sexta-feira, julho 30, 2010

China Play



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O lucro da Vale chegou a quase R$ 10 bilhões no primeiro semestre do ano, mais que o dobro do mesmo período no ano anterior. O principal fator é o preço do minério de ferro, que passou dos US$ 100 por tonelada, levando alguns analistas a falar em bolha. Míriam Leitão, em sua coluna hoje, destaca a crescente participação das matérias-primas na pauta de exportações do país. O tema merece atenção.

O minério de ferro, petróleo e soja somam 30% do total exportado pelas empresas brasileiras. Quando Lula assumiu a presidência, a exportação de manufaturados era quase o dobro da de matérias-primas. Hoje, esta já passou aquela, sem falar que aquilo considerado manufaturados no Brasil inclui itens como madeira compensada, suco de laranja não congelado, café solúvel e açúcar refinado. Em suma, o Brasil é cada vez mais um país dependente da exportação de produtos básicos.

A grande locomotiva do lado da demanda é a China, naturalmente. Sua voracidade por commodities para sustentar sua tardia revolução industrial permitiu uma incrível melhora nos termos de troca dos produtos brasileiros. Soma-se a isso o excesso de liquidez no mundo, mantendo os juros baixos nos países desenvolvidos com baixo crescimento, e temos a explicação da bonança recente em nossa economia. China mais crédito abundante praticamente fecham a equação que explica a popularidade de Lula, dependente do crescimento econômico.

O problema é o futuro. Como este vento favorável não foi bem aproveitado, faltando reformas estruturais e investimentos produtivos, os pilares são frágeis e insustentáveis. Quando a China desacelerar ou os juros no mundo voltarem a subir, o Brasil enfrentará graves problemas oriundos das irresponsabilidades atuais do governo. Exportar commodities e usar crédito estatal para fazer casas não é uma fórmula de sucesso no longo prazo.

terça-feira, julho 27, 2010

Democracia Suja

Rodrigo Constantino, O Globo

“A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que têm sido tentadas de tempos em tempos”, disse Churchill. O filósofo Popper compreendia que o grande valor da democracia não estava em sua capacidade de escolha em si, mas sim na possibilidade de eliminar erros de forma pacífica, sem o derramamento de sangue típico das revoluções. O economista austríaco Mises concordava: “A democracia é aquele forma de constituição política que torna possível a adaptação do governo aos anseios dos governados sem lutas violentas”.
Mas, se há a compreensão de que a escolha da maioria não é a “voz de Deus”, e que o grande valor da democracia está mais em sua possibilidade de rejeitar absurdos do que em garantir decisões justas e sensatas, então fica claro que limites devem ser impostos ao próprio modelo democrático. A alternativa é cair numa simples “tirania da maioria”, tantas vezes manipulada por oportunistas de plantão, demagogos que exploram as emoções momentâneas das massas para concentrar cada vez mais poder.
Os “pais fundadores” dos Estados Unidos temiam exatamente isso, e este foi o motivo para terem defendido uma República constitucional com claros limites ao poder estatal. Um mecanismo eficiente de pesos e contrapesos deve impedir o abuso de poder, assim como sua descentralização é crucial para preservar a liberdade. A democracia não deve se transformar num simples plebiscito entre dois lobos e uma ovelha decidindo qual o jantar do dia.
Infelizmente, esta lição nunca foi bem absorvida abaixo da linha do Equador, e tem sido mais ignorada ainda durante o governo Lula. Nunca antes na história deste país se viu tanto abuso de poder político durante uma eleição.
O próprio presidente virou garoto propaganda de sua candidata, utilizando a máquina estatal para fazer campanha escancarada à luz do dia. Para agravar a situação, o presidente foi multado várias vezes pelo TSE, mas ridicularizou as punições, fazendo escárnio das leis do país que governa. O desrespeito às regras do jogo é total.
A democracia pode ser usada para sua própria destruição, como inúmeros exemplos históricos atestam. Não custa lembrar que o partido nacional-socialista foi eleito na Alemanha, na década de 1930. Na América Latina temos diversos casos de regimes autoritários nascidos de democracias frágeis. Foi o caso do governo Allende no Chile, ou do caudilho Chávez mais recentemente, na Venezuela. O país já vive sob uma quase-ditadura em que opositores são presos arbitrariamente. Como sabemos, o presidente Lula acredita que há “excesso de democracia” neste país, onde a liberdade individual é item cada vez mais escasso. Para alguns, a democracia não passa de uma farsa necessária para tomar o poder.
O escritor venezuelano Carlos Rangel fez um relato sucinto sobre alguns importantes pilares da democracia, constatando que o marxismo-leninismo sempre será incompatível com ela: “A democracia é, por sua própria natureza, um sistema no qual o poder está repartido, fragmentado, disperso. A democracia apóia-se no postulado, explícito em todas as Constituições democráticas, de que o poder não deve jamais estar concentrado; e na premissa do respeito às opiniões, aos interesses e até aos preconceitos das minorias”. Em suma, o espírito democrático está aberto a questionamentos constantes, respeitando as divergências das minorias e a investigação imparcial.
Quando pensamos nos constantes ataques à imprensa que o governo Lula já fez, com claras tentativas de controle dos meios de comunicação; quando pensamos no uso da Receita Federal para fins partidários, ignorando a Constituição para invadir a privacidade dos cidadãos; quando pensamos no “mensalão”, uma tentativa de concentrar o poder no PT comprando quase todo o Congresso; quando pensamos em várias declarações feitas pelo presidente ao lado dos piores ditadores que o mundo já viu; ou quando pensamos no abuso da máquina estatal para fazer campanha partidária, temos todo direito de questionar qual o verdadeiro apreço do PT pelo regime democrático.
A democracia jamais será perfeita. Sempre haverá conflito de interesses, necessidade de concessões e pressão de grupos organizados. Mas, se desejamos salvá-la de golpes autoritários, devemos preservar alguns princípios básicos. Quando tudo é permitido em nome do “jogo democrático”, então é porque a democracia já fracassou e está em fase de degeneração rumo à tirania. Cabe ao povo resgatá-la nas urnas, rejeitando aqueles que tentam subverter o próprio processo democrático.

sexta-feira, julho 23, 2010

O papelão de Maradona



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Para quem achava que nada poderia ser mais humilhante para Maradona do que a goleada contra a Alemanha, que eliminou a Argentina da Copa do Mundo, eis que o baixinho consegue surpreender. Ele surge em cena como garoto propaganda de Chávez, justo no momento em que o caudilho precisa de holofotes para desviar a atenção do caos doméstico. O socialismo vem destruindo de vez a Venezuela, gerando miséria e inflação, e Chávez precisa urgentemente criar factóides para lançar a atenção em outra direção.

A Colômbia é sempre o bode expiatório preferido. Aproveitando a fase de transição de governo no país, Chávez anunciou o rompimento total das relações diplomáticas com a Colômbia, fechando a embaixada em Bogotá e dando prazo de 72 horas para que os colombianos façam o mesmo. O gorila venezuelano ainda fez ameaças de guerra, alertando que teria que ir chorando para a batalha, mas teria que ir. Numa pirueta típica dos socialistas, Chávez joga a culpa da agressão para o governo colombiano, enquanto protege os terroristas das Farc em seu país.

O embaixador colombiano, Luis Alfonso Hoyos, fez duros ataques contra o governo Chávez, mostrando fotos e vídeos como provas da presença estimada de 1.500 guerrilheiros das Farc e do ELN em território venezuelano. A ligação entre Chávez e as Farc é conhecida e de longa data. Não custa lembrar, como bem o fez o deputado Índio da Costa, que o PT também tem ligações com as Farc, que não chega a ser tão próxima quanto a de Chávez, mas existe. O PT não é neutro quando se trata deste imbróglio entre Venezuela e Colômbia.

Ninguém sabe se desta vez o circo armado vai mesmo levar ao pior: uma guerra na América Latina. Mas uma coisa é certa: o papelão de Maradona nessa novela, posando como garoto propaganda de um caudilho fanfarrão.

quarta-feira, julho 21, 2010

A Juventude Utópica



Rodrigo Constantino

“A coisa mais rara de se encontrar é o fato de existir quem alie a razão ao entusiasmo.” (Voltaire)

Costumam dizer que quem não é socialista na juventude não tem coração, e que quem é socialista na idade adulta não tem cabeça. Exageros à parte – até porque eu teria que assumir não ter tido coração – acredito que a frase captura bem uma regra, qual seja, que os mais jovens tendem a abraçar utopias, enquanto os mais velhos acabam mais céticos. Os jovens são aqueles que vão revolucionar o mundo!

Existem várias possíveis explicações para este fenômeno. Os mais jovens estão numa fase de busca por identificação, separação dos pais, da autoridade, e precisam questionar tudo e todos. Além disso, a visão de mundo costuma ser mais simplista, e a crença em panacéias, em soluções “mágicas”, mais comum. Com o passar do tempo – e com as diversas experiências na vida – a tendência é substituir esta fé mais ingênua por “soluções” imperfeitas.

O furo, entretanto, permanece. Não há explicação para tudo, tampouco um modelo único e simples de justiça ou sociedade, que vai trazer o “paraíso perdido” à Terra. Os mais velhos normalmente ficam mais céticos, mais desconfiados em relação às respostas prontas, simples. Passam a crer em “trade-offs”, sabendo que cada escolha pressupõe alguma possível perda de outro lado. Em suma, começam a enxergar um mundo bem mais complexo do que aquele da visão infantil.

Quem conseguiu expressar com maestria esta característica foi o escritor Oscar Wilde, quando disse: “Não sou jovem o suficiente para saber tudo”. Bingo! Os mais jovens quase sempre acham que sabem “tudo”, que compreenderam o mundo, a sociedade, e que sabem as respostas para as perguntas mais complicadas, aquelas que angustiaram os principais pensadores desde sempre, incluindo os mais sábios dos sábios. A juventude não gosta de conviver com as faltas. Aliás, ninguém gosta! Mas quanto mais jovem, maior a probabilidade de essa angústia levar ao desespero. O tempo acaba ajudando a aceitar certos buracos – ou seriam crateras? – em nossas vidas.

Claro que estou falando sempre em termos gerais, numa possível regra que necessita de exceções para ser validada. Além disso, não se trata da idade apenas cronológica, pois todos estão cansados de conhecer adultos que mais parecem crianças crescidas. As rugas nem sempre trazem consigo a maturidade. Também não pretendo falar desse ímpeto juvenil na busca pelas “verdades absolutas” com um tom totalmente negativo. Acredito que os questionamentos ousados, os desafios às tradições mais estabelecidas, esse espírito revolucionário até, possuem suas vantagens. Diria mais: eles podem ser fundamentais para o contínuo progresso da civilização.

São os jovens que, com suas perguntas incômodas e seu ponto de vista mais fresco, forçam novas reflexões sobre o mundo. Aplaudo esta postura, mas não posso ignorar seus riscos. E estes surgem justamente quando as utopias simplistas viram crenças fanáticas, quando os jovens acabam vítimas de oportunistas de plantão, que utilizam o romantismo típico da juventude como massa de manobra para seus objetivos pérfidos. Tanto é assim que os demagogos são os primeiros a defender o direito de voto dos mais jovens, que são inimputáveis para certos crimes, mas “responsáveis” na hora de escolher o governante.

O simplismo pode ser útil para a retórica ideológica, mas os debates sérios exigem mais humildade, item escasso quando se trata da juventude. O pensador libertário H. L. Mencken colocou de forma precisa: “Para cada problema complexo, existe uma resposta que é clara, simples e errada”. Carl Jung também atacou o simplismo: “Os maiores e mais importantes problemas na vida são, num certo sentido, insolúveis; eles nunca podem ser resolvidos, mas apenas superados”. Eis algo que os mais jovens não costumam apreciar muito. Eles querem as soluções, e querem logo!

O curioso é que, apesar do maior tempo de expectativa de vida, são justamente os jovens os mais impacientes. E como os erros cometidos em vida ainda não foram grandes o suficiente para forçar mais humildade, cautela e sabedoria, eles realmente acham que sabem tudo. Darwin constatou que “a ignorância traz muito mais certezas que o conhecimento”. O jovem, geralmente, possui muitas certezas.

Dito tudo isso, fica a questão: como conciliar as vantagens do idealismo juvenil com as vantagens da experiência e ceticismo dos mais velhos? Ou, dito de outra maneira: como evitar que as desvantagens do simplismo romântico dos jovens estraguem suas qualidades essenciais? Essa é a pergunta do milhão, e longe de mim!, eu pensar que sei a resposta. A frase da epígrafe, de Voltaire, demonstra que o filósofo francês também gostaria de saber a resposta. Mas ele foi realista o suficiente para reconhecer que era muito raro encontrar num mesmo indivíduo a razão e o entusiasmo.

O blog entra de férias



O blog sai de férias por uma semana. Tentarei me desintoxicar do lulo-petismo tomando bons vinhos com "los hermanos". O laptop vai na mala, mas pretendo não tocá-lo durante a viagem. Se vou aguentar me conter, isso depende das atrocidades petistas que eventualmente cheguem aos meus ouvidos por lá. Até breve!

Os riscos de um duplo mergulho na economia americana

Rodrigo Constantino

Palavra do Gestor, Valor Econômico

O mercado financeiro voltou a temer a possibilidade de um duplo mergulho na economia americana. Alguns dados recentes alimentam esse medo, ainda que de forma tímida por enquanto. Um dos indicadores que mais tem preocupado é o nível de desemprego, que permanece em patamares muito elevados, próximo de 10%. O S&P 500, índice das principais empresas americanas, não conseguiu se sustentar acima dos 1.200 pontos, apesar dos enormes estímulos do governo, e já esboça voltar aos 1.000 pontos.

Várias poderiam ser as causas por trás desse novo desânimo, colocando em risco a recuperação da maior economia do mundo. O grau de alavancagem que o setor privado atingiu nos Estados Unidos, naquilo que ficou conhecido como o "super ciclo de endividamento", encontrou seu provável limite. O estouro da bolha de crédito acaba gerando um ciclo vicioso, uma espiral recessiva que nem sempre pode ser contida por ações do governo. De fato, boa parte da injeção de liquidez que o Fed realizou nos bancos foi parar nos próprios títulos do Tesouro. Os bancos ainda estão muito receosos para emprestar novamente.

Com isso, os títulos de 10 anos do governo americano sofreram um rali, e seu "yield" está abaixo de 3% ao ano. A mensagem que isso passa é que os grandes investidores ainda estão muito cautelosos, com medo de uma recessão prolongada, como ocorreu no Japão. Os "vigilantes dos bonds" demonstram que temem mais a deflação que a inflação, a despeito da acelerada expansão monetária. Se o Fed tenta inflar artificialmente a economia com forte impressão de moeda, o processo de desalavancagem do setor privado, por outro lado, pressiona os ativos para baixo. Qual será o resultado desse cabo de guerra ninguém sabe ainda.

Mas uma coisa é certa: a maior incerteza, criada pelo próprio governo com novas e complexas leis de regulação, não ajuda nada. Se o objetivo é que a economia retome sua normalidade, com bancos mais capitalizados emprestando novamente para o setor produtivo investir, então as atitudes recentes do governo parecem ir à contramão do desejado. O Congresso americano aprovou uma abrangente reforma do setor financeiro, representando a maior expansão do poder público sobre os bancos desde a Grande Depressão.

O projeto, que aumenta os poderes da burocracia, possui mais de 2.300 páginas! Quantos congressistas devem ter lido o documento na íntegra? Isso tudo gera novas dúvidas no setor, mais incerteza pelo risco de medidas arbitrárias à frente. Não custa lembrar que a crise atual não foi causada por falta de poder de regulação do governo, pois isso existia, e muito. Pode-se falar em incompetência dos reguladores, em captura dos agentes pelo setor financeiro, em conflito de interesses, já que o próprio governo desejava estimular o endividamento imobiliário. Mas não faz sentido falar em ausência de instrumentos para conter os excessos do setor financeiro.

Entre inúmeros erros do governo durante a crise dos anos 1930, merece destaque justamente a sua excessiva hiperatividade. Eis uma pequena amostra de medidas adotadas no meio da crise: Farm Credit Act, Banking Act, National Industry Recovery Act, Farm Mortgage Refinancing Act, Home Owners Loan Act, Securities and Exchange Act, National Housing Act, Emergency Relief Appropriation Act, Fair Labor Standards Act, Social Security Act e Revenue Act. É ato até não acabar mais! O começo do governo Roosevelt ficou conhecido como "os cem dias", um período frenético de medidas estatais experimentais. Em um ano, algo como 10 mil páginas de leis foram criadas, quase quatro vezes a quantidade que constituía o estatuto federal até então.

A máquina de gastos públicos estava ligada a todo vapor, mas a economia se negava a melhorar. Para o governo gastar, ignora-se que ele precisa extrair recursos do próprio setor privado. Os gastos federais em 1935 eram o dobro do patamar de 1930. Mas quase 12 milhões de americanos estavam sem emprego ainda. O índice de ações Dow Jones só iria retornar ao patamar de 1929 no final de 1954, quase uma década após a morte de Roosevelt. Em 1937, ocorreu uma grave recessão dentro da Grande Depressão, e o índice chegou a cair mais de 40%. O desemprego em 1938 ainda estava acima de 17%.

De qualquer ângulo observado, o "New Deal" fracassou. Em vez de recuperar a economia, ele criou mais barreiras aos negócios, gerou mais incertezas e afastou investimentos produtivos, postergando a recuperação. O governo Obama deveria aprender mais com esta lição histórica.

terça-feira, julho 20, 2010

O PT e as FARC - vídeo

Vídeo onde comento a ligação entre o PT e as FARC, finalmente trazida à tona pela acusação de Índio da Costa.

Encontro de Dinossauros

Achei ótimo o candidato a vice de José Serra, Índio da Costa, mencionar a ligação entre o PT e as FARC. A reação dos petralhas, de total desequilíbrio, apenas demonstra que tocaram no nervo da questão, no calcanhar de Aquiles dessa corja golpista. As evidências dessa velha ligação, existente desde a criação do Foro de São Paulo em 1990, vão vir à tona agora, já que o PT tenta esconder essas alianças do grande público. Esse vídeo da Veja.com mostra um dos encontros desses dinossauros comunistas, realizado em São Paulo em 2008.

segunda-feira, julho 19, 2010

Debate sobre cotas raciais

Hoje eu participo de debate ao vivo sobre "cotas raciais" na TV Câmara, às 17h.

Convidados confirmados: Carlos Alberto Medeiros, coordenador especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura do Rio/ vereadora Teresa Bergher, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos/ Liv Sovik, professora da Escola de Comunicação UFRJ/ Rodrigo Constantino, economista e escritor.

Quem desejar, pode enviar perguntas para o e-mail riotv@camara.rj.gov.br ou ligar para o telefone 3814-1101.

quinta-feira, julho 15, 2010

Lula e as leis eleitorais

Vídeo onde comento o escárnio com o qual o presidente Lula trata as leis do país que governa, abusando da máquina estatal para sujar o processo democrático no Brasil.

quarta-feira, julho 14, 2010

Filhotes de Skinner



Rodrigo Constantino

O presidente Lula assinou projeto de lei que prevê punições para os pais que baterem em seus filhos, incluindo beliscões e palmadas. O discurso do presidente ocorreu durante a cerimônia dos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que, entre seus principais legados, tornou os jovens praticamente inimputáveis, estimulando o uso dos menores na criminalidade. O projeto de lei é um sintoma dos tempos modernos, em que o infantilismo da população, somado ao autoritarismo dos engenheiros sociais, criaram um ambiente extremamente perigoso para a liberdade individual.

Várias questões surgem quando refletimos sobre o projeto. Em primeiro lugar, sua aplicação prática. Como exatamente o governo vai provar e punir casos de simples beliscões ou palmadas? As próprias crianças e adolescentes vão denunciar seus pais por levarem umas palmadas no bumbum? Questionando isso, já fica claro um dos grandes riscos deste projeto, talvez a meta de alguns de seus idealizadores: jogar os filhos contra os próprios pais.

Os regimes socialistas foram mestres nesta tática nefasta, minando um dos principais pilares da civilização, que é a família. Os filhos eram estimulados a denunciar os pais que não fossem cidadãos “corretos”, leia-se “bons revolucionários”. O Estado, afinal de contas, deveria ficar acima da família. Não foram poucos os casos de jovens entregando os pais para as autoridades, pois achavam que eles eram “traidores” da causa. Quando cabe ao governo dizer como crianças devem ser educadas, somos todos apenas escravos.

Já posso imaginar adolescentes, rebeldes por natureza em sua fase de separação intelectual, sempre dispostos a atacar a autoridade paterna, ameaçando seus pais no futuro: se você não atender meus desejos, vou te denunciar para a polícia, alegando que levei beliscões e palmadas! Eis uma das possíveis conseqüências indesejadas deste projeto de lei, que transfere a responsabilidade da educação para o governo.

Por trás disso jaz uma mentalidade coletivista de seres infantilizados, que, com medo de assumir as responsabilidades da vida, preferem delegar a tarefa ao governo. São herdeiros de Rousseau, o filósofo que ensinou ao mundo como educar crianças, após abandonar todos os seus filhos. A defesa de uma lei dessas mais parece um grito de desespero clamando por ajuda contra si próprio, como se a pessoa implorasse para que o governo não a deixasse livre para escolher como educar seus filhos. Será que essas pessoas temem espancar seus filhos se não existir uma lei determinando nos mínimos detalhes o que ela pode ou não fazer?

O abuso não deve tolher o uso. Contra espancamentos já temos leis. Agredir alguém, qualquer indivíduo, filho ou não, é crime de lesão corporal. Não precisamos de uma nova lei para punir este tipo de atrocidade. O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse que o alvo principal do projeto não é o "beliscão ou palmadinha", mas casos como de Isabela Nardoni. Mas isso é absurdo, uma vez que o caso Nardoni é um caso de assassinato! Ninguém em sã consciência vai defender o direito de esmurrar uma criança, deixá-la toda roxa, cheia de hematomas, ou jogá-la do prédio. Repito: isso já é proibido. Logo, os autores do novo projeto têm algo diferente em mente. Como um deles afirmou, de uma ONG, o objetivo é mostrar ao povo como se deve educar as crianças. São filhotes de Skinner, os “educadores” sociais que vão impor, de cima para baixo, as regras da “boa” educação.

Não vem ao caso defender as palmadas em si, até porque sou contra o uso de qualquer violência na educação. Mas, ao contrário dos “engenheiros sociais”, não sou arrogante a ponto de dizer que somente a minha forma de educar é correta, e que por isso tenho o direito de obrigar todos a segui-la. Tenho mais humildade que isso, até porque sei de vários casos bem sucedidos de pessoas educadas com palmadas. Não há causalidade evidente entre uma forma de educação e seus resultados concretos. Já o presidente Lula pretende dizer ao mundo como devemos educar nossos filhos. Diz ele que nunca apanhou, como se isso fosse argumento em prol de sua forma de educação.

Ora, sob qual prisma exatamente Lula pode ser considerado um sucesso de educação? Evitar más companhias, não mentir, não justificar atos errados com base no erro dos outros, será que tais máximas foram incutidas no menino Luís Inácio? Prefiro não confiar muito nos conselhos educacionais de Lula, assim como de todos os outros seguidores de Skinner. Amanhã, essa gente vai querer nos dizer o que nossos filhos podem comer, beber, que horas devem dormir, e quanto de exercício devem praticar diariamente. Seria um “admirável mundo novo”, cujo resultado sabemos qual é: uma colônia de escravos.

terça-feira, julho 13, 2010

Novela do Detran

Mais um capítulo da novela chamada Detran, que desafia a nossa paciência e impõe um pesado custo a todos. Argumento que a incompetência do Detran está longe de ser um caso isolado no setor público; na verdade, trata-se da regra, não da exceção.

A outra face de Dilma

Rodrigo Constantino, O Globo

“Ninguém pode usar uma máscara por muito tempo: o fingimento retorna rápido à sua própria natureza.” (Sêneca)

De olho nos eleitores mais moderados, a candidata Dilma Rousseff tem alterado seu discurso, vestindo uma embalagem mais atraente. Não foi apenas o cabelo que passou por uma transformação radical. Agora, Dilma já fala em reduzir a dívida pública para 30% do PIB, em imposto zero para investimentos, em combater as invasões ilegais do MST e na defesa da liberdade de imprensa. Entretanto, este discurso soa estranho na boca da petista. A nova personagem não combina nada com a figura histórica.
Para começo de conversa, o governo Lula teve oito anos para fazer as reformas estruturais, reduzir os impostos, atacar as invasões do MST etc. Não só deixou de fazer isso tudo, como muitas vezes agiu à contramão do desejado. A carga tributária aumentou, ocorreu uma escalada de invasões do MST, que recebe cada vez mais verbas públicas, e a liberdade de imprensa se viu inúmeras vezes ameaçada: Ancinav, Conselho Nacional de Jornalismo, tentativa de expulsão do jornalista estrangeiro que falou dos hábitos etílicos do presidente, PNDH-3 e Confecom. Foram diversas tentativas de controle dos meios de comunicação.
A participação de Dilma em alguns destes projetos foi direta. O Programa Nacional de Direitos Humanos, com viés bastante autoritário, saiu de seu gabinete. Além disso, Dilma sempre deixou claro que acredita num Estado centralizador como locomotiva da economia. Foi durante a gestão de Luciano Coutinho que o BNDES se transformou numa espécie de “bolsa empresa”, torrando bilhões dos pagadores de impostos em subsídios para grandes empresas. O Tesouro teve que emitir dezenas de bilhões em dívida para bancar os empréstimos do BNDES. Coutinho é cotado como possível ministro no governo Dilma. Como acreditar no discurso de redução da dívida pública? As palavras recentes dizem uma coisa, os atos concretos dizem outra, bem diferente.
O passado de Dilma também levanta suspeita sobre esta nova imagem “paz e amor”. Dilma foi guerrilheira e lutou para implantar no país um regime comunista. Com este “nobre” fim em mente, ela se alinhou aos piores grupos revolucionários, aderindo à máxima de que os fins justificam quaisquer meios. Colina e VAR-Palmares foram organizações que praticaram os piores tipos de atrocidades, incluindo assaltos, ataques terroristas e seqüestro. Claro, devemos levar o contexto da época em conta: Guerra Fria, muitos jovens idealistas iludidos com a utopia socialista, e dispostos a tudo pela causa.
Mas o tempo passou, e vários colegas colocaram as mãos na consciência e fizeram um doloroso mea-culpa, reconhecendo os erros do passado. Dilma, entretanto, declarou com todas as letras numa entrevista à revista “Veja”: “Jamais mudei de lado”. Sabendo-se que este lado nunca foi o da democracia, e sim o lado que aponta para Cuba, resta perguntar: qual Dilma pretende governar o país? Em um típico ato falho freudiano, a campanha de Dilma apresentou ao TSE o programa de governo do PT, ignorando a aliança com o PMDB. Neste programa, que contava com a rubrica de Dilma, estavam presentes os ideais golpistas da ala radical do partido, como o controle da imprensa, os impostos sobre “fortunas” e a relativização do direito de propriedade no campo, beneficiando os criminosos do MST.
Chávez, em 1998, declarou que não tinha nenhuma intenção de nacionalizar empresas, de controlar a imprensa ou de destruir a democracia e permanecer no poder. Ao contrário, ele se mostrou bastante receptivo ao capital estrangeiro. Na época, ele estava prospectando clientes. Depois, era tarde demais. Ele já tinha o domínio da situação, e estava pronto para sacrificar suas vitimas ingênuas. “Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa”, alertou o filósofo Schopenhauer.
Em uma de suas fábulas, Esopo faz um alerta aos que acreditam nas mudanças da essência dos seres humanos. Um lavrador, durante um inverno rigoroso, encontrou uma serpente congelada. Apiedou-se dela e a pôs em seu colo. Aquecida, ela voltou à vida normal, picou seu benfeitor ferindo-o de morte. E ele, morrendo, disse: “É justo que eu sofra, pois me apiedei de uma malvada”.
A História está repleta de casos em que a crença nas lindas promessas de políticos autoritários se mostrou fatal. Dilma apresenta ao público sua nova face, com um discurso bem mais moderado. Mas é a outra face que não sai de minha cabeça, aquela que acompanhou a candidata por toda sua vida.

sexta-feira, julho 09, 2010

Brecha na Ilha Presídio



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

A ditadura cubana decidiu soltar 52 presos políticos, que serão exilados na Espanha. Trata-se de uma concessão pragmática às pressões da comunidade internacional, lembrando que ainda existem mais de 100 presos cujo “crime” foi discordar do regime ditatorial dos irmãos Castro. O papel da diplomacia brasileira não poderia ser mais vergonhoso neste episódio.

Poucos meses atrás, Orlando Zapata morreu enquanto fazia greve de fome, justamente no dia em que o presidente Lula chegou para uma visita oficial ao país. Na ocasião, o presidente tomou o partido da ditadura cubana, e ainda comparou os presos políticos de Cuba a bandidos comuns. O governo Lula, como se sabe, não se mete em questões de soberania de outros povos – ao menos quando é para falar de atrocidades praticadas por “companheiros”, pois no caso de Honduras essa máxima foi totalmente ignorada. São dois pesos e duas medidas, sempre favorecendo seus camaradas, ou sorrindo ao lado dos mais nefastos ditadores, porque “negócios são negócios”.

Guillermo Fariñas, outro dissidente político que estava em greve de fome há 135 dias, comemorou a libertação dos colegas, e acredita que os tempos mudaram. Mas será mesmo que sopram ventos de mudança na Alcatraz caribenha? Será que o “muro” que mantém prisioneira a própria população cubana será derrubado finalmente, colocando fim na mais cruel ditadura que o continente já viu? Todas as pessoas de bem esperam que sim. Mas é preciso cautela e realismo.

Guarione Diaz, presidente do Conselho Nacional Cubano-Americano, com sede em Miami, desconfia das intenções dos irmãos Castro. Para ela, o gesto não passa de uma estratégia leninista, de dar um passo atrás para dar dois adiante. A deputada republicana de origem cubana Ileana Ros-Lehtinen, também não parece iludida: “Até que sejam libertados todos os prisioneiros políticos, devemos exercer a máxima pressão sobre a tirania cubana”.

Se um dia a liberdade der o ar de sua graça em Cuba, uma coisa já é certa: a contribuição do governo Lula será nula, quando não negativa. Ele não acredita em pressão contra tiranos, ainda mais quando são tiranos “companheiros”. Ele prefere fazer “negócios” com esta turma, enquanto o povo... quem liga para o povo?

quarta-feira, julho 07, 2010

A máfia do Detran

Vídeo onde faço um desabafo contra o Detran, esse antro de incompetência e corrupção, que obriga os cariocas a perder boa parte de seu dia para fazer vistorias inúteis.

quinta-feira, julho 01, 2010

Conversas Cruzadas - vídeo

Trecho da minha participação no programa Conversas Cruzadas da TVcom, durante evento da Amcham em Porto Alegre, em que fui um dos palestrantes. O tema é o crescimento econômico e seus pilares insustentáveis, pois nenhuma reforma estrutural foi feita pelo governo.

A Escolha do Vice



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O rolo compressor de José Serra encontrou um obstáculo de peso no caminho, impedindo uma chapa “pura” dos tucanos nas eleições. Álvaro Dias teve que ceder, e o deputado carioca Índio da Costa, dos Democratas, será o vice de Serra. A escolha do vice, naturalmente, parte de objetivos pragmáticos, como tempo de campanha na TV. Entretanto, não deixa de ser elucidativo comparar as escolhas dos três principais candidatos.

Até onde alcança a vista, não há muito que usar para atacar a imagem de Índio da Costa, a despeito de ter como padrinho político César Maia. Jovem, de família tradicional carioca com atuação no setor privado, o deputado foi o relator do projeto Ficha Limpa, que encontrou forte resistência do governo Lula – por motivos óbvios. Já o vice escolhido por Marina Silva é um conhecido empresário, sócio de uma grande empresa respeitada no mercado. O que falar então da escolha de Dilma?

Pois é. Michel Temer representa a velha oligarquia política do país, do alto escalão do partido mais fisiológico de todos: o PMDB. Desde 2001 ele preside o partido que tem José Sarney como ícone. Se Serra foi de Índio, Dilma foi com todos os caciques da política nacional. O presidente Lula desqualificou a escolha de Serra, afirmando que não conhecia o escolhido. Melhor não ser muito conhecido, do que ser conhecido por inúmeros escândalos de corrupção. O castelo de Dilma é de areia...

A política é um meio podre em qualquer lugar do mundo; no Brasil, isso ocorre em grau ainda mais assustador. Quase sempre a escolha tem que ser por eliminação dos piores nomes. A escolha dos candidatos a vice nas chapas apenas reforça que o primeiro nome a ser rejeitado deve ser Dilma, o “poste” de Lula, aliada ao que há de pior nesta podridão toda.