sexta-feira, outubro 05, 2007

Tropa de Elite


Rodrigo Constantino

Finalmente vi o tão falado filme Tropa de Elite, no dia da estréia oficial nos cinemas. Gostei muito. O que mais me impressionou no filme foi seu realismo, a forma direta como trata de delicados temas – como o da violência carioca. Após ver o filme, parece-me incompreensível o rótulo de “fascista” que muitos esquerdistas deram ao filme. Sim, entendo que tudo aquilo que não é socialista vira “fascista” ou “nazista” para essa turma. Não obstante o fato de que na prática é tudo farinha do mesmo saco – socialismo, comunismo, fascismo e nacional-socialismo, todos antiliberais e coletivistas – fica a constatação de que o filme não tem absolutamente nada que nos remeta ao fascismo. A não ser, claro, que ser contra a extinção do “caveirão” seja sinônimo de fascismo...

O filme mostra um Capitão Nascimento vivendo angústias pessoais, e não um monstro que adora torturas. O filme não faz apologia à tortura hora alguma, como alguns disseram. Ele apenas relata a vida dura dos policiais do Bope, e a podridão que é o sistema policial na cidade. Em resumo, ele descreve uma realidade lamentável da cidade “maravilhosa”, onde todo o sistema funciona para se perpetuar, incluindo policiais corruptos, traficantes, políticos e consumidores de drogas da classe média e alta. A tropa de elite da PM é tratada como um pequeno grupo ainda blindado contra a corrupção que devorou o restante da polícia, graças provavelmente ao sentimento de honra de seus membros. O ambiente hostil, cujo câncer da corrupção já chegou ao estágio de metástase, não colabora nem um pouco com a adoção de práticas corretas no combate ao crime. Isso não quer dizer que os métodos aplicados pelo Bope sejam dignos de aplausos. Apenas mostra como a realidade é: guerra é guerra. E o Rio vive, especialmente nesses locais, uma verdadeira guerra civil, com a total ausência do império da lei.

Um suíço vendo o filme ficaria chocado, com razão. E é importante pensar nisso, pois nos força uma reflexão: a que ponto nós chegamos?! Como sapos escaldados, vamos nos acostumando com a escalada da violência, achando normal a situação deplorável da cidade. Mas de vez em quando, como se despertos de um pesadelo, a revolta e indignação chegam a tal patamar que um Capitão Nascimento, assassino de assassinos, passa a ser visto com complacência – quando não admiração. É como um grito de desespero, colocando para fora nossa angústia. As favelas viraram verdadeiras fortalezas do crime, desde quando Brizola as tornou intocáveis pela polícia. Se antes era relativamente fácil extirpar o câncer, fica cada vez mais complicado fazer isso agora. A mentalidade de que bandidos são “vítimas da sociedade” não ajuda nada. As ONGs como a Viva Rio, que vivem pregando a paz enquanto atacam a polícia e defendem os bandidos, tampouco contribui. E o fato de ONGs desse tipo terem sido tratadas como hipócritas no filme, assim como os ricos que pedem paz entre uma carreira de cocaína e outra, ajudou bastante para os ataques que recebeu da “esquerda festiva carioca”. Defender o fim da ação policial nos morros não é solução!

Eu sou um defensor da legalização das drogas. Não encaro isso como uma panacéia para nossos males, lembrando que vários países possuem consumo de drogas proibidas, mas nem por isso vivem no caos em que vivemos. Mas vejo a proibição das drogas como uma das grandes causas da violência, origem do tráfico. O Capitão Nascimento passa a mesma idéia no filme, quando desabafa que está de “saco cheio” de ter que subir morro e ver as crianças que morrem por conta do tráfico só porque os “playboys” querem enrolar um baseado. Entre Al Capone e os acionistas da Inbev, eu fico com a segunda opção, sem dúvida. Não consigo entender porque alguns preferem dar dinheiro para o PCC, Comando Vermelho e FARC em vez de dar lucros para uma Souza Cruz da vida, que gera empregos formais e paga impostos. A maconha deveria ser vendida por empresas deste tipo, não por traficantes.

Dito isso, a mensagem do filme, que trata como hipócritas os consumidores de drogas riquinhos, permanece válida. Afinal de contas, essas drogas estão proibidas, e este fato faz toda a diferença. Afinal, consumi-las realmente abastece os traficantes, dando munição para eles, contribuindo para a morte de inocentes na guerra do tráfico. Os defensores da legalização devem atuar no campo das idéias, buscando mudar este quadro. Mas enquanto isso não ocorre, devem entender que cada baseado aceso é mais bala de fuzil na mão de traficante assassino. Creio que esse é um motivo e tanto para abandonar o consumo até este ser legalizado.

Por fim, gosto sempre de lembrar da máxima de que cinema é a maior diversão. Muitos filmes tentam passar mensagens políticas ou ideológicas, faz parte do negócio. Mas no fim do dia, um bom filme, em minha opinião, é aquele que diverte como um bom entretenimento. Por isso gosto dos filmes de ação de Hollywood, com orçamento milionário, muitas explosões e perseguições inacreditáveis de carros. E neste quesito, Tropa de Elite merece uma ótima nota. O filme prende o expectador na cadeira, atento a cada cena eletrizante. As cenas são bem realistas. A violência está presente, mas não em doses absurdas. E cá entre nós: a violência existe mesmo em nossa cidade e em nossas favelas. Será que retratar a vida como ela é virou coisa de “fascista” agora? Pelo menos o filme despertou um debate saudável sobre os temas. E quem não gosta de debates sim, são os verdadeiros fascistas!

15 comentários:

  1. Anônimo9:36 PM

    O melhor do filme
    na minha opinião, foi a perfeição com que foi retratado o debate sobre a violencia gerada pelo comercio de drogas, alguns acham que a culpa é do consumidor, outros que a culpa é do vendedor, e outros ainda acham que a culpa é da policia.
    Eu devo concordar com os terceiros apenas, mas não pelos motivos dos alunos hipocritas da faculdade de direito, mas por ser a policia o braço armado do Estado que absurdamente proibe e coibe o comercio de drogas.

    O filme demonstra que esse meu ponto de vista(seu tambem rodrigo) , está completamente ausente do debate.

    ResponderExcluir
  2. Anônimo3:50 PM

    Também vi o filme. Gostei muito, e, "apesar" de ser petista histórico (da facção ultra-light, diga-se), repugno a tacha de fascismo que andam imputando à película.

    Discordo do Constantino quando ele afirma: "socialismo, comunismo, fascismo e nacional-socialismo, todos antiliberais e coletivistas". Não é verdade. O liberalismo - a antítese do coletivismo - é uma doutrina complexa que compreende matizes à direita e à esquerda do espectro político. Por exemplo: existe uma corrente liberal-socialista de esquerda, cujos principais teóricos foram L. T. Hobhouse, Francesco Merlino, Guido Calogero e Norberto Bobbio.

    Quanto ao liberalismo de direita, este sim apresenta um forte ressaibo coletivista, na medida em que considera os indivíduos como elementos de uma massa e defende que o destino das pessoas fique a mercê das leis "naturais" que regem essa massa. Com efeito, as leis do mercado são isomórficas em relação às leis estatísticas da termodinâmica, uma vez que ambas agem numa "massa" de fenômenos e cujo grau de precisão de suas previsões é diretamente proporcional à grandeza da "massa".

    Aproveito o ensejo para parabenizar o Constantino pelo seu blog. Muito bom. Embora não concorde com a maior parte das suas idéias, não consigo deixar de acessá-lo pelo menos uma vez na semana. Gosto de quem discorda de mim, principalmente os inteligentes.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  3. Anônimo6:07 AM

    Ei Rodrigo Clipboard Constantino,

    No que você diz sobre o filme está quase tudo correto. Seu único erro é dizer que o "(...) estou de saco cheio (...)" do Cap. Nascimento é pela liberação das drogas, como você quer. O desabafo refere-se à luta dele contra os policiais corruptos que desfazem o que ele faz.

    Agora, quanto à luta para liberar as drogas: se você pensa que o tráfico ilegal acaba está redondamente enganado. Muito ao contrário, é bem capaz de se tornar mais violento por causa da concorrência dos "legais". A tendência é, inclusive, a "qualidade do produto" piorar. Exemplos disso, PARA COMPROVAR está em todas as esquinas: CD's DVD's piratas, cigarros e bebidas falsificadas, gasolina, etc... etc.. etc... e ponham-se etc's nisso.

    A propósito, estou começando a concordar com você no que diz respeito ao assassinato de anencéfalos. MORTE AOS ANENCÉFALOS!!!! PETRALHAS DEVEM SER ELIMINADOS ANTES DE NASCER!!! QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ

    ResponderExcluir
  4. Anônimo7:15 AM

    Sou a favor da liberação das drogas também, contanto que tal liberação se dê em escala mundial. O pcc, cv,e congeneres sobrevivem devido às nossas leis capengas (acabaram até com a Lei dos crimes Hediondos); a atuação desmedida de ong como viva rio e de politicos com Helio Bicudo, Brizola e Suplicy, que sempre satanizaram a policia a trataram bandidos como vitima. Precisamos de um tolerancia Zero urgente, pois está estatisticamente provado que o fato de se prender pichadores de muros reduz significamente a taxa de homicidios (a "teoria da janela quebrada" tambem explica isso). Se na economia , precisamos de menos estado,e ele se imiscui cada vez na vida dos cidadãos, na segurança publica precisamos de mais estado combatendo criminosos,e este se omite

    ResponderExcluir
  5. Recomendo a todos que assistam o filme nos cinemas e prestem bastante atenção aos fatos ali narrados. Só o mais perfeito inocente irá achar que os fatos narrados ali com perfeição são oriundos da "ficção". No Brasil acontece coisas tão descabidas que realmente alguns estrangeiros poderão achar que o filme é uma mera obra de ficção, mas não é.

    O filme mostra as minúcias da corrupção na polícia de um jeito que dará nojo até nos deputados e senadores de Brasília. Ele mostra como o sistema só foi feito para proteger o próprio sistema e gerar dinheiro sujo para os policiais que o comandam. E no meio nesse esgoto parece que surgiu uma ilha de orgulho e da defesa da honra, pelavra tão fora de moda hoje em dia: BOPE.

    Aí um palhaço vai gritar: "Até parece que no BOPE não tem corrupção!" É claro que deve ter! Na polícia americana tem corrupção, no governo suiço tem corrupção, em todos os lugares haverá os bons e os honrados assim como também haverá os maus e os fracos. Assim é o mundo com uma pequena diferença: Em países sérios essa minoria de corruptos e mal-caráters é estirpada como se estirpa um tumor, como se dá descarga numa diarréia. Não há dó nem piedade dessa gente por parte de uma sociedade ignorante, de uma igreja pré-histórica ou de algumas ONGs hipócritas. Mijou fora do pinico vai para a gaiola o mais rápido possível, e fica-se aguardando ali uma injeção letal. Não há "peninha" de estuprador, não há dó de assassino sanguinário, nem há compaixão por traficante, nem habeas-corpus para Paulo Maluf.

    Enquanto em outros países são raros os casos onde se rouba ou se mata e consegue-se ficar em liberdade, no Brasil é, com ânsia de vômito, que constatamos que são raríssimos os casos onde se rouba e se mata e vai-se para a cadeia. Basta ter um pouco de dinheiro para comprar um habeas-corpus e/ou protelar o jungamento final por até 10 anos, de forma que se ganhe tempo para aproveitar o dinheiro roubado ou zombar dos parentes da vítima enquanto se planeja um plano B de fuga do país caso os custos com os juízes fiquem impagáveis.

    Agora a parte do filme que mais me impressionou pela mensagem direta e anti-hipócrita foi aquela em que o BOPE mata um traficante e junto com ele está um estudante que muito assustado acaba descobrindo com uma "ajuda" do capitão Nascimento quem realmente foi o culpado pela morte daquele traficante. Em outra parte do filme o capitão Nascimento fala a seguinte frase: "Quantas crianças ainda terão que morrer para que o playboy possa continuar fumando o seu baseado?" Foi nessa hora que me bateu uma satisfação por nunca ter experimentado qualquer tipo de droga ilícita. Passou um filme na minha cabeça de todas aquelas situações e oportunidades que eu tinha tudo para experimentar o prazer de um baseado inofensivo, mas por algum motivo teimoso eu recusei. Muitas vezes me pegava pensando comigo mesmo: "Porra, porque você não experimenta logo isso e curte o momento com os seus amigos?". Acho que esse filme veio finalmente responder de uma vez por todas essa questão...

    Numa sociedade doente como a do Brasil, onde a elite é hipócrita quando diz que o playboy maconheiro é uma vítima e o povão é ignorante o suficiente para doar uma boa parte da sua renda aos bispos da universal, só nos resta rezar. Quando discussões essenciais como a liberação da maconha, a reforma no judiciário, a reforma na política, etc. não surtem qualquer efeito prático, muito pelo contrário, fazem com que alguns bobos (como eu) ainda optam por perder seu precioso tempo batendo cabeça, então talvez seja a hora de desistir e mudar de país.

    E outro palhaço vai gritar: "O Bope é muito violento, não se combate violência com violência!" E isso só faz com que pensamos mais fortemente em abandonar esse país, onde só mesmo alguns filósofos ridículos e elitizados conseguem achar que num país zoneado, corrupto, anti-ético, injusto, sem justiça, sem segurança, com deputados como Paulo Maluf, pode realmente conter a violência passando a mão na cabeça de traficantes, assassinos, sequestradores, estupradores, políticos corruptos, etc. Nosso país é de uma permissividade que só se compara aos bordéis onde com dinheiro é possível qualquer putaria.

    No meio de tanta merda, desonra, corrupção, desmando, o BOPE surge nesse filme como a última gota de esperança preservada por um grupo de homens que arriscam a vida todos os dias não em troca de dinheiro, mas na exaltação da honra e do caráter. Que morram ou sejam presos os bandidos e traficantes! Que a sociedade hipócrita um dia libere as drogas para poupar os que optaram por viver sem ela. Que o judiciário um dia consiga colocar na prisão o excelentíssimo deputado Paulo Maluf. Que a ética, caráter e a honra voltem a ser artigos de primeira necessidade para essa sociedade doentia que só pensa em dinheiro mas mal pode passear de carro novo no fim-de-semana.

    "Quem poupa o lobo, sacrifica o rebanho!" (Victor Hugo)

    ResponderExcluir
  6. Anônimo8:40 PM

    Deixo de ler este blog - que me parecia inteligente - depois da absurda apologia pela liberação das drogas! Lamentável essa declaração. A qualidade das pessoas caiu, Deus passou à condição de uma entidade distante, o egoismo e o hedonismo ("o prazer a qualquer preço")viraram as "virtudes da hora". Vivemos uma decadência na civilização, isso sim.

    ResponderExcluir
  7. Mesmo que a Souza Cruz vendesse maconha legal outras drogas ainda seriam vendidas pelo tráfico: ecstasy, cocaína, heroína etc. Acho que falar em liberação de drogas num país que sequer consegue controlas suas fronteiras, manter o mínimo de segurança pública e gastar melhor os impostos absurdos que cobra é um tanto vago.
    Países que liberaram as drogas são minoria. Entendo a posição liberal nessa questão. É bonito, mas no Brasil não funciona!

    ResponderExcluir
  8. Caro Rodrigo,

    Também gostei muito do filme. O personagem Nascimento é um bandido. É o Estado agindo da sua pior forma. Fiquei assustado com a reação das pessoas que assistiram o filme. Ninguém manifestou qualquer crítica em reprovação à essa violência estatal em face do indivíduo. O mais impressionante: nenhuma autoridade do Bope publicou nota repudiando as cenas. Ou seja, é isso mesmo, o Bope tortura e mata. Tome cuidado, se por acaso o Bope quiser investigar uma suposta infração sua, irão meter o saco na cabeça de um parente seu...

    ResponderExcluir
  9. Anônimo12:17 PM

    Rodrigo,

    Com certeza a realidade social foi muito bem retratada no filme.
    O ponto que me chamou atençao em seu comentário foi a legalizacao de drogas. Se tais fossem legalizadas, no meu ponto de vista, apenas contribuiria para difundir um pensamento em um coletivo mal informado (cidadaos brasileiros) de que "Eles liberaram, vamos consumir." que de fato aumentaria ainda mais o círculo vicioso de consumo de um entorpecente que retira do homem a única coisa que possibilida o convívio em sociedade: o raciocínio do bem coletivo. Um usuário de drogas, além de estar incapacitado em suas faculdades mentais e ser capaz de cometer várias atrocidades á outrem, contribui para a violencia á medida que estas sao ilegais e frutos do tráfico. Em tal ponto, convergimos nosso pensamento, concordo que o tráfico é um grande problema, que desfaz muitas vidas e gera muita violencia, mas seria mesmo a legalizaçao a saída? Nao, de fato nao é. Esta apenas aumentaria o consumo e geraria mais violencia e os lucros seriam ainda maiores para traficantes que ao invés de morarem em favelas, migraria para áreas nobres em seus casaroes e comandariam empresas como a "Souza Cruz" com lucros estupidamente expandidos, pagando impostos (se é que os pagaria) para o governo combater a própria violencia gerada pela venda de drogas. Nao é um tanto contraditório?

    Apreciaria uma resposta.

    Thiago Igor, estudante direito UFMG.

    ResponderExcluir
  10. "Esta apenas aumentaria o consumo e geraria mais violencia e os lucros seriam ainda maiores para traficantes que ao invés de morarem em favelas, migraria para áreas nobres em seus casaroes e comandariam empresas como a "Souza Cruz" com lucros estupidamente expandidos, pagando impostos (se é que os pagaria) para o governo combater a própria violencia gerada pela venda de drogas. Nao é um tanto contraditório?"

    Confesso que não entendi sua lógica. Por que seriam traficantes se seria LEGAL? Por que a legalização AUMENTARIA a violência, causada basicamente pelo tráfico, existente por ser ilegal?

    Rodrigo

    ResponderExcluir
  11. Anônimo4:06 PM

    Rodrigo, eu me confundi, onde está traficante, podemos considerar comerciantes ja que foi legalizado hipoteticamnete. Mas nao vem ao caso de atrapalhar o raciocínio.

    Voce nao concorda que mesmo que legal, a venda de drogas nao causa violencia na sociedade?
    Quantos assassinatos, acidentes, infracoes em geral nao foram ocasionada pelo efeito que o uso de narcóticos causam nos usuários?
    Estamos falando de uma gama de violencia, desde violencia familiar, até concorrencia entre "fornecedores" que sempre se deu sob relacoes conflituosas armadas e ao que parece nao iria mudar cm o simples fato da legalizacao.

    ResponderExcluir
  12. Thiago, o álcool já teria o mesmo tipo de problema. No mais, o grosso da violência não é causado por causa das drogas em si, mas porque elas são ilegais. E por fim, o abuso de alguns não deve tolher o uso da maioria. Quantos bebem álcool socialmente sem problemas? Eles devem ter esse direito negado porque alguns viram alcoólatras inconvenientes ou mesmo perigosos? O mesmo vale para as demais drogas.

    Rodrigo

    ResponderExcluir
  13. Anônimo6:56 PM

    Não acho que o filme merece essa 'nota toda'. Mostrava farta quantidade de drogas e de armas potentes sem mencionar a origem; que, venham de onde vier, passam pelas nossas fronteiras cuja guarda é responsabilidade do governo federal. Outro ponto é que se estamos em guerra, no Rio parece ser o caso, faltou comparações com outros países no tocante ao número de vítimas, o prejuízo que isso acarreta, etc.
    A seqüência do treinamento é de um ridículo atroz; até Demi Morre teria feito muito melhor!
    Quanto à opinião do articulista sobre liberalização das drogas, concordo desde que tivéssemos uma maneira de liberar em todos os países simultaneamente.
    w.

    ResponderExcluir
  14. Rodrigo,

    Em primeiro lugar, teu comentário foi um dos melhores que li na blogosfera. Por uma simples razão, se posiciona. E é disto que o filme trata, das diferentes posições assumidas e suas conseqüências, inclusive da posição de não posicionar-se, do “deixa estar” estudantil justificado de modo generalizante pela corrupção policial. No filme, a idiotia esquerdófila da “vitimização social” me pareceu bem ironizada pelo debate sobre Foucault em um curso de Direito. Hilário...

    Só tenho duas observações a fazer:

    1ª) Concordo contigo sobre a necessidade de legalizar as drogas, mas tenho um senão. Isto, por si só, não basta. Sei que não disse o contrário, mas gostaria de chamar a atenção para que ninguém interprete mal achando que se sugere que a liberação seja suficiente para conter o crime. Conter o tráfico é uma coisa, conter o crime é outra... Imagine só que em nosso país, no qual adolescentes que participam de “rachas” e matam aleatoriamente e não são obrigados a fazer o teste do bafômetro para serem autuados em flagrante, o que não ocorreria se o consumo de maconha ou cocaína for, simplesmente, legalizado? E se tratar de “celebridades”, a coisa fica pior ainda (cf.: http://www.oexpressionista.com.br/?p=302 ). Se a lei é permissiva com os erros de alguns, se abre um precedente para todos.

    Mesmo na referenciada Holanda, onde o consumo de maconha é permitido, não se pode faze-lo em qualquer lugar de modo incondicional. É disto que nossa sociedade se exime. Assim como uma polícia correta e ordeira não é do interesse de quase ninguém. Ou os cariocas e brasileiros em geral querem uma polícia dando batida em quem dá uma cheiradinha na Zona Sul carioca e bairros nobres de nossas metrópoles? A corrupção policial não existe no vácuo, ela é produto nosso. Se realmente queremos mudar as coisas, tem que se ir muito além da liberalização. Parafraseando o velho mestre Adam Smith “the inhabitant of the breast, the man within, the great judge and arbiter of our conduct”, a liberdade compreende grandes doses de responsabilidade ausentes em nossa cultura.

    2ª) Outro dado que acho importante frisar é que com uma polícia tendo que torturar, para obter informações urgentes, o caso do Capitão Nascimento é sintomático. Não foi a tortura que o levou a uma momentânea perturbação, mas o fato de ter libertado um informante que, sob coação, denuncia comparsas levando-o ao inevitável destino de cruzar o Hades. Sua crise se agrava com a acusação feita por uma mãe “vocês mataram meu filho”. Outro mérito do filme é este, não cria heróis, mostra o heroísmo convivendo com o erro.

    Nossa sociedade não prescinde da tortura como método recorrente, infelizmente, porque se trata de uma guerra, como bem observaste. Mas, é disto que se trata, a guerra é anarquia, falta de lei e império da corrupção. Com uma esquerda hipócrita (redundante, não?) e uma direita obtusa (cf.: http://acasadefenrir.blogspot.com/2007/09/quem-o-pateta.html ) que vê o combate à corrupção como “perfumaria” estamos em maus lençóis.

    Abraço e parabéns pelo artigo.

    ResponderExcluir
  15. Anônimo6:43 PM

    Rodrigo, é a segunda vez que acesso seu Blog,visto me interessar pelas brilhantes, inteligentes e atualizadíssimas matérias que você aborda,..Sem demagogia alguma, pois os conteúdos falam por si só. Num pais com 90% de seme-analfabetos, acho que você consegue transmitir em liguagem clara e ao alcance do entendimento popular. PARABENS!..
    Só uma observação, o roteiro do filme BOP, de maneira alguma se pode questinar apologia, e ou sensacionalismo, pois acho que ele foi até brando demais diante da realidade que estamos acompanhado, pois a influência do tráfico nos auto-comandos de diversas autarquias públicas, vão muito mais além daquilo que mostra o filme,haja vista as execuções sumárias de autas patentes como a que ocorreu tempos atrás em pleno grande centro das noites cariócas,e toda população sabe bem o preço que pagam pelas replesálias e por tentarem contribuirem com o poder público.

    ResponderExcluir