segunda-feira, julho 15, 2013

O capitalismo não é o problema; é a solução!

Rodrigo Constantino

Um artigo na Folha de hoje, assinado pela professora de filosofia da Unicamp Maria Sylvia Carvalho Franco, mostra como ainda precisamos resgatar os verdadeiros significados de capitalismo e liberalismo no Brasil. Espalha-se por aqui, ainda, uma visão totalmente distorcida do que quer dizer tal sistema, o capitalismo liberal, ou de livre mercado. A professora diz:

Destaca-se na origem da sociedade brasileira a ex­ploração de riquezas baseadas na escravidão moderna, instituição constitutiva do capitalismo, articulada às mudanças socioeconômicas, inclusive o trabalho livre, em curso na Europa. Não por acaso, J. Locke deu forma teórica às práticas capitalistas, fundamentou o pensamento liberal e legitimou a escravidão moderna, alicerçando-os no direito natural e individual à propriedade: só o proprietário pertence ao gênero humano. Os sem posses convertem-se em inferiores, justificando-se o seu jugo e a pena de morte para quem atenta contra a propriedade, "ipso facto", contra a vida e a liberdade.

Não obstante parágrafo um tanto confuso, extrai-se daí que o capitalismo é sinônimo de escravidão, e que os "sem posses" são seres inferiores sob esse sistema. Nada mais longe da verdade! Foi com base na ideia de John Locke, diga-se de passagem, que os "pais fundadores" dos Estados Unidos criaram a nação mais livre do planeta. Nesse artigo eu explico melhor esse legado de Locke. 

Foi o capitalismo que colocou um fim na escravidão! E os mais pobres foram justamente os maiores beneficiados por esse sistema. Hayek chegou a afirmar que se não tivesse propriedade alguma, aí mesmo que ele desejaria viver sob o capitalismo liberal, para pegar carona do progresso criado por outros. A professora segue com seus ataques infundados:

Entre nós, esse elenco articulou-se ao absolutismo português gerando, em nossa concretização do capitalismo, ampla rede de controle social arbitrário e economia espoliativa. Por séculos, mudanças decisivas ocorreram entre dominantes e dominados, mas subsiste a essência dessa ordem: a produção de lucro. Distraída desse fato, Dilma caiu em ciladas, algumas embutidas em sua própria ideologia.

Nada mais absurdo! Quer dizer que países como Austrália, Nova Zelândia, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos, com mais lucro ainda, são países com escravidão? Na Coreia do Norte e em Cuba, dois remanescentes do sonho socialista, aboliram-se o "pecaminoso" lucro, e deu no que deu: lá sim, temos escravidão, miséria e terror. Como pode alguém, em pleno século 21, ainda condenar o lucro, mola propulsora do progresso, da criação de riqueza? A professora ataca Dilma, como se ela fosse ícone do capitalismo liberal:

Crente no "papel histórico da burguesia nacional", cortou impostos, concedeu crédito copioso, subsidiou o consumo, supondo que os ganhos acrescidos se transformariam em produtividade. E veio a desaceleração industrial, o "pibinho", as aventuras com recursos do BNDES e a volumosa remessa de lucros. Jogou com a inflação visando lastrear o desenvolvimento, mas conseguiu carestia e queda no consumo, suposto lastro para a ascensão social, produtor de nova classe média, na verdade inexistente.

Ora, quem acompanha meus textos sabe que a primeira coisa que um liberal faz é condenar essa simbiose entre estado e grandes empresas. Isso não é liberalismo! Subsídios do BNDES merecem críticas dos liberais, e já cheguei a defender o fim do banco estatal. A crise atual não tem ligação alguma com capitalismo liberal, e sim com o modelo desenvolvimentista defendido pela esquerda. Será que professora não sabe disso? Será que ela não entende que a inflação é um processo deliberado do governo, pois não quer cortar seus gastos? 

O Peru, seguindo modelo mais liberal, tem crescido mais de 5% ao ano, com inflação bem menor. Como fica? A professora vai culpar o capitalismo agora? Segue a professora:

Dilma tropeçou no rijo sistema de privilégios e troca de favores. Nessa faina, o empresariado conta com lobbies operando no Congresso, influenciando os partidos oligarquizados e a burocracia estatal, com apropriação privilegiada e uso irresponsável dos dinheiros públicos.Contra esses interesses destrutivos da imensa riqueza nacional, ergue-se a massa dela despojada. A revolta contra as tarifas de transporte não é a gota d'água, o estopim que acendeu o povo, mas parte importante da experiência diuturna de pessoas roubadas de seus direitos. Elas têm consciência de que preços maiores visam favorecer os concessionários que financiam eleições e ocupam cargos chaves na administração pública.

E então, vamos combater esses males em suas raízes? Que tal defender a redução do poder estatal, para que os lobbies não tenham tanto poder também? Que tal defender menos recursos passando pelo governo, para que não seja mais interessante para as empresas "investir" em amizade com o "rei" em vez de investir em produtividade e eficiência? Isso é capitalismo liberal. Mas a professora condena a solução! 

9 comentários:

  1. Anônimo4:54 PM

    Olá Rodrigo,

    Rapaz, ontem mesmo lia um texto no blog do Merval Pereira, a quem diga-se de passagem admiro, que trazia algumas declarações de certo professor de Economia da UFRJ. Fiquei impressionado com a falta de clareza de ideias do citado professor em suas críticas a um suposto "social-liberalismo" (ou algo assim). Daí lendo este texto me deparo outra vez com alguém (esta senhora) que parece não saber discernir minimamente uma linha de pensamento ou uma poítica liberal de uma socialista. Chamar a Dilma de liberal, ou de adotar políticas liberais, chega a ser constrangedor. Pois é Rodrigo, há muito trabalho por diante no sentido de dar a conhecer no Brasil o melhor da tradição liberal clássica. luizgustavo.almas@gmail.com

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  2. Anônimo6:49 PM

    Rodrigo,

    Permita-me uma crítica. Você também confunde ao usar indistintamente, como sinônimos, capitalismo e liberalismo. Este é espécie daquele, mas a recíproca não é verdadeira. Prova: o próprio título da matéria, "o capitalismo não é o problema...", faz a confusão citada. Deveria ter sido "capitalismo liberal" ou "liberalismo", pois capitalismo tem-se até na China.

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  3. Não perca tempo comentando idiotices ...

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  4. Fabricio7:13 PM

    Caro Rodrigo Constantino,

    Admiro a sua paciência em responder a tamanhos disparates, a tamanha falta de cultura e inteligência. O que você faz é um sacerdócio. Eu já estou de saco cheio dessa gente! Onde esse povo deixou seus cérebros?!!! Não conseguem mais pensar por conta própria! Estão intoxicados de tal modo à ideologia esquerdista que isso lhes retirou completamente a capacidade de simplesmente enxergar as evidências da realidade concreta! O que essa professora da Unicamp escreveu não faz a mínima relação com os fatos da realidade. Isso ou é burrice ou é má-fé!

    Abraços,

    Fabricio.

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  5. André7:39 PM

    A Maria não leu Privatize já. Se eu mandar um de presente para ela, será que ela vai ler?

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  6. Anônimo8:28 PM

    Que a economia 'marxista' nao funciona é um fato, mas nao nos esqueçamos dos 'funcionarios' vietnamitas que prestao serviços às multinacionais americanas. Acham que estes coitados conseguirão alguma melhoria de vida? Piada né.

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  7. De duas umas, ou você vai ser ignorado, pois mexeu com uma semi-deus (professores de universidade pública), ou será linchado publicamente, pois você está indo contra a maré: jogar a culpa toda no capitalismo e fazer um discurso solidário, defensor do meio ambiente ou de animais indefesos.
    Qual sua opinião sobre A Ação Humana de Mises?
    Li as primeiras 100 páginas, preciso organizar-me melhor para continuar a leitura, mas mesmo não sendo economista, têm uma linguagem muito didática e interessante de abordar os fatos. Você já escreveu algum artigo a respeito do mesmo?

    Abraços

    Edu

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  8. Clóvis8:10 AM

    Rodrigo,
    "Foi o capitalismo que acabou com a escravidão" compromete seriamente o seu texto, em primeiro lugar porque o capitalismo viveu, por mais de trezentos anos, dos lucros gerados do escravismo, ganhos que oportunizaram a sua transformação em um sistema mundial. Em segundo lugar, você desconsidera os principais interessados, os escravizados, que lutaram, se organizaram, construíram quilombos, motins e fugas, inviabilizando a continuidade da escravidão. É só dar uma olhada nos nomes dos principais senhores de escravos e ver quais ocupações eles tinham, além de fazendeiros.

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  9. Anônimo10:13 PM

    Aqui no Brasil temos diversos políticos que se dizem comunistas. O interessante, é que eles são comunistas capitalistas. Adoram roubar o povão.
    PT, PARTIDO DA ÉTICA E DA MORAL.
    FORA LULA, FORA DILMA, FORA PT.

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