A insistência no Mercosul por motivos estritamente ideológicos tem custado muito caro ao Brasil. Em reportagem no Valor hoje, as duas maiores confederações empresariais do país batem nessa tecla. Diz a matéria:
Para evitar que a paralisia argentina dificulte avanços nas discussões, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sugerem ao governo uma nova estratégia comercial: um "acordo guarda-chuva" do Mercosul com a UE.
Regras gerais poderão ser definidas em conjunto, o que constituiria um "guarda-chuva" mais amplo, na proposta feita pelas entidades ao Ministério do Desenvolvimento e ao Itamaraty. Já os setores e o ritmo de abertura ficariam a cargo de cada país, caso não haja consenso entre os sócios do Mercosul. Um modelo semelhante foi usado em negociações com o México e com a Comunidade Andina, mas o governo ainda resiste em aplicar a mesma lógica no acordo comercial com a UE.
"Se der para fazer um acordo via Mercosul, ótimo. Mas não podemos perder essa oportunidade por causa da resistência argentina", diz a presidente da CNA, Kátia Abreu. Segundo ela, o empresariado brasileiro nunca esteve tão afinado como agora para fazer uma oferta aos europeus. "Já temos uma harmonia quase perfeita entre a indústria e o agronegócio", afirma Kátia, que é também senadora (PSD-TO).
A Argentina tem sido um entrava para o avanço das negociações de livre comércio do Brasil. Até quando vamos pagar esse alto preço pela afinidade ideológica dos governantes de ambos os países? O protecionismo comercial interessa apenas a alguns poucos produtores, enquanto prejudica todo o restante do país. E, conforme mostra o advogado Eduardo Matias, em artigo no mesmo jornal, esse protecionismo está em alta no mundo todo:
Os efeitos disso são muito negativos. No caso brasileiro, um país relativamente fechado, a escalada protecionista produz resultados ainda piores:
O Brasil precisa se abrir mais, reduzir barreiras protecionistas que só protegem setores ineficientes, e mergulhar de vez no livre comércio. O Mercosul tem sido um obstáculo a isso.
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