Rodrigo Constantino
O presidente Lula chamou de "sacanagem pura" as críticas internacionais contra a produção brasileira de biocombustíveis. Muitos estão tentando culpar nossa produção de etanol pela fome crescente no mundo, por conta do aumento do preço dos alimentos. É preciso ser justo: ao menos desta vez, o presidente Lula está certo! Podemos questionar se ele realmente entende as verdadeiras causas da escassez de alimentos, o que é bem pouco provável. Podemos ainda criticar a forma pela qual o presidente expressa suas opiniões, como se estivesse numa conversa de bar, tomando uma cerveja com colegas. Podemos também condenar o uso do discurso para propaganda eleitoral, já que o presidente começou o segundo mandato só pensando nas próximas eleições. Mas não devemos discordar da conclusão apenas porque ela veio do presidente Lula. É mesmo um erro absurdo culpar a produção brasileira de biocombustíveis pela crise dos alimentos.
Esta crise está diretamente ligada às barreiras protecionistas que governos mundo afora criaram, impondo restrições às exportações de alimentos, oferecendo subsídios aos produtores locais ou interferindo de outras maneiras no livre mercado. Quando o governo tenta resolver o problema da fome, como o soviético e o chinês fizeram durante o comunismo, temos a fome de milhões como resultado inevitável. O mercado de produção de alimentos deve ser livre, para que os preços sirvam como instrumento de informação aos agentes, que poderão assim fazer cálculos racionais e atender a demanda. Se há mais demanda por conta do enriquecimento de milhões de chineses e indianos, os preços deverão subir mesmo, para que alerte os produtores e os incentive a realizar maiores investimentos produtivos. Isso não ocorre, no entanto, quando os governos garantem subsídios e abusam de protecionismo comercial, distorcendo a formação dos preços.
A escassez de alimentos é um resultado, portanto, da ausência de livre mercado nesse setor. Não tem nada a ver com a competitiva produção brasileira de combustíveis alternativos, que também deve ser deixada sob a responsabilidade do livre mercado, por sinal. O presidente Lula fala muita besteira, faz muita bravata, vive em campanha política. Entendo que é cada vez mais difícil aturar seus discursos. Mas devemos ser imparciais sempre. No que diz respeito à crise de alimentos, o presidente está certo: é sacanagem pura usar como bode expiatório o etanol brasileiro.
Que silêncio...
ResponderExcluirnão precisa de apoio ao alcool apenas o tratamento como combustível e não como produto agrícola
ResponderExcluirse o alcol for combustível, é competitivo com o barril a U$40,00 o barril
acho que não tem pq usar o petróleo
Pode não ser a causa principal, mas ajudou, inegavelmente.
ResponderExcluirVocê poderia ter falado também que quanto maior o preço de algo, maior o incentivo para entrar em tal mercado. E que forçar preços para baixo só irá aumentar a fome justamente no momento em que há maior demanda por alimentos.
o problema é que a produção de biocombustíveis brasileira anda atrelada ao protecionismo.
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