Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Eis a chamada no caderno de Economia do jornal O Globo hoje: “BNDES e Caixa têm reforço de R$ 8,6 bi”. Em seguida, avisa a matéria: “Com capitalização do governo, capacidade de empréstimo das instituições aumentará R$ 130 bi”. Há apenas um pequeno detalhe: esta capitalização se dará por meio da transferência de ações da Eletrobrás e Petrobrás do Tesouro para estes bancos estatais. Ou seja, nenhum centavo de nova poupança foi adicionado ao “pool” de recursos para empréstimos. Trata-se do governo criando dinheiro do nada, e tentando camuflar a expansão da alavancagem do sistema.
O excelente artigo do meu ex-professor Rogério Werneck também no jornal O Globo hoje, com o título “Ligação clandestina”, toca justamente neste ponto. Werneck mostra que o governo quer cortar gastos com uma mão, mas aumentá-lo com outra, por meio de mais empréstimos públicos subsidiados. Ele vai direto ao ponto: “Chegou a hora de fechar o orçamento fiscal paralelo que o governo tem mantido no BNDES, por meio de operações dissimuladas de capitalização da instituição pelo Tesouro”. Até o FMI já colocou o dedo na ferida, mas o ministro Mantega preferiu desqualificar o “burocrata ortodoxo” do fundo. Werneck pergunta, com propriedade: “Até quando o governo vai insistir nesse papelão?”
Além das patéticas tentativas de iludir o mercado, fica claro que o governo atual acredita, de fato, na expansão dos gastos públicos como alavanca da economia, independente do cenário. Keynes defenderia a expansão fiscal como medida anticíclica, mas os neo-keynesianos pensam que a gastança estatal é sempre vantajosa. Há crise e recessão? Então basta aumentar os gastos! Há crescimento acelerado e demanda por novos empréstimos? Então basta aumentar os gastos! E eis que essa turma prega sempre maiores gastos públicos, faça chuva ou faça sol.
Thatcher, em sua autobiografia, comenta a postura contraditória da esquerda inglesa, que defendeu maiores gastos públicos em 1980 porque ignorava o cenário negativo para a economia no ano, e em seguida pregou gastos ainda maiores para aquecer uma economia já claramente em recessão no ano seguinte. Como ela disse, sem dúvida há algo muito suspeito em uma solução que está sempre correta independente de qual é o problema. Para quem tem apenas um martelo, tudo se parece com um prego. E a esquerda só tem uma solução para tudo: gastar mais o dinheiro dos outros.
Com a inflação neste patamar, o governo está agindo como um malabarista banhado em gasolina e brincando com fogo.
"mas os neo-keynesianos pensam que a gastança estatal é sempre vantajosa."
ResponderExcluirA denominação aí é "pós-keynesianos", ou apenas keynesianos. Os "neo" tem uma visão mais sofisticada, vide o pessoal do MIT, Berkeley, Princeton e etc.
Como sempre, excelentes comentários.
ResponderExcluirNo youtube temos um keynesiano (sapoia01) que eu farei questão de cobrar explicações quando a coisa toda explodir.
O mais impressionante é a cara-de-pau de alguns em negar a relação entre gastança do governo e inflação. Chegaram a me dizer que a culpa era da "alta dos alimentos e commodities". Que resposta mais simplória. Como se o inimigo sempre fosse externo e não tivessemos culpa de nada...
Daniel Fraga ele (sapoia) pelo menos não se declara keynesiano.
ResponderExcluirTem piores , alguns casos é causa perdidos.
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Ao combater o coletivismo,socialismo sempre me jogam na cara , o que fazer com os menos preparados, os que ficam a margem do desenvolvimento.
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Não achei um texto falando exclusivamente sobre isso.
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como diz Ayn Rand: "Não podemos lutar contra o coletivismo, a menos que lutemos contra sua base moral: altruísmo."
Já que o tópico é a inflação, vale a pena a leitura: http://mises.org.br/Article.aspx?id=905 - A Culpa é da Alcatra.
ResponderExcluirabraços