Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
quinta-feira, setembro 30, 2010
Pobre Equador
Deu no G1:
Em meio à tensão, presidente acusa oposição de tentar golpe no Equador
O presidente do Equador, Rafael Correa, acusou de "conspiração e traição" os policiais que protestam nesta quinta-feira (30) em vários pontos do país.
Ele também disse que os oposicionistas estão tentando dar um golpe de estado, citando a Sociedad Patriótica, partido do ex-presidente e ex-candidato presidencial Lucio Gutiérrez, e setores das Forças Armadas.
"É claríssimo de onde vem essa tentativa desestabilizadora", disse, acrescentando que o ataque que sofreu foi "covarde".
Correa também confirmou a informação de que teria intenção de dissolver o Parlamento.
[...]
Comento: É nisso que dá a tal "revolução bolivariana" liderada pelo camarada Chávez. Segregação total, desestabilidade, violência, clima de insegurança e riscos golpistas de ambos os lados. Abaixo da linha do Equador, incluindo este pequeno país, ainda pululam demagogos e populistas, caudilhos que tentam posar de "messias salvador" do povo oprimido. Pobre povo este que segue o manual do perfeito idiota latino-americano...
quarta-feira, setembro 29, 2010
Maldita ignorância!
Deu no Globo:
Entre mais instruídos, Dilma fica em 3º
Petista caiu em todas as regiões do país e, entre as mulheres, perdeu cinco pontos
SÃO PAULO. A queda dos índices de intenção de voto da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, registrada na pesquisa Datafolha, foi mais acentuada em algumas parcelas do eleitorado. Entre os que declaram ter curso superior, por exemplo, a petista perdeu dez pontos em duas semanas, caindo de 38% para 28%. Nessa faixa, ela está em terceiro, atrás do tucano José Serra, com 34%, e da verde Marina Silva, com 30%. Entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos (cerca de 33% do eleitorado), Dilma perdeu sete pontos no período, passando de 49% para 42%.
No segmento do eleitorado que ganha acima de dez salários mínimos, a candidato do PT perdeu seis pontos em duas semanas, e hoje tem 30%. Está atrás de Serra que, nesse período, ganhou sete pontos e tem 41%. Marina cresceu sete pontos e passou de 19% para 26%.
Nessa última pesquisa, realizada segunda-feira, Dilma tem 46%, uma queda de três pontos em relação à sondagem anterior, semana passada. Serra se manteve estável com 28% e Marina subiu de 13% para 14%. O número de indecisos passou de 5% para 7% e os de que votam em branco ou nulo, de 3% para 4%. A diferença entre o índice de Dilma e o os demais candidatos somados (44%) é hoje de dois pontos. Considerando-se apenas os votos válidos (sem votos nulos, em branco e indecisos) é de 51% para 49%.
Comento: Que novidade! Entre as pessoas com mais instrução e escolaridade, Dilma fica em terceiro, atrás de Serra e Marina. Os populistas demagogos sempre chafurdaram onde há mais ignorância e miséria. Não é por acaso que caudilhos como Sarney, Renan Calheiros e Collor (todos aliados do PT) ainda mandam tanto no Nordeste, região mais pobre e com menor escolaridade do país. Também não é por acaso que Santa Catarina coloca Ideli Salvati em terceiro na corrida pelo governo, apesar (ou por causa disso) de ela aparecer o tempo todo ao lado do presidente Lula. O Brasil está mesmo dividido em dois "países". O problema é que o lado mais miserável e ignorante ainda está em maior número. E isso é o maior trunfo do PT.
Herança maldita
Deu no Globo:
Sucessor de Lula 'terá trabalho' para que Brasil deixe de ser país do futuro, diz 'FT'
Uma reportagem da edição desta quarta-feira do jornal britânico "Financial Times" afirma que o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva "terá muito trabalho pela frente para fazer com que o Brasil deixe de ser o perene país do futuro" e finalmente atinja seu potencial.
Na reportagem intitulada "Grandes Esperanças", que ocupa uma página inteira no jornal, os repórteres John Paul Rathbone e Jonathan Wheatley escrevem que os eleitores brasileiros passam por um momento de otimismo no país, devido aos avanços econômicos e políticos dos últimos anos.
"O Brasil, aparentemente, nunca esteve tão bem", afirma a reportagem. "[...] No plano das relações exteriores, um ator pequeno de longa data é agora um sério candidato a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU."
"Como sede da próxima Copa do Mundo e, em 2016, dos Jogos Olímpicos, o Brasil chegou de forma confiante ao cenário global."
O jornal faz uma ressalva de que, "como muitos dos seus vizinhos latino-americanos, o Brasil sempre teve muitas promessas - ou decepções".
"A pergunta agora é se desta vez será diferente", afirma o Financial Times.
Segundo o jornal, entre os desafios que o país terá pela frente está o de melhorar a qualidade dos serviços públicos.
"A complacência é o calcanhar de Aquiles da economia brasileira. O país aspira ser uma potência global, mas para atingir um patamar superior, dizem os analistas, ele precisa passar para um grau de desempenho econômico, focado na oferta de melhores - e não apenas mais - serviços públicos, especialmente na educação", afirma a reportagem.
O Financial Times também defende que o Estado brasileiro - "conhecido por sua ineficiência e burocracia" - seja reduzido, para aumentar a poupança nacional e livrar o país da dependência do capital externo.
Para o jornal, os otimistas estão em vantagem no Brasil. O Financial Times destaca o sucesso da oferta pública de ações da Petrobras, que acabou se tornando a maior da história em todo o mundo, e afirma que a candidata Dilma Rousseff, que lidera as pesquisas de opinião, promete manter as mesmas políticas de Lula.
Comento: Os analistas começam a se dar conta da insustentabilidade do modelo atual, calcado em excesso de crédito sem contrapartida na poupança interna, e nos elevados gastos públicos. O governo Lula surfou a onda internacional, especialmente a bonança chinesa, e a falta de crescimento nos países mais ricos, mantendo a taxa de juros extremamente baixa. Até quando isso vai durar? Eis a questão! Quando a maré baixar, todos vão ver que o Brasil nadava semi-nu, expondo suas fragilidades de sempre. O governo Lula não fez uma única reforma estrutural, expandiu os gastos do governo, estimulou o crédito, e deixa um legado preocupante para seu sucessor. A miopia do povo faz com que a popularidade do presidente esteja nas alturas. O curto prazo vai bem. Mas, e depois? Lula plantou sementes perigosas que podem estourar à frente, se as reformas não forem feitas e os gastos públicos reduzidos. Não venham culpar o "neoliberalismo" quando a herança maldita chegar...
terça-feira, setembro 28, 2010
Desabafo! O Brasil não é vermelho
Vídeo onde comento a nova onda azul que tomou conta da internet, de todos aqueles saturados do PT no poder.
Onda Azul
VAMOS INUNDAR AS NOSSAS CIDADES COM NOSSAS CAMISAS AZUIS. USE O QUE TIVER DE AZUL EM SEU GUARDA-ROUPA E ENTÃO, PODEREMOS DETECTAR EM PARTE, ESTA TÃO GRANDE DIFERENÇA QUE OS INSTITUTOS DE PESQUISA ESTÃO APRESENTANDO A FAVOR DO VERMELHO.
ESPALHEM A IDÉIA. PODERÁ SER DE GRANDE VALIA ANTE O RESULTADO DESTAS "URNAS ELETRÔNICAS" QUE NÃO OFERECEM FORMA CRÍVEL DE CONFERÊNCIA. PODEMOS TRANSFORMAR ISSO EM UM GRANDE MOVIMENTO!!
Vestir Azul - PODE FUNCIONAR!!!
Collor, ao se ver ameaçado, convocou a População para ir às ruas vestida de verde e amarelo, numa demonstração de apoio.
O Povo brasileiro saiu de preto e deixou transparecer seu modo de pensar.
Hoje vivemos com um fantasma a nos atormentar. O PT estaria manipulando pesquisas, com a intenção de alterar resultados, entrando no sistema das Urnas Eletrônicas.
Plano perfeito. Resultado anunciado, de acordo com números das Pesquisas. Ninguém desconfiaria de nada.
Devaneio? Teoria da Conspiração? Loucura?
Pode ser... Mas como descobrir, se as famigeradas máquinas não dão direito a conferência de votos??
Existe um antídoto, a esse veneno que paira no ar. Sair novamente às ruas, mostrando através das roupas, o que realmente queremos?
No dia 03 de outubro, quem não votar em Dilma, saia vestindo Azul. A cor da Paz, da Liberdade e da Verdade.
Eles não teriam como modificar resultados, caso fosse essa a intenção.
Daria muito na cara.
Espalhe a idéia...
segunda-feira, setembro 27, 2010
Frase da semana
Dica de leitura
Recomendação de leitura da semana: O Chefe, de Ivo Patarra, que tem uma versão gratuita na internet. Trata-se de excelente leitura para refrescar a memória de cada passo do escândalo do mensalão, o maior de todos na história deste país. No livro, aquilo que todos os seres pensantes do país já sabem salta aos olhos até mesmo dos mais alienados: o presidente Lula é o grande chefe desta quadrilha que tomou o poder. Leiam o livro.
domingo, setembro 26, 2010
O Brasil de Erenice não quer segundo turno
Guilherme Fiuza - Revista EPOCA
Desta vez, Lula tem toda a razão. A culpa é da imprensa. As obras completas de Erenice Guerra na Casa Civil tinham tudo para seguir seu tranquilo caminho subterrâneo. Como se sabe, a Polícia Federal está de férias, assim como o Ministério Público, o Judiciá rio e o Congresso Nacional. Tudo na mais santa paz para que Erenice, seus familiares e simpatizantes continuassem tocando normalmente seus negócios particulares no seio do Estado brasileiro. Aí veio a mídia burguesa atrapalhar.
Os jornalistas deveriam recolher-se a sua insignificância. Se os homens da lei não viram nada demais na atuação do filho de Erenice, servindo de intérprete entre uma empresa de transporte aéreo e os Correios, mediante uma “taxa de sucesso”, o que a imprensa tem a ver com isso? A taxa de sucesso não é particular? Que mania os repórteres têm de se meter com a propina alheia.
Se há testemunhas de que um sócio do filho de Erenice achou R$ 200 mil em dinheiro em seu gabinete na Casa Civil, isso também é um fato da vida. Pode acontecer com qualquer um. O que os jornalistas têm é inveja, só porque nunca abriram uma gaveta na redação e deram de cara com uma montanha de dinheiro vivo. “Duzentos mil na Casa Civil” não dá manchete. No máximo, dá samba.
A imprensa andou implicando também com o marido de Erenice. Só porque a empresa da qual ele era diretor ganhou aval do governo para disputar (e ganhar) um negócio de R$ 100 milhões na telefonia celular, depois que o próprio governo já atestara que a tal empresa não tinha estrutura para o negócio. Qual é o problema? As nuvens no céu não mudam de forma? Os pareceres técnicos também podem mudar.
No caso da violação de sigilos fiscais de adversários do PT já tinha sido assim. Tudo teria acontecido normalmente se a imprensa não viesse se meter. A própria Receita Federal já estava cuidando do assunto (sentada em cima dele), e até o ministro da Fazenda afirmou que vazamentos são mais comuns do que se imagina. E, não havendo novidade, por que o assunto foi parar nas manchetes? Só pode ser perseguição.
Lula tem razão. A imprensa é movida pelo “ódio” e quer criar, às vésperas da eleição, “um clima de medo”. Pois é. Quem deveria ter medo de Erenice? Uma mãe zelosa, esposa leal, com inabalável instinto de preservação familiar, capaz de tudo por um filho, tudo mesmo. Em vez de ficar escutando as bravatas da imprensa, os brasileiros deveriam todos desejar ser filhos de Erenice – para nunca mais terem medo do futuro.
Mas o discurso do presidente trouxe, nos últimos dias, uma verdade mais absoluta que todas as outras. Lula disse: “Nós somos a opinião pública!”. Ele estava num comício petista em Campinas, possesso, jurando derrotar os jornais e as revistas. “Nós” significava Lula, seus companheiros e o povo. O grande líder estava mais uma vez coberto de razão.
De fato, a opinião pública hoje é constituída, basicamente, por Lula e seus súditos. Basta olhar as pesquisas de intenção de voto. Erenice Guerra, vida e obra, é uma criação com a marca Dilma Rousseff. Dilma trouxe Erenice do nada para o topo da República em tempo recorde. Fez dela sua fiel escudeira, encarnação de seu modus operandi, como o público ficou sabendo no caso do dossiê FHC, montado por Erenice na Casa Civil de Dilma. Seria apenas uma subalterna diligente? Não. De funcionária suspeita de conspiração, virou ministra. Erenice era a continuação de Dilma.
Talvez com ciúme de uma relação tão sólida, a imprensa contou a verdadeira história de Erenice – que veio mostrar, desta vez sem plásticas biográficas, quem é Dilma. O povo viu e ouviu tudo. E continua disposto a eleger o avatar de Lula em primeiro turno.
Não restam dúvidas. Opinião pública hoje é o que Luiz Inácio grita do alto do palanque. Um dia ele disse que o Brasil ainda seria uma democracia como a Venezuela de Chávez. Apertem os cintos.
Desta vez, Lula tem toda a razão. A culpa é da imprensa. As obras completas de Erenice Guerra na Casa Civil tinham tudo para seguir seu tranquilo caminho subterrâneo. Como se sabe, a Polícia Federal está de férias, assim como o Ministério Público, o Judiciá rio e o Congresso Nacional. Tudo na mais santa paz para que Erenice, seus familiares e simpatizantes continuassem tocando normalmente seus negócios particulares no seio do Estado brasileiro. Aí veio a mídia burguesa atrapalhar.
Os jornalistas deveriam recolher-se a sua insignificância. Se os homens da lei não viram nada demais na atuação do filho de Erenice, servindo de intérprete entre uma empresa de transporte aéreo e os Correios, mediante uma “taxa de sucesso”, o que a imprensa tem a ver com isso? A taxa de sucesso não é particular? Que mania os repórteres têm de se meter com a propina alheia.
Se há testemunhas de que um sócio do filho de Erenice achou R$ 200 mil em dinheiro em seu gabinete na Casa Civil, isso também é um fato da vida. Pode acontecer com qualquer um. O que os jornalistas têm é inveja, só porque nunca abriram uma gaveta na redação e deram de cara com uma montanha de dinheiro vivo. “Duzentos mil na Casa Civil” não dá manchete. No máximo, dá samba.
A imprensa andou implicando também com o marido de Erenice. Só porque a empresa da qual ele era diretor ganhou aval do governo para disputar (e ganhar) um negócio de R$ 100 milhões na telefonia celular, depois que o próprio governo já atestara que a tal empresa não tinha estrutura para o negócio. Qual é o problema? As nuvens no céu não mudam de forma? Os pareceres técnicos também podem mudar.
No caso da violação de sigilos fiscais de adversários do PT já tinha sido assim. Tudo teria acontecido normalmente se a imprensa não viesse se meter. A própria Receita Federal já estava cuidando do assunto (sentada em cima dele), e até o ministro da Fazenda afirmou que vazamentos são mais comuns do que se imagina. E, não havendo novidade, por que o assunto foi parar nas manchetes? Só pode ser perseguição.
Lula tem razão. A imprensa é movida pelo “ódio” e quer criar, às vésperas da eleição, “um clima de medo”. Pois é. Quem deveria ter medo de Erenice? Uma mãe zelosa, esposa leal, com inabalável instinto de preservação familiar, capaz de tudo por um filho, tudo mesmo. Em vez de ficar escutando as bravatas da imprensa, os brasileiros deveriam todos desejar ser filhos de Erenice – para nunca mais terem medo do futuro.
Mas o discurso do presidente trouxe, nos últimos dias, uma verdade mais absoluta que todas as outras. Lula disse: “Nós somos a opinião pública!”. Ele estava num comício petista em Campinas, possesso, jurando derrotar os jornais e as revistas. “Nós” significava Lula, seus companheiros e o povo. O grande líder estava mais uma vez coberto de razão.
De fato, a opinião pública hoje é constituída, basicamente, por Lula e seus súditos. Basta olhar as pesquisas de intenção de voto. Erenice Guerra, vida e obra, é uma criação com a marca Dilma Rousseff. Dilma trouxe Erenice do nada para o topo da República em tempo recorde. Fez dela sua fiel escudeira, encarnação de seu modus operandi, como o público ficou sabendo no caso do dossiê FHC, montado por Erenice na Casa Civil de Dilma. Seria apenas uma subalterna diligente? Não. De funcionária suspeita de conspiração, virou ministra. Erenice era a continuação de Dilma.
Talvez com ciúme de uma relação tão sólida, a imprensa contou a verdadeira história de Erenice – que veio mostrar, desta vez sem plásticas biográficas, quem é Dilma. O povo viu e ouviu tudo. E continua disposto a eleger o avatar de Lula em primeiro turno.
Não restam dúvidas. Opinião pública hoje é o que Luiz Inácio grita do alto do palanque. Um dia ele disse que o Brasil ainda seria uma democracia como a Venezuela de Chávez. Apertem os cintos.
sábado, setembro 25, 2010
O mal a evitar
Editorial do Estadão
A acusação do presidente da República de que a Imprensa "se comporta como um partido político" é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside. E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre "se comportar como um partido político" e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país.
Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.
Efetivamente, não bastasse o embuste do "nunca antes", agora o dono do PT passou a investir pesado na empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito: julgar os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder. É quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir. O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer. O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção.
Não precisava ser assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos com níveis de popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das quais ele e todos os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente tarefa - iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique - de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana. Sob esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto.
Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o "cara". Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: "Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?" Este é o mal a evitar.
A acusação do presidente da República de que a Imprensa "se comporta como um partido político" é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside. E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre "se comportar como um partido político" e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país.
Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.
Efetivamente, não bastasse o embuste do "nunca antes", agora o dono do PT passou a investir pesado na empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito: julgar os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder. É quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir. O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer. O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção.
Não precisava ser assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos com níveis de popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das quais ele e todos os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente tarefa - iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique - de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana. Sob esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto.
Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o "cara". Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: "Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?" Este é o mal a evitar.
Desabafo! Guerra contra as drogas
Vídeo onde defendo a legalização das drogas. Uso dois tipos de argumento: os princípios individuais e os resultados práticos da proibição. A guerra contra as drogas fracassou!
sexta-feira, setembro 24, 2010
quinta-feira, setembro 23, 2010
A Lealdade ao Chefe
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Após o “factóide” da “imprensa golpista” se transformar numa rede de denúncias insustentáveis para Erenice Guerra, o presidente Lula resolveu adotar a tática de sempre: isolar o culpado para se proteger. Lula disse: “Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, cai do cavalo, porque a pessoa pode me enganar um dia, mas a pessoa não engana todo mundo todo dia”. E logo depois citou Erenice: “O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país”.
O presidente fritou a companheira. Foi assim com José Dirceu no caso do “mensalão”. Uma vez mais o presidente Lula não sabia de nada. O PT vai sacrificando seus bodes expiatórios expostos nos escândalos que a imprensa descobre, mas sempre preserva o grande líder. Amizades de décadas são descartadas na hora do aperto para blindar o chefe. Petistas não têm amigos, mas cúmplices. E como fica evidente, são cúmplices muito leais ao poderoso chefão.
A recompensa não costuma ser ruim. No país da impunidade, os aliados do governo descobriram que podem continuar livres. E sabem também que a lealdade ao partido traz retribuições depois, enquanto a traição interna pode custar caro – no caso de Celso Daniel, ao que tudo indica, custou a própria vida.
No auge do escândalo do “mensalão”, quando seus efeitos ainda eram incertos, alguns políticos mostraram fidelidade, e receberam cargos poderosos depois. Mesmo aquele apontado como “chefe da quadrilha” continua poderoso dentro do partido. Em certo momento, quando a chapa esquentou demais, Dirceu chegou a fazer uma ameaça de envolvimento do presidente no escândalo: “Não faço nada que não seja de comum acordo e determinado por ele”. Mas soube absorver a pressão praticamente sozinho. O governo foi preservado, o chefe continuou no poder, e a recompensa vem agora, se Dilma for eleita.
Erenice entendeu o recado. Vale tudo, menos ferir a lealdade ao chefe. O presidente faz um sacrifício público da companheira, mantém a imagem de inocente (apesar de passar a imagem de incompetente que nunca sabe de nada), e o circo continua. O show não pode parar. E os palhaços brasileiros aplaudem o malabarismo. Merecem o líder que têm.
O Brasil não é do PT
Finalmente! Agora sim, o PSDB resolveu fazer uma campanha decente, atacando o PT justamente onde mora o perigo. Esses vídeos deveriam estar no horário nobre da TV. Infelizmente, chegaram tarde demais, e apenas para a internet. O motivo chama-se José Serra. Que falta faz uma oposição verdadeira a este governo autoritário que temos...
Golpismo Midiático
Rodrigo Constantino
A estratégia é conhecida: diante de uma enxurrada de escândalos, o PT parte para o ataque à imprensa. Atira no mensageiro para matar a notícia ruim. Principal “garoto propaganda” de Dilma, o próprio presidente Lula vociferou contra a imprensa, e mobilizou a trupe de pelegos sustentados pelo governo para realizar um protesto contra o “golpismo midiático”.
Entrementes, um grupo diverso de indivíduos, muitos deles de esquerda, resolveu fazer um manifesto em defesa da democracia, cada vez mais ameaçada pelo governo Lula. Para os aliados de Dilma, as denúncias recentes que vieram à tona, calcadas em sólidas evidências, não passam de “oportunismo eleitoreiro”, de “factóides”. Não obstante o fato de que tais “factóides” já foram capazes de causar verdadeiro estrago no Planalto, derrubando inclusive Erenice Guerra, que era o braço-direito da própria Dilma, resta perguntar: quem são os membros deste tal “Partido da Imprensa Golpista”, o PIG?
Na ótica petista, bem nos moldes tribais de “nós contra eles”, quem não está com o PT só pode fazer parte de uma conspiração golpista. Automaticamente, qualquer um que abomina o ranço autoritário dessa gente, o grau de corrupção e cinismo que foi atingido durante o governo Lula, e quem ainda fica indignado com tanto abuso de poder, só pode ser um “fascista”, um “udenista”, um “golpista”.
Para evitar qualquer ataque pérfido deste tipo, vou citar abaixo alguns comentários sobre Lula e seu PT, da época em que estourou o escândalo do “mensalão”. Eles foram feitos, como fica claro, por pessoas acima de qualquer suspeita no que diz respeito ao espectro político. Eram alguns eminentes petistas, escandalizados com a podridão que tomou conta do partido. Vejam:
"Lula é um homem centralizador. Sempre foi presidente de fato do partido. É impossível que ele não soubesse como os fundos estavam sendo angariados e gastos e quem era o responsável. [...] Ele é mestre em esconder a sujeira embaixo do tapete. Sempre agiu dessa forma". Estas foram as palavras de Hélio Bicudo, quadro histórico do PT, e um dos principais organizadores do atual manifesto pela democracia.
"Tenho absoluta convicção de que ninguém da cúpula palaciana do PT age isoladamente na montagem dos crimes contra a administração pública. Se Delúbio, Waldomiro e outros, entre aspas, quadros partidários agiam, é porque havia autorização e leniência do presidente Lula. Pelo que eu conheço do PT, não existe atuação individual". Essa foi Heloísa Helena, que acabou sendo expulsa do PT e resolveu fundar um novo partido.
"Favoreceram essas empresas em troca do dinheiro dado ao partido. O nome disso é peculato, é formação de quadrilha”. Foi a constatação de Pedro Simon.
"Lula foi o primeiro a saber do caso. Sabia do comprometimento do seu compadre, sabia do volume de dinheiro público envolvido, e fez questão não só de acobertar, mas de punir quem tinha descoberto". Palavras de Paulo de Tarso Venceslau, sobre o escândalo envolvendo Roberto Teixeira em 1995. Teixeira é amigo de longa data de Lula, que usava seu avião e ficava em sua mansão como convidado.
"O Lula garante que foi traído, que não sabia. Mas eu não acredito nisso. Foram práticas sistemáticas durante mais de dez anos, do grupo que era mais próximo dele. Parece completamente inverossímil que ele fosse o único a não saber. Eu, que já estava fora do PT, sabia. Como o Lula poderia não saber?" A pergunta foi de César Benjamin, membro antigo do PT.
"Nem sob os anos da ditadura a direita conseguiu desmoralizar a esquerda como esse núcleo petista fez em tão pouco tempo. [...] Esses dirigentes desmoralizaram o partido e respingaram lama por toda a esquerda brasileira". Lamentou Frei Betto, amigo do presidente Lula que chegou a ocupar cargo no governo, cuidando do programa “Fome Zero”.
Pergunto, então: Hélio Bicudo, Heloísa Helena, Pedro Simon, Paulo de Tarso Venceslau, César Benjamin e Frei Betto são todos membros desse tal de “Partido da Imprensa Golpista”? Seriam eles “udenistas”? Ou será que são todos “tucanos”? Já sei! Não passam de agentes da revista Veja lutando pelo retorno do regime militar no país!
Brincadeiras à parte, até porque o assunto é muito sério, o fato é que esses petistas não têm um pingo de vergonha na cara. Em vez de rebaterem as críticas e denúncias em si, preferem jogar tudo para debaixo do tapete e partirem para o ataque contra a liberdade de imprensa. De um lado da mesa, estão Dilma e Dirceu, todos os réus do “mensalão”, Chávez e os irmãos Fidel e Raúl Castro, os pelegos da CUT, os vendidos da UNE, João Pedro Stédile e os bandidos do MST, Fernando Collor, Paulo Maluf, Renan Calheiros, a família Sarney, todos eles lutando para preservar suas tetas estatais e o poder concentrado à custa de nossas liberdades; do outro lado, está a tal “mídia golpista”, jornais como a Folha, o Estadão, o Globo e a revista Veja, além de inúmeros indivíduos de várias vertentes ideológicas, mas todos comprometidos com a democracia, a liberdade de imprensa e o Estado de Direito. Venha fazer parte do “golpismo midiático” você também!
O desmanche da democracia
Editorial do Estadão
A escalada de ataques furiosos do presidente Lula contra a imprensa - três em cinco dias - é mais do que uma tentativa de desqualificar a sequência de revelações das maracutaias da família e respectivas corriolas da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. É claro que o que move o inventor da sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, é o medo de que a sequência de denúncias - todas elas com foros de verdade, tanto que já provocaram quatro demissões na Pasta, entre elas a da própria Erenice - impeça, na 25.ª hora, a eleição de Dilma no primeiro turno. Isso contará como uma derrota para o seu mentor e poderá redefinir os termos da disputa entre a petista e o tucano José Serra.
Mas as investidas de Lula não são um raio em céu azul. Desde o escândalo do mensalão, em 2005, ele invariavelmente acusa a imprensa de difundir calúnias e infâmias contra ele e a patota toda vez que estampa evidências contundentes de corrupção e baixarias eleitorais no seu governo. A diferença é que, agora, o destampatório representa mais uma etapa da marcha para a desfiguração da instituição sob a sua guarda, com a consequente erosão das bases da ordem democrática. A apropriação deslavada dos recursos de poder do Executivo federal para fins eleitorais, a imersão total de Lula na campanha de sua afilhada e a demonização feroz dos críticos e adversários chegaram a níveis alarmantes.
A candidatura oposicionista relutou em arrostar o presidente em pessoa por seus desmandos, na crença de que isso representaria um suicídio eleitoral - como se, ao poupá-lo, o confronto com Dilma se tornaria menos íngreme. Isso, adensando a atmosfera de impunidade política ao seu redor, apenas animou Lula a fazer mais do mesmo, dando o exemplo para os seguidores. As invectivas contra a imprensa, por exemplo, foram a senha para o PT e os seus confederados, como a CUT, a UNE e o MST, promoverem hoje em São Paulo um "ato contra o golpismo midiático". É como classificam, cinicamente, a divulgação dos casos de negociatas, cobrança e recebimento de propinas no núcleo central do governo.
Sobre isso, nenhuma palavra - a não ser o termo "inventar", usado por Lula no seu mais recente bote contra a liberdade de imprensa que, com o habitual cinismo, ele diz considerar "sagrada". O lulismo promove a execração da mídia porque ela se recusa a tornar-se afônica e, nessa medida, talvez faça diferença nas urnas de 3 de outubro, dada a gravidade dos escândalos expostos. Sintoma da hegemonia do peleguismo nas relações entre o poder e as entidades de representação classista, o lugar escolhido para o esperado pogrom verbal da imprensa foi o Sindicato dos Jornalistas. O seu presidente, José Camargo, se faz de inocente ao dizer que apenas cedeu espaço "para um debate sobre a cobertura dos grandes veículos".
Mas a tal ponto avançou o rolo compressor do liberticídio que diversos setores da sociedade resolveram se unir para dizer "alto lá". Intelectuais, juristas, profissionais liberais, artistas, empresários e líderes comunitários - todos eles figuras de projeção - lançaram ontem em São Paulo um "manifesto em defesa da democracia", que poderá ser o embrião de um movimento da cidadania contra o desmanche da democracia brasileira comandado por um presidente da República que acha que é tudo - até a opinião pública - e que tudo pode.
Um movimento dessa natureza não será correia de transmissão de um partido nem estará atado ao ciclo eleitoral. Trata-se de reconstruir os limites do poder presidencial, escandalosamente transgredidos nos últimos anos, e os controles sobre as ações dos agentes públicos. "É intolerável", afirma o manifesto, "assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais." "É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade." O texto evoca valores políticos que, do alto de sua popularidade, Lula lança ao lixo, como se, dispensado de responder por seus atos, governasse num vácuo ético.
A escalada de ataques furiosos do presidente Lula contra a imprensa - três em cinco dias - é mais do que uma tentativa de desqualificar a sequência de revelações das maracutaias da família e respectivas corriolas da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. É claro que o que move o inventor da sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, é o medo de que a sequência de denúncias - todas elas com foros de verdade, tanto que já provocaram quatro demissões na Pasta, entre elas a da própria Erenice - impeça, na 25.ª hora, a eleição de Dilma no primeiro turno. Isso contará como uma derrota para o seu mentor e poderá redefinir os termos da disputa entre a petista e o tucano José Serra.
Mas as investidas de Lula não são um raio em céu azul. Desde o escândalo do mensalão, em 2005, ele invariavelmente acusa a imprensa de difundir calúnias e infâmias contra ele e a patota toda vez que estampa evidências contundentes de corrupção e baixarias eleitorais no seu governo. A diferença é que, agora, o destampatório representa mais uma etapa da marcha para a desfiguração da instituição sob a sua guarda, com a consequente erosão das bases da ordem democrática. A apropriação deslavada dos recursos de poder do Executivo federal para fins eleitorais, a imersão total de Lula na campanha de sua afilhada e a demonização feroz dos críticos e adversários chegaram a níveis alarmantes.
A candidatura oposicionista relutou em arrostar o presidente em pessoa por seus desmandos, na crença de que isso representaria um suicídio eleitoral - como se, ao poupá-lo, o confronto com Dilma se tornaria menos íngreme. Isso, adensando a atmosfera de impunidade política ao seu redor, apenas animou Lula a fazer mais do mesmo, dando o exemplo para os seguidores. As invectivas contra a imprensa, por exemplo, foram a senha para o PT e os seus confederados, como a CUT, a UNE e o MST, promoverem hoje em São Paulo um "ato contra o golpismo midiático". É como classificam, cinicamente, a divulgação dos casos de negociatas, cobrança e recebimento de propinas no núcleo central do governo.
Sobre isso, nenhuma palavra - a não ser o termo "inventar", usado por Lula no seu mais recente bote contra a liberdade de imprensa que, com o habitual cinismo, ele diz considerar "sagrada". O lulismo promove a execração da mídia porque ela se recusa a tornar-se afônica e, nessa medida, talvez faça diferença nas urnas de 3 de outubro, dada a gravidade dos escândalos expostos. Sintoma da hegemonia do peleguismo nas relações entre o poder e as entidades de representação classista, o lugar escolhido para o esperado pogrom verbal da imprensa foi o Sindicato dos Jornalistas. O seu presidente, José Camargo, se faz de inocente ao dizer que apenas cedeu espaço "para um debate sobre a cobertura dos grandes veículos".
Mas a tal ponto avançou o rolo compressor do liberticídio que diversos setores da sociedade resolveram se unir para dizer "alto lá". Intelectuais, juristas, profissionais liberais, artistas, empresários e líderes comunitários - todos eles figuras de projeção - lançaram ontem em São Paulo um "manifesto em defesa da democracia", que poderá ser o embrião de um movimento da cidadania contra o desmanche da democracia brasileira comandado por um presidente da República que acha que é tudo - até a opinião pública - e que tudo pode.
Um movimento dessa natureza não será correia de transmissão de um partido nem estará atado ao ciclo eleitoral. Trata-se de reconstruir os limites do poder presidencial, escandalosamente transgredidos nos últimos anos, e os controles sobre as ações dos agentes públicos. "É intolerável", afirma o manifesto, "assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais." "É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade." O texto evoca valores políticos que, do alto de sua popularidade, Lula lança ao lixo, como se, dispensado de responder por seus atos, governasse num vácuo ético.
Manifesto pela democracia
Assine aqui o Manifesto em Defesa da Democracia. O Brasil não é do PT. Não vamos deixar que esta corja no poder transforme nosso país numa grande Venezuela!
quarta-feira, setembro 22, 2010
Desabafo! Geração Concurso Público
Vídeo onde falo sobre a geração concurso público, mostrando como o mecanismo inadequado de incentivos tem feito com que o custo dos parasitas aumente muito em relação aos hospedeiros.
Nepotismo petralha: mais um!
Erenice empregou na Casa Civil a filha do presidente dos Correios
Assessora na secretaria executiva do ministério, Paula Damas de Matos deixou cargo na terça
Ana Paula Scinocca e Karla Mendes, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Antes de nomear David José de Matos presidente dos Correios, a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra nomeou uma das filhas dele, Paula Damas de Matos, assessora na secretaria executiva do ministério. Na terça-feira, 21, Paula foi exonerada, "a pedido", conforme consta no Diário Oficial da União desta quarta-feira.
Paula foi nomeada para o cargo de assessor de gabinete, segundo consta também no Diário Oficial, em 25 de junho deste ano. Deixou o posto em meio às denúncias que já provocaram a queda de Erenice, no Planalto, e do coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva da Diretoria de Operações dos Correios. Silva foi defenestrado após a descoberta de que era testa de ferro do verdadeiro dono da empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), como revelou o Estado, que é o empresário argentino Alfonso Conrado Rey.
Presidente dos Correios, Matos confirmou há pouco ao Estado a exoneração da filha. "Pedi a ela que se afastasse", disse. O presidente da estatal afirmou que recomendou a filha que deixasse o cargo diante "das confusões e críticas" levantadas pela imprensa.
Segundo ele, Paula foi nomeada para a Casa Civil para realizar "um trabalho específico sobre enchentes". "O trabalho duraria mais uns dois meses, mas pedi que se afastasse", afirmou David Matos. Procurada, a Casa Civil apenas confirmou que Paula saiu do cargo a pedido dela.
Comento: Mais um? Estou perdendo a conta... Daqui a pouco vão descobrir que o filho da sobrinha da amiga da vizinha da tia de Erenice também recebeu uma boquinha do Estado. É o PT no poder! Até que para um "factóide" de uma "imprensa golpista", as denúncias causaram um estrago e tanto, né?
Amigos de Dilma
Como vocês podem ver neste vídeo, só tem "gente boa" apoiando Dilma Rousseff. Veja uma pequena amostra dos aliados da petista: José Dirceu, Fernando Collor, família Sarney, Paulo Maluf, Hugo Chávez, Fidel e Raúl Castro, João Pedro Stédile e invasores do MST, Ahmadinead, pelegos da CUT, vagabundos da UNE, terroristas das FARC etc. Faça parte desta turma também, ou, se preferir, venha para o lado da "imprensa golpista", das pessoas que ainda conseguem ficar indignadas com tanta corrupção e autoritarismo, daqueles que assinaram o manifesto de resistência democrática, dos que acham que o modelo chileno é melhor que o venezuelano. Lembre-se: a escolha é sua!
Apagão Postal
Deu no Globo:
No fim do mandato e temendo apagão postal, governo intervém nos Correios
Gerson Camarotti, Geralda Doca e Jailton de Carvalho
BRASÍLIA - A apenas três meses do fim do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agora decidiu vetar o loteamento político de cargos nos Correios, estatal com faturamento anual de R$ 13 bilhões que foi o epicentro das maiores crises políticas do governo. O primeiro passo foi dado nesta terça-feira. O diretor de Recursos Humanos dos Correios, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, foi escalado para fazer uma espécie de intervenção branca na estatal. Homem de confiança do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, Freitas recebeu a missão de fazer um diagnóstico da empresa. Na prática, hoje ele é o homem forte do Planalto nos Correios, enquanto o atual presidente, David José de Matos - afilhado político da ex-chefe da Casa Civil Erenice Guerra - virou uma espécie de rainha da Inglaterra.
[...]
Comento: Quando é que vão entender que a verdadeira causa destes constantes abusos nas estatais é a própria essência de empresa estatal? Sem dono, sem o escrutínio de sócios privados preocupados com o destino do capital, usando o dinheiro da "viúva", com mecanismo de incentivos totalmente inadequado, essas estatais sempre serão loteadas entre políticos, palco de intensa corrupção. A impunidade joga mais lenha na fogueira ainda. E a volúpia dos petralhas faz com que o patamar de roubo chegue ao absurdo. A solução é uma só: privatizar as estatais! Quanto menos recursos passar pelas mãos dos políticos, melhor.
De volta às origens
Deu no Globo:
Presidente da SIP diz que é 'algo perigoso' o tom das últimas declarações do presidente Lula sobre a imprensa
Fernando Eichenberg, correspondente
WASHINGTON - O presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Alejandro Aguirre, criticou as recentes acusações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a imprensa no Brasil. "É algo perigoso", disse o dirigente da entidade, ao defender a liberdade de expressão e de imprensa como um dos pilares do funcionamento da democracia. Aguirre se referia à declaração do presidente em que comparou a imprensa a um partido político. "O livre fluxo de informação e de opinião é um direito que pertence a todo o povo, não ao governo", defendeu Aguirre, que anunciou uma manifestação oficial da SIP sobre o caso.
Comento: O presidente Lula subiu o tom de seus ataques à liberdade de imprensa, demonstrando inclusive que as pesquisas de intenção de voto não devem ser confiáveis nem mesmo para ele (afinal, se Dilma tem tanta folga assim, apontando para vitória logo no primeiro turno, por que tanto destempero e desespero?). O ato realizado com as máfias de sempre (CUT, UNE, MST etc) mostra que Lula retornou às origens de sindicalista raivoso, com ódio da liberdade. A máscara "paz e amor", criada pelo marqueteiro (que é criminoso confesso, cliente do "valerioduto"), anda bastante desgastada. Menos mal. O povo tem direito de ver o verdadeiro Lula, esse que sempre esteve disposto a tudo pelo poder.
A teta de Franklin Martins
Deu no Estadão:
TV de Lula contrata por R$ 6 milhões empresa onde atua filho de Franklin
Tecnet, que tem Cláudio Martins como funcionário, venceu licitação decidida às pressas, no final do ano, para a qual não havia recursos
Leandro Colon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do governo federal, contratou por R$ 6,2 milhões uma empresa que emprega o filho do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, presidente do Conselho de Administração da estatal, conhecida como "TV Lula".
A Tecnet Comércio e Serviços Ltda. venceu, no penúltimo dia de 2009, a concorrência para cuidar do sistema de arquivos digitais da EBC, um dos grandes projetos do governo.
E-mails da própria EBC obtidos pelo Estado mostram que o ministro Franklin Martins pediu "prioridade zero" para o assunto, embora pareceres feitos em dezembro alertassem quanto à falta de recursos orçamentários para o projeto. A EBC é a única emissora de televisão brasileira cliente da Tecnet na área digital. A empresa é o braço operacional do grupo que dirige a RedeTV!
O jornalista Cláudio Martins, filho do ministro Franklin, trabalha na Tecnet há pelo menos dois anos como representante comercial, segundo a própria direção da empresa. De acordo com o comando da Tecnet, ele é o responsável pelos negócios de software e tecnologia da empresa no exterior e com as afiliadas do grupo. Cláudio acaba de chegar do Chile e da Argentina, onde foi apresentar serviços da Tecnet.
A licitação vencida na EBC foi realizada às pressas em 30 de dezembro passado. No dia seguinte, o governo emitiu a nota de empenho (compromisso de pagamento) para a empresa. Segundo a direção da EBC, o trabalho da Tecnet está em fase de execução em São Paulo e, em breve, deve atingir Rio de Janeiro e Brasília. O sistema da Tecnet cuidará da gestão dos arquivos digitais novos e futuros da empresa do governo. Além desse contrato, a Tecnet tem outros dois com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 5,4 milhões, para prestar serviços de telemarketing.
A EBC foi criada em outubro de 2007 como um grande projeto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para criar uma TV Pública. O ministro Franklin Martins é quem comanda o setor. A relação entre EBC e a Tecnet desperta a atenção não só pelo fato de o filho do ministro trabalhar na empresa contratada pela pasta comandada pelo pai. O processo de concorrência é nebuloso.
[...]
Comento: Quando Franklin Martins não está dedicando seu tempo para alguma estratégia de controlar a imprensa, parece que ele se dedica a cuidar das finanças familiares. Petralha cuida muito bem da família, não é mesmo? Mais um caso de nepotismo desta quadrilha no poder. E isso explica a obsessão dessa gente em controlar a mídia. No mundo ideal deles, sonhado desde os anos 1960 e tendo Cuba como ícone máximo, os jornalistas jamais teriam a liberdade de investigar essas coisas. Sem liberdade de imprensa não há escândalos de corrupção, certo? Enquanto a meta de calar a imprensa não for atingida, ainda teremos como cobrar das "autoridades" explicações. E, eventualmente, "factoides" da "imprensa golpista" ainda serão capazes de derrubar alguns peixes graúdos, incluindo ministros. Sai daí, Franklin!
terça-feira, setembro 21, 2010
Desabafo! Lei Seca
Vídeo onde comento o absurdo da Lei Seca, extremamente radical, prejudicando a vida de milhões de pessoas, uma indústria da multa e demagogia política também.
Bolsa-Miami
Gastos de turistas no exterior batem recorde para meses de agosto
Em agosto, somaram US$ 1,3 bi e, no ano, quase chegaram a US$ 10 bi.
Dólar baixo e renda em alta favorecem despesas de turistas no exterior.
Do G1
Os gastos de turistas brasileiros no exterior somaram US$ 1,3 bilhão no mês de agosto, novo recorde para este período, segundo números divulgados nesta terça-feira (20) pelo Banco Central. O valor é o maior para um oitavo mês do ano desde o início da série histórica do BC, em 1947.
O gasto, entretanto, ficou um pouco abaixo do recorde histórico para todos os meses, registrado nas férias de julho deste ano, quando as despesas no exterior somaram US$ 1,53 bilhão.
O crescimento dos gastos de turistas brasileiros no exterior é favorecido pelo crescimento da renda no Brasil e, também, pelo dólar desvalorizado, fator que barateia as passagens e hotéis cotados na moeda norte-americana.
Nos oito primeiros meses de 2010, as despesas de turistas no exterior somaram US$ 9,88 bilhões, o que também representa o maior valor da série do BC. Contra o período de janeiro a agosto do ano passado (US$ 6,41 bilhões), houve um crescimento de 54% nos gastos, segundo números do Banco Central.
Com isso, as despesas se aproximam do patamar de todo ano passado, quando somaram US$ 10,89 bilhões. As despesas de turistas brasileiros no exterior também estão contribuindo para aumentar o rombo das contas externas brasileiras.
Comento: Se tem o Bolsa-Esmola para comprar os votos dos mais pobres, se tem o Bolsa-Invasão para comprar o voto dos criminosos do MST, se tem o Bolsa-Ditadura para comprar os votos dos comunas que sonhavam com o modelo cubano para o país, se tem o Bolsa-Empresário para comprar os votos dos grandes empresários com subsídios do BNDES, nada mais justo que ter também o Bolsa-Miami! É a classe média torrando a grana na Disney, feliz da vida com o câmbio valorizado, resultado do contexto mundial. E o presidente Lula vai surfando a onda, transferindo votos para seu "poste" enquanto o povo celebra o crescimento econômico de curto prazo. It's the economy, stupid!
Em agosto, somaram US$ 1,3 bi e, no ano, quase chegaram a US$ 10 bi.
Dólar baixo e renda em alta favorecem despesas de turistas no exterior.
Do G1
Os gastos de turistas brasileiros no exterior somaram US$ 1,3 bilhão no mês de agosto, novo recorde para este período, segundo números divulgados nesta terça-feira (20) pelo Banco Central. O valor é o maior para um oitavo mês do ano desde o início da série histórica do BC, em 1947.
O gasto, entretanto, ficou um pouco abaixo do recorde histórico para todos os meses, registrado nas férias de julho deste ano, quando as despesas no exterior somaram US$ 1,53 bilhão.
O crescimento dos gastos de turistas brasileiros no exterior é favorecido pelo crescimento da renda no Brasil e, também, pelo dólar desvalorizado, fator que barateia as passagens e hotéis cotados na moeda norte-americana.
Nos oito primeiros meses de 2010, as despesas de turistas no exterior somaram US$ 9,88 bilhões, o que também representa o maior valor da série do BC. Contra o período de janeiro a agosto do ano passado (US$ 6,41 bilhões), houve um crescimento de 54% nos gastos, segundo números do Banco Central.
Com isso, as despesas se aproximam do patamar de todo ano passado, quando somaram US$ 10,89 bilhões. As despesas de turistas brasileiros no exterior também estão contribuindo para aumentar o rombo das contas externas brasileiras.
Comento: Se tem o Bolsa-Esmola para comprar os votos dos mais pobres, se tem o Bolsa-Invasão para comprar o voto dos criminosos do MST, se tem o Bolsa-Ditadura para comprar os votos dos comunas que sonhavam com o modelo cubano para o país, se tem o Bolsa-Empresário para comprar os votos dos grandes empresários com subsídios do BNDES, nada mais justo que ter também o Bolsa-Miami! É a classe média torrando a grana na Disney, feliz da vida com o câmbio valorizado, resultado do contexto mundial. E o presidente Lula vai surfando a onda, transferindo votos para seu "poste" enquanto o povo celebra o crescimento econômico de curto prazo. It's the economy, stupid!
Fascistas!
Deu no Globo
SÃO PAULO - Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusar a imprensa de agir como partido político, as centrais sindicais, alguns sindicatos, partidos governistas e movimentos sociais farão na quinta-feira o "Ato contra o golpismo midiático", em São Paulo. O convite para o evento, divulgado pelo PT, acusa a imprensa de "castrar o voto popular", "deslegitimizar as instituições" e destruir a democracia. E não faz menção explícita à onda de denúncias de corrupção que atingem a Casa Civil da Presidência.
"Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservado, essa ofensiva antidemocrática precisa ser barrada. No comando estão grupos de comunicação que, pelo apoio ao golpe de 64 e à ditadura militar, já demonstraram seu desapreço pela democracia", diz o texto.
De acordo com o site do PT, estarão presentes líderes de sindicatos e movimentos sociais. São listados: CUT, Força Sindical, CTB, CGTB, MST e UNE. Também estão confirmados políticos de PT, PCdoB, PSB e PDT, todos partidos da coligação da candidata a presidente Dilma Rousseff.
Em comício em Campinas, no sábado, o presidente Lula acusou a imprensa de não agir de forma democrática . O discurso provocou reações da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) . Lula disse que a população não precisa mais de formadores de opinião e acrescentou: "Nós somos a opinião pública".
E continuou: "Não vamos derrotar apenas nossos adversários tucanos. Vamos derrotar alguns jornais e revistas, que se comportam como se fossem um partido político e não têm coragem de dizer que são um partido político, que têm candidato e não têm coragem de dizer que têm candidato, que não são democratas e pensam que são democratas", disse Lula, para quem os pobres não precisam de formadores de opinião.
No anúncio do ato, o PT afirma que a imprensa busca "forçar a ida do candidato do PSDB ao segundo turno". Em seguida, o convite afirma que "boatos de campanha" indicam que o "jogo sujo" irá piorar até a eleição. O ato está marcado para quinta, no auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, e é patrocinado também por "blogueiros progressistas".
Comento: O PT demonstra seu poder de mobilização contra a liberdade de imprensa, usando os pelegos e invasores de terra, todos devidamente alimentados por recursos públicos. O ódio que esses fascistas sentem da imprensa independente vem desde Lênin. Todo regime totalitário começou atacando a imprensa. Quem vota no PT é cúmplice deste caminho da servidão que estamos seguindo.
A elite que Lula não suporta
Editorial do Estadão
Nas encenações palanqueiras em que o presidente Lula invariavelmente se apresenta como o protagonista da obra de criação deste país maravilhoso em que hoje vivemos, o papel de antagonista está sempre reservado às "elites". Durante mais de 500 anos, as elites mantiveram o Brasil preso aos grilhões do subdesenvolvimento e da mais perversa injustiça social. Aí surgiu Lula, o intimorato, e em menos de oito anos tudo mudou. Simples assim.
Com essa retórica maniqueísta, sem o menor pudor Lula alimenta no eleitorado de baixa renda e pouca instrução - seu público-alvo prioritário - o sentimento difuso de que quem tem dinheiro e/ou estudo está do "outro lado", nas hostes inimigas. Mas a verdade é que o paladino dos desvalidos nutre hoje uma genuína ojeriza por uma, e apenas uma, categoria especial de elite: a intelectual, formada por pessoas que perdem tempo com leituras e que por isso se julgam no direito de avaliar criticamente o desempenho dos governantes. Por extensão, uma enorme ojeriza à imprensa. Com todas as demais elites Sua Excelência já resolveu seus problemas. Está com elas perfeitamente composto, afinado, associado, aliado e, pelo menos em outro caso específico, o das oligarquias dos grotões maranhenses, alagoenses, amapaenses e que tais, acumpliciado.
Até por mérito do próprio governo na condução da economia (nem sempre a imprensa ignora os acertos do poder público...), os ventos favoráveis que hoje, de modo geral, embalam o mundo dos negócios, muito especialmente os negócios financeiros, não permitem imaginar que o "poder econômico" considere Lula um inimigo ou uma ameaça e vice-versa. É claro que em público o jogo de cena é mantido, com ataques, sob medida para cada plateia, aos eternos inimigos do povo. Mas na intimidade o presidente se vangloria, em seus cada vez mais frequentes surtos apoteóticos, de que hoje o poder econômico, nacional e multinacional, está submisso à sua vontade. Não é, portanto, essa elite que tem em mente nas diatribes contra os malvados que conspiram contra sua obra redentora.
A revelação de seu verdadeiro alvo Lula oferece cada vez que abre a boca. Como no dia 18, em Juiz de Fora: "Essa gente não nos perdoa. Basta que você veja alguns órgãos e jornais do Brasil (...) Porque na verdade quem faz oposição neste país é determinado tipo de imprensa. Ah, como inventam coisa contra o Lula. Olha, se eu dependesse deles para ter 80% de aprovação neste país eu tinha zero. Porque 90% das coisas boas deste país não é mostrado (sic)."
Então é isto. Imprensa que fala mal do governo não presta, extrapola os limites da liberdade de informar. Não é mais do que um instrumento de dominação das elites.
Assim, movido por sua arraigada tendência ao autoritarismo messiânico que é a marca de sua trajetória na vida pública, Lula parece cada vez mais confortável na posição de dono de um esquema de poder que almeja perpetuar para alegria da companheirada. Um modelo populista, despolitizado, referendado pela aprovação popular a resultados econometricamente aferíveis, mas que despreza valores genuinamente democráticos de respeito à cidadania, coisa que só interessa à "zelite". Tudo isso convivendo com a prática mais deslavada do patrimonialismo, coronelismo, clientelismo, tráfico de influência, cartorialismo, aparelhamento e tudo o mais que Lula e seu PT combateram vigorosamente por pouco mais de 20 anos, para depois transformar em seu programa de governo. E em toda essa mistificação o repúdio às elites é a palavra de ordem e a imprensa, o grande bode expiatório.
O diagnóstico seguinte foi feito, com as habituais competência e sutileza, por um dos mais notórios fantasmas de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista publicada no Estado de domingo: "Achei que (Lula) fosse mais inovador, capaz de deixar uma herança política democrática, mostrando que o sentimento popular, a incorporação da massa à política e a incorporação social podem conviver com a democracia, não pensar que isso só pode ser feito por caudilhos como Perón, Chávez, etc. (...) Mas Lula está a todo instante desprezando o componente democrático para ficar na posição de caudilho." Falou e disse.
Comento: Falou e disse!
Nas encenações palanqueiras em que o presidente Lula invariavelmente se apresenta como o protagonista da obra de criação deste país maravilhoso em que hoje vivemos, o papel de antagonista está sempre reservado às "elites". Durante mais de 500 anos, as elites mantiveram o Brasil preso aos grilhões do subdesenvolvimento e da mais perversa injustiça social. Aí surgiu Lula, o intimorato, e em menos de oito anos tudo mudou. Simples assim.
Com essa retórica maniqueísta, sem o menor pudor Lula alimenta no eleitorado de baixa renda e pouca instrução - seu público-alvo prioritário - o sentimento difuso de que quem tem dinheiro e/ou estudo está do "outro lado", nas hostes inimigas. Mas a verdade é que o paladino dos desvalidos nutre hoje uma genuína ojeriza por uma, e apenas uma, categoria especial de elite: a intelectual, formada por pessoas que perdem tempo com leituras e que por isso se julgam no direito de avaliar criticamente o desempenho dos governantes. Por extensão, uma enorme ojeriza à imprensa. Com todas as demais elites Sua Excelência já resolveu seus problemas. Está com elas perfeitamente composto, afinado, associado, aliado e, pelo menos em outro caso específico, o das oligarquias dos grotões maranhenses, alagoenses, amapaenses e que tais, acumpliciado.
Até por mérito do próprio governo na condução da economia (nem sempre a imprensa ignora os acertos do poder público...), os ventos favoráveis que hoje, de modo geral, embalam o mundo dos negócios, muito especialmente os negócios financeiros, não permitem imaginar que o "poder econômico" considere Lula um inimigo ou uma ameaça e vice-versa. É claro que em público o jogo de cena é mantido, com ataques, sob medida para cada plateia, aos eternos inimigos do povo. Mas na intimidade o presidente se vangloria, em seus cada vez mais frequentes surtos apoteóticos, de que hoje o poder econômico, nacional e multinacional, está submisso à sua vontade. Não é, portanto, essa elite que tem em mente nas diatribes contra os malvados que conspiram contra sua obra redentora.
A revelação de seu verdadeiro alvo Lula oferece cada vez que abre a boca. Como no dia 18, em Juiz de Fora: "Essa gente não nos perdoa. Basta que você veja alguns órgãos e jornais do Brasil (...) Porque na verdade quem faz oposição neste país é determinado tipo de imprensa. Ah, como inventam coisa contra o Lula. Olha, se eu dependesse deles para ter 80% de aprovação neste país eu tinha zero. Porque 90% das coisas boas deste país não é mostrado (sic)."
Então é isto. Imprensa que fala mal do governo não presta, extrapola os limites da liberdade de informar. Não é mais do que um instrumento de dominação das elites.
Assim, movido por sua arraigada tendência ao autoritarismo messiânico que é a marca de sua trajetória na vida pública, Lula parece cada vez mais confortável na posição de dono de um esquema de poder que almeja perpetuar para alegria da companheirada. Um modelo populista, despolitizado, referendado pela aprovação popular a resultados econometricamente aferíveis, mas que despreza valores genuinamente democráticos de respeito à cidadania, coisa que só interessa à "zelite". Tudo isso convivendo com a prática mais deslavada do patrimonialismo, coronelismo, clientelismo, tráfico de influência, cartorialismo, aparelhamento e tudo o mais que Lula e seu PT combateram vigorosamente por pouco mais de 20 anos, para depois transformar em seu programa de governo. E em toda essa mistificação o repúdio às elites é a palavra de ordem e a imprensa, o grande bode expiatório.
O diagnóstico seguinte foi feito, com as habituais competência e sutileza, por um dos mais notórios fantasmas de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista publicada no Estado de domingo: "Achei que (Lula) fosse mais inovador, capaz de deixar uma herança política democrática, mostrando que o sentimento popular, a incorporação da massa à política e a incorporação social podem conviver com a democracia, não pensar que isso só pode ser feito por caudilhos como Perón, Chávez, etc. (...) Mas Lula está a todo instante desprezando o componente democrático para ficar na posição de caudilho." Falou e disse.
Comento: Falou e disse!
Novos estímulos não vão resolver os problemas nos EUA
Valor Econômico - Palavra do Gestor
Rodrigo Constantino
"Se o governo federal realmente deseja promover a recuperação econômica, ele deveria cortar gastos e impostos em geral, e basicamente sair do caminho." (Robert P. Murphy)
O governo Obama fala em novas formas de estimular a economia americana, uma vez que o desemprego ainda permanece elevado e o crescimento econômico continua tímido. Entre as novas propostas estão gastos de US$ 50 bilhões com infraestrutura e US$ 100 bilhões de extensão de crédito fiscal. Isso após estímulos que chegam à casa do trilhão, e que, pelo visto, não surtiram os efeitos esperados. Será que a resposta, como defende Paul Kurgman, está realmente em mais estímulos?
O racional por trás desse tipo de argumento é a teoria keynesiana de que os gastos do governo devem "fechar o gap" quando a demanda agregada é insuficiente para preservar o "pleno emprego". Trata-se de uma falácia econômica, infelizmente ainda muito disseminada.
Muitos keynesianos parecem confundir uma economia saudável com a ideia de "pleno emprego", mas ambos não são sinônimos. Basta pensar que se o governo contratasse todos os desempregados para abrir e depois fechar buracos, então não haveria mais desemprego. Mas quem realmente diria que a saúde da economia melhorou?
Na verdade, essas medidas de estímulo artificial costumam atacar os sintomas, e não as causas dos problemas. Algo como colocar cubos de gelo no termômetro para reduzir a febre do doente. Krugman chegou a escrever que a Grande Depressão foi salva pela Segunda Guerra, como se guerras fossem criadoras, e não destruidoras de riqueza. Se o prêmio Nobel de economia estivesse certo, então a conclusão lógica seria que uma nação eternamente em guerra ficaria incrivelmente próspera! O absurdo desse argumento salta aos olhos.
O fato incômodo, e por isso tão ignorado, é que o estímulo tem que sair de algum lugar. Os gastos do governo devem ser pagos por alguém. É aquilo que não se vê imediatamente, ao contrário dos efeitos visíveis de curto prazo dos estímulos. Alguns keynesianos se defendem com base no "efeito multiplicador" dos gastos públicos. Mas, na melhor das hipóteses, esse multiplicador é zero. Normalmente ele é negativo.
Não é muito difícil entender por quê. Os gastos públicos, sem os mecanismos adequados de incentivo do setor privado, costumam ser menos eficientes. Logo, o governo está retirando recursos do setor privado para utilizá-los em coisas altamente questionáveis. Isso sem falar dos riscos de corrupção e politicagem. O próprio "New Deal" foi alvo de duros ataques depois, quando alguns escândalos vieram à tona. Os interesses políticos acabam prevalecendo sobre os interesses econômicos.
Os economistas austríacos já tinham demonstrado como esses estímulos artificiais apenas agravam os ciclos econômicos. Os efeitos momentâneos geram a sensação de prosperidade e sucesso das medidas, mas logo a realidade retorna à cena, cobrando seu preço. Taxas de juros artificialmente reduzidas, crédito facilitado pelo governo, injeção de moeda na economia e déficits fiscais nunca foram receita para crescimento sustentável. A alegria dos mercados é temporária, e depois vem a inevitável ressaca. Quanto maior for o estímulo artificial, mais dolorosa será a fase de ajuste posterior.
Para piorar a situação, a retomada dos investimentos privados, que poderia colocar a economia nos trilhos, acaba prejudicada pelo excesso de intervenção do governo. O setor privado sabe que será forçado a pagar a conta alguma hora, pois não existe almoço grátis. O rombo fiscal terá que ser compensado por mais impostos no futuro. Como os empresários antecipam o evento, a aversão a risco aumenta no presente. O tiro sai pela culatra. O governo tenta estimular a economia, e depois não entende porque as empresas optam por cautela nos investimentos.
O governo já anunciou pacotes gigantescos, e a economia ainda patina, com taxa de desemprego próxima de 10%. O argumento em defesa do governo é que a situação estaria muito pior se não fossem essas medidas. Nunca saberemos. Mas não custa perguntar: após um pacote de estímulo de US$ 800 bilhões e várias outras medidas desesperadas, será que novos estímulos serão a solução para os problemas?
O governo americano está ficando sem munição. Talvez fosse hora de tentar algo novo: deixar o próprio mercado realizar os ajustes necessários. Se o governo sinalizar que suas contas serão sanadas, de preferência com uma drástica redução dos gastos públicos, então os investimentos podem ser retomados, e a economia pode se recuperar de verdade.
Rodrigo Constantino
"Se o governo federal realmente deseja promover a recuperação econômica, ele deveria cortar gastos e impostos em geral, e basicamente sair do caminho." (Robert P. Murphy)
O governo Obama fala em novas formas de estimular a economia americana, uma vez que o desemprego ainda permanece elevado e o crescimento econômico continua tímido. Entre as novas propostas estão gastos de US$ 50 bilhões com infraestrutura e US$ 100 bilhões de extensão de crédito fiscal. Isso após estímulos que chegam à casa do trilhão, e que, pelo visto, não surtiram os efeitos esperados. Será que a resposta, como defende Paul Kurgman, está realmente em mais estímulos?
O racional por trás desse tipo de argumento é a teoria keynesiana de que os gastos do governo devem "fechar o gap" quando a demanda agregada é insuficiente para preservar o "pleno emprego". Trata-se de uma falácia econômica, infelizmente ainda muito disseminada.
Muitos keynesianos parecem confundir uma economia saudável com a ideia de "pleno emprego", mas ambos não são sinônimos. Basta pensar que se o governo contratasse todos os desempregados para abrir e depois fechar buracos, então não haveria mais desemprego. Mas quem realmente diria que a saúde da economia melhorou?
Na verdade, essas medidas de estímulo artificial costumam atacar os sintomas, e não as causas dos problemas. Algo como colocar cubos de gelo no termômetro para reduzir a febre do doente. Krugman chegou a escrever que a Grande Depressão foi salva pela Segunda Guerra, como se guerras fossem criadoras, e não destruidoras de riqueza. Se o prêmio Nobel de economia estivesse certo, então a conclusão lógica seria que uma nação eternamente em guerra ficaria incrivelmente próspera! O absurdo desse argumento salta aos olhos.
O fato incômodo, e por isso tão ignorado, é que o estímulo tem que sair de algum lugar. Os gastos do governo devem ser pagos por alguém. É aquilo que não se vê imediatamente, ao contrário dos efeitos visíveis de curto prazo dos estímulos. Alguns keynesianos se defendem com base no "efeito multiplicador" dos gastos públicos. Mas, na melhor das hipóteses, esse multiplicador é zero. Normalmente ele é negativo.
Não é muito difícil entender por quê. Os gastos públicos, sem os mecanismos adequados de incentivo do setor privado, costumam ser menos eficientes. Logo, o governo está retirando recursos do setor privado para utilizá-los em coisas altamente questionáveis. Isso sem falar dos riscos de corrupção e politicagem. O próprio "New Deal" foi alvo de duros ataques depois, quando alguns escândalos vieram à tona. Os interesses políticos acabam prevalecendo sobre os interesses econômicos.
Os economistas austríacos já tinham demonstrado como esses estímulos artificiais apenas agravam os ciclos econômicos. Os efeitos momentâneos geram a sensação de prosperidade e sucesso das medidas, mas logo a realidade retorna à cena, cobrando seu preço. Taxas de juros artificialmente reduzidas, crédito facilitado pelo governo, injeção de moeda na economia e déficits fiscais nunca foram receita para crescimento sustentável. A alegria dos mercados é temporária, e depois vem a inevitável ressaca. Quanto maior for o estímulo artificial, mais dolorosa será a fase de ajuste posterior.
Para piorar a situação, a retomada dos investimentos privados, que poderia colocar a economia nos trilhos, acaba prejudicada pelo excesso de intervenção do governo. O setor privado sabe que será forçado a pagar a conta alguma hora, pois não existe almoço grátis. O rombo fiscal terá que ser compensado por mais impostos no futuro. Como os empresários antecipam o evento, a aversão a risco aumenta no presente. O tiro sai pela culatra. O governo tenta estimular a economia, e depois não entende porque as empresas optam por cautela nos investimentos.
O governo já anunciou pacotes gigantescos, e a economia ainda patina, com taxa de desemprego próxima de 10%. O argumento em defesa do governo é que a situação estaria muito pior se não fossem essas medidas. Nunca saberemos. Mas não custa perguntar: após um pacote de estímulo de US$ 800 bilhões e várias outras medidas desesperadas, será que novos estímulos serão a solução para os problemas?
O governo americano está ficando sem munição. Talvez fosse hora de tentar algo novo: deixar o próprio mercado realizar os ajustes necessários. Se o governo sinalizar que suas contas serão sanadas, de preferência com uma drástica redução dos gastos públicos, então os investimentos podem ser retomados, e a economia pode se recuperar de verdade.
A sabedoria de Schopenhauer
Rodrigo Constantino, O Globo
“Devemos considerar as coisas concernentes ao nosso conforto e desconforto só com os olhos da razão e do juízo, conseqüentemente, com ponderação fria e seca.” (Schopenhauer)
Em 21 de setembro de 1860, há exatos 150 anos, morria o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Seu legado é profundo, incluindo enorme influência em pensadores como Nietzsche e Freud. Contra o obscurantismo pedante de filósofos do seu tempo, que muitas vezes servia apenas para disfarçar a ausência de conteúdo, Schopenhauer transmitiu sua mensagem de forma bastante clara. Em homenagem ao aniversário de sua morte, vamos refletir sobre a atualidade de alguns de seus aforismos.
“Um homem vale por aquilo que sua conduta evidencia, não pelo que agrada a uma língua solta dizer sobre ele”. Esta constatação anda muito ignorada no país das bravatas, onde a retórica sensacionalista parece valer mais que os atos concretos. Os discursos verborrágicos impressionam mais do que o conteúdo das pessoas. Tem muita “língua solta” – e presa também –, tentando levar no grito o respeito alheio. Mas palavras e gestos, com freqüência, expõem gritante contradição.
“O tipo mais barato de orgulho é o orgulho nacional. Ele trai naquele que por ele é possuído a ausência de qualidades, das quais poderia se orgulhar”. Como desprezar este fato quando a liberdade individual é cada vez mais sufocada pelo coletivismo nacionalista? Em nome do “interesse nacional”, oportunistas acabam explorando os inocentes e concentrando poder e privilégios à custa de nossas liberdades básicas. O tal “orgulho nacional” não deveria estar acima dos direitos individuais.
“Quem tem de produzir o bom e o autêntico e evitar o ruim tem de desafiar o juízo das massas e de seus porta-vozes e, portanto, desprezá-los”. Recado essencial quando tantos tentam associar qualidade à popularidade: ambos não são sinônimos. A ditadura do “politicamente correto” é outro efeito desta mentalidade, como se a escolha da maioria fosse a “voz de Deus”. Trata-se, na prática, de uma tirania das massas. Nem tudo que é popular é bom: basta lembrar que Mussolini e Hitler foram idolatrados por seus povos.
“Não devemos procurar desculpas, atenuar ou diminuir erros que foram manifestamente cometidos por nós, mas confessá-los e trazê-los, na sua grandeza, nitidamente diante dos olhos, a fim de poder tomar a decisão firme de evitá-los no futuro”. O conselho do filósofo bate de frente contra a típica postura que vemos na política nacional, onde cada um que é pego em novo escândalo logo se justifica com base nos erros alheios. “Se outros fazem, então também posso fazer”. Esta atitude serve apenas para alimentar a corrupção.
“Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa”. Esse talvez seja o alerta mais importante feito por Schopenhauer. Os verdadeiros inimigos não aparecem vestidos de lobos, mas sim de cordeiros. São os “altruístas”, que pensam apenas no “bem-geral”, que pretendem viver em função dos mais pobres. Em suma, a verdadeira ameaça vem daqueles que prometem o paraíso, e costumam entregar o inferno.
“Se desconfiarmos que alguém mente, finjamos crença: ele há de tornar-se ousado, mentirá com mais vigor, sendo desmascarado”. Esta estratégia poderia ser mais utilizada contra os governantes, mestres na arte da enganação. Basta dar um pouco de corda que a situação daqueles pegos em infindáveis escândalos logo se complica. Já diz o ditado: a mentira tem perna curta. O espantoso é que a máscara de muitos já deveria ter caído faz tempo, mas o povo não quer enxergar a face verdadeira por detrás dela.
“Prudente é quem não é enganado pela estabilidade aparente das coisas e, ainda, antevê a direção que a mudança tomará”. O recado merece atenção especial daqueles que parecem hipnotizados com o momentâneo crescimento econômico, ignorando seus pilares insustentáveis e também o avanço do governo sobre nossas liberdades. A miopia faz com que o curto prazo ganhe um peso desproporcional na análise da situação.
Por fim, após tanto pessimismo, uma última mensagem mais esperançosa: “É preciso ser paciente, pois um homem de intelecção justa entre pessoas enganadas assemelha-se àquele cujo relógio funciona com precisão numa cidade na qual todos os relógios de torre fornecem a hora errada”. O tempo é o senhor da razão. Quem ainda não perdeu a capacidade de indignação perante tantos escândalos políticos está apenas com o relógio certo no momento errado. A torre da cidade ainda marcará a hora certa algum dia. Quem viver, verá.
segunda-feira, setembro 20, 2010
Justiça condena petralha
Do G1
O Tribunal de Justiça do Rio condenou nesta segunda-feira (20) o deputado Jorge Babu (PTN) e três funcionários da 1ª Vara da Infância e Juventude por formação de quadrilha e concussão (tirar vantagem de cargo público). Ele nega as acusações.
A pena do deputado, de três anos em regime aberto, foi convertida em prestação de serviços comunitários, mas ele ainda pode recorrer da decisão. Ele será julgado ainda pelo envolvimento com milícias da Zona Oeste do Rio.
Segundo o processo, eles teriam montado um esquema para liberar a realização de bailes funk junto ao juizado, em troca de propina. Babu, no entanto, não compareceu à audiência. Segundo seu advogado, ele não foi oficialmente notificado.
Na semana passada, Babu foi demitido do cargo de inspetor da Polícia Civil do Rio. Ele já foi vereador duas vezes: em 2000 e em 2004, quando foi preso numa rinha de galo, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Em 2006 foi eleito deputado estadual e, em 2008, foi denunciado pelo Ministério Público por envolvimento com milícias.
Comento: Lembram dele? Aquele da rinha de galo, companheiro de Duda Mendonça. Era do PT. Pois é, essa quadrilha, digo, esse partido adora um bandido mesmo!
Cúmplice ou Incompetente?
RIO - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, rebateu nesta segunda-feira as críticas de seu adversário José Serra (PSDB) que, no domingo, voltou a usar as denúncias de tráfico de influência e pagamentos de propina na Casa Civil para atacar a petista. Durante caminhada em São Paulo, o tucano questionou a capacidade administrativa de Dilma, dizendo que "ou ela não é capaz, ou é cúmplice".
- Nem uma coisa, nem outra. Sabe por quê? Não acredito que alguém saiba tudo o que está acontecendo na sua própria família. E também não acredito que alguém saiba tudo o que acontece no governo.
Comento: Não saber de tudo é uma coisa; não saber de um mega-esquema de corrupção bem no ambiente de trabalho, envolvendo sua mais próxima aliada, na própria "casa da mãe-Dilma" é outra bem diferente. Algo como uma colega de quarto, amiga muito próxima, que recebe clientes para prostituição no próprio quarto que divide com a amiga por anos, enquanto esta nega saber de alguma coisa. Os petralhas abusam da estupidez do povo! E o mais triste é que funciona...
Dica de leitura
"A ilusão da alma", de Eduardo Giannetti. O novo livro de Giannetti, seu primeiro trabalho de ficção, retrata as reflexões de um indivíduo que descobre um tumor no cérebro. A doença lhe leva ao eterno debate entre mente e cérebro, que coloca num extremo os fisicalistas, e no outro os mentalistas. Como todos os livros de Giannetti, trata-se de uma leitura instigante. Eu recomendo.
Frase da semana
Cid e Ciro Gomes acusados de desviar R$ 300 milhões
FORTALEZA. A caminho da reeleição em primeiro turno, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), é citado em denúncia da revista "Veja" sobre um esquema que, entre 2003 e 2009, teria desviado R$ 300 milhões de prefeituras cearenses. A denúncia envolveria ainda o irmão do governador, o deputado federal Ciro Gomes, do mesmo partido, durante período em que foi ministro da Integração Nacional (2003 a 2006). Parte do dinheiro teria ido para um "caixa dois" e ajudado a financiar as campanhas de Cid, ao governo do estado, e de Ciro, para deputado federal, em 2006.
Segundo a revista, as provas estão em documentos apreendidos pela Polícia Federal e na memória de um computador do empresário Raimundo Morais Filho. Em 79 mil arquivos, Morais Filho, cujo paradeiro é desconhecido, descreveria a atuação da quadrilha.
Na primeira fase, o dinheiro desviado teria saído do Ministério da Integração, na gestão de Ciro Gomes. As prefeituras que participavam dos esquema fariam licitações dirigidas, beneficiando sempre uma das 17 empresas de Morais Filho. O empresário ficava com 4% do valor do contrato e repassava o restante para Zezinho Albuquerque, através da assessora parlamentar Maria Lúcia Martins, presa pela PF em junho passado.
Os recursos eram repassados às prefeituras, que executavam obras com qualidade inferior à prevista. A sobra do dinheiro teria ajudado na eleição de Cid e Ciro, em 2006. De 2007 a 2009, segundo a "Veja", o dinheiro repassado ao "caixa dois" teria saído dos cofres do governo do estado.
Comento: Quem mandou ser truculento comigo naquele "debate" da TVCom? Deu nisso!
Caetano subiu no meu conceito!
Caetano acusa Lula de ‘golpismo’
O Globo
Eleitor de Marina, compositor também diz que Serra é ‘burro’
O compositor Caetano Veloso classificou como "golpismo" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que é preciso extirpar o DEM da vida pública nacional. Já o candidato do PSDB, José Serra, para Caetano, é "burro", por ter tentado associar seu nome ao do petista, no início do horário eleitoral.
As declarações do artista — que já manifestou preferência por Marina Silva e apareceu no programa do PV pedindo votos para ela — foram dadas a uma emissora de rádio em Santo Amaro, onde esteve para comemorar o aniversário de 103 anos da mãe, Dona Canô.
"O povo brasileiro não pode ouvir isso (a declaração de Lula) e não reclamar. E se uma pessoa da imprensa reclamar vem um idiota dizer que a imprensa é golpista. Golpista é dizer que precisa destruir um partido político que existe legalmente. O presidente da República não tem o direito de dizer isso", criticou.
Caetano cobrou explicações sobre a quebra ilegal de sigilo fiscal na Receita, que atingiu pessoas ligadas ao PSDB e a José Serra.
Mas sobrou para o próprio candidato tucano, criticado por tentar vincular sua imagem à do presidente. "Serra é um idiota que apareceu com Lula, querendo dizer que está do lado, que é igual a Lula. É burro", decretou o baiano.
Caetano disse enxergar risco de um populismo perigoso em torno do presidente Lula e sua candidata Dilma. "É como se fosse assim uma população hipnotizada. As pessoas não estão pensando com liberdade e clareza", analisou.
Para ele, a aprovação a Lula é acrítica e remete aos anos 40 e 50, quando a América Latina teve lideranças populistas como Getulio Vargas no Brasil e Juan Domingo Péron na Argentina: "É um atraso. O Brasil não podia estar mais nessa", lamentou.
Apesar de tudo, ressalvou que admira Lula e reconhece no presidente uma figura histórica importante no Brasil.
Comento: Caetano subiu no meu conceito! Ele acertou o diagnóstico de ambos, ao chamar Lula de "golpista" e Serra de "burro". É isso mesmo!
domingo, setembro 19, 2010
Desabafo! CLT Fascista
Vídeo onde comento as leis trabalhistas do nosso país, influenciadas no regime fascista de Mussolini.
A Escalada Fascista
Rodrigo Constantino
Fruto de intensa propaganda, a imensa maioria das pessoas encara o fascismo como um regime de “direita” e, portanto, diametralmente oposto ao sindicalismo de esquerda. Não obstante, a verdade é que ambos, fascismo e sindicalismo, muitas vezes se confundem, apresentando enormes semelhanças e disputando o mesmo tipo de alma. O estudo histórico da ascensão de Mussolini ao poder pode elucidar melhor este paralelo.
Para começo de conversa, a chegada de Mussolini ao poder foi perfeitamente legal. Como explica Donald Sassoon em seu livro sobre o ditador, “Mussolini fora designado constitucionalmente, prestara juramento de fidelidade ao rei e à Constituição e apresentara seu programa de governo ao Parlamento, dele solicitando e obtendo plenos poderes”. O líder fascista controlava uma massa de militantes uniformizados que representava uma espécie de Estado dentro do Estado.
Mantendo-se nos limites da legalidade, mas permitindo investidas regulares fora dela, Mussolini seria capaz de obter o apoio estratégico de muitos grupos temerosos de um golpe comunista. Estes pensavam que Mussolini, apesar da própria retórica revolucionária, seria capaz de manter sob controle os camisas-negras mais exaltados ao seu redor. Talvez algo análogo ao que o presidente Lula sempre tentou “vender” ao eleitorado de classe média e alta, de que somente ele era capaz de “dialogar” com os radicais do MST, na verdade um braço revolucionário do próprio PT.
“Muitos camaradas, entretanto, logo seriam seduzidos pelos encantos do establishment político que haviam tentado destruir”, diz Sassoon. “Começaram a experimentar os prazeres do poder, o fato de serem temidos e invejados e a desfrutar do respeito daqueles que até então viam com admiração”, ele acrescenta. E mais: “As velhas elites, naturalmente, desprezavam Mussolini, filho de um ferreiro e de uma professora. Ficaram alarmadas com seu aspecto plebeu e sua linguagem rude e populista, mas reconheciam nele alguém disposto a se encarregar do trabalho sujo que não sabiam ou não queriam fazer. Certos intelectuais o admiravam abertamente ou não se dispunham a criticá-lo”.
A demagogia de Mussolini era escancarada: “Em 1931, exagerando absurdamente seus antecedentes de ‘homem do povo’, ele escreveu com certo orgulho que pertencia à classe dos que compartilhavam um quarto que também servia de cozinha, tendo como refeição noturna uma simples sopa de legumes”. A imagem de um homem tão humilde que se tornara primeiro-ministro era usada constantemente como material de propaganda política. Aos poucos, o poder foi sendo concentrado no “homem do povo”, e o que restava de freio constitucional foi sendo abolido. Os poucos jornais independentes que restavam foram amordaçados por uma série de restrições à imprensa. O caminho estava livre para a ditadura.
O fator nacionalista também foi crucial para a escalada fascista. O partido “imaculado” de Mussolini denunciava a incapacidade das velhas classes governantes em fazer frente às grandes potências e restabelecer a grandeza da Itália. “O nacionalismo italiano chafurdava num sentimento de inferioridade”, coloca o autor. O “orgulho nacional” seria resgatado pelos fascistas. Talvez algo parecido com o que os petistas tentam fazer com o governo Lula, alegando que nunca o Brasil fora tão respeitado lá fora, e abusando de uma retórica nacionalista. A declaração antiamericana sensacionalista do próprio presidente, falando que o “elefante” iria tremer diante do “rato”, demonstra como este nacionalismo ainda pesa por aqui.
As velhas oligarquias italianas pensaram que seria possível usar Mussolini para controlar os radicais vermelhos e continuar governando por baixo dos panos. O carismático líder fascista seria apenas uma figura decorativa, e o antigo establishment governaria na sombra, como sempre havia feito. A personalidade magnética de Mussolini irradiaria a energia do poder, enquanto quem daria as cartas de fato seriam os mesmos de sempre. Não contaram com a possibilidade de o dono da popularidade toda resolver assumir o controle do poder por conta própria.
O crescimento econômico serviu para anestesiar as massas também. “Grande parte do crescimento industrial, longe de ser uma vitória da competitividade de mercado, deveu-se ao maciço aumento das compras por parte do Estado”, explica Sassoon. E completa: “A indústria italiana mostrava-se como sempre dependente do governo”. O setor manufatureiro não estava insatisfeito com a situação, pois contava com o grande cliente certo. “O enriquecimento e a corrupção andavam de mãos dadas – tudo sob a bandeira do patriotismo”, conclui o autor. O petróleo é nosso! Viva o BNDES!
O sentimento geral era antiparlamentar, uma vez que o Parlamento era, de fato, um balcão de negociatas. “Da noite para o dia, adversários podiam ser ‘transformados’ em aliados mediante suborno direto ou indireto – razão da designação pejorativa transformismo ser aplicada ao sistema”, explica Sassoon. O “mensalão”, como se pode ver, não é tão original assim. Desenvolveu-se então um sistema de “clientelismo”, no qual “os políticos prometiam empregos aos eleitores e seguidores, proteção e um constante influxo de dinheiro público”. Todos acabaram seduzidos pelas enormes tetas estatais, inclusive os sindicatos. A Itália tinha um dos níveis mais altos de sindicalização da Europa.
Com o benefício do retrospecto, muitos tentam personalizar demais os regimes fascistas, colocando a culpa toda na figura do líder, e ignorando o amplo apoio popular que tiveram. A verdade é que havia simpatia pelos fascistas em muitos setores. A “principal fonte de apoio aos fascistas eram certamente os estudantes colegiais e universitários”, afirma Sassoon. Os industriais acabaram se convencendo de que era necessário entrar em acordo com os fascistas, pois “haviam se tornado a principal força anti-socialista do país”. Entre ter a propriedade confiscada ou ter uma ditadura que servia aos interesses do grande capital, a escolha parecia evidente.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo recente, fez um paralelo entre Lula e Mussolini, lembrando que o presidente precisa de freios constitucionais para seus abusos de poder. Logo depois, entretanto, fez questão de deixar claro que Lula não tem nada a ver com Mussolini. FHC é um típico tucano, sempre em cima do muro. Mas como podemos ver, há sim muitas “coincidências” entre os dois, e se os italianos, mais educados que os brasileiros, foram vítimas do fascismo de Mussolini, nada garante que nós seremos capazes de evitar o mesmo destino. Donald Sassoon conclui:
“Mussolini poderia ter sido contido, mas aqueles capazes de bloquear a sua trajetória – os liberais, a esquerda, a Igreja, a monarquia – não souberam ou não quiseram fazê-lo, caminhando para 20 anos de ditadura como se tivessem os olhos vendados”.
Vovó DIlma
sábado, setembro 18, 2010
O projeto petista
Rodrigo Constantino
O ex-ministro José Dirceu voltou à cena, fazendo um discurso no mínimo constrangedor para a campanha de Dilma, que tenta se manter estrategicamente afastada dele. Dirceu quis deixar claro que a vitória de Dilma nas eleições representaria a escolha popular do projeto do PT para o país. Segundo ele, a vitória de Dilma será ainda mais importante para o partido do que a de Lula, uma vez que o presidente seria "duas vezes maior" que o PT. Representantes do PMDB chegaram a se manifestar, lembrando que Dilma representa uma coligação, e não apenas o PT. Mas para o poderoso Dirceu, os eleitores estarão votando no projeto petista de governo. Resta perguntar: que projeto é esse?
Afinal, o projeto enviado para o TSE pelo PT, contando com a rubrica de Dilma, era uma compilação dos sonhos autoritários dos petistas, na linha da "revolução bolivariana" feita por Chávez na Venezuela. O controle da imprensa, para dar um exemplo de fundamental importância, estaria na ordem do dia segundo este projeto. Como a própria Dilma não desmentiu nem rebateu as afirmações de Dirceu, e como este ainda parece apitar bastante dentro do partido, não temos porque duvidar de suas palavras. O recado está dado, e de forma um tanto clara. Os eleitores, pela ótica dos próprios petistas do alto escalão, estariam dando seu aval ao projeto autoritário de poder no dia 3 de outubro. Será que o povo está ciente disso? Não falo dos mais ignorantes que trocam seu voto por migalhas e promessas vazias, mas dos eleitores de maior escolaridade e renda que votam em Dilma. Eles não são poucos!
Caso o PT seja bem-sucedido em seu projeto de poder, será difícil alegar surpresa. Quem tem acesso aos jornais, quem viu a fala de Dirceu, quem tem um mínimo de capacidade de compreensão dos fatos não poderá fingir que não sabia de nada depois, se caminharmos mais alguns longos passos em direção ao modelo venezuelano. Dirceu avisou. E Dirceu ainda é PT. Não custa lembrar, já que a memória do brasileiro costuma ser fraca, o que Dirceu disse no auge do escândalo do "mensalão", sobre sua relação com o presidente Lula: "Não faço nada que não seja de comum acordo e determinado por ele". E se o recado não estivesse cristalino ainda, Dirceu fez questão de dissipar quaisquer dúvidas: "Sou um soldado do partido e do governo".
O simples fato de José Dirceu ainda ter a relevância que tem dentro do PT, e de fazer as articulações políticas para a campanha de Dilma, demonstra que ele falava a verdade na época. Não aparecer em público na campanha é apenas uma estratégia de marketing, uma vez que sua imagem ainda está arranhada perante o grande público – tanto que a oposição tem batido nesta tecla, lembrando que o eleitor vota em Dilma e leva Dirceu. Mas não existe confissão maior de culpa do PT como um todo no escândalo do "mensalão" do que a permanência de Dirceu na cúpula de poder do partido. O presidente Lula chegou a dizer que tinha sido traído na época; mas sabemos que não foi por Dirceu. Afinal, quem é traído e mantém o traidor por perto, repleto de poder? Somente aquele que não foi traído de verdade, mas sim cúmplice. Dirceu sabe demais. Ele é um "soldado" do partido, e fez tudo de "comum acordo" com o presidente Lula.
O projeto petista é, portanto, aquele defendido por estas mesmas pessoas poderosas dentro do PT. O projeto é o mesmo que contou com o "mensalão" para comprar deputados e concentrar o poder político. O projeto é o mesmo que colocou Erenice Guerra, braço-direito de Dilma, no cargo poderoso que já foi de Dirceu. A explosão de novos escândalos que culminou na saída de Erenice do ministério, mas não do círculo de confiança de Dilma e Lula, representa apenas mais um capítulo desta novela proibida para menores de idade. O projeto petista, enfim, é um só e o mesmo de sempre: tomar o poder total de uma vez, calar a imprensa independente que ainda incomoda muito, e partir para a "revolução bolivariana" brasileira. Hugo Chávez sabe disso e aplaude abertamente o projeto, declarando seu regozijo com a quase certa vitória de Dilma. Seus eleitores não poderão, insisto, alegar desconhecimento dos fatos no futuro.
É muito triste vivenciar uma época em que as futuras vítimas escolhem de bom grado o caminho da servidão. Resta apenas o consolo do filósofo Schopenhauer, cuja morte faz 150 anos dia 21 de setembro: “É preciso ser paciente, pois um homem de intelecção justa entre pessoas enganadas assemelha-se àquele cujo relógio funciona com precisão numa cidade na qual todos os relógios de torre fornecem a hora errada”.
sexta-feira, setembro 17, 2010
A grande família
Editorial da Folha
Demissão de Erenice Guerra alimenta suspeitas sobre a montagem de um balcão de negócios no ex-ministério da candidata Dilma Rousseff
A ministra Erenice Guerra, braço direito e substituta da petista Dilma Rousseff na Casa Civil, não resistiu a mais uma reportagem com relatos acerca de atividades de tráfico de influência e cobrança de comissões supostamente praticadas por membros de sua família. A Folha trouxe, na edição de ontem, a explosiva história de uma empresa que afirmou ter sido orientada a procurar a Capital Consultoria, de um filho da então secretária-executiva do ministério, para liberar um empréstimo bilionário do BNDES.
Segundo os autores da denúncia, em conversas gravadas pela reportagem, houve troca de e-mails com um assessor da Casa Civil e realizou-se uma reunião entre representantes da empresa que pleiteava o empréstimo e Erenice.
A firma do filho da ministra demissionária teria cobrado pelo serviço seis pagamentos mensais de R$ 40 mil, além de uma "taxa de êxito" -um eufemismo para propina- de 5% sobre o valor do financiamento. Segundo as declarações, o pacote também incluiria uma doação de R$ 5 milhões, supostamente para a campanha de Dilma Rousseff.
Em síntese, d
e acordo com os depoimentos colhidos pelo jornal, um balcão de negócios, montado no coração do Poder Executivo, tentou vender facilidades para uma empresa interessada em recursos bilionários do banco de fomento do governo federal -que utiliza dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador na concessão de crédito a juros subsidiados.
Para completar o descalabro, segundo um dos entrevistados, o ministério servia de guichê partidário com a finalidade de arrecadar fundos para a candidatura oficial. Em que pesem as negativas, o pedido de demissão da ministra reforçou conjeturas acerca de sua participação nas tratativas.
O caso, que se reúne aos malfeitos reportados pela revista "Veja" nesta semana, também lança dúvidas sobre o comportamento de Dilma Rousseff e da própria Presidência da República. Todas as reportagens dão conta de que havia uma quadrilha atuando sob o nariz do chefe do Executivo, em seu mais próximo e estratégico gabinete -a mesma Casa Civil em que se montou, no primeiro mandato, o esquema do mensalão.
O episódio não deixa dúvida quanto à crescente promiscuidade, no atual governo, entre interesses públicos e privados. Oito anos de incrustação petista na máquina pública foram suficientes para promover, além do conhecido loteamento fisiológico, a partidarização sem precedentes do Estado brasileiro.
O pequeno clã dos Guerra talvez possa ser visto como uma espécie de ilustração em miniatura de um conglomerado maior, a grande família dos sócios do lulismo, formada por uma legião de militantes, aproveitadores e bajuladores que parece ver no exercício das funções públicas uma chance imperdível para enriquecer e perpetuar privilégios.
Infelizmente, essa espantosa instrumentalização das estruturas governamentais, em tudo compatível com o perfil estatizante, corporativo e arrivista do PT, tem encontrado na figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o seu principal fiador.
Inebriado com seus elevados índices de popularidade, o mandatário é o primeiro a estimular a impunidade e a minimizar os "erros" de seus companheiros.
Da compra do apoio de partidos e parlamentares à violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, passando pela devassa no Imposto de Renda de milhares de cidadãos, entre os quais adversários políticos do PT, tudo é atribuído a conspirações da imprensa ou de "inimigos do povo"; nada é investigado a fundo.
Apurar, ao que tudo indica, não é mesmo um verbo que se conjugue no Palácio do Planalto. Ali, prefere-se iludir, tergiversar, apaniguar. Por isso mesmo é de esperar que ainda existam instituições públicas com suficiente independência e iniciativa para proceder a uma averiguação rigorosa desses episódios.
Nesta hora em que as pesquisas de intenção de voto apontam para uma vitória acachapante da candidata oficial, mais do que nunca é preciso estabelecer limites e encontrar um paradeiro à ação de um grupo político que se mostra disposto a afrontar garantias democráticas e princípios republicanos de forma recorrente.
O Brasil não pode ser confundido com uma espécie de "hacienda" da grande família petista.
Se não há evidências sobre a participação de Dilma Rousseff em desvios como os agora apontados, é inevitável questionar a escolha de Erenice Guerra para exercer as funções de secretária-executiva e, posteriormente, chefe da Casa Civil da Presidência.
Ninguém mais do que Dilma sabia com quem estava tratando. Faltou-lhe argúcia para perceber o que se passava? Desconfiou, mas não tomou providências? Tudo não passa de um grande engano? É preciso que se responda.
Há tempos o país vem assistindo à modelagem da figura pública da postulante petista pelo presidente da República e seus propagandistas. Já é hora de o marketing dar lugar ao debate e ao questionamento. Os brasileiros precisam de informações que permitam aferir com mais acuidade as virtudes e defeitos daquela a quem Lula, em mais uma de suas sintomáticas e infelizes metáforas, empenha-se em entronizar como a "mãe" do país.
Comento: Sem mais. É o patrimonialismo clientelista como nunca antes visto na história deste país! A quadrilha petralha merece ir toda para trás das grades!
A Encruzilhada
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
"Se tiver alguém praticando corrupção, quem vai investigar é a Polícia Federal, é o Ministério Público, é o Governo Federal. E se tiver alguém, pode ser primo, aderente, pode ser quem for, se estiver praticando ato ilícito terá que ser punido, não tem perdão". Foi o que disse o presidente Lula em dezembro de 2005, no auge do escândalo do “mensalão”.
Quase cinco anos depois, os escândalos de corrupção envolvendo o alto escalão do governo continuam pipocando na imprensa, graças ao esforço investigativo desta. Pois se depender do trabalho do próprio governo... Na verdade, a postura do presidente tem sido sempre a mesma: proteger seus aliados mais próximos e tentar blindar sua candidata, mesmo quando o escândalo envolve a ex-ministra Erenice Guerra, braço-direito de Dilma.
A tática do PT e de Lula é a de sempre: desqualificar a acusação como “factóide” ou “oportunismo eleitoral”, depois tentar jogar a culpa para a vítima, e quando os fatos à tona não permitem mais esta estratégia, resta apenas isolar o culpado e afastar o presidente e sua candidata do problema. Foi assim que o então poderoso José Dirceu pagou o pato do “mensalão” como se o presidente de nada soubesse, ainda que Dirceu continue apitando dentro do PT. Será assim com Erenice agora, como se esta não fosse apenas um apêndice de Dilma, que inclusive ainda era a ministra durante o caso de tráfico de influência agora exposto.
A liberdade de imprensa continua sendo o único freio razoável contra os avanços golpistas deste governo. Não é por acaso que há uma obsessão no PT pelo controle da imprensa. A situação é tão preocupante que pensei na tirada irônica do humorista Woody Allen em seu “discurso de paraninfo”: “Mais do que em qualquer outra época da História, a humanidade se vê numa encruzilhada. Uma estrada conduz ao desespero e à catástrofe. A outra, à absoluta extinção. Rezemos para que o homem tenha a sabedoria de fazer a escolha certa”. Só rindo para não chorar.
À deriva
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
É o que dá o Congresso despir-se de suas prerrogativas, a oposição não funcionar, a sociedade se alienar, a universidade se calar, a cultura se acovardar, o Ministério Público se intimidar e a Justiça demorar a decidir: perde-se a referência do que seja certo ou errado.
Chega-se ao ponto de uma testemunha dizer com todos os efes e erres que uma quadrilha de traficantes de influência funciona a partir da Casa Civil da Presidência da República e que a segunda pessoa na hierarquia, substituta da ministra hoje candidata a presidente do Brasil, intermediava contatos mediante o pagamento de R$ 40 mil mensais.
Foi essa quantia que o consultor Rubnei Quícoli disse ao jornal Folha de S. Paulo que o filho e o afilhado da ministra cobraram dele para "apressar" a liberação de recursos do BNDES.
Antes disso, a revista Veja já apresentara outro caso - menos contundente até - de venda de influência na Casa Civil, com a mesma família da mesma Erenice Guerra, até ontem ministra e, na época da transação denunciada agora, secretária executiva e braço direito de Dilma Rousseff.
Se Dilma não sabia quem era Erenice, trabalhando com ela desde o Ministério de Minas e Energia, e se Erenice não sabia o que faziam seus parentes é ainda pior. Duas ineptas a quem se pode enganar facilmente, sendo que uma delas se dispõe a dirigir a República, a fazer escolhas estratégicas e a se responsabilizar por milhares de contratações.
Quando se trata de escândalos é arriscado falar em superlativos. Sempre pode haver um maior e um mais grave no dia seguinte. Mas o governo habitualmente dá um jeito de encerrar o assunto, jogar a sujeira para debaixo do tapete de maneira a tornar tudo banal e absolutamente sem importância diante dos benefícios que recebem os mais pobres, o crédito dos remediados e as benesses dos mais ricos.
Será udenismo, farisaísmo, tucanismo, direitismo ou golpismo considerar grave a Casa Civil - o gabinete mais importante da República depois do presidencial - ser o centro de três escândalos, um pior que o outro, no período de seis anos?
No primeiro, em 2004, descobriu-se que o braço direito do ministro era dado à prática da extorsão; foi filmado pedindo propina a um bicheiro. Waldomiro Diniz foi demitido "a pedido" e nada mais aconteceu.
No segundo, em 2007, descobriu-se que fora produzido na Casa Civil um dossiê com os gastos de Fernando Henrique e Ruth Cardoso para chantagear a oposição na investigação sobre gastos da atual Presidência. Um funcionário de baixo escalão foi devolvido ao "órgão de origem".
Na época, a desfaçatez chegou ao ponto de a então ministra Dilma Rousseff dizer que telefonara para se desculpar com a ex-primeira-dama e que fora uma boa conversa. Ruth, falecida pouco depois, não desmentiu Dilma em público, mas nem houve pedido de desculpas nem a conversa foi cordial.
No terceiro, em 2010, é o que se vê e ouve. Erenice Guerra, era mais do que evidente, precisava sair para preservar a candidatura de Dilma e acalmar a grita. Não fosse a proximidade da eleição, a amiga Erenice continuaria sendo defendida como foi até horas antes de aparecer uma testemunha da tentativa de extorsão e enterrar os argumentos sobre golpes, factoides e armações.
Mesmo que seja verdadeira a inverossímil versão de que ela redigiu uma nota de resposta sem consultar nenhum capa preta do palácio, Erenice apenas seguiu o exemplo que vem de cima e carregou nas tintas eleitorais como tem mandado o figurino.
O governo fez uma conta de custo benefício e, pelo jeito, achou que sairia mais barato afastá-la. De fato, por pior que seja a repercussão e por mais que a demissão evidencie o fundamento das denúncias, a manutenção da acusada no cargo seria injustificável. Haveria três problemas: rebater as acusações, defender a ministra e explicar o que ela ainda estava fazendo na chefia da Casa Civil.
A respeito do impacto eleitoral, assim como no caso das quebras de sigilo na Receita Federal, este é o aspecto menos relevante, embora seja de espantar a indiferença geral. É que a eleição passa, o Brasil continua e toda conta um dia é cobrada.
Comento: Dora Kramer rules!
É o que dá o Congresso despir-se de suas prerrogativas, a oposição não funcionar, a sociedade se alienar, a universidade se calar, a cultura se acovardar, o Ministério Público se intimidar e a Justiça demorar a decidir: perde-se a referência do que seja certo ou errado.
Chega-se ao ponto de uma testemunha dizer com todos os efes e erres que uma quadrilha de traficantes de influência funciona a partir da Casa Civil da Presidência da República e que a segunda pessoa na hierarquia, substituta da ministra hoje candidata a presidente do Brasil, intermediava contatos mediante o pagamento de R$ 40 mil mensais.
Foi essa quantia que o consultor Rubnei Quícoli disse ao jornal Folha de S. Paulo que o filho e o afilhado da ministra cobraram dele para "apressar" a liberação de recursos do BNDES.
Antes disso, a revista Veja já apresentara outro caso - menos contundente até - de venda de influência na Casa Civil, com a mesma família da mesma Erenice Guerra, até ontem ministra e, na época da transação denunciada agora, secretária executiva e braço direito de Dilma Rousseff.
Se Dilma não sabia quem era Erenice, trabalhando com ela desde o Ministério de Minas e Energia, e se Erenice não sabia o que faziam seus parentes é ainda pior. Duas ineptas a quem se pode enganar facilmente, sendo que uma delas se dispõe a dirigir a República, a fazer escolhas estratégicas e a se responsabilizar por milhares de contratações.
Quando se trata de escândalos é arriscado falar em superlativos. Sempre pode haver um maior e um mais grave no dia seguinte. Mas o governo habitualmente dá um jeito de encerrar o assunto, jogar a sujeira para debaixo do tapete de maneira a tornar tudo banal e absolutamente sem importância diante dos benefícios que recebem os mais pobres, o crédito dos remediados e as benesses dos mais ricos.
Será udenismo, farisaísmo, tucanismo, direitismo ou golpismo considerar grave a Casa Civil - o gabinete mais importante da República depois do presidencial - ser o centro de três escândalos, um pior que o outro, no período de seis anos?
No primeiro, em 2004, descobriu-se que o braço direito do ministro era dado à prática da extorsão; foi filmado pedindo propina a um bicheiro. Waldomiro Diniz foi demitido "a pedido" e nada mais aconteceu.
No segundo, em 2007, descobriu-se que fora produzido na Casa Civil um dossiê com os gastos de Fernando Henrique e Ruth Cardoso para chantagear a oposição na investigação sobre gastos da atual Presidência. Um funcionário de baixo escalão foi devolvido ao "órgão de origem".
Na época, a desfaçatez chegou ao ponto de a então ministra Dilma Rousseff dizer que telefonara para se desculpar com a ex-primeira-dama e que fora uma boa conversa. Ruth, falecida pouco depois, não desmentiu Dilma em público, mas nem houve pedido de desculpas nem a conversa foi cordial.
No terceiro, em 2010, é o que se vê e ouve. Erenice Guerra, era mais do que evidente, precisava sair para preservar a candidatura de Dilma e acalmar a grita. Não fosse a proximidade da eleição, a amiga Erenice continuaria sendo defendida como foi até horas antes de aparecer uma testemunha da tentativa de extorsão e enterrar os argumentos sobre golpes, factoides e armações.
Mesmo que seja verdadeira a inverossímil versão de que ela redigiu uma nota de resposta sem consultar nenhum capa preta do palácio, Erenice apenas seguiu o exemplo que vem de cima e carregou nas tintas eleitorais como tem mandado o figurino.
O governo fez uma conta de custo benefício e, pelo jeito, achou que sairia mais barato afastá-la. De fato, por pior que seja a repercussão e por mais que a demissão evidencie o fundamento das denúncias, a manutenção da acusada no cargo seria injustificável. Haveria três problemas: rebater as acusações, defender a ministra e explicar o que ela ainda estava fazendo na chefia da Casa Civil.
A respeito do impacto eleitoral, assim como no caso das quebras de sigilo na Receita Federal, este é o aspecto menos relevante, embora seja de espantar a indiferença geral. É que a eleição passa, o Brasil continua e toda conta um dia é cobrada.
Comento: Dora Kramer rules!