MP Advisors - Carta de Maio
"Por que
repetir erros antigos se há tantos erros novos a escolher?"
(Bertrand Russell)
Nossa
presidente e sua equipe econômica parecem não concordar com a frase que
abre nossa carta mensal. A repetição dos mesmos erros é
a tônica do mandato Dilma. Como nossos
leitores habituais sabem, temos alertado ad
nauseam sobre esses erros.
Não é novidade para ninguém que estamos metidos numa estagflação já há dois
anos, e que agora tende a se agravar.
A falta de cuidado com as contas fiscais também é algo datado, os gastos
aumentam e as receitas vão se reduzindo, seja via desonerações, ou via uma economia mais fraca mesmo. O
governo em sua obsessão com o crescimento do PIB, parece só conhecer uma nota: o
estímulo do consumo interno. Não
importa que o consumidor já esteja endividado além do seu limite, o negócio é
encher a casa (alienada fiduciariamente para algum banco) da classe C de
automóveis, utensílios e roupas. Tudo
bem caro, comparado com o resto do mundo, mas com o crédito fácil a prestação
fica mais suave. Do lado da oferta temos uma indústria sem competitividade, pelos
motivos de sempre, e a demanda furiosa tem sido atendida é pelos importados
mesmo.
Se
olharmos a economia como um sistema industrial, os desequilíbrios internos
acabam aparecendo na forma de fissuras e vazamentos, que dão vazão a algum
aumento de pressão em outro lugar. Os pontos de vazamento atualmente são dois;
a inflação (notadamente a de serviços, que não tem a concorrência dos
importados) e mais recentemente o movimento do dólar, que reflete a piora
acentuada nas contas externas.
A
questão do dólar reflete algo além da simples piora técnica das contas
externas. Parece que os investidores estão acordando para o risco de uma
'venezualização/argentinização' no Brasil. Ainda não estamos lá, mas os
movimentos intervencionistas e autoritários de Dilma em diversos setores da
economia apontam nessa direção.
O último bastião no
qual nosso confuso Mantega ainda se apoia é a baixa taxa de desemprego. Até quando?
O empresariado tem suportado a compressão de margens e aumentos de
custos de mão de obra e tem evitado demitir, pois sabe que nesse mercado
acabará pagando mais caro por uma reposição pior. Se a
situação atual permanecer, não restará ao empreendedor alternativo que não seja
a redução de quadros para preservar o seu negócio.
Com
o endividamento “record” do trabalhador, um aumento da taxa de desemprego pode
ter consequências funestas no sistema bancário e retro alimentar uma queda da
economia maior do que o esperado. A
turma de Brasília está patinando em gelo fino e não se deu conta ainda.
O dólar mais alto
trará inevitavelmente um pouco mais de inflação, que já estava passando do
limite máximo tolerado. O que fará
essa gente? Aumentarão os juros ainda mais do que o previsto para combater a
inflação? Se fizerem isso estarão dispostos a aceitar, politicamente falando,
alguns pontos a mais na taxa de desemprego (nas portas de 2014)? A
estagflação é a situação mais hostil que um formulador de política econômica
pode viver. Mal comparando, é como
se estivéssemos entrando com nosso avião em região de tempestade e descobre-se
que o estagiário está pilotando a aeronave (espero que os estagiários não se
chateiem com a comparação).
O
que estamos começando a colher agora não é surpresa para nós; é o resultado de
uma sequência de péssimas decisões. Um
dia a casa cai. Nosso objetivo, como
consultores financeiros, é garantir a sobrevivência de seus investimentos a
este ambiente em degradação.
Continuamos
afastados da bolsa brasileira, afinal margens de lucro cadentes, intervencionismo
e inflação/juros em alta não são propriamente catalisadores de valorização das
ações. Acreditamos que ainda há espaço para mais depreciação até o final do
ano.
Na
renda fixa os juros estão definitivamente em trajetória de alta, tentando
apagar o incêndio da inflação. Os papéis pré-fixados são perigosos neste
estágio, bem como os títulos atrelados ao IPCA, nestes preços. No entanto, recomendamos a manutenção de carteira
com bons papéis indexados a inflação.
Não foram poucos os bons lançamentos de CRI´s com juros reais de 6%-7%
ao ano neste período. Estes ativos
apenas começam a empatar com a taxa Selic na hipótese do BC elevar os juros
básicos para a casa dos 14% ao ano, o que nos parece algo bem remoto no atual
governo. Quem chegou cedo à festa é bom
ficar, mas os novos convidados irão pegar o buffet
já devastado.
A grande questão é
se o cliente que não tem ativos atrelado à moeda americana deve entrar já com a
moeda no patamar atual de 2,15. Aí entra a figura do planejador financeiro,
que de acordo com o perfil de passivos e de gastos do cliente, pode contribuir
muito nesta decisão. Afinal uma coisa é o cliente que com dívida
em dólar e que todo ano gaste uma quantia em viagens ao exterior, outra coisa é
o cliente que está em vias de se aposentar e não tem gastos em outra moeda que
não seja o real.
De um modo geral a
nossa visão é de um real ainda mais fraco, fruto da extrema (e rápida)
deterioração das contas externas e da perda de confiança dos agentes internos e
externos da economia no futuro do Brasil. É claro que o atual curso pode ser
revertido em 2014, mas os vizinhos latinos que aderiram ao populismo de
esquerda estão aí para lembrar que as coisas também podem ficar pior. O
Brasil que está se configurando para o futuro próximo é o Brasil onde queremos
criar os nossos filhos? Se a
resposta for não, creio que uma parte de sua decisão de investimentos está
repondida.
O brasil da era lula tem se mostrado um grande vôo de galinha.Eu me lembro dos liberais sendo ridicularizados por serem céticos quando aquela revista idiota veio com aquela capa, 'brazil takes off', e no final a gente estava certo! Aquilo era coisa de gringo mesmo, coisa de gente que não conhece o problema de perto nem sabe como pensa a escória que está nesse governo.E que não vai sair dele tão cedo.
ResponderExcluirBom dia Rodrigo,
ResponderExcluirVocê publicou aqui no seu blog no dia 19 de Abril, um post intitulado "O Último Pilar", no qual dizia que depois desse (des)governo acabar com o câmbio flutuante e a política de metas de inflação, a bola da vez era a Lei de Responsabilidade Fiscal. Sempre achei que o estouro da bolha seria na parte fiscal, devido ao aparelhamento e captura do Estado pela PTralhada, com consequentes gastos superiores à arrecadação, queda no superávit primário e até maquiagem contábil das contas públicas, mas o que tenho visto acontecer nos últimos dias com as contas externas, cuja deterioração se faz extrema e rápida como você mesmo diz em seu texto, mudou minha opinião - acho que a casa vai começar a cair por aí, por mais que o (des)governo diga que o IED financie nosso déficit em CC. Gostaria de saber sua opinião a respeito - qual repetição de erros da pseudo-equipe econômica vai derrubar a "Casa Brasilis" ???
Um abraço !!!
Justamente por ter chegado à conclusão de que o futuro no Brasil, apontado pelo petismo, não é o que desejo para meus filhos é que tomei a decisão de cair fora há 12 anos atrás e não me arrependo nem por um segundo. O Brasil é um país lamentável, um monumento ao caipirismo!
ResponderExcluirAcredito que o governo, manterá a sua estratégia populista à qualquer custo, e financiará seu próprio déficit fiscal e o endividamento da população através do sistema bancário e usando a Petrobrás. Mudanças imediatas na industria, no emprego e na previdência são urgentes, não precisa ser especialista para enxergar, mas nem Dilma, nem o PT têm coragem de assumir o ônus de fazer as mudanças, pois para o PT não importa a situação do país que está governando, desde que esteja governando. Cabe a pessoas como nós usar de seu conhecimento financeiro e tributário, para não entrar nessa onda de endividamento/financiamento, mas ao contrário construir reservas e investimentos sólidos, mantendo as despesas no menor patamar possível, e quem sabe ter um futuro mais tranquilo quando a previdência quebrar e todos estivermos vivendo de Bolsa Família. Infelizmente devemos escolher o lado de quem está ganhando e tirar proveito do nosso conhecimento para vencer diante da adversidade que certamente virá. Ou para quem é mais desapegado às suas origens, junte uma grana, pelo menos 1 milhão de dólares, monte uma empresa nos EUA e peça um Green Card, é muito fácil.
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