Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
terça-feira, julho 07, 2009
O Governo Mundial do Papa
Rodrigo Constantino
"A esquerda política nunca entendeu que, se você dá ao governo poder suficiente para criar a ‘justiça social’, você deu a ele poder suficiente para criar o despotismo." (Thomas Sowell)
O Papa Bento XVI divulgou sua nova encíclica Caritas in Veritate, enaltecendo a mais socialista de todas as encíclicas anteriores, Populorum Progressio, escrita pelo Papa Paulo VI em 1967 (ver meu artigo “Altruísmo ou Socialismo?”, no livro Egoísmo Racional). Muitos católicos anticomunistas ainda depositavam esperança de que o novo Papa fosse permanecer razoavelmente afastado da “onda vermelha” que vem conquistando o mundo. No entanto, o fato é que o catolicismo ambíguo oferece farto material para socialistas também, dependendo da preferência do crente. E o Papa Bento XVI parece ter escolhido a crença no governo.
Logo no começo, Bento XVI afirma que seu “venerado predecessor Paulo VI iluminou o grande tema do desenvolvimento dos povos com o esplendor da verdade e com a luz suave da caridade de Cristo”. Essa luz toda não passa de uma condenação direta ao capitalismo, ao lucro e ao livre mercado. E eis que o novo Papa “economista” condena uma “atividade financeira mal utilizada e majoritariamente especulativa” pela crise atual, palavras que costumam sair da boca populista do presidente Lula com freqüência. Não obstante as impressões digitais dos governos em todas as cenas do crime nessa crise, o Papa acha que a solução passa por mais planejamento central: “Assim, a crise torna-se ocasião de discernimento e elaboração de nova planificação”.
Em seguida, o Papa faz uma defesa do welfare state, que seria aplaudido por quase todos os esquerdistas do mundo:
"O mercado, à medida que se foi tornando global, estimulou antes de mais nada, por parte de países ricos, a busca de áreas para onde deslocar as atividades produtivas a baixo custo a fim de reduzir os preços de muitos bens, aumentar o poder de compra e deste modo acelerar o índice de desenvolvimento centrado sobre um maior consumo pelo próprio mercado interno. Conseqüentemente, o mercado motivou novas formas de competição entre Estados procurando atrair centros produtivos de empresas estrangeiras através de variados instrumentos tais como impostos favoráveis e a desregulamentação do mundo do trabalho. Estes processos implicaram a redução das redes de segurança social em troca de maiores vantagens competitivas no mercado global, acarretando grave perigo para os direitos dos trabalhadores, os direitos fundamentais do homem e a solidariedade atuada nas formas tradicionais do Estado social."
Pouco depois, o Papa ataca de sindicalista:
"Aqui, as políticas relativas ao orçamento com os seus cortes na despesa social, muitas vezes fomentados pelas próprias instituições financeiras internacionais, podem deixar os cidadãos impotentes diante de riscos antigos e novos; e tal impotência torna-se ainda maior devido à falta de proteção eficaz por parte das associações dos trabalhadores. O conjunto das mudanças sociais e econômicas faz com que as organizações sindicais sintam maiores dificuldades no desempenho do seu dever de representar os interesses dos trabalhadores, inclusive pelo fato de os governos, por razões de utilidade econômica, muitas vezes limitarem as liberdades sindicais ou a capacidade negociadora dos próprios sindicatos."
Não satisfeito, o Papa prega a simbiose entre economia e governo:
"A atividade econômica não pode resolver todos os problemas sociais através da simples extensão da lógica mercantil. Esta há de ter como finalidade a continuação do bem comum, do qual se deve ocupar também e, sobretudo a comunidade política. Por isso, tenha-se presente que é causa de graves desequilíbrios separar o agir econômico — ao qual competiria apenas produzir riqueza — do agir político, cuja função seria buscar a justiça através da redistribuição."
Por fim, o Papa acaba defendendo a tese do “governo mundial” através da ONU:
"Perante o crescimento incessante da interdependência mundial, sente-se imenso — mesmo no meio de uma recessão igualmente mundial — a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitetura econômica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações. De igual modo sente-se a urgência de encontrar formas inovadoras para atuar o princípio da responsabilidade de proteger e para atribuir também às nações mais pobres uma voz eficaz nas decisões comuns. Isto se revela necessário precisamente no âmbito de um ordenamento político, jurídico e econômico que incremente e guie a colaboração internacional para o desenvolvimento solidário de todos os povos. Para o governo da economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise de modo a prevenir o agravamento da mesma e, em conseqüência, maiores desequilíbrios, para realizar um oportuno e integral desarmamento, a segurança alimentar e a paz, para garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial, delineada já pelo meu predecessor, o Beato João XXIII."
Não há mais o que comentar. Aqueles que pensavam que teriam na Igreja Católica, com o Papa Bento XVI, um obstáculo ao avanço dos governos, precisam urgentemente de um choque de realidade. A história da Igreja Católica está manchada por relacionamentos sombrios com governos, mesmo os mais autoritários. A simbiose sempre existiu entre Estado e Igreja, com o clero defendendo o direito divino dos reis, e recebendo em troca inúmeros privilégios. “Dá a César o que é de César”, diz o catolicismo, contemporizando com o poder. O novo Papa apenas segue uma milenar tradição católica ao defender mais governo em nossas vidas. Para os mais atentos aos fatos, apenas mais do mesmo. Para os que nutriam esperança libertária no novo Papa, uma grande decepção.
Estamos perdidos...
ResponderExcluirPra detalhar: os mais perdidos (destituídos) são os que estão mais perdidos.
http://www.cieep.org.br/
ResponderExcluirCaro Rodrigo,
ResponderExcluirEstou tentando entender o que é ser um liberal. Me tira uma dúvida, posso afirmar que todo liberal é um anarquista, mas que nem todo anarquista é um liberal?! Ou o que diferencia um liberal de um anarquista (sem governo)? Apenas a fé inabalável no capitalismo?!
Obrigado...
Kelvin
Rodrigo, não concordei com o que disse sobre o "Dá a César o q é de Cesar", a não ser que esteja sendo ironico...pois Jesus disse tambem a "deus o que é de deus". No meu entendimento, Jesus, não a igreja cat. pregava um estado laico e uma igreja não economica...uma vez que espulçou os cambistas do templo...vc não concorda?!
ResponderExcluirExistiu um papa liberal? Algum papa pegou o livro de Adam Smith e o enalteceu?
ResponderExcluirKevin 12:39 Seguramente não se encuadra nos que leram Adam Smith. Começe por ele para entender o liberalismo....
Jesus era verdadeiramente libertário e se opunha a todas as formas de dominação do homem pelo homem. Coerente com o seu tempo e com o estilo de vida dos seus contemporâneos, (que se organizavam em tribos e viviam do pastoreio, resistiam ao império romano), não deve ter dito, jamais, a tal frase que dá a César o direito à moeda (controle social via dinheiro). Isso foi colocado na boca dele quinze séculos depois, numa das centenas de "traduções" da bíblia que, na verdade, tem sido utilizada como instrumento político. O primeiro volume da bíblia simplesmente nâo existe. Jesus falava através de prábolas, era analfabeto (como todos os tribais do seu tempo) e nunca defendeu, sequer, a existência de um Estado.
ResponderExcluirAcho engraçado.. a esquerda a muitos seculos critica o Estado, pois é justamente o Estado que mantem o Capitalismo.
ResponderExcluirVide: Foucalt, Chomsky, Adorno, Marx, Proudhon, etc.
Concordo com a existência de uma simbiose entre a igreja católica e os governos (de todas as épocas). Basta lembrar que, em nenhum momento a igreja ou o então papa refutou as idéias nazistas. Vale lembrar que 90% dos instrumentos de tortura da idade média foram criados com o intuito de "converter" infieis ao cristianismo.
ResponderExcluirQuanto a Jesus, sem comentários. a biblia foi COMPILADA quase 300 anos depois de sua morte. tudo que sabemos que ele tenha "dito" vem de um livro que foi modificado inumeras vezes.
“Dá a César o que é de César”, diz o catolicismo, contemporizando com o poder.
ResponderExcluirVoce erra nesse ponto, pois "A Cesar o que eh de Cesar" significa exatamente o contrario. Jesus estava preocupado com a vida apos a morte, nao com o mundo dito material. Eh exatamente ai que eu acho que Igreja Catolica peca: por que nao se preocupam com a outra vida ao inves de ficarem metendo o bedelho na nossa vida?
De qualquer forma, quem presta atencao no que diz o Papa after all...
Quanto ao que diz o Everardo, eh falacia das puras. O Jesus dele é o mesmo da Teologia da Libertacao, o tal cara "libertario anarco-sindicalista", defensor dos pobres e oprimidos. Uma especie de Mulla do ano Zero.
ResponderExcluirJesus era descendente da Casa de David. Nao era um joao-ninguem qualquer. Se voce nao se lembra, ele tem a iniciacao no Templo aos 12 anos, sendo questionado/testado pelos altos sacerdotes. Nao era para qualquer um...
Estão dizendo muita bobagem aqui.
ResponderExcluirO texto onde se afirma que ele disse isso tem cópias do 2º ou 3º século (fora citações e traduções também antigas)e é atribuido por muitos eruditos ao 1º século (com o que eu concordo).
Agora o contexto em que ele disse: Povocaram-no perguntando-lhe se era LÍCITO (pela lei religiosa) pagar tributo a Cesar. Em caso de negativa, ele estaria dizendo que todos os judeus teriam a OBRIGAÇÃO de imediatamente parar de pagar tributo a Cesar (ou seja a obrigação religiosa de começar imediatamente uma guerra de emancipação). Se dissesse sim, pareceria um conformado com a dominação.
Jesus saiu dessa sinuca de bico assim: Pediu a alguém uma moeda e perguntou de quem era a efige na moeda. Como responderam "de Cesar", ele retrucou, então pague a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus.
O significado disso é o seguinte: eles usavam o dinheiro cunhado pelos romanos, portanto admitiam a autoridade dos romanos. A Lei religiosa não tem nada a ver com isso. Em outra ocasião, Jesus diz que um rei, antes de entrar numa guerra, deve primeiro chamar seus conselheiros, para saber se tem forças para enfrentar o inimigo. Caso contrário deve negociar condições de paz. Décadas após a morte (e ressurreição) de Jesus, os judeus não seguiram o seu conselho e entraram numa guerra impossivel de ser ganha contra os romanos (em vez de esperarem condições adequadas). Os resultados se veem até hoje.
Caro Samuel,
ResponderExcluirNão sei o porquê de perguntar se algum Papa foi Liberal...é claro que não...
E estou querendo uma resposta simples sobre anarquismo e liberalismo... é tão dificil responder isso com arguementos?! quero trazer a discussão para os posts...e não fazer leitura solitária... de algum autor... Sei que Constantino me respondeu algumas vezes (o que agradeço desde já), mas ultimamente não, não sei, acho que ele me acha "marxista", ou "comunista", ou "coletivista", ou "tribalista", ou "historicista", ou tudo isso num saco só! Como posso arguementar sem proposições?! Primeiro é preciso ser, pensar como um liberal, para depois poder criticar a opinião liberal, apenas não quero ser incoerente...ou ilógico no debate...além disso acharia melhor ler a Ayn Rand do que Adam Smith, ultrapassado e antiquado.... Alias "só sei que marxista eu não sou...";o) (não qro ficar fazendo progranda ou escrevenod "xavões" esquerdistas, esse povo mal ler Marx quanto mais livros liberais...)
Abraços
Kelvin
Quis,
ResponderExcluiracho que cometeu um erro, é o Capitalismo, não liberal, que mantém o Estado e não o contrário.
Kelvin
Kevin,
ResponderExcluirQualquer capitalismo necessita de Estado.
Seja Liberal ou Welfare-state.
Como vc vai manter um sistema capitalista sem Judiciario... sem repressão?!
Como vc vai manter a propriedade privada?! Os contratos?!
Constantino
ResponderExcluirPara o papa falar isso, as coisas já estão encaminhadas. A nata do partido democrata americano, (e parte dos republicanos), além de grandes banqueiros, e grande parte dos "intelectuais" do primeiro mundo e governantes europeus já estão trabalhando nisso a muitas décadas. O papa está simplesmente preparando os católicos para o que já está decidido. Depois do debate ter sido "preparado" o povo vai ser chamado a votar (trinta vezes se for preciso) até "concordar".
Com um detalhe: fora da América do Sul, todos concordam que Chavez seja o mico mandante do sub-continente (bota sub nisso).
E veja como eles tem pressa...
Concordo com o que disseste, Rodrigo. Mas discordo do André Barros:
ResponderExcluir"Basta lembrar que, em nenhum momento a igreja ou o então papa refutou as idéias nazistas"
Isto é mentira, repetida ad nauseum pelos progressistas que vivem nos canais da Globo, debatendo idéias com apenas um ponto de vista. Ocorre que a época o Papa não detinha mais qualquer influência estatal, seu poder bélico, utilizado através do estado, era nada (assim como hoje). Não poderia ele se opor ao Nazismo sem ter o Vaticano destruído pelas tropas do Fuhrer.
Sim, a Igreja tende para o socialismo, infelizmente. Mas alguns canalhas tentam jogar todas as culpas da humanidade em cima dela...Vamos ser mais racionais, "castigo, conforme o crime".
http://www.lifesitenews.com/ldn/2009/jul/09070812.html
ResponderExcluirhttp://www.midiasemmascara.org/index.php?option=com_content&view=article&id=7601:as-palavras-do-papa&catid=92:religiao&Itemid=36
ResponderExcluirPossiveis resultados desse desatino do papa: Justamente os católicos mais inteligentes se desgostarão e se afastarão. E os calhordas e tolos se aproximarão e tomarão conta de uma vez?
Quando o papa foi eleito, muita gente dizia que ele era de "direita". Lí alguma coisa sobre ele. Várias décadas atrás ele tomou conhecimento da demologia da escravidão (que chamam por aí de teologia da libertação). Após uma análise crítica, ele chegou à conclusão que os MÉTODOS dela, tanto quanto os do marxismo em geral, eram errados e criminosos.
Foi aí que eu percebi que discordava gravamente dele. O mal do marxismo não começa com os métodos (criminosos e desumanizadosres), começa com os fins. Se de forma inteiramente pacífica, indolor e sem mentiras, todas as pessoas pudessem ter suas personalidades reduzidas a mero adjunto sem capacidade de julgamento, de uma inteligência "coletiva", ainda assim seria criminoso fazer isso. Qualquer unidade de pensamento que não seja concordância decidida a cada instante, com uso dos mecanismos internos do indivíduo é lucura e tirania.
Fora isso, se eu concordo com você e não poderia deixar de concordar, mesmo que o meu interior diga que você está errado, então sou escravo. Se eu concordo porque você me esconde algo, então sou escravo. Se eu concordo apenas por desejo de 'paz', violentando minha conciência, então sou escravo.
Na época dos apóstolos, eles diziam que apenas o Espírito Criador, comunicando a mesma coisa ao interior de muitos, pode produzir unidade de propósito. Mas, se há alguma manipulação, alguma pressão, alguma destruição da capacidade normal de intelecção, há escravidão. O convencimento para a unidade só é licito se for mantido a cada momento como convencimento de individuos livres.
Por isso, de acordo com a antiga doutrina cristã, só na eternidade, conscientes da consciência divina ("conhecerei como sou conhecido") pode haver um grau maior de unidade. Pois personalidades diferentes poderão ter acesso aos dados que formam a convicção umas das outras. Mas, mesmo então, pessoas diferentes terão enfoques diferentes
Caro Quis,
ResponderExcluirO que está chamando de Estado?! Se o Rodrigo respondesse para eu não ser incoerente, para ele Estado= Governo, no seu caso Estado = máquina de repressão do oprimido (assalariado)?! O conceito de Rodrigo é outro, eu acho. Pelo conceito que eu entendi dele o Capitalismo sim, pode viver sem Estado (Governo) e eu acho até correto isso seria uma evolução no sistema. Todos nós detestamos o Estado, Governo, seja lá o que for, até o Rodrigo,... o problema está não no fim, mas nos meios a se chegar a isso, e no conceito de Estado empregado....E eu não disse que o capitalismo não necessita de Estado, mas que o mantém. O Capitalismo Liberal, por acreditar que ele é desnecessário sob o Capitalismo acha que ele não deve ser mantido. É bom entender primeiro o conceito do outro, antes de criticar...
Abraços
Kelvin
A palavra papal é a palavra divina, então, se ele confirma por encíclica q a crise foi engendrada pelos loiros de olhos azuis, só resta a nós, reles mortais votantes, ir à igreja, a católica, claro, que é a única cristã realmente, recentemente garantida pelo papa (vox Dei, remember), e dar umas rezadinhas para não aumentarem, ou criarem, mais um impostozinho no nosso lombo.
ResponderExcluirSó...
Rodrigo gosto de seus textos, contudo em aspecto religioso e teológico vc se equivoca muito, sei que não é por maldade e sim por ignorância. O Papa nunca foi adepto dos regimes de esquerda, quem afirmar isto não sabe nada de sua história, a carta encíclica não tem intuito de ser dogmática nos aspectos economicos, o Papa não é economista; porém visa a mesma expor a essência das relações humanas que é o amor ao próximo. Uma cultura de amor, que respeite não a liberdade cega, visto que um liberal que se prese acredita que a liberdadede um acaba quando ataca a liberdade do outro, mas uma liberdade fundada no amor. Nisso, sabemos que o que está aí não é capitalismo coisa nenhuma, pois em seus vários textos fica claro a distância entre capitalismo e pandemônio economico atual, assim quando o Papa crítica a atual ordem, não crítica somente um sistema baseado no lucro (somente) e sim todos os sistemas que ferem a humanidade. Quanto aos comentários anteriores a respeito de Hitler, as armas da idade média de tortura, as traduções da bíblia e as palavras de Cristo, nunca li tanta besteira, a turma precisa competir para ver quem chega primeiro a ser um Dan Brow, vai ser esquizofrênico e com pouco estudo sério na China Cominista. Abraços...
ResponderExcluirPatrícia, dizer que Jesus era filho de um carpinteiro, nascido numa manjedoura e de um família pobre (que eu nâo disse, mas poderia) não tira dele o mérito. Esse negócio de descendente do Rei David, e de querer atribuir a Jesus um satus socio-econômico superior, é pura invenção de quem pensa que essa condição é méritória. Ele era um árabe comum, e líder de um grupo de pessoas também pobres. Ele vale pela estatura moral, não pela carteira.
ResponderExcluirMais um católico desce a lenha na encíclica do papa.
ResponderExcluirhttp://www.olavodecarvalho.org/semana/090710dc.html
Tenho a impressão que o papa viu a coisa já tão encaminhada que resolveu colocar sua igreja do lado "vencedor".
É o beijo da morte. Todos os não marxistas (e boa parte desses) que apoiaram inicialmente a revolução russa, forma mortos ou passaram décadas torturantes no Gulag.
Por que alguém acharia que na construção de ditadura mundial todos ficarão de bem?
Everardo
ResponderExcluirVai estudar, rapaz, vê se aprende alguma coisa.
"Ele era um árabe comum"
Provalvelmente essa sua afirmação vem do fato de você ignorar totalmente que a expansão árabe ocorreu alguns séculos apos a vinda de Yeshua, o judeu. Largue mão do "politicamente correto" e leia todas as referências antigas. Todos as fontes antigas referen-se a Yeshua como judeu. E todos as referências geograficas da época afirmam que a Judeia (principalmente) e a Galiléia eram habitadas por israelitas, embora a Samaria fosse habitada por um povo misto.
"era analfabeto (como todos os tribais do seu tempo)"
aparentemente você pensa que Yeshua vivia como beduíno. Haja ignorancia. Como todo rabino ele estudava muito, e certamente conhecia os debates entre as escolas rabínicas de seu tempo, pois seus ensinos referen-se constantemente às diferentes vertentes do judaísmo da época.
Aprendiz, o seu preconceito racial quer fazer retrocesso na história. A cultura árabe é milenar. Essa "casta" que você pretende criar não existe. A origem etnica é comum e a expansão árabe nada tem a ver com o que falamos. Esse negócio de oposição de israelita a povo misto é artificial e não há registro histórico sobre qualquer coisa que Jesus tenha escrito ou lido. Tudo era no verbo. Mesmo os papiros, nos quais se baseia a Bíblia na forma atual, foram descobertos há pouco mais de um século, embora já tenha encontrado centenas de "traduções" escritas publicadas séculos antes (e em 99,9 % sem relação com o que está lá). Isso não é invenção minha, é fato. E eu não me baseio no "politicamente correto" mas no moral e eticamente correto.
ResponderExcluirJá tinham me avisado: "não gaste vela com defunto ruim", mas eu não ouvi.
ResponderExcluirVamos lá. Everardo, meu querido, não sei o que andam ensinando na escola hoje em dia e, aparentemente, vou choca-lo com as informações que vou contar-lhe, mas há duas ou três décadas atrás ensinava-se isso no ensino médio:
Esta região que hoje é chamada de oriente médio, não teve sempre tanta uniformidade lingüística, religiosa e cultural como hoje. Existiam dezenas de reinos, cidades-estado, centenas de tribos com línguas, costumes e deuses diferentes. Existiram diversos impérios mas estes jamais tiveram como objetivo uma completa padronização lingüística e religiosa, embora a língua franca do império da ocasião acabasse se tronando a mais falada. Por volta do primeiro século, entre as muitas províncias e reinos subalternos dominados pelos romanos, existia a Judéia. Os romanos deixaram registradas as suas guerras de domínio e destruição, inclusive a destruição dessa província, por causa de uma rebelião local, e a expulsão dos seus moradores. Pois foi nesse domínio romano, antes da destruição da cidade de Jerusalém, que viveu Yeshua (Jesus).
Séculos depois, após a divisão Império Romano e a queda do Império Romano do Ocidente, quando já começava a chamada Idade Média, na Europa ocidental, surgiu o islamismo numa região do que é hoje a Arábia Saudita. Ao espalharem seu domínio (pela violência), sua religião e sua língua, os árabes destruíram a maior parte das culturas anteriores. Assim, um egípcio, um argelino ou um líbio de hoje está desligado das suas antigas tradições culturais e “recapitulado” na tradição árabe. Da mesma forma, pouco resta das tradições e culturas dos inúmeros reinos e impérios que existiram no que é hoje Jordânia, Síria e Iraque. A língua aramaica que já foi uma língua franca e foi falada em muitos países durante o império assirio, passando pelos impérios babilônico, persa, período helênico e império romano, hoje é falada como língua materna por pouquíssimas pessoas.
Os países onde o árabe se implantou como língua da maioria são chamados países árabes, não por suas origens étnicas, mas pela língua. Em alguns países muçulmanos, como Iran e Turquia, a língua original do povo e parte de sua cultura ancestral conseguiu sobreviver, motivo pelo qual não são chamados países árabes.
Agora, como comparação, alguns brasileiros chamam de “castelhanos” os sul-americanos que falam espanhol. Isto pouco diz das suas origens genéticas, principalmente indígenas, é uma referência lingüística. Da mesma forma, os americanos chamam de “latinos” aos latinos-americanos, e isto é apenas uma referência lingüística. Mas alguém que chamasse de “castelhanos” ou “latinos” aos habitantes pré-colombianos da atual América-latina, estaria dizendo uma besteira muito grande, um anacronismo. (continua...)
... continuando
ResponderExcluirDa mesma forma, referir-se a um antigo habitante qualquer do que hoje é chamado oriente médio, como “árabe”, é um anacronismo, a não ser que se refira a povos da península arábica (embora estes tivessem também muita diversidade cultural e genética, sendo que até hoje, na Arábia Saudita, os descendentes de certas tribos são considerados mais “árabes” do que outros). E dentro dos chamados países árabes, há milhões de pessoas cuja língua materna não é o árabe e/ou que mantiveram certas tradições à invasão arabe, e portanto não são considerados árabes.
De qualquer forma, quanto à pessoa que hoje é chamada Jesus, não há nenhuma referencia de qualquer fonte antiga que afirme qualquer outra origem étnica que não a judaica. É o que dizem não só os judeus, mas sírios, romanos, gregos tanto cristãos quanto não cristãos. Dizer o contrário é construir sobre o nada.
Quanto à suposta falta de escrita naquela região, na época, isto é também um absurdo. Apesar do tempo ter se encarregado de destruir a imensa maioria de todos os documentos que a humanidade já escreveu em épocas antigas, a região na Terra Santa foram encontrados muitíssimos documentos em diversas línguas, desde muitos séculos AC. A escrita era usada há milênios, no norte da África, Terra Santa, Mesopotâmia, Asia Menor, península arábica, Pérsia, Afeganistão, Índia, China, sudeste asiático e extremo oriente. Sua afirmação é simplesmente insana.
continua ...
... continua
ResponderExcluir“Eram tribais”. O que você quer dizer? Os antigos gregos estavam sempre fazendo referências aos seus clãs de origem, vários clãs dentro da mesma cidade, e nem por isso eram atrasados culturalmente em relação aos outros povos. Os antigos hebreus, muito tempo depois de passarem a viver em cidades, ainda faziam referência às suas antigas tribos. Na verdade, fazem até hoje, quando dão preferência a um “coen” ou, na falta deste, a um “levi”, na condução de ritos religiosos. Que são as inúmeras “casas” inglesas atuais, se não resquícios de culturas tribais? A África está hoje cheia de conflitos tribais, ocorreram genocídios na Turquia, no início do século passado e os balcãs foram recentemente palco de guerras étnicas. No Iraque, escriturários, comerciantes, analistas de sistemas, empresários, diretores de bancos, tem como principal foco de lealdade o clã. O que isto tem a ver com “não saber ler”? Toda região que hoje chamam de “oriente médio”, e que já teve um clima muito mais aprazível, era coalhada de cidades a quatro ou cinco mil anos, e por toda parte, um grande número de pessoas dedicava-se a escrever, ler e traduzir documentos, fazer controle orçamentários, projetar obras de engenharia ou simplesmente escrever poemas e sagas. E eram muito mais “tribais” do que são hoje. Talvez isto esteja em nossos genes. Povos atuais, que perderam as referências de seus clãs de origem, como os brasileiros, criam “tribos” artificiais às quais se agregam muitos adolescentes.
Quanto à sua afirmação de que Yeshua (Jesus), sendo apenas um trabalhador especializado (carpinteiro) e não um ricaço, não poderia ser descendente de uma família real: Se você não sabe, é referido a respeito da “Casa de David” que ela foi destronada, e todos os seus bens tomados, na época do último império babilônico, uns quatrocentos anos antes de Cristo. Considerando que os antigos reis tinham muitas esposas, o número de descendentes de uma casa real quatrocentos anos depois, possivelmente não era desprezível, ainda mais se considerarmos toda a casa real, isto é todos os descendentes de Davi, (talvez uns novecentos anos antes de Cristo). A sua inferência de que, quatrocentos anos depois de sua queda, os descendentes de uma casa real seriam todos ricos, não tem o menor sentido. Portanto, o argumento da pobreza não prova nada. Interessantemente, até o Talmude, onde jamais poderíamos suspeitar da inclinação de atribuir a Jesus uma origem real, faz referência a ele como sendo descendente da casa real.
Sugiro que você dedique-se mais a ler do a escrever. Entre na biblioteca de qualquer faculdade de história e simplesmente leia qualquer livro sobre qualquer povo antigo do crescente fértil. Faça disto um hábito, e você deixará de atulhar a internet com provas da sua imensa ignorância.
Abraços a todos
Aprendiz, muito bom. O Everardo achou o Jesus dele na Escatologia da Libertacao, por isso as ideias doidivanas...
ResponderExcluirEngracado eh ver como ele renega algumas coisas que estao escritas na Biblia mas aceita outras sem pestanejar, como por exemplo o fato de que ele nasceu em uma manjedoura. Eh mesmo? Como voce afirma com certeza? E o pai dele era carpinteiro messsssmo? Hehehehe.
Patrícia, pela complexidade da vida na regiâo em que viveu Jesus, em seu tempo, e pela tecnologia contemporânea, não se pode dizer que carpinteiro era alguém de classe social inferior. Ao contrário. E eu não contestei o que está na Bíblia ou o que diz a Bíblia. Contestei o que "dizem" estar na Bíblia, como contestei a Bíblia na sua forma elaborada que se apresenta hoje, enriquecida com retóricas acrescentadas aos longo de muitos anos, ao sabor de reis e de papas. Quanto ao que diz o aprendiz, continuo achando inútil o esforço de associar a Jesus alguma "nobreza" a partir do poder e da fortuna de antepassados. O que se sabe de Jesus, é fruto de estudos e pesquisas históricas, a partir de registros esparsos. A sua grande obra é transmitida ao longo de séculos por tradição (literalmente).
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