Fonte: O GLOBO |
Rodrigo Constantino
Deu no GLOBO: Paes anuncia para esta terça-feira decreto de desapropriação em Guaratiba
O prefeito Eduardo Paes anunciou em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (27/7) que publicará nesta terça o decreto de desapropriação do terreno onde foi montado o Campus Fidei, em Guaratiba. O loteamento foi prometido pela Igreja Católica, e idealizado numa conversa entre o prefeito e o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, para ocupar o lugar onde ocorreriam os eventos de vigília e missa de envio no encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O prefeito defendeu a organização do evento, afirmando que a Igreja tinha todas as licenças ambientais, tanto do estado quanto do município, para a realização dos trabalhos de terraplanagem que foram realizados.
Mas eis o trecho que mais chamou a minha atenção:
Tentando entender a coisa toda: o evento da igreja "mica" na área previamente organizada pois a prefeitura não contou com a possibilidade de chuva; a revolta é geral pela desorganização e incompetência; o governo cria, então, uma cortina de fumaça, com a notícia de que vai usar a área para criar um bairro popular novo; para dar continuidade ao anúncio, agora a prefeitura avisa que vai desapropriar o terreno; e, como se não bastasse isso, diz que nem sabe quem é o seu proprietário!
Como a prefeitura não sabe o proprietário do terreno é um mistério para mim. Será que ignora isso na hora de cobrar os impostos? Mas, do ponto de vista liberal, o que preocupa mesmo é essa flexibilização do direito de propriedade no Brasil. Os governos concentram poder demasiado para simplesmente "invadir, pilhar, tomar o que é nosso", como dizia a letra da música do RPM.
Em nome de um bem coletivista qualquer, o governo se sente no direito de expropriar propriedade particular. Esse tipo de coisa ameaça esta que é a principal instituição do capitalismo. Acabamos com a propriedade privada de jure, mas nem sempre de fato. A insegurança que isso gera é enorme.
Nos Estados Unidos, durante o auge das ferrovias, o governo expropriou muitas terras para fins "nobres". As ferrovias estatais acabaram falidas. Enquanto isso, empresários construíam suas próprias ferrovias, algumas transnacionais, e como não contavam com a prerrogativa estatal de simplesmente decretar a expropriação, tiveram que comprar as terras demandadas. Muitas dessas ferrovias foram bem-sucedidas.
Quando escuto que o governo vai expropriar uma propriedade, tombar outra, ou impor um Apac que impede reformas modernizantes em prédios velhos, tudo sempre em nome do bem-geral, confesso que tenho calafrios. E quando vejo isso com o objetivo de construir um novo bairro popular do zero, penso em Ayn Rand e tenho ainda mais calafrios.
É muito poder concentrado em governantes que se arrogam uma sabedoria que simplesmente não possuem. E quem paga a conta somos todos nós, os proprietários à mercê desses governantes. Afinal, de quem é a propriedade?
Constantino, desculpe o assunto que nada tem a ver. Mas não posso deixar de te lembrar que a estupidez, o atraso, a bizarrice e os corruptos estarão reunidos em São Paulo dos dias 31 a 4 de agosto.
ResponderExcluirO Foro de São Paulo
http://forodesaopaulo.org/
Com a leitura do artigo, fui ler Filosofia da Liberdade tem até vídeo..
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=B7DVlC3kXrM
Rodrigo, concordo com suas palavras, mas esse caso possui um porém a mais.
ResponderExcluirEssa desapropriação é no mínimo conveniente para os donos do terreno. O mercado imobiliário do Rio de Janeiro esperava que após a visita do Papa fossem feitos condomínios de classe média nesse terreno (que seriam vendidos com o devido ágil da benção papal).
Com o fiasco do evento os planos cairam por terra, e condomínios que outrara se imaginavam sucesso de vendas correriam sério risco de encalharem, pelo da instabilidade do solo.
Qual a melhor solução para o empreendedor? A prefeitura irá pagar pelo terreno que ninguém mais quer comprar e botará lá pessoas que não poderão reclamar, pois não tem onde morar.