segunda-feira, julho 22, 2013

André Esteves na Veja, e Mantega cada vez mais só

Rodrigo Constantino

O editorial da revista VEJA atira sem dó nem piedade: "A conclusão é que o Brasil está tendo um triênio perdido, com as piores taxas de crescimento do PIB desde o governo Color. Má notícia para a presidente Dilma. Péssima para a candidata à reeleição em 2014. Uma tragédia para o Brasil e os brasileiros, pois, como se sabe, o estado sobrevive, mesmo que dramaticamente modificado, sem uma economia funcional, mas as economias de mercado não sobrevivem muito tempo sem que os governos propiciem e mantenham condições favoráveis à criação de riqueza".

Vira-se a página, e lá está a entrevista nas páginas amarelas com o banqueiro André Esteves, cujo alerta vem estampado como título: "Estamos perdendo o jogo". O BTG Pactual de Esteves tem feito pesadas apostas no sucesso da nossa economia, e a situação começa a colocar em xeque o retorno desses investimentos. A proximidade entre o banco e o governo, que são inclusive sócios na Caixa (uma operação muito suspeita), estreitou-se nos últimos anos. 

Mas, pelo visto, o relacionamento está azedando. O sócio de Esteves, Pérsio Arida, deu entrevista recentemente no Estadão pregando um choque de liberalismo. E agora foi a vez do próprio Esteves bater em tecla parecida. Eis alguns trechos da entrevista:


A decepção com o Brasil
A decepção dos investidores não é só com o Eike. É também com a Petrobras, que, mesmo tendo feito uma capitalização recorde, vai mal.
Sobre o BNDES
Não acho certo o BNDES dar crédito barato a empresas que têm como conseguir dinheiro no mercado. O banco é um excelente instrumento para o Brasil, mas está se tornando contraproducente. Não é bom que o país fique tão dependente dele. Trata-se de um claro sinal de que algo está errado. [...] Se todo mundo ficar pendurado no BNDES, o país perde a competitividade.
O PT e o mercado
Quando o PT assumiu, em 2003, o momento era de enormes desafios econômicos, e havia uma descrença na capacidade dos petistas em lidar com essa complexidade. O ceticismo fez com que Lula fosse muito disciplinado na condução da economia no primeiro mandato. Graças a isso, consolidamos os pilares da estabilidade. Mas o sucesso trouxe um efeito colateral negativo: o gradual desprezo às críticas do mercado, principalmente a partir de 2008, com a derrocada dos sistemas financeiros na Europa e nos Estados Unidos. Sinais importantes - como o fato de a nossa bolsa estar indo pior do que todas as outras e a perda de credibilidade da política fiscal - foram ignorados. Essa soberba econômica foi um erro. O mercado é um termômetro tão valioso quanto a voz das ruas.
A credibilidade do governo
O país tem feito muita confusão nessa seara. Outro dia mesmo o governo reafirmou o compromisso com o superávit de 2,3% do PIB e deixou todo mundo satisfeito. Dias depois, ficamos sabendo que o Tesouro estava recebendo dividendos do BNDES para cumprir essa meta. Ora, esse tipo de coisa tira toda a credibilidade. Assim fica difícil defender o país perante os investidores.
Os investidores e a confiança no Brasil
Paira uma grande incerteza sobre o rumo que o país está tomando. Nos últimos tempos, o governo lançou pacotes para ferrovias, rodovias e aeroportos que até iam na direção certa, mas resolveu definir ele mesmo a taxa de retorno do investimento – o que, além de despropositado, é tarefa absolutamente inglória. A beleza desse tipo de concorrência está justamente em cada um conseguir maneiras de obter a melhor taxa de retorno do negócio oferecendo um bom preço ao consumidor. Ao tentar tutelar essa variável, o governo afetou diretamente o apetite dos investidores. Depois disso, muita gente pôs o Brasil sob observação. Temos um cliente, um grande fundo de pensão canadense acostumado a aplicar bilhões aqui, que suspendeu temporariamente os investimentos em infraestrutura até ter mais clareza sobre o futuro. É esse o jogo – o das expectativas – que o governo está perdendo. Precisamos de racionalidade e transparência para fazer o dinheiro voltar a fluir. O que me choca é que é tudo muito fácil de resolver. As soluções estão dadas.
Se é tão fácil assim, por que ninguém faz?
Em alguns segmentos do governo, falta capacidade de gestão e, em outros, os diagnósticos, estão errados. Tem gente que ainda acha que está abafando.


Como podemos ver, até um "parceiro" próximo, amigo de Mantega, sócio na Caixa, não está mais suportando ficar em silêncio diante de tanta incompetência e esse viés ideológico absurdo. A equipe econômica do governo simplesmente não entende nada de economia! E isso precisa ser dito, e repetido, pela maior quantidade de gente possível. Quem sabe assim cai a ficha da presidente Dilma... 

2 comentários:

  1. Anônimo11:00 AM

    Para o governador petista da Bahia, o Brasil não precisa de impostômetro mas sim de lucrômetro. Ele ddefende maior tributação sobre lucros, renda e patrimônio.

    http://atarde.uol.com.br/politica/materias/1519858-jaques-wagner-estamos-longe-de-onde-a-gente-sonha-chegar

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  2. Rodrigo, o BTG Pactual não é "sócio na Caixa".
    Você deve estar se confundindo com o Banco Pan (antigo Panamericano), onde o BTG Pactual adquiriu em 2011 uma participação acionária e vem, desde então, apresentando um turnaround operacional extremamente desafiador mas, ao que tudo indica, relativamente bem sucedido.

    Abraço,
    André Dias.

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