O empresário João Luiz Mauad, colunista do Instituto Liberal, deu uma verdadeira aula sobre liberalismo hoje no GLOBO. Seu artigo explica de forma bastante didática o conceito de liberdade negativa, muito bem desenvolvido por Isaiah Berlin. Mauad argumenta:
Imagine que o leitor entre num ônibus e meia dúzia de passageiros o obriguem a pagar as suas (deles) passagens. Sem alternativa, tendo em vista a visível diferença de força, você cede. Tal fato seria condenado pela maioria das pessoas de bem, certo?
Agora imagine que, em vez de agir diretamente, aquelas pessoas sejam substituídas por um agente do governo, armado pela força da lei, que poderá puni-lo caso você se recuse a bancar as passagens daquela gente. Mudou alguma coisa? Não estou falando da legalidade do ato, mas da moralidade. Uma ação antes imoral e injusta tornou-se moral e justa por conta da intermediação do Estado ou pela força de uma lei imposta pela maioria?
Desde que direitos e obrigações são dois lados inseparáveis da mesma moeda, a melhor forma de saber se alguém tem direito a alguma coisa é perguntar quem está obrigado a fornecê-la. O fato de eu desejar ou necessitar muito algo não diz muita coisa. Quem não adoraria, por exemplo, ter transporte confortável, moradia digna, serviços de saúde eficientes, tudo de graça? O problema é que não nos bastam vontades e/ou carências, é preciso que alguém forneça os bens e serviços de que necessitamos e, normalmente, isso tem um custo.
Cientes disso, os liberais entendem que direitos são conceitos de caráter estritamente negativo. De acordo com essa concepção, o exercício de um direito legítimo não pode requerer que outros sejam forçados a agir para garanti-lo, mas somente que se abstenham de interferir para cessá-lo.
O meu direito de ir e vir não exige que os demais me forneçam o transporte, mas, pura e simplesmente, que não impeçam o meu deslocamento. O meu direito à vida não requer que ninguém a mantenha - além de mim mesmo, com os recursos do meu próprio trabalho -, mas apenas que os demais não atentem contra ela.
Compreender isso é fundamental para os liberais. Nós jamais usamos o termo "direitos" dissociados de "deveres", como se tais direitos (positivos) caíssem do céu, brotassem da terra, viessem de Marte. Nós sabemos que o "direito" de alguém a um "passe livre" significa, necessariamente, o dever de alguém fornecer esse privilégio. Liberais estimam a igualdade perante as leis, não a ideia de que o estado é o instrumento pelo qual todos viverão à custa de todos.
Fecho com a conclusão de Mauad:
https://fbcdn-sphotos-e-a.akamaihd.net/hphotos-ak-prn1/1013424_546814678693562_673556621_n.jpg
ResponderExcluirO texto acima diz tudo, infelismente a grande maioria da população deste País faz de tudo para não querer facilitar o convívio dentro dos verdadeiros direitos e deveres.
ResponderExcluirUai, mas não é exatamente isso que acontece em outros seguimentos, como por exemplo, as universidades publicas (só pra citar um exemplo), todos bancam mas poucos tem acesso ao 'serviço'?
ResponderExcluir"Quem trabalha e mata fome, não come o pão de ninguém
ResponderExcluirQuem come e não trabalha, tá comendo o pão de alguém."
Cadê a íntegra?
ResponderExcluirExcelente síntese do conceito de "direito(s)" para os liberais!!!
ResponderExcluirParabéns ao autor!
Pessoalmente, ainda que tendo quase que certeza de estar completamente errado, gosto de pensar que a maioria das pessoas, que são de bem, simplesmente não suporta presenciar ver seus semelhantes passando necessidades, principalmente as mais básicas, e considera ser uma obrigação dos demais assistir tais indivíduos.
.
Discordo da maioria no sentido de não considerar ser uma obrigação, mas sim uma VIRTUDE, que deve, sim, ser estimulada e praticada por todos, a ajuda aos mais carentes.
.
Ao considerar como virtude, ou vá lá, como obrigação moral (cristã) a assistência aos pobres e desvalidos, mas não como obrigação prática, objetiva, "enforceable" pelo poder de coerção do estado, criam-se os incentivos, não sem custo infelizmente, é verdade, para que as pessoas passem a ser mais responsáveis por si próprias.
.
Acredito, sim, que a sociedade tenha a obrigação moral, humanitária, de assistir aos mais pobres e necessitados, mas apenas em situações bastante específicas, e de maneira temporária, na linha do "dando o peixe pra que você não morra de fome mas ao mesmo tempo te ensinando a pescar". Acredito inclusive que sociedades assim tenham uma tendência a ser muito mais prósperas do que outras que, em igualdade de condições, simplesmente esquecem dos seus miseráveis. Mas acredito que o primordial seja os indivíduos serem os primeiros e semi-exclusivos responsáveis por si mesmas.
.
E que no mais das vezes os governos cessem de agir deliberadamente para cassar tal oportunidade dos seus cidadãos.
CLARO, CURTO E GROSSO! O demais é conseqüencia desta moralidade básica...
ResponderExcluirNo Capitlismo da revolução industrial haviam as sociedades beneficientes privadas patrocinadas pelos TYCOONS do momento. Eram muito mais objetivas para fazer assistencia social e ao fim das contas muitíssimo mais barato para a população como um todo. Governos visam mais CONTROLE E PODER!