranço é esse? Desmoralizando o interlocutor sem adentrar ao mérito?
ExcluirJoguinho vagabundo de comunista.
um dia esse que nos prejudicam não vão mais ter forças para nos prejudicar mais pois já vão ter se destruído que é nisso que o esquerdismo dá:destruição,inclusive a própria
ResponderExcluirDeverias ter lido que eu escrevi "se não estou enganado"..kkkk. Bobalhão, eu não sou advogado, sou médico..Mais; eu escrevi a respeito do que escutei na transmissão da julgamento do mensalão..Fica na tua, meu amigo, e não escreve asneira..
ResponderExcluir"Excelentíssima Senhora Presidente da República"
ResponderExcluirNão sabe que ela decretou que quer ser chamada de "presidANTA"???
Falando sério agora:
Resta saber até que ponto esta é uma medida desesperada e impensada e a partir de que ponto é algo que já vinham maquinando há tempos e estão aproveitando o calor do momento para implementar como se fosse uma medida de emergência.
* * *
Estimado Rodrigo, concordo com suas observações, estão todas corretas, exceto uma. Doutorando é quem está fazendo curso de doutorado. Doutorando não é quem está em fase final de graduação, estes são graduandos.
ResponderExcluirUm abraço.
Sr. Valnir, doutorando é um termo bem antigo e ultrapassado mas que ainda hoje é usado pra designar os alunos que estão passando pelos 2 últimos anos do curso, o internato. Há quem os chame de "internos" e há quem os chame de "doutorando".
ResponderExcluirObs.: entendo o que o sr. quis dizer e concordo, doutor é quem tem doutorado.
Dr. Milton Pires
ResponderExcluirEu estou na "minha minha". Tanto que não entrei no mérito do que o senhor escreveu por eu não ter conhecimentos suficientes sobre o assunto (deixo claro que, a princípio, discordo de algumas críticas feitas pelo senhor, mas, como eu disse, não tenho conhecimento de causa suficiente).
Quem parece que "saiu da sua" foi o senhor ao falar aquela tremenda bobagem sobre progressão de pena e regime fechado no Brasil. E note que eu disse que o quê você falou foi "bobagem" e não que o senhor é um "bobalhão". Portanto, vamos ter mais respeito na conversa ??
Eu continuo "na minha" e o senhor continua "na sua", permitidos os "pitacos" sobre todos os assuntos , mas com respeito e reconhecendo os erros, ok ?
PS: a nomenclatura "doutorando", como levantado pelo Valnir Alberto logo acima, também sempre achei que fosse usada apenas para aqueles que estão concluindo o doutorado em qualquer área do conhecimento, mas se na medicina o termo é usado
de forma diferente, acredito no senhor rsss
Dr. Ivan, o senhor disse que eu havia escrito "bobagem". Continuo insistindo que o senhor está se comportando como um bobalhão. Explico-lhe: Não tenho formação alguma em direito e me referi a um evento específico, transmitido para todo país - a Ação Penal 470. Nela, veja bem especificamente NELA e em vários casos ficou claro que 8 anos era sim limite para progressão da pena de uma determinada escória da classe política. Meu texto, Dr.Ivan, não tem pretensão de ser um tratado de Direito Penal. Como eu lhe disse mais de uma vez - não sou advogado. Com relação ao termo doutorando e aquilo que significa no texto (sentido específico) e no sentido popular, a discussão é tão ridícula que não merece sequer resposta..Volto a lhe aconselhar.."permaneça na sua".Falta-lha no caso em tela (como dizem os rábulas) conhecimento técnico e acima de tudo razão para opor-se àquilo que é a matéria em pauta..smj
ResponderExcluirCordiais Saudações
Milton Pires