Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
segunda-feira, janeiro 08, 2007
A Entrevista de Sader
Rodrigo Constantino
Parcialmente recuperado, graças aos maravilhosos remédios que os laboratórios capitalistas nos oferecem em busca de lucro, do mal-estar causado pelo texto do professor Sicsú no Jornal dos Economistas, posso agora dar continuidade ao prometido, e escrever um artigo sobre a entrevista que Emir Sader concedeu a este mesmo jornal.
Para quem não sabe, Emir Sader é aquele sociólogo marxista que foi recentemente condenado por injúria, por ter caluniado o senador Jorge Bornhausen após este ter se referido aos petistas como “raça”. O senador foi acusado de racista e fascista pelo sociólogo. Para os socialistas é assim: falou mal dos colegas de rebanho bovino, é fascista. Emir Sader é também aquele que morre de amores pelo ditador assassino Fidel Castro, e que teceu emocionados elogios ao filme Olga, alegando que ele incomodava porque mostrava que os comunistas eram humanos que simpatizavam com suas causas e colocavam a solidariedade acima dos interesses pessoais. O presidente comunista da Câmara, Aldo Rebelo, mostra de fato como os comunistas colocam tudo acima dos próprios interesses, quando defende com unhas e dentes a manutenção de seus privilégios às custas dos pagadores de impostos. Enfim, ditadores assassinos e espiãs terroristas, eis o tipo de gente que atrai a forte simpatia de Sader.
Mas voltando à entrevista, Sader comenta sobre a situação atual da região: “Nunca houve na história da América Latina uma quantidade tão grande de governos progressistas, e digo progressistas os que não estão na linha de assinar tratado de livre comércio com os EUA, e que estão se integrando de uma maneira mais profunda, no processo de integração regional”. Ou seja, para Sader, progresso é fechar as fronteiras comercias para os principais consumidores do mundo e voltar-se para a parceria com os populistas membros do Foro de São Paulo, que querem resgatar na América Latina aquilo que se perdeu no Leste Europeu. Alinhar-se com Chávez, Morales, Kirchner, e virar-se contra os americanos, eis o sinônimo de progressista para Emir Sader. Em resumo, seguir a trajetória do retrocesso, da miséria garantida, da concentração de poder nas mãos do Estado, isso é progresso para ele. Estranho conceito.
Em seguida, Sader lamenta que o Brasil não esteja mais presente nessa integração, pois ainda não rompeu com o modelo neoliberal (sic). Pois é, acredite se quiser, mas para Sader o nosso modelo é o neoliberal. Alguém precisa explicar para ele que estamos na rabeira do ranking de liberdade econômica dos principais institutos que medem tal característica. Alguém tem que falar para ele que os países mais ricos do mundo são justamente os que mais se aproximaram do modelo liberal, enquanto não há um único país socialista que esteja perto disso, sendo todos eles completamente miseráveis e injustos. Com carga tributária de 40% do PIB – uma das maiores do mundo, uma burocracia asfixiante, um ambiente terrível para os negócios, uma concentração enorme de poderes nas mãos do Estado e uma economia ainda bastante fechada, o Brasil passou mais longe do liberalismo que Plutão da Terra. Mas para os socialistas é assim mesmo: qualquer mal é culpa do tal “neoliberalismo”, até mesmo este forte enjôo que sinto ao ler a entrevista de Sader.
Sobre a adesão da Venezuela ao natimorto Mercosul, Sader considera que ela “dá um dinamismo no processo de integração regional”, criando uma “perspectiva mais favorável”. Ou seja, abandonar um acordo com o país mais rico do mundo, que tem um déficit comercial quase do tamanho do nosso PIB, e partir para um casamento com um país que vive na miséria mesmo com todo o petróleo que tem, gera uma perspectiva mais favorável ao Brasil, pela ótica de Sader. Curioso é que os idólatras de Cuba, como o próprio Sader, costumam culpar a ausência de comércio com os Estados Unidos pela miséria cubana. Precisam decidir se praticar comércio com os americanos é exploração maléfica ou solução para a miséria! Taiwan, Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong, enfim, esses países mais liberais e ricos, dão a resposta. Mas Sader prefere ignorá-la por motivos ideológicos, e manter as contradições.
Por fim, Emir Sader afirma que Chávez tem melhores condições que o Brasil para o tal projeto de integração social e política – leia-se revolução comunista – pois a PDVSA é estatal, governamental, “o que a Petrobrás não é”. Fora o fato de eu poder jurar que 55,7% das ações votantes da Petrobrás estão com a União Federal, o que garante o controle estatal da empresa, seria o caso de perguntar a Sader qual dos dois grupos de países ele considera melhor: Estados Unidos, Inglaterra, Japão de um lado, e Nigéria, Irã ou a própria Venezuela de outro. Afinal, o primeiro grupo, além de ser dependente da importação do petróleo, conta com empresas privadas competindo no mercado, enquanto o segundo grupo é formado por países que exportam – e muito – o “ouro negro”, usando monopólios estatais para tanto. Parece que Emir Sader já fez sua escolha: ele idolatra é o fracasso mesmo!
Uma figura pitoresca como Emir Sader não mereceria atenção e um artigo, não fosse o caso dele representar uma mentalidade predominante nesse país, ou pelo menos muito influente ainda. Como professor, é mais um – entre tantos – que doutrina os alunos ainda indefesos. Com uma esquerda dessas, o Brasil não corre mesmo o menor risco de dar certo.
O Emir Sader é contra o livre comércio? Os EUA e a Europa também são. Ou alguém aqui acha que não existem barreiras comerciais para todos produtos que exportamos a eles? Emir apóia Fidel? Que vergonha, pior é quantidade de gente que apoia o ditadura militar aqui no Brasil.
ResponderExcluirTaiwan, Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong? Nenhuma democracia, que liberalismo, hein?
Nigéria, Irã ou a própria Venezuela usam monopólios estatais para exportar petróleo? Pelo menos o dinheiro do "ouro negro" fica no país deles, se eles gastam mal é problema deles, ou voces acham que a Arábia Saudita gasta melhor?
o sader é um perfeito idiota latino americano com um texto de comunista secundarista. o bicho é de uma indigência de dar dó, mas é chefe de departamento, acho que da uerj... tamo muito mal de intelectualidade... o resultado é esse aí que se vê.
ResponderExcluirolha o anônimo de cima caindo direitinho na patranha da mediocridade socialista. se o brasil é pobre do jeito que é, é por causa da influência dessa tipo de "intelligentsia saderiana"...
ResponderExcluirEu lamento te informar sol-moras-segabinaze, mas não é isso que história diz.
ResponderExcluirExemplo de Grandes Esquerdistas da História Nacinoal:
- Mem de Sá
- Dom João VI
- Dom Pedro I
- Dom Pedro II
- Deodoro da Fonseca
- Elite da Cana-de-Açucar do Sec. XVII e XVIII
- Elite escravagista (1500-1888)
- Elite do café sec XIX e XX
- Floriano Peixoto
- Arthur Berbardes
- Getúlio Vargas
- Costa e Silva
- Emilio Médici
- João Figueiredo
- José Sarney
- Fernado Collor
E muito mais, que outro país sobreviveria a tantos esquerdistas assim?
"O Emir Sader é contra o livre comércio? Os EUA e a Europa também são. Ou alguém aqui acha que não existem barreiras comerciais para todos produtos que exportamos a eles?"
ResponderExcluirAh, existe sim, só que além de BEM menores que as nossas (vide o preço de um carro coreano lá e aqui), eles não são ricos POR CAUSA disso, mas A DESPEITO disso. Parece que a esquerda não se importa em copiar os ricos, contanto que seja nos ERROS deles...
"Emir apóia Fidel? Que vergonha, pior é quantidade de gente que apoia o ditadura militar aqui no Brasil."
Uau! Em primeiro lugar, comparar nossa ditadura com a cubana já é coisa de demente. Em segundo lugar, será que uma coisa justifica a outra?! Espanto!
"Taiwan, Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong? Nenhuma democracia, que liberalismo, hein?"
Coréia do Sul não é democracia?! Há mais ou menos liberdade nesses países vis-à-vis o Brasil?
"Nigéria, Irã ou a própria Venezuela usam monopólios estatais para exportar petróleo? Pelo menos o dinheiro do "ouro negro" fica no país deles, se eles gastam mal é problema deles, ou voces acham que a Arábia Saudita gasta melhor?"
Vixe! Ficam no país deles?!?!?! Tem gente precisando ler O Manual do Perfeito Idiota Latinoamericano aqui...
É perfeitamente compreensível que o sujeito mantenha-se no anonimato...
Rodrigo, primeiro, não lhe gabo o gosto de ler Sader (bleargh!), mesmo a base de Engov. Talvez com uns doze chopes em cima eu consiga rir se fizer o mesmo. É claro, vomito depois. Mas, falando sério, o que me causa medo é o fato de, tanto os sicsús quanto os saders da vida estão oficialmente habilitados a catequizar jovens – indefesos, como você bem o disse – para suas crenças dogmáticas. Aliás, sem eufemismos, idiotices mesmo. E, pelo visto, com ecos anônimos.
ResponderExcluirRodrigo, seria bom se voce estudasse a história do capitalismo dos países que mencionei, principalmente dos EUA. Leia a história política da Coréia depois da segunda guerra. No mais, não quis comparar ditaduras, eu quis mais era mostrar como nossos "liberais" precindem da democracia quando os interessa. Que diga a atuação de Roberto Campos durante o regime militar.
ResponderExcluirQuanto a oferta de ler "O Manual do Perfeito Idiota Latinoamericano"
eu agradece mas eu passo a oferta, prefiro economistas de verdade.
O "Manual do Perfeito Idiota Latino americano" , não é obra do Roberto Campos. Apenas trás o prefácio dele.
ResponderExcluirSeus autores são Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Alvaro Vargas Llosa
Todos três autores flertaram com o Marxismo, até q tiveram um choque de realidade, principalmente após a queda do Muro de Berlim
Pode ler a obra não é sobre Economia é sobre a idiotice da "esquerda" q segundo os autores fazem a façanha de ler da "esquerda pra esquerda", sem pluralidade.
Ah a história do capitalismo nos EUA! Transformar um continente vazio no país mais rico da história em menos de 200 anos.
ResponderExcluirSim, muito obrigado pela lembrança, anônimo!
Às vezes alguém viaja para fora do Brasil, para um destes países do primeiromundão, e lá constata que um monte de coisas que leu nos jornais ou ouviu dos seus amigos não tem nada a ver com a realidade.
ResponderExcluirAlgumas visões interessantes:
- A festa de reveillon em Nova York acaba à meia-noite e um. Nova York é a cidade mais animada dos EUA.
- Vai ao McDonald's quem está ruim, mas muito ruim de grana.
- O Honda Civic é um carro popular compacto.
- A GAP é uma espécie de C&A.
- O castelo da Disney é de mentirinha.
O grande liberalismo professado aqui em Pindorama é mais uma destas coisas. Não, não é por causa do liberalismo, da "democracia de mercado", uma expressão tão estranha quanto "estrogonofre de 18 quilates", que, por exemplo, os EUA funcionam, principalmente porque they don't!
Quando você vê alguém deslumbrado com o primeiro mundo, o incrível norte-maravilha, você vê exatamente isto, alguém deslumbrado. Liberalismo, no dos outros, é refresco, vai ver como estas sociedades influem nos seus destinos...
Emir Sader é a síntese do pensamento de nossos universitários, em maior ou menor grau. E o pior é que alguns destes continuam seguindo o Sader depois de formados e um pouco mais além disto. Triste.
ResponderExcluirEsse Sader é um maluco, não sei como tem gente que houve as merdas que ele fala. Se fossem colocar na prática as idéias só ia piorar a situação, passa longe da lógica econômica.
ResponderExcluirRodrigo,
ResponderExcluirQuem é esquerdista não é liberal, porque só é liberal quem trabalha, sabe quanto trabalho dá ganhar o salário no final do mês, e vê os impostos que paga.
Quanto mais imposto um país cobra de seus cidadãos, mais pobres ele os faz.
Um exemplo empírico interessante. Estou morando no México há 9 meses, e a minha empresa está pra comprar um carro para mim, provavelmente um Nissan Murano. Nos EUA, com todos os impostos, esse carro custa US$ 30 mil. Aqui no México, nas mesmas circustâncias, ele custa US$ 40 mil e no Brasil ele custa US$ 100 mil. Por que será que nós somos pobres?
Nos três países o carro vem do Japão.
Ou seja o US$ do brasileiro vale menos que o US$ do mexicano ou do americano.
Explica isso para um vagabundo de esquerda, um alpinista social, que cresceu escalando as rachaduras do sistema, aperfeiçoando o seu "rent seeking"!
Grande Reginaldo!
ResponderExcluirVocê foi absolutamente arrasador, magistralmente simples e brilhante. Rápido e certeiro.
Congratulações
C. Mouro
O Murano custa 100.000 no Brasil porque os impostos para trazê-lo do Japão são, verdadeiramente, um estouro, e também porque a Nissan montou uma estrutura para importar uns 50 por ano.
ResponderExcluirE eu me pergunto se a culpa destes impostos tão altos é de alguém que não do nosso corpo de legisladores através da história.
Então eu me pergunto a quem eles serviram em estabelecer tão altos impostos: aos comunistas raivosos que lotam os plenários de Câmara e Senado desde a Velha República ou aos lobistas de plantão em Brasília, garantindo o futuro do ilustre deputado se ele resolver presitigiar a iniciativa abnegada da indústria automotiva que se incomodou em instalar-se no Brasil, conferindo a ela inegáveis vantagens e prerrogativas, a não menos importante delas a capacidade de chantagear os próprios empregados.
Quem gosta de brincar de desenhinhos e traçar curvas de oferta e de demanda com número de Muranos vendidos no Brasil, 100.000, o número vendido nos EUA e 30.000, não vai entender o problema.
Pois os esquerdistas sempre foram justamente os nacionalistas também, pregando tal fechamento do comércio em nome da "indústria nacional". Vide Lei da Informática, adorada pelos esquerdistas.
ResponderExcluirLiberais defendem o livre mercado. Essa situação do Murano é sintomática da FALTA de Liberalismo nesse país.
Sader esta correto pois a economia do Brasil so começou a melhorar depois que paramos de comercializar com EUA e voltamos nosso comercio para a China e os paises latinos. Os acordos antigos com os americanos so nos dava prejuizos. EUA jamais aceitou a entrada de produtos brasileiros com valor agregado em seu territorio, ja a Venezuela ja é o apis que mais consome nossos avioes da Embraer. Quanto ao petroleo, sader esta correto novamente, todos os americanos se lamentam por nao poder ter mais controle sobre este importante recurso estrategico. O governo dos EUA investem milhoes em guerras para poder tomar o petroleo dos outros paises, veja as ultimas guerras como a do Iraque, Afeganistao e Libia. Ontem estes paises controlavam seu petroleo, hj os EUA é quem controlam. O proximo é o Irã. O Brasil esta correto em manter seu controle estatal sobre o petroleo, ou faz isso, ou tera que se envolver em guerras como os EUA. A entrada da Venezuela no Mercosul foi muito importante, pois agora o bloco ja possui a maior reserva de petroleo do mundo. Isto tras estabilidade e segurança economica para todos os membros. Pena Chaves ser um ditador e ganancioso que nao aceita sair do governo e respeitar as vias "democraticas". Vamos ver o que vai dar nessas eleiçoes venezuelanas, abraços ao Rodrigo Constantino e obrigado por aceitar minhas postagens aqui em seu blog.
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