Rodrigo Constantino
O apagão aéreo e a reação do governo diante da crise que se abateu sobre o país demonstram claramente que o setor público não tem condições de gerir este importante setor da economia. Não existem mecanismos adequados de incentivos para premiar os acertos e punir os erros. A politicagem toma conta do setor, culminando nos gestos obscenos de Marco Aurélio Garcia e seu auxiliar, comemorando a suposta responsabilidade da TAM em vez do governo. Cada órgão estatal joga a culpa para outro lugar, e as soluções não chegam. O governo, diante de um problema de gargalo na oferta, resolve simplesmente reduzi-la, fechando pistas e fazendo os consumidores buscarem refúgio nos ônibus. Seria como um empresário do ramo de bebidas, diante da dificuldade de atender a crescente demanda, preferir apenas não vender mais, incentivando os clientes a buscarem substitutos. Se existe fila, em vez de aumentar a produção, opta-se por mandar os consumidores embora.
A busca pelo lucro é a garantia de que os empresários farão o melhor possível para atender a demanda dos consumidores. Sim, isto inclui o quesito segurança também, pois a credibilidade de uma empresa é seu principal ativo no longo prazo. E, ao contrário do que o consenso diz, é o setor privado que tem incentivos para mirar no longo prazo, já que o capital é próprio e seu valor aumenta na medida em que os lucros futuros são maiores. Por isso a Wal-Mart não sai vendendo produtos podres buscando ganhos maiores de imediato, mas que a levaria à bancarrota com o tempo. Já o setor público foca no curto prazo, pois o mandato político é limitado e o governante é apenas um usuário dos ativos, não seu dono. Há um claro incentivo para que o governante foque somente no presente, deixando a conta da irresponsabilidade para outros governantes. Basta pensar na construção de uma ponte ou estrada. Se é uma empresa privada que irá construí-la e usufruir de seus ganhos, há um claro interesse em fazer algo de qualidade, maximizando a geração de caixa ao longo do tempo. Mas se é o governo quem fará a ponte, o governante tem interesse em fazê-la com o material mais barato possível, ficando com orçamento disponível para outras obras que conquistam votos. Se der problema no futuro, a ponte não é dele mesmo, e o ônus político será de outro governante qualquer.
Não é difícil compreender essa lógica capitalista. E menos difícil ainda é checar as evidências empíricas disso. No próprio setor aéreo, vários países privatizaram os seus aeroportos, mostrando uma eficiência muito maior depois, como sempre ocorre com privatizações. Mas no Brasil ainda é falar grego defender o óbvio em economia. Uma mentalidade atrasada condena o lucro e o setor privado, optando por um governo gestor de empresas, que será sempre mais ineficiente e corrupto. E o lamentável é que essa visão retrógrada não é exclusividade do PT. Vimos Alckmin fugir da defesa das privatizações enquanto candidato a presidente, ainda que os números das privatizações realizadas durante o governo FHC falem por si só. Nem mesmo os petistas gostariam de um retorno da Telebrás! E eis que agora, diante dessa crise no setor aéreo, o governador de São Paulo, José Serra, (de)formado pela Cepal, ataca a privatização também: "Privatizar a Infraero não vai resolver rigorosamente nada; pode dar um dinheirinho no início que vai se perder depois porque tem que remunerar os lucros". É triste constatar que existe praticamente um monopólio da mentalidade esquerdista em nossa política. E mais triste ainda é verificar que muitos ainda culpam o "neoliberalismo", mais distante do Brasil do que Plutão da Terra, pelos nossos males, culpa justamente da falta de liberdade econômica.
Caro Rodrigo,
ResponderExcluirapenas complementando: "[...] Mas se é o governo quem fará a ponte, o governante tem interesse em fazê-la com o material mais barato possível, ficando com orçamento disponível para outras obras que conquistam votos."
Acho que o governante alem de utilizar o material mais barato (para não dizer vagabundo), faz como que "por um milagre", o custo se o mais alto possível, para favorecer claro, "os amigos do rei".
Uma pergunta que não quer calar:
ResponderExcluirComo se livrar do governo? Não "desse" governo, mas de todos os governos que ainda virão?
Não se iludam, porque o PSDB vai ser um pouco melhor, mas as mazelas, desmandos, corrupção, parasitismo estatal vão continuar...
FHC ficou aí 8 anos, e tirando o plano REAL o que ele fez ??? Sim, me digam o que ele fez ??? Criminalidade nas alturas, economia em frangalhos, dívida interna dobrada, apagão de energia, etc.
Para o Brasil não há solução, a não ser que destruam o estado e recomecem do zero...
Se eu estiver errado, por favor me digam... Não vejo nenhuma luz no fim do túnel, ou melhor, vejo mais acho que é um trem...
Ok, me excitei um pouco, já que destruir o estado seria algo muito radical que ia ter efeitos colaterais provavelmente impagáveis...
ResponderExcluirResta então rezar que apareça alguém que queira realmente mudar tudo. O problema é que a política brasileira foi feita de uma maneira que o poder se dilui entre as várias instancias do governo, de forma que ninguém tenha poder suficiente para mudar nada a fim de que os governantes possam continuar parasitando o país...
Não espere que o salvador da pátria surja de dentro da política. Isso nunca aconteceu na história de nenhum país. A constituição americana foi feita em oposição a uma anterior, de fora da política...
ResponderExcluirOs lucros serão desmesurados,e os serviços e produtos aviltados,pois a atual economia nacional está partilhada entre dois comandos ligados diretamente à manutenção do poder...Enquanto este durar,maior será o provimento dos dois "pilares" da estrutura petista.Leia-se:José Dirceu e Antonio Palocci.
ResponderExcluirUm abraço!
Neste país,até um partido supostamente liberal(mas na realidade dominado pelos coronéis do atraso,descendentes dos capitães hereditários) envergonhou-se do nome e por isso o trocou.
ResponderExcluirPrecisamos de um novo partido que defenda o neo-liberalismo com orgulho.
Rodrigo, esse foi um de seus melhores artigos. Parabens!
ResponderExcluirQuanto a solucao para o Brasil, nao existe formula magica. Vamos a historia.
Os EUA se tornaram independentes por meio de uma guerra com os ingleses. O Brasil se tornou independente por medo do imperador. Portugal nao queria o Brasil.
Isso faz com que sejamos um pais de bundoes. Ninguem se mobiliza. O Estado ou o Governo ou a Politica nada mais sao do que reflexo desse povinho bunda.
Eh um triste realidade. O que fazer para mudar? Eh muito dificil mas lhes garanto que ficar sentado reclamando e apontando erros nao resolve.
Conhecemos bem os erros, o que falta eh agir. Sair do mundo das ideias e fazer como fizeram os americanos ha mais de duzentos anos. Vamos a luta!!
Vai ser divertido retornar a este artigo quando, na próxima eleição presidencial, Constantino defender a candidatura do Serra. Haja sofisma para remendar.
ResponderExcluir"Precisamos de um novo partido que defenda o neo-liberalismo com orgulho".
ResponderExcluirÉ a primeira vez em muito tempo que vejo alguém se proclamar neoliberal. Geralmente os próprios dizem que isto é baboseira de esquerdista.
Comente o nosso blog.
ResponderExcluirUm blog onde criticamos tudo e todos. Um blog divertído e com notícias sempre frescas.
Por favor comente com o login feito.
Obrigado,
Mééé.
E pensar que mais "próximo" (na verdade muito longe ainda) do liberalismo no Brasil é o PFL que resolveu ser "DEMocrata".
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