sexta-feira, dezembro 23, 2011

Argentina: a meta dos petistas


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O ataque do governo Kirchner à imprensa independente atingiu patamares venezuelanos, quiçá cubanos, nos últimos dias. A tentativa de calar o grupo Clarín vem desde o governo anterior do falecido Nestor Kirchner. Os meios usados são sempre truculentos, como na operação em que mais de 200 fiscais da Receita foram à sede do jornal para buscar qualquer indício de ilegalidade. Desta vez, a intenção é cortar a matéria-prima do jornal: o papel.

O senador Miguel Pichetto, líder da bancada governista, foi direto ao ponto: “O Clarín é inimigo do governo”. Simples assim. O governo não tolera críticas, e precisa usar – a abusar – das leis arbitrárias para impedir o trabalho destes “inimigos”. Outro senador governista explicou a lógica da medida que poderá aumentar a participação acionária do Estado na fornecedora de papel: “Se a lei levará ou não a uma expropriação não sabemos, ainda não fazemos futurologia. Mas se isso ocorrer, não será expropriada a liberdade de expressão, mas uma empresa”. Ah bom!

O que se passa na Argentina nos remete ao alerta feito por Hayek em seu brilhante O Caminho da Servidão, onde o economista austríaco demonstra que a liberdade econômica é fundamental para preservar a liberdade política. Em outras palavras, se o governo pode intervir de forma arbitrária na economia, ele pode manter qualquer um como refém. Basta ele ser dono de uma simples fornecedora de papel, por exemplo, para ele controlar toda a mídia impressa. O cão não morde a mão que o alimenta.

Os lamentáveis, porém previsíveis acontecimentos argentinos devem servir de alerta aos brasileiros. O governo petista, antes com o presidente Lula e agora com Dilma, vem tentando expandir os tentáculos estatais na economia, infelizmente com sucesso. E o controle da imprensa independente tem sido uma verdadeira obsessão de muitos petistas. Se os argentinos, mais educados que nós na média, não foram capazes de evitar tal destino trágico, o que garante que nós iremos escapar desta sina?

Toda mobilização será necessária para proteger a liberdade de imprensa por aqui. Afinal, sabemos que aquilo que a Argentina está conseguindo fazer é a meta de muitos petistas. Alguns devem inclusive estar com baba de inveja escorrendo pelo canto da boca, sonhando com o dia em que a revista Veja e os jornais O Globo e Estadão dependerão da aprovação do governo para obter papel.

5 comentários:

  1. João8:30 PM

    Esqueceu da Folha...

    ResponderExcluir
  2. Nestor7:23 AM

    Vc é metido a intelectual mas é totalmente desinformado. O casal Kirchner tinha uma boa relação com o Clárin. A relação desandou após os protestos ruralistas de 2008(portanto, no governo de Cristina), quando o jornal começou a bater no governo. Então quando vc diz que o Clárin era perseguido desde a época de Nestor Kirscher vc está falando bobagem (mais uma ! ). Vc não irá publicar isso, até mesmo para manter da aura de "intelectual" (para mim é pseudo-intelectual)

    ResponderExcluir
  3. Nestor, o que vc comenta em NADA altera o meu texto. NADA! Não importa QUANDO o Clarin se tornou inimigo do governo. Importa que depois disso o governo simplesmente pretende CALAR o Clarin. Isso chama-se DITADURA, censura, autoritarismo.

    Entendeu?

    ResponderExcluir
  4. é muito conveniente para o governo atacar. Por isto que leio teu livro muito atento e concordo com os pressupostos da Independência Norte Americana.

    Por que o governo deve acusar um jornal? Em gato morto não se bate, já dizia o ditado - ah! Esqueci, precisamos ser intelectuais.

    ótimo blog, Rodrigo Constantino.

    ResponderExcluir
  5. Thiago Braga4:36 PM

    Por sorte as instituições no Brasil [ainda] não são tão débeis quanto na Argentina. Judiciário, Parlamento, lá tá tudo dominado. A perseguição política ao campo (o setor mais produtivo da Argentina, tal qual acontece no Brasil) é também sem precedentes. E querem calar a imprensa que critica. Com razão a companheirada daqui morre de inveja do que deixam os K. fazerem por lá.

    ResponderExcluir