É difícil ver a infeliz capa da "Rolling Stone" e não pensar no livro que acabei de ler de Mario Vargas Llosa, A civilização do espetáculo. Escrevi aqui sobre esse pessimismo mais "conservador" do Prêmio Nobel de Literatura.
O fato é que ele pode ter até exagerado na dose, mas não errou na direção. Vivemos tempos estranhos, em que tudo parece voltado ao espetáculo, ao entretenimento light, até mesmo uma desgraça desse calibre, como a ocorrida em Boston.
O que a revista fez foi ajudar a glamourizar um terrorista, a tratá-lo como celebridade cool, influenciando negativamente os jovens leitores. Como alertou Andy Warhol, todos terão seus 15 minutos de fama. O lamentável é constatar que alguns conseguem buscar isso com a desgraça alheia. Diz a reportagem no G1:
A revista americana "Rolling Stone", especializada em música, cinema e televisão, apresenta na capa da mais recente edição o jovem Dzhokhar Tsarnaev, acusado dos atentados da maratona de Boston de abril, o que gerou uma avalanche de críticas.
Com o olhar melancólico, o cabelo caindo sobre os olhos e barba por fazer, Tsarnaev parece pensativo na fotografia, que não teve a data revelada. Ele usa uma camisa branca e aparece contra uma parede, também branca.
Os apresentadores do "Today Show", o programa matutino do canal NBC, afirmaram que o jovem tinha um ar de Jim Morrison, o cantor do grupo The Doors que a revista colocou na capa em 1991, no aniversário de 20 anos da morte do astro.
A imagem ilustra a principal reportagem da revista, que é quinzenal, na qual a jornalista Janet Reitman descreve Dzhokhar Tsarnaev como um "estudante brilhante e promissor, rejeitado pela família, que cedeu ao islamismo radical e virou um monstro".
Mas a foto, que dá um ar idealista a Tsarnaev, provocou uma avalanche de críticas em um país que ainda está traumatizado com os ataques de Boston.
O texto pode tratá-lo como "monstro", mas a imagem é de uma celebridade. E sabemos que a imagem vale mais hoje em dia, mais do que nunca. É triste ver essa espetaculização do terror. Creio que vivemos na era da barbárie do espetáculo.
Só porque ele é bonitinho. Se fosse um cara feio e sem glamour não apareceria na capa desta revista cool.
ResponderExcluirAcho que todos que viram a capa se lembraram de Jim Morrison. Além de a foto dar a impressão de alguém popular e descolado, há uma perigosa tentativa de ligar o ato de Tsarnaev com a grita do Rock'n'Roll. Não é difícil a molecada de hoje confundir uma coisa com a outra.
ResponderExcluirVi no G1 uma entrevista com o Belo. Nela o cantor afirma fazer parte da "nata" da música brasileira. Um ex-traficante (será?) sendo entrevistado por um dos maiores veículos de comunicação do país! A Globo merece umas pauladas também, não merece?
ResponderExcluirLá em casa, jogamos a nata fora e bebemos o leite. Por isso ouço Iron Maiden.
Este é o resultado de um livre mercado sem o Cristianismo, pilar da sociedade ocidental. Agora que resolveram remover este pilar, aguentem as toneladas de merda, isto daí não é nada.
ResponderExcluir