Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
terça-feira, fevereiro 20, 2007
A Guerra Fria
Rodrigo Constantino
“Regimes plantados com baionetas não deitam raízes.” (Ronald Reagan)
O professor de história em Yale, John Lewis Gaddis, compilou em um curto livro os principais fatos sobre a traumática Guerra Fria, que marcou a segunda metade do século XX. Como o próprio autor destaca em História da Guerra Fria, o mundo “é um lugar melhor pelo fato de o conflito ter-se travado da forma como o foi e ser vencido pelo lado que o venceu”. Gaddis julga com objetividade o que se passou, compreendendo que de fato havia um lado lutando pelos valores corretos e outro lado representando o “Império do Mal”, como chamou Reagan.
Venceu a Segunda Guerra uma coalizão cujos membros mais importantes já estavam em guerra, ao menos ideológica e geopolítica. Aquela vitória “exigiria que os vencedores deixassem de ser o que eram ou desistissem de muito do que esperavam atingir com aquela guerra”. Os cidadãos dos Estados Unidos proclamavam, com razão, que viviam na mais livre sociedade da face da Terra, enquanto os bolcheviques haviam adotado a concentração de autoridade como forma de derrubar inimigos e consolidar uma base para exportar a revolução pelo resto do mundo. A URSS era, ao final da Segunda Guerra, “a sociedade mais autoritária da face da Terra”. O embate que se travava era, portanto, entre esses dois modos contrastantes de ver o mundo. De um lado a liberdade individual e a democracia, e do outro o autoritarismo estatal e o terror. E em 1945, ainda não estava claro, para muitos, qual seria a onda do futuro.
Nas próprias palavras de Gaddis: “Ambas as ideologias que definiam aqueles dois mundos se destinavam a oferecer esperança: para isto, antes de mais nada, serve uma ideologia. Uma delas, no entanto, para funcionar veio a depender da instalação do medo. A outra não precisava deste recurso. Neste ponto está a assimetria ideológica fundamental da Guerra Fria”. Não é por acaso que o lado que precisou erguer um muro para impedir a própria saída do povo foi o comunista.
A postura soviética era claramente ofensiva, enquanto os americanos ficaram a maior parte do tempo na defensiva. “A meta de Stalin não era restaurar o equilíbrio de poder na Europa”, como diz Gaddis, “mas dominar o continente tão completamente quanto Hitler quisera”. Roosevelt e Churchill insistiram repetidamente com Stalin para que permitisse eleições livres nos estados bálticos, na Polônia e noutras áreas da Europa oriental. Na Conferência de Yalta, Stalin concordou em fazê-lo, mas sem a menor intenção de cumprir o prometido. Como Roosevelt disse pouco antes de sua morte, “Stalin quebrou todas as promessas feitas em Yalta”.
O enorme telegrama que George Kennan, respeitado membro do serviço diplomático na embaixada americana em Moscou, enviou para o Departamento de Estado em 1946 tornou-se o fundamento da estratégia dos Estados Unidos em relação à União Soviética por todo o restante da Guerra Fria. Nele, Kennan insistia que a intransigência de Moscou não resultava de qualquer iniciativa do Ocidente, mas decorria das necessidades internas do regime stalinista e nada poderia ser feito num futuro previsível para alterar este quadro. “Os líderes soviéticos tinham que tratar o mundo exterior como hostil porque isso lhes dava o único pretexto para a ditadura sem a qual não sabiam governar”. Seria necessária então uma contenção de longo prazo das tendências expansivas russas.
Praticamente todas as guerras “quentes” que ocorreram durante a Guerra Fria foram iniciativas do lado comunista, tentando expandir suas fronteiras e colonizar outros países. Os americanos e seus aliados entravam em cena para impedir esse imperialismo, defendendo os invadidos. Mas não houve confronto militar direto soviético-americano, nem mesmo em função da Coréia, ainda que provas recentes levaram a crer que Stalin autorizou o emprego de aviões de caça soviéticos, pilotados por soviéticos, sobre a península coreana, onde engajaram caças americanos pilotados por americanos. Mas o fato é que o temor do uso de bombas atômicas em larga escala funcionou como um freio entre as duas grandes potências, impedindo um confronto direto oficialmente. Como constatou Churchill, “é para a universalidade da destruição potencial que devemos olhar com esperança e até mesmo confiança”.
Um dos episódios mais tensos da Guerra Fria foi a crise dos mísseis em Cuba. Khruschev encarava a instalação de mísseis em Cuba principalmente como uma tentativa de propagar a revolução pela América Latina. Kennedy e seus auxiliares encararam a instalação dos mísseis, da qual tomaram conhecimento apenas em outubro de 1962, como a mais perigosa de uma longa série de provocações que remontavam às ameaças dos dirigentes do Kremlin à Inglaterra e à França durante a crise de Suez, seis anos antes. Foi um dos momentos mais delicados da Guerra Fria, e Gaddis considera que “o que evitou que ocorresse uma guerra no outono de 1962 foi a irracionalidade do terror absoluto que tomou conta de ambos os lados”.
O professor John Gaddis não ignora, de forma alguma, os erros cometidos pelos americanos durante a Guerra Fria. A própria criação da CIA e suas atividades clandestinas são citadas, levando-se em conta o debate que o assunto gerou dentro dos próprios Estados Unidos. Até que ponto o realpolitik era aceito? Até onde cabia a máxima maquiavélica de que o homem virtuoso precisa aprender a não ser virtuoso, de acordo com as necessidades? Como conciliar os valores domésticos com a política externa mais pragmática? Podemos condenar as atividades da CIA com o benefício do retrospecto, mas seria injusto não levar em conta o cenário da época, com a real ameaça comunista batendo à porta com força. Esta ambivalência moral, entretanto, não significava equivalência moral, já que os Estados Unidos nunca julgaram necessário violar direitos humanos na escala em que a União Soviética e seus aliados tinham praticado. Mas felizmente a Grande Sociedade Aberta venceu, e um presidente americano foi forçado a renunciar por escândalos e mentiras, mostrando que os fins não justificavam os meios, e que o império da lei ainda valia.
Nos últimos capítulos, Gaddis fala dos grandes líderes que surgiram, dentro de um contexto histórico, para acelerar o processo de desmantelamento do comunismo e término da Guerra Fria. Figuras como Reagan, Thatcher, Walesa, Václav Havel e João Paulo II seriam peças fundamentais no desfecho desta fase sombria que viveu a humanidade. Compare-se a estes nomes figuras pitorescas como Mao Tse Tung, Stalin, Pol Pot, Kim Il-Sung, Fidel Castro, Ho Chi Minh e Ceausescu, e não resta dúvidas de que um lado lutava pela liberdade e valores decentes da humanidade, enquanto o outro representava o mal encarnado, o terror e a violência. Gorbachev recebeu muitos méritos pela queda soviética, mas na verdade tentara salvar o socialismo tomando emprestadas idéias capitalistas. Nunca abandonou de verdade o ideal socialista, ainda que não estivesse disposto a usar a força para sustentá-lo. Como um não vive em o outro, Gorbachev acabou contribuindo para o fim da União Soviética.
Segundo Gaddis, “a Guerra Fria pode bem ser lembrada como o ponto a partir do qual força militar, o elemento definidor de ‘poder’ nos cinco séculos anteriores, deixou de sê-lo”. Afinal, “a União Soviética se desfez com todo seu poder militar, inclusive a capacidade nuclear, perfeitamente intacto”. A Guerra Fria, não obstante todas as suas atrocidades, podia ter sido muito pior. “Começou com uma volta do medo e terminou com um triunfo da esperança”.
O triste é saber que muitos torciam pelo lado errado, e até hoje não perdoaram os americanos por terem vencido a Guerra Fria. Este socialismo envergonhado é uma das causas do antiamericanismo patológico que vem crescendo desde então. Seus defensores irão perder, uma vez mais.
Excelente texto. Como Martin Luther King Jr e Gandhi um dia pregaram, as melhores guerras são aquelas vencidas sem o uso da força.
ResponderExcluirPena que o Bush nunca leu nada sobre Martin Luther King Jr e Gandhi !!!
ResponderExcluir"Foi um dos momentos mais delicados da Guerra Fria, e Gaddis considera que 'o que evitou que ocorresse uma guerra no outono de 1962 foi a irracionalidade do terror absoluto que tomou conta de ambos os lados'."
ResponderExcluirUma vez consumada a revolução que culminou na implantação do regime de Fidel Castro em Cuba, no início da década de 1960, os Estados Unidos passaram a pensar seriamente nas estratégias que montariam, sob o pretexto da ameaça oriunda deste fato aos países da América Latina. Imediatamente organizaram uma invasão a Cuba, que terminou fracassando. Em resposta os soviéticos instalaram silos nucleares na ilha caribenha, como forma de assegurarem que não haveria nova investida americana. Essa atitude soviética, dentro de uma avaliação neutra da Guerra Fria, torna-se duas vezes justificada: era também uma resposta aos mísseis Júpiter que da Turquia apontavam para os soviéticos. Ainda assim o presidente Kennedy resolveu impor o bloqueio aos navios da União Soviética no acesso a Cuba. A negociação proposta por Nikita Khrushchev aos EUA frente a este episódio, delimita uma situação favorável ao mundo como um todo, apesar de parecer negativa a ambas as partes que a fizeram. Graças a ela os Estados Unidos removeram os mísseis da Turquia e concordaram em não atacar Cuba ao mesmo tempo em que a URSS se comprometeu a também retirar seus mísseis de Cuba. A iniciativa da negociação, bem como o objeto da mesma, partiram do lado Khrushchev, sendo que Kennedy é que foi forçado a ceder aos pedidos. Portanto não vejo porque Khrushchev estivesse "principalmente" tentando propagar a Revolução na América Latina. Podia até ter este objetivo de modo mais vago e menos preciso, mas não principalmente ele, este não era exatamente seu foco central. Embora lhe custando o governo, devido à pressão daqueles que o acusaram de fraco, de que não sabia se impor perante os EUA, a via pacífica apresentada por Nikita Khrushchev mostrou-se uma decisão bastante razoável, que verdadeiramente evitou a eclosão do conflito em 1962. Ela delimitou uma situação que de certa forma ferira o orgulho estadunidense, que mais tarde o general LeMay iria se referir como "a maior derrota da história estadunidense", e pedir que Kennedy invadisse imediatamente a ilha caribenha.
P.S.: Em função desta observação que fiz, sei que alguns, que tem o hábito doentio de fazer isso (como podemos constatar em posts passados), poderão me chamar de marxista/comunista/repugnante/desprezível... Essas pessoas se sustentam nessas falácias por pura limitação intelectual. Mas deixo claro que sou liberal assim como muitos dos freqüentam este site e penso que a crítica de uma idéia, dentro de certa medida, só vem a reforçar o conjunto que a gerou.
P.S.2: Passarei um tempo colocando o PS acima em todos os comentários que fizer com este teor até que as referidas pessoas tomem consciência ou enjoem de tanto olhar.
Finalmente: Abraços
José Antonio
Rodrigo,escreva sobre o que você entende e defenda os seus valôres de vida,como neste escrito,e então seus textos ficam mais claros,sem rancor,
ResponderExcluirsem fanatismo.O grande erro seu,nos textos de sua "cruzada"(palavra sua!)
anti-fanatismo religioso,ocorreu por
serem eles também fanáticos,plenos de preconceitos,o que acarretou uma reação
semelhante dos acusados(você parecia um promotor).Neste escrito de hoje
você expõe
suas idéias claramente,de forma mais serena,sem ar profético.Melhor assim.
"Seus defensores irão perder, uma vez mais"
ResponderExcluirIsto é profético. :o)
Mas alguns só têm olhos para questões religiosas. :oP
José Antonio,
ResponderExcluirbelo texto. Sempre bom ver alguém indo mais fundo, refletindo sobre a questão, sem morrer em maniqueísmos, para alguns de nós, já há muito ultrapassados.
Um abraço,
Helena
“Não confio em gente que sabe exatamente o que Deus quer que elas façam. Sempre coincide com aquilo que elas próprias desejam.”
ResponderExcluirSusan Brownell Anthony
“Deus é um ser mágico que veio do nada, criou o universo e tortura eternamente aqueles que não acreditam nele, porque os ama.”
ResponderExcluirSteve Knight
Rodrigo,
ResponderExcluiresta é para você. Outro dia vi um mal entendido aqui sobre Huxley, segue um trecho de uma de suas obras:
“O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A ciência é somente o supra-sumo do bom-senso – isto é, rigidamente precisa em sua observação e inimiga da lógica falaciosa.” Thomas H. Huxley
Até,
XIS
O padre estava passeando pela floresta quando viu uma onça que corria em sua direção. O padre começou a correr e quando ela estava quase o alcançando, ele teve uma idéia brilhante. Parou, ajoelhou-se, ergueu os braços para o céu e começou a rezar: “Senhor, faça com que essa onça tenha princípios cristãos!” Então a onça parou abruptamente, ergueu as patas para o céu, e disse: “Senhor, abençoai esse alimento que vou comer...
ResponderExcluirUma recomendação recorrente de alguns comentaristas deste blog é a de que o Rodrigo deveria escrever somente sobre "aquilo de que entende". Que graça teria escrevermos somente sobre aquilo de que entendemos? Onde estaria a oportunidade de pesquisa, reflexão e aprendizado?
ResponderExcluir[ ]s
Alvaro Augusto
http://alvaroaugusto.blogspot.com
Álvaro Augusto,e se o Rodrigo começasse
ResponderExcluira dar opiniões "técnicas" sobre engenharia,como fez o canalha petralha
do Paulo Henrique Amorim quando do desabamento na estação do Metrô em São Paulo?O P.A.M.buscava culpados a qualquer custo,no campo tucano.
O Rodrigo não quer discutir determinados assuntos e sim fazer
"cruzadas",proselitismo ideológico em áreas que são pontos cegos dele.E não se esqueça que o opinionismo é uma das piores e mais nefastas características
do brasileiro comum.Quem é um intelectual público,como o Constantino,
deve medir muito mais as palavras do que comentaristas de blog.
Concordo com Alvaro Augusto, até porque, se não existe a verdade absoluta, muito menos existe a onisciência. Opiniões e interpretações, no entanto, são sempre bem-vindas, desde que obedeçam a um certo conhecimento de causa. Comentários e troca de idéias sempre serão oportunos desde que se atenham ao assunto, sem papaguear olavos, voltaires ou marxes, sem elocubrações sobre frases isoladas e sem logomaquias.
ResponderExcluirInfelizmente, em um site sem censura e democrático, somos sempre obrigados a ler impropérios, palavrões e muita porcaria tirada de pé de página das Seleções do Reader's Digest entre comentários verdadeiramente pertinentes, mas é o preço que se paga por tentar ser justo. Sem falar nas viúvas de maridos vivos ou mortos, que se afoitam em defender-lhes as memórias com palavras de ordem escritas em cartilhas ensebadas, repetidas ad nauseam como cantilenas.
Mas, apesar disso tudo, a gente vai levando, sempre na esperança que essa massa obnubilada se liberte dos grilhões que os forjaram e amadureça o pouco que dê para notar que não há nada melhor que a liberdade, principalmente a de pensamento. E que essa liberdade nunca será obtida se se estiver do lado errado da razão, que é a fé, seja ela no que for. Enquanto deuses, "ismos", seitas ou filosofias forem encarados como dogmas existirão a escravidão e o preconceito. E continuaremos a ler besteiras.
O que será que o anônimo chama de opinionismo? Por acaso ao dizer que "o opinionismo é uma das piores e mais nefastas características do brasileiro comum" ele não está dando uma opinião, portanto, sendo nefasto? Como será que alguém pode ser articulista ou comentarista sem dar opiniões? Como alguém consegue ser tão incoerente com tào poucas palavras?
ResponderExcluirOutra coisa: discutir é bem diferente do que faz a maioria por aqui que apenas "torce" por seus ídolos. Discutir também é bem diferente do que costuma fazer O. de C. que trava monólogos intermináveis com seu ego monumental em textos contraditórios em si mesmos, cheios de ódio, meias-verdades e deturpação de fatos.
Ricardo Fróes,o seu ódio contradiz a sua suposta "racionalidade".Em comentários curtos não há como se definir com precisão cada palavra utilizada,aqui não se escrevem tratados
ResponderExcluirde filosofia.E você é patético,como sempre,nas suas críticas maniqueístas, como se de um lado estivessem os inteligentes e sábios,a sua troupe,O BEM,e de outro os irracionais,O MAL, comandado pelo bruxo Olavo de Carvalho.
É sempre este esquema mental que subjaz
no que você e os de sua laia escrevem.
Assim como para os petistas a "direita"
é o mal,encarnado hoje pelos tucanos,
para os de sua laia O MAL é encarnado
pelo O.de C. e seus seguidores.
E quanto a "opinionismo",é emitir opiniões a respeito de tudo,mesmo sabendo pouco de poucos assuntos.O Rodrigo fez "opinionismo" quando falou
canhestramente de religião,tema vasto que ultrapassa o racionalismo cientificista dele,e Olavo faz o mesmo
quando fala de Física,de Psicologia.Os dois têm egos inflados,se esquecem da
segunda frase escrita no Templo de Delfos:"Medèn ágan",nada em excesso.
Ricardo,você acha que seus textos são uma maravilha?Macaco,olha o teu rabo!
Ricardo,
ResponderExcluirarranjou um fã insandecido e anônimo.
Forte abraço,
CH
Meu ódio não chega aos pés do seu, meu caro covarde anônimo. Sou patético sim, porque consigo trazer você à comoção tanto quanto a minha laia. Como diria o ilustre filósofo contemporâneo, Roberto Jefferson, consegui despertar seus instintos mais primitivos.
ResponderExcluirOpinionismo, meu caro, não figura em qualquer léxico e nem em qualquer manual de imbecilidades que você possa pesquisar, mas se acha que o mal do brasileiro é dar opiniões demais, fique calado, porque opinar foi a única coisa que fez até agora. Simplesmente criticar alguém por falar "canhestramente de religião" sem dizer o porquê é puro maniqueísmo, coisa de que você me acusa sem sequer saber o real significado da palavra, quanto mais da filosofia.
É muito fácil citar nomes e repetir frases de fachada, como a do Templo de Delfos. Aliás, São Tomás de Aquino, que alguém citou como sendo digno de relevância, não fez outra coisa senão pinçar frases de antigos filósofos e criticá-las, tendo como base dogmas "inquestionáveis". Eu, em lugar do seu "Medèn ágan", sinceramente prefiro Maloux com sua afirmação "quod abundat non nocet" (o que abunda não prejudica), principalmente em se tratando de inteligência, cultura e educação, que não são, definitivamente, o seu forte.
Eu, sinceramente, acho meus textos umas porcarias. Ainda tenho muito que aprender. Mas, como não pretendo, por ora, concorrer ao Nobel de Literatura, continuo sempre aceitando críticas como a sua, de olhar meu rabo, mas pelo menos, me dê o direito de olhar o seu e dizer que é feio pra cacete!
CH:
ResponderExcluirNotei. Freud deve explicar essa paixão recôndita que será correspondida mediante a aquiescência do apaixonado em exibir o apêndice que encerra a porção terminal da sua coluna vertebral.
Abraços
Eu esqueci de uma coisa, meu caro anônimo covarde: O. de C. não é o Mal encarnado por absoluta falta de competência até para representar Belzebu. No máximo ele consegue fazer uma ou outra cagada sem relevância.
ResponderExcluirRicardo,
ResponderExcluirperfeitas suas duas últimas colocações.
Um abraço,
Carlos Henrique.
ERRATA: ENSANDECIDO
ResponderExcluirantes que todos os meus textos nada valham por um errinho de merda.
Pois é, mas ainda tem gente que pensa que a Guerra Fria não acabou...
ResponderExcluira.h
"Globalismo" vs. América
.
Em Os brasileiros e os outros, Olavo de Carvalho se esmera na paranóia. Mais uma vez...
"Vou resumir aqui algumas teses que tenho defendido em artigos e conferências. Não são opiniões soltas nem expressões emocionais de preferências políticas. São o resultado de mais de 20 anos de estudos sobre a distribuição do poder no mundo e sobre as possibilidades que o nosso país tem de preservar sua soberania nas próximas décadas."
- Tempo pode ser uma variável meramente matemática, se não se procura ampliar nenhum horizonte ou rever alguma premissa. Isto, por si só, não é indicativo algum de certeza ou veracidade em asseverar e definir fatos. OC pode achar que não precisa nada disto, pois bem, tão pouco precisaria de tempo para se assegurar do que pensava que já sabia.
"1. As forças que visam à criação do governo mundial são as mesmas que tentam diluir a soberania dos EUA numa "North American Commonwealth", fundindo os EUA, o México e o Canadá. São as mesmas que interferem na Amazônia, violando a nossa soberania territorial. São as mesmas que subsidiam e apóiam a esquerda do Terceiro Mundo, o politicamente correto e a destruição da civilização judaico-cristã. São as mesmas que, dominando a grande mídia de Nova York e Washington (mas ainda em desvantagem no rádio e na internet), se esforçam para deter a ação militar americana contra o terrorismo internacional."
- O próprio NAFTA não reduz a soberania nacional de nenhum dos seus membros (diferentemente da UE). Mas, se tal "comunidade norte-americana" o prescreve, é de se perguntar se isto não fortaleceria os próprios contigentes populacionais em questão. Os EUA são uma federação de 50 estados com bastante autonomia entre eles. Por que a fusão em uma união com o Canadá e o México representaria uma ameaça a esta autonomia interna? OC dispõe de informações sobre o processo de formação desta união que não sejam fruto de um mero preconceito nacional? Alegar também que a Amazônia está "ameaçada" deveria implicar em apontar quem são os "invasores" ou pretendentes à invasão. Como OC não o diz, apenas generaliza sob o rótulo de "esquerda" (que pouco diz hoje em dia), só posso supor que não sabe mesmo. Assim como não tem a menor idéia de pesquisas científicas realizadas entre parcerias (como INPA e NASA p.ex.) estão inscritas dentro do que acusa como forças que "interferem na Amazônia".
"2. Nos EUA trava-se uma luta feroz entre esse esquema mundialista e a resistência conservadora, empenhada em preservar não só a soberania americana mas uma ordem internacional constituída de nações independentes."
- Obviamente que desaprovo um "esquema mundialista" de poder se este implicar em uma maior centralização dos centros decisórios. Mas, se o mesmo apontar para um esforço de distribuição (mesmo que ainda desigual) de poder pré-moldando uma federação mundial, qual o problema? O exemplo de uma UE é ruim? Os EUA já tiveram, antes da I Guerra Mundial, uma posição isolacionista. Negaram-na mais tarde, pois era contrária a seus interesses. Os interesses em si podem ser questionados, como aliás tudo pode ser, mas acreditar que esta posição de caipiras que querem um estado belicoso dizendo a todos que consomem seus produtos e serviços um sonoro "cai fora" é ingenuidade de quem nunca se deteve ante os meandros da política internacional.
"3. O destino do mundo depende do desenlace dessa luta. Se a maior das nações não preservar sua soberania, as demais serão dissolvidas com um simples memorando do secretário-geral da ONU."
- A ONU é uma entidade necessária, embora precise ser reformulada (assim como de tempos em tempos). Mas, a verdadeira força integradora reside no comércio externo. Esta sim é o esteio dessa integração que tende a reduzir a autonomia das nações para colocar em seu lugar a autonomia dos mercados. E é muito bem vinda.
"4. Ataques aos EUA não ferem em nada o esquema de poder global mas apenas a nação americana. Em conseqüência, fortalecem esse esquema."
- Ataques aos EUA ferem a maior parte dos países no mundo, mesmo por que estes dependem dos EUA. É do interesse da maior parte dos povos o sucesso da maior economia mundial. O problema reside em alguns setores monopolistas que, tanto nos EUA quanto em outros países, se beneficiam dessa assimetria de poder (petróleo p.ex.) em que a maior diversificação econômica e, no caso que me refiro, energética tende a confrontar quem busca reduzir custos.
"5. A luta dos conservadores americanos é a nossa luta. Se eles perderem, o Brasil perderá muito mais. No Brasil ninguém sabe disso porque nada do que eles dizem ou fazem chega até aí. Nossa mídia é caudatária do New York Times e do Washington Post, house organs da elite globalista. Praticamente tudo o que vocês lêem sobre os EUA vem pré-moldado pela esquerda chique internacional."
- A maior diversificação econômica tende a diversificar as fontes de informação. Se um NYT precisa ser confrontado, isto não se dará apenas por deslocar o foco de interesse de uma mídia por outra. A troca de monopólio de mídias não revela uma autonomia de pensamento, mas sim a busca de uma nova referência esquecendo-se do princípio que motivou uma delas a se insurgir contra outra. Não vejo a "luta dos conservadores americanos" como minha luta na mesma medida que não sou xenófobo contra a imigração estrangeira e nem um defensor da fusão entre estado e igreja.
"6. Quem acha que as ambições globalistas e o interesse nacional dos Estados Unidos são a mesma coisa está maluco, ignora o assunto ou está mentindo. Ou então os conservadores americanos é que não sabem de si próprios e têm de tomar aulas na Escola Superior de Guerra.
Podem me chamar de americanófilo, de agente da CIA, de vendido ao Departamento de Estado, de comunista enrustido, do que quiserem. Essa fofocagem miserável não mudará em nada a natureza da guerra e a identidade do verdadeiro inimigo. Acabo de resumir uma coisa e a outra com a maior clareza. Do diagnóstico resulta, por pura lógica, o sentido da ação a empreender. Quem for brasileiro, que me siga. Os demais podem passar no caixa do MR-8 e embolsar sua quota do oil for food."
- Como sempre, quem não concorda com o idiota é maluco. Este é o suprassumo da filosofia de OC. "Ambições globalistas" são tão eficazes quanto uma conspiração iluminati ou coisa parecida. E, o que é mais importante, sendo os EUA tão diversos internamente, quais "interesses" estão devidamente em choque? Creio que há tantos que eles se definem em cada front específico: trabalho, energia, finanças, ambiente, lei e moral etc.
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Labels: Olavo de Carvalho e suas sandices; EUA; "globalismo"
posted by a.h | 4:32 PM
a.h,
ResponderExcluirvc me deu a idéia de lançar uma enquete:
se "OLAVO DE CARVALHO E SUAS SANDICES" se tornasse uma obra, de quantos volumes, de 300 páginas cada, você acha que a coletânea precisaria?
uns 4 volumes: 300 x 4 = 1200 páginas de besteirol.
ResponderExcluir9 volumes
ResponderExcluiruns 12
ResponderExcluirQuantos volumes eu não sei, mas o título já tenho em mente:
ResponderExcluirO Jardim das Alucinações: um imbecil individual em solilóquio paranóide avançado atravessando o Hades
eh eh
Excelente, excelente.
ResponderExcluirEsse texto está de parabéns.
Na realidade, o conceito de guerra fria como um confronto não-bélico que se desenrolou entre os Estados Unidos e a URSS entre 1947 e 1989 reflete apenas o ponto de vista norte-americano, com conseqüências determinantes para a sua política externa atual.
Porém, a guerra fria tem origem bem mais remota, e continua se desenrolando na atualidade, com poucas variantes. O campo marxista desenvolve uma guerra fria de escala mundial desde os anos 20 e 30. A diferença é que antes da II Guerra, o inimigo era classificado como um conceito genérico de potências capitalistas, e depois se criou essa imagem de confronto de duas "superpotências", existente até a queda de uma, em 1990.
Ideologicamente, a base para a guerra fria, era o conceito de "socialismo em um só país", que condicionou todos os objetivos da revolução mundial à consolidação e expansão do modelo bolchevique implantado na Rússia, o que levou à submissão de outros líderes e pensadores que defendiam a autonomia de seus movimentos locais (como R. Luxemburgo, Gramsci e até Bela Kuhn), e transformando todas as alas simpatizantes em Partidos Comunistas, uniformizados, militarizados e violentamente homogêneos.
Claro que a repressão aos socialistas de esquerda e proto-comunistas (particularmente na Alemanha e na China) ajudou a consolidar a hegemonia bolchevique-stalinista, mas o fator principal foi a adesão maciça dos militantes na maioria dos partidos. Apenas a social-democracia escapou.
Quando Churchill e Roosevelt atrairam a URSS para uma aliança contra a URSS (essencial para a vitória deles) poderiam ter sido ingênuos ao aceitar que a dissolução da IC significaria o fim daquela primeira "guerra fria", mas o resultado significou apenas uma redivisão de influências.
ResponderExcluirStalin respeitou apenas essa divisão. Na Polônia, estados bálticos e outros, a conquista forçada do poder político, seguindo-se a monolitização.
Por sua vez, na França e Grécia, apoio para a desmobilização dos partisans e sindicatos.
Dentro do movimento comunista, as alas stalinista e maoísta sempre representaram a tendência para focalizar o "inimigo" (primeiro as potências, e agora apenas os Estados Unidos), o que na prática serviu para uma orientação ideológica altamente militarista, fechando os olhos para um modelo socialista que, mesmo com alguns progressos na industrialização acelerada, era visivelmente inferior ao ocidental em todas as demandas históricas do movimento socialista.
Já os dissidentes, minoritários, não tiveram como se opor à força do confronto mundial que parecia se desenhar, até a vitória final. Até algumas alas acabaram se rendendo ao stalinismo, e se integrando às suas novas formas.
A dissolução da URSS e a pragmatização do maoísmo chinês não alterou o confronto mundial. Apenas mudou os centros de força. Hoje em dia a militarização tendo os Estados Unidos como foco inimigo não apenas manteve os antigos aliados da URSS no Terceiro Mundo como também avançou no interior da social-democracia.
Se quiserem chamar essa força de o velho movimento comunista, ou então de um movimento multi-forme, a diferença é mínima. A Guerra Fria, a mesma guerra fria iniciada nos anos 20, está ainda em curso.
Comentando sobre comentário...
ResponderExcluirNão é verdade que os Estados Unidos começaram a hostilizar o regime de Fidel Castro assim que foi instalado, nem mesmo que "imediatamente organizaram uma invasão a Cuba".
Na realidade, tanto antes quanto logo depois da queda de Fulgêncio Batista em 1959 (vista como inevitável para Washington, e até um fim preferível para um amigo corrupto e aliado inconstante - veja que na década de 40 tinha o apoio dos comunistas locais), os Estados Unidos procuraram uma relação amistosa com Fidel Castro, que chegou a visitar os Estados Unidos e ser recebido oficialmente (antes da tomada do poder).
A América Latina tinha numerosas situações em que movimentos radicais chegaram ao poder para depois tomar medidas moderadas.
No entanto, Fidel continuou a radicalização e a relação com os Estados Unidos se deteriorou com o confisco de bens norte-americanos.
A invasão da baía dos Porcos se deu somente em 1962 (três anos depois da tomada do poder), e só depois disso a instalação dos mísseis.
É possível que a decisão de instalá-los tenha sido uma medida defensiva para o regime cubano, mas interferiu na possibilidade de destruição global, que ambas as potências tinham consciência.
Fidel e Che não... a ponto de considerarem a retirada como uma derrota.
REGIMES ULTRAPASSADOS COMO DE NORTH KOREA CUBA NÃO RESISTE AOS NOVOS TEMPOS A LIBERDADE SEMPRE VENCE POR ISSO QUE EU AMO OS UNITED STATES OF AMERICA POSTED BY LEU LEUTRAIX VISITE MEU SITE www.leuleutraix.blogspot.com
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