Ação da CSN no ano. Fonte: Bloomberg |
Rodrigo Constantino
Em sua coluna de hoje na Folha, o empresário Benjamin Steinbruch critica aqueles que ele chama de pessimistas infundados. Para o empresário, essa gente atrasa o país. Diz ele:
A pior coisa que pode acontecer a uma pessoa, a uma empresa ou a um país é se deixar levar por ondas de pessimismo. E o Brasil corre esse risco neste momento.
Se levarmos a sério discursos de alguns analistas, o país estaria à beira de uma hecatombe econômica e política.
A inflação estaria perigosamente descontrolada; a atividade econômica, no caminho inevitável da recessão; as contas públicas, totalmente desarrumadas; as contas externas, no rumo do default; a corrupção, em ritmo desenfreado em todas as esferas públicas e privadas.
Temos efetivamente problemas com inflação, atividade econômica, contas públicas, contas externas, corrupção e em muitas outras áreas. Mas só pessoas impregnadas por pessimismo doentio ou mal-intencionadas podem considerar esses problemas como insuperáveis.
Como tenho sido um desses "pessimistas", falo que, de minha parte, não considero o país perto de uma "hecatombe", tampouco considero nossos problemas "insuperáveis". Dito isso, nós temos, sim, graves problemas, que o empresário minimiza, e eles não são insuperáveis, mas exigem radical mudança no curso atual. Algo que não há indício algum de que o governo pretende fazer, ainda mais com esse tipo de negligência de grandes empresários.
Steinbruch adota a tese de que nossa inflação não incomoda tanto, e que boa parte foi um surto do preço de alimentos. Falso. Perigosamente falso. O empresário tem sido um dos maiores defensores da redução de juros, mesmo sem condições para tanto. O preço chegou, em forma de inflação elevada e resiliente. Fingir que o problema não existe não é solução; apenas agrava seu risco. Ele diz:
Isso não significa que acabaram as preocupações com a inflação, até porque os preços dos serviços continuam em alta e o efeito câmbio pode impactar preços neste segundo semestre. Mas também não é o caso de propagar a ideia de que está de volta o velho dragão dos tempos da hiperinflação.
A "hiperinflação" pode não ser uma ameaça iminente, mas já vivemos em um cenário de estagflação (baixo crescimento e alta inflação), o que é extremamente prejudicial ao país. Essa postura confortável que o empresário demonstra diante do quadro beira à irresponsabilidade. É o povo mais pobre que mais sofre com a alta de preços.
Steinbruch não vê risco de recessão à frente também:
Mas se o governo insistir na toada atual, esse risco é bem real. Como eu disse, ele não é "inevitável", mas para evitá-lo é preciso alterar o curso. O governo atual pretende fazer isso? Nenhuma pista, nenhuma evidência disso até agora. Muito pelo contrário...
Nesse trecho, Steinbruch endossa a tese bem furada e cara-de-pau, levantada pelo ex-presidente Lula e repetida pela presidente Dilma, de que as manifestações ocorrem por conta do sucesso da gestão nos últimos anos:
Eis, talvez, o principal problema do atual governo e, pelo visto, de alguns empresários que apoiam o governo: vivem na ilusão e ignoram a realidade. O pessimismo que condenam é somente um realismo bem fundamentado. Conclui o empresário:
De acordo! Resta saber se é "pessimismo doentio" apontar para os grandes riscos de catástrofe à frente, caso o rumo permaneça o atual. Ou se é o caso de falar em "ufanismo boboca" para aqueles que pintam um cenário de céu de brigadeiro, inclusive justificando as manifestações que tomaram as ruas do país com base nesse quadro fantástico.
É "pessimismo doentio", por exemplo, mostrar ao empresário que o valor da empresa que ele controla, a CSN, despencou esse ano, perdendo quase a metade de seu valor somente nesses seis meses? Ou seria isso mais um sinal de alerta que merece profunda atenção?
E ainda o espertalhão tenta culpar as importações, para proteger seu oligopólio...
ResponderExcluirSó não entendo porque chamam esses tipos como Benjamin Steinbruch, Eike Batista, Josué Alencar, Junior do Friboi e outros ( já sem fábricas que ainda presidem a FIESP/CIESP/ CNI,...) defensores da reserva do mercado de empresários. São empresários mesmo, já que apostam dinheiro público e quando perdem ainda não pagam o tesouro e nem o BNDES e dão calote nos idiotas que acreditaram neles.
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