Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
quarta-feira, junho 30, 2010
Esopo versus Dilma
Rodrigo Constantino
“Ninguém pode usar uma máscara por muito tempo: o fingimento retorna rápido à sua própria natureza.” (Sêneca)
Recentemente, a candidata Dilma Rousseff resolveu vestir nova embalagem, uma roupa costurada por Palocci para torná-la mais atraente sob os olhos da iniciativa privada. Até mesmo em imposto zero para investimentos a candidata tem falado, além de atacar o desrespeito do MST às leis, defender a liberdade de imprensa e coisas do tipo. Diante do fato de que o presidente Lula teve oito anos para fazer as reformas estruturais e não as fez, e não foi por falta de popularidade ou apoio no congresso, fica difícil acreditar nas promessas recentes de Dilma. Ainda mais quando nos lembramos de quem estamos falando!
Dilma foi uma guerrilheira que lutou para implantar no país uma ditadura do proletário. Com este fim em mente, ela se alinhou aos piores grupos revolucionários, aderindo à máxima de que os fins justificam quaisquer meios. O Colina e o VAR-Palmares foram organizações que praticaram os piores tipos de atrocidades, incluindo assaltos, ataques terroristas e seqüestro. Tudo bem: devemos levar o contexto da época em conta. Guerra Fria, muitos jovens idealistas iludidos com a utopia socialista, e dispostos a tudo pela causa. Mas o tempo passou, e vários colegas destes tempos colocaram as mãos na consciência e fizeram um doloroso mea culpa, reconhecendo os erros do passado. Dilma, entretanto, declarou com todas as letras numa entrevista à revista Veja: “eu nunca mudei de lado”.
Sabendo-se que este lado nunca foi o da democracia, e sim o lado que aponta para Cuba, resta perguntar: qual Dilma pretende governar o país se eleita? Ainda há pouco, Dilma falava das maravilhas de um Estado indutor, centralizador, assumindo a locomotiva do crescimento do país. É esta Dilma que pretende assumir o poder? Ou a Dilma “paz e amor” que foi criada pelos seus marqueteiros? A personagem não ostenta nada em comum com a realidade de uma vida inteira. Quem ainda pode se enganar com tamanha atuação?
Na fábula de Esopo sobre o gato e as galinhas, um gato tinha ouvido dizer que as galinhas de certa granja estavam doentes. Ele se disfarçou então de médico e, munido dos instrumentos necessários à arte, apresentou-se diante do galinheiro e perguntou às galinhas como elas estavam. Na fábula, elas demonstram sabedoria ao responder: “Muito bem, se tu te fores daqui”. Será que as galinhas brasileiras doentes, delirando com a prosperidade ilusória da economia, terão a mesma capacidade de enxergar a realidade?
Quanto ao abismo entre as palavras novas proferidas pela candidata e suas ações concretas durante a vida inteira, Esopo também poderia dar uma lição com a fábula da raposa e do lenhador. A raposa, fugindo de caçadores, viu um lenhador e lhe suplicou um esconderijo. Ele a convidou a entrar em sua cabana e lá esconder-se. Logo depois chegaram os caçadores, que perguntaram ao lenhador se ele vira a raposa passar. O lenhador negou em voz alta tê-la visto, mas fez um gesto com a mão indicando seu esconderijo. Os caçadores, sem notarem o gesto, ficaram com as palavras, e partiram. A raposa saiu em seguida sem dizer nada e, ao ser censurada pelo lenhador por nem sequer ter agradecido, ela disse: “Eu teria te agradecido se entre as palavras e o gesto que fizeste com a mão houvesse correspondência”.
Para aqueles mais ingênuos, que logo acreditam nas mudanças da essência, ignorando a natureza do ser, Esopo tem um importante alerta com a fábula do lavrador e da serpente congelada. Um lavrador, durante um inverno rigoroso, encontrou uma serpente congelada. Apiedou-se dela e a pôs em seu colo. Aquecida, ela voltou à vida normal, picou seu benfeitor ferindo-o de morte. E ele, morrendo, disse: “É justo que eu sofra, pois me apiedei de uma malvada”.
Chávez, em 1998, declarou que não tinha nenhuma intenção de nacionalizar empresas, de controlar a imprensa ou de destruir a democracia e permanecer no poder. Ao contrário, ele se mostrou bastante receptivo ao capital estrangeiro. Na época, ele estava prospectando clientes. Depois, era tarde demais. Ele já tinha o domínio da situação, e estava pronto para sacrificar suas vitimas ingênuas. Quem garante que Dilma e seu PT não pretendem o mesmo? O governo Lula, não custa lembrar, só não avançou mais na direção da revolução “bolivariana” porque não foi capaz. A intenção estava claramente lá, não apenas nas declarações que o próprio presidente deu em certas ocasiões, afirmando que dirige na mesma direção que o caudilho venezuelano, como em alguns atos de governo, como o Ancinav, a CNJ, a tentativa de expulsão do jornalista estrangeiro, o “mensalão”, o PNDH-3, o aparelhamento das agências regulatórias, das estatais, dos fundos de pensão, da Abin, da Receita, do Supremo, etc.
Por fim, Esopo teria uma boa lição para dar à oposição também, a todos que pretendem barrar o projeto petista de poder. A fábula dos três bois e o leão diz que os bois eram muito ligados e dividiam tudo entre si. Um leão, querendo comê-los, não o conseguia por causa de sua união. Lançando mão de palavras enganosas, conseguiu apartá-los uns dos outros. E, ao encontrar cada um deles separadamente, os devorou. Alguns empresários, encantados com as palavras da ex-guerrilheira, estão ajudando a alimentar o monstro que pretende devorá-los depois.
terça-feira, junho 29, 2010
Chávez para Dilma: eu sou você amanhã!
Chávez em 1998, Dilma em 2010... será que há muita diferença?
Agora que Dilma resolveu vestir a roupa que Palocci costurou para ela, afinando o discurso com a iniciativa privada, falando em redução de impostos (Lula com super-popularidade em 8 anos não fez, seu poste vai fazer agora?!), nada como ver esse vídeo de Chávez em 1998, tentando tranquilizar os empresários fazendo promessas que jamais iria cumprir...
Ponto para a Liberdade
Lei sobre porte de armas nos EUA vale também para estados federados, decide Suprema Corte
O Globo / Agências internacionais
RIO - A Suprema Corte dos Estados Unidos estendeu nesta segunda-feira os direitos de porte de armas para todos os estados e cidades do país, num julgamento envolvendo um caso de Chicago. Com 5 votos a 4 - uma divisão entre as linhas conservadoras e liberais -, a mais alta corte dos EUA ampliou a Segunda Emenda da Constituição, de 2008, para que os americanos tenham o direito de portar armas em todas as cidades e estados.
O direito de portar armas era aplicado anteriormente apenas para as leis federais e territórios federais, como a capital Washington DC, onde o tribunal derrubou uma proibição de arma semelhante na sua decisão de 2008.
O porte de armas tem sido uma das questões que mais dividem a poupulação social, política e juridicamente. Cerca de 90 milhões de pessoas nos EUA portam aproximadamente 200 milhões de armas de fogo.
Filhos da Liberdade
Rodrigo Constantino, O GLOBO
“O maior e principal objetivo de os homens se reunirem em comunidades, aceitando um governo comum, é a preservação da propriedade.” (John Locke)
Neste domingo, dia 4 de julho, os americanos celebrarão mais um aniversário de sua independência. O grande divisor de águas entre a era da servidão e da liberdade foi a Revolução Americana. Ali seria selado o direito do povo a um governo que respeitasse as liberdades individuais como nunca antes fora visto. A famosa passagem da Declaração de Independência, de 1776, deixa isso claro: “Consideramos estas verdades evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade”.
A independência americana foi conquista de um povo que não aceitava a subordinação facilmente. A Grã-Bretanha, bastante endividada, tentou impor mais tributos aos colonos. A primeira tentativa foi a Lei da Receita de 1764, conhecida como a Lei do Açúcar. Em seguida foi sancionada a Lei do Selo em 1765. Isso despertou a fúria dos colonos, e houve forte reação de grupos organizados de comerciantes, conhecidos como “Filhos da Liberdade”. Os gritos ecoavam que “sem representação não há tributação”.
A Coroa inglesa insistiu com as Leis Townshend em 1767, que aumentavam as taxas alfandegárias sobre produtos básicos britânicos. Seguiram-se boicotes altamente eficazes, e o governo britânico recorreu à força. Por fim, a Companhia das Índias Orientais adquiriu o monopólio sobre a importação de chá para as colônias, culminando na famosa “Festa do Chá”, em Boston. Era a gota d’água para os americanos.
O panfleto político escrito por Thomas Paine, em janeiro de 1776, jogou lenha na fogueira revolucionária. Paine atacou a monarquia, e referiu-se ao rei como “o tirano da Grã-Bretanha”. Para ele, a escolha era simples: permanecer sob o jugo de um tirano ou conquistar a liberdade. Paine deixou claro que o papel do governo era garantir a segurança, e destacou que ele, mesmo no seu melhor estado, “não é mais que um mal necessário”.
Outro nome de extrema relevância para a independência americana é Thomas Jefferson, que ficou famoso como o autor da Declaração de Independência. Jefferson fez campanha pela separação entre a Igreja e o Estado e pela liberdade religiosa. A fermentação política nas colônias ocorria no contexto do Iluminismo, sob a influência de pensadores como John Locke. Um estado laico com foco na proteção das liberdades individuais, eis a essência da Revolução Americana.
É verdade que nem todos estavam incluídos nesses direitos individuais que os “pais fundadores” defenderam. Muitos deles, membros da elite americana, eram proprietários de escravos. Era este o contexto da época, infelizmente. Mas parece inegável que na própria Declaração de Independência estavam plantadas as sementes que levariam à abolição dos escravos. Os principais abolicionistas baseavam sua causa em princípios morais, retomando a idéia da lei natural advogada por Jefferson na Declaração.
O famoso caso “Amistad”, de 1839, foi o primeiro no qual se apelou para a Declaração. O ex-presidente americano John Quincy Adams fez uma defesa eloqüente dos africanos presos: “No momento em que se chega à Declaração de Independência e ao fato de que todo homem tem direito à vida e à liberdade, um direito inalienável, este caso está decidido”. Abraham Lincoln foi outro que apelou constantemente à Declaração para defender a causa abolicionista. Outro abolicionista conhecido, David Walker, escreveu em 1823 um texto citando os trechos da Declaração. Martin Luther King Jr., em seu mais famoso discurso contra o racismo, faz alusão direta ao trecho da Declaração onde todos os homens são criados iguais.
A Revolução Americana representou um marco na história. Combateu o excesso de tributação, assim como a ausência de representação política. Lutou pela separação entre a Igreja e o Estado. Entendeu que o governo serve para proteger as liberdades individuais, e que cada um deve ter sua propriedade preservada, assim como deve ser livre para buscar a felicidade à sua maneira. Buscou limitar ao máximo o poder estatal, protegendo os indivíduos da ameaça do próprio governo. Compreendeu que a descentralização do poder é fundamental. Em resumo, criou a primeira República com bases realmente liberais.
Infelizmente, os próprios americanos parecem ter esquecido as principais lições de seus fundadores. Que neste aniversário seu legado possa ser lembrado.
“O maior e principal objetivo de os homens se reunirem em comunidades, aceitando um governo comum, é a preservação da propriedade.” (John Locke)
Neste domingo, dia 4 de julho, os americanos celebrarão mais um aniversário de sua independência. O grande divisor de águas entre a era da servidão e da liberdade foi a Revolução Americana. Ali seria selado o direito do povo a um governo que respeitasse as liberdades individuais como nunca antes fora visto. A famosa passagem da Declaração de Independência, de 1776, deixa isso claro: “Consideramos estas verdades evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade”.
A independência americana foi conquista de um povo que não aceitava a subordinação facilmente. A Grã-Bretanha, bastante endividada, tentou impor mais tributos aos colonos. A primeira tentativa foi a Lei da Receita de 1764, conhecida como a Lei do Açúcar. Em seguida foi sancionada a Lei do Selo em 1765. Isso despertou a fúria dos colonos, e houve forte reação de grupos organizados de comerciantes, conhecidos como “Filhos da Liberdade”. Os gritos ecoavam que “sem representação não há tributação”.
A Coroa inglesa insistiu com as Leis Townshend em 1767, que aumentavam as taxas alfandegárias sobre produtos básicos britânicos. Seguiram-se boicotes altamente eficazes, e o governo britânico recorreu à força. Por fim, a Companhia das Índias Orientais adquiriu o monopólio sobre a importação de chá para as colônias, culminando na famosa “Festa do Chá”, em Boston. Era a gota d’água para os americanos.
O panfleto político escrito por Thomas Paine, em janeiro de 1776, jogou lenha na fogueira revolucionária. Paine atacou a monarquia, e referiu-se ao rei como “o tirano da Grã-Bretanha”. Para ele, a escolha era simples: permanecer sob o jugo de um tirano ou conquistar a liberdade. Paine deixou claro que o papel do governo era garantir a segurança, e destacou que ele, mesmo no seu melhor estado, “não é mais que um mal necessário”.
Outro nome de extrema relevância para a independência americana é Thomas Jefferson, que ficou famoso como o autor da Declaração de Independência. Jefferson fez campanha pela separação entre a Igreja e o Estado e pela liberdade religiosa. A fermentação política nas colônias ocorria no contexto do Iluminismo, sob a influência de pensadores como John Locke. Um estado laico com foco na proteção das liberdades individuais, eis a essência da Revolução Americana.
É verdade que nem todos estavam incluídos nesses direitos individuais que os “pais fundadores” defenderam. Muitos deles, membros da elite americana, eram proprietários de escravos. Era este o contexto da época, infelizmente. Mas parece inegável que na própria Declaração de Independência estavam plantadas as sementes que levariam à abolição dos escravos. Os principais abolicionistas baseavam sua causa em princípios morais, retomando a idéia da lei natural advogada por Jefferson na Declaração.
O famoso caso “Amistad”, de 1839, foi o primeiro no qual se apelou para a Declaração. O ex-presidente americano John Quincy Adams fez uma defesa eloqüente dos africanos presos: “No momento em que se chega à Declaração de Independência e ao fato de que todo homem tem direito à vida e à liberdade, um direito inalienável, este caso está decidido”. Abraham Lincoln foi outro que apelou constantemente à Declaração para defender a causa abolicionista. Outro abolicionista conhecido, David Walker, escreveu em 1823 um texto citando os trechos da Declaração. Martin Luther King Jr., em seu mais famoso discurso contra o racismo, faz alusão direta ao trecho da Declaração onde todos os homens são criados iguais.
A Revolução Americana representou um marco na história. Combateu o excesso de tributação, assim como a ausência de representação política. Lutou pela separação entre a Igreja e o Estado. Entendeu que o governo serve para proteger as liberdades individuais, e que cada um deve ter sua propriedade preservada, assim como deve ser livre para buscar a felicidade à sua maneira. Buscou limitar ao máximo o poder estatal, protegendo os indivíduos da ameaça do próprio governo. Compreendeu que a descentralização do poder é fundamental. Em resumo, criou a primeira República com bases realmente liberais.
Infelizmente, os próprios americanos parecem ter esquecido as principais lições de seus fundadores. Que neste aniversário seu legado possa ser lembrado.
segunda-feira, junho 28, 2010
Entrevista na RedeVida
Segue parte da entrevista que fiz hoje no RedeVida, com Aristóteles Drummond. Ela vai ao ar na íntegra nesta sexta-feira, 20:30.
sexta-feira, junho 25, 2010
Palestra no I Seminário de Economia Austríaca
Eis o link para minha palestra no I Seminário de Economia Austríaca em Porto Alegre, onde comento a situação econômica do país e seus pilares insustentáveis a longo prazo.
quinta-feira, junho 24, 2010
Robin Hood
Finalmente fui ver Robin Hood. Excelente filme! Mensagem muito legal em prol da liberdade.
Quando ele pede a palavra na frente de todos os nobres e do rei, e fala que tudo que o povo quer é liberdade para se sustentar (há controvérsias na verdade, o povo quer liberdade mas também quer "segurança e proteção do papai"), foi show. Ele faz a analogia com uma catedral, lembrando que uma sociedade se constrói de baixo para cima, e que se o rei aceitar isso, numa carta de direitos declarando igualdade perante as leis, ele será não apenas respeitado, como amado! O rei retruca que ele defende um castelo para cada cidadão, e eis o ponto alto do filme, em minha opinião: "para o povo, sua casa é seu castelo!"
Muito bom mesmo. Resgataram a lenda original de Robin Hood, um fora-da-lei por conta de uma lei injusta e arbitrária, que passou a lutar contra as autoridades estabelecidas para devolver ao povo o que era seu por direito. Nota dez, apesar da escorregada no final, com a vida comunitária e igualitária criada na floresta.
terça-feira, junho 22, 2010
Brasil: uma aposta no crescimento chinês
Palavra do gestor:
O Brasil e a bolsa de valores: uma aposta no crescimento chinês
Rodrigo Constantino, Jornal Valor Econômico
O crescimento econômico brasileiro ainda é muito dependente do crescimento econômico chinês, por conta do preço das principais commodities que o país exporta. As empresas brasileiras exportam quase cinco vezes mais hoje do que faziam no começo do governo Lula, e boa parte do aumento se deve aos produtos básicos. Se isso é verdade para a economia como um todo, é ainda mais verdadeiro para o desempenho da bolsa no Brasil. O Ibovespa ainda é muito concentrado em empresas diretamente ligadas ao preço das commodities.
Quase metade do principal índice de ações do país é formada por empresas que dependem das commodities, que são cada vez mais impactadas pela demanda chinesa. A Petrobras e a Vale, sozinhas, representam algo como 25% do Ibovespa. E a China já representa quase a totalidade do crescimento na demanda mundial de petróleo e minério de ferro. Quando comparado ao índice de outros países, o Ibovespa se destaca por essa excessiva concentração em commodities.
O Dow Jones americano, por exemplo, tem menos de 15% em empresas atreladas diretamente ao preço de produtos básicos, patamar semelhante ao do CAC na França. O FTSE inglês já é mais exposto às oscilações das commodities, com quase 30% em empresas que dependem desses produtos. Já o Nikkei no Japão, o Kospi na Coreia do Sul e a bolsa de Taiwan possuem menos de 10% em empresas expostas às flutuações das commodities. São países com elevada participação de empresas de tecnologia.
Mesmo a bolsa chinesa tem baixa exposição a empresas de commodities, cerca de 20% do total. A demanda chinesa é cada vez mais relevante para determinar o preço desses produtos, mas a bolsa de ações na China possui participação maior em setores como o financeiro, por exemplo. É o crescimento chinês que dita o preço das principais commodities, mas é o Ibovespa que acaba dependendo mais de sua flutuação.
Comparando o desempenho do Ibovespa em dólar com o CRB, principal índice de commodities da bolsa de Chicago, verifica-se elevada correlação ao longo do tempo. A correlação semanal desde 2009, por exemplo, está acima de 0,95. A Austrália é outro país que acaba surfando bem esta onda chinesa, apresentando enorme correlação com o Ibovespa.
Com as principais economias desenvolvidas sem crescimento e com taxas de juros próximas de zero, os investidores buscam alternativas para alocação de capital, tentando aproveitar o crescimento ainda acelerado na China. Mas o melhor instrumento para isso nem sempre será o próprio mercado de ações chinês. Por isso o Brasil acaba se destacando como um excelente "China play", uma forma de os investidores internacionais apostarem no crescimento chinês indiretamente.
O problema disso é que o Brasil se tornou mais vulnerável a choques externos, principalmente da economia chinesa. Ninguém sabe ao certo para quanto vai o crescimento chinês. O que parece mais razoável prever é que a atual taxa não é sustentável. Existem claros sinais de espuma no setor imobiliário chinês, e até o mercado de trabalho começa a apresentar alguns problemas, pressionando os salários para cima. A inflação tem sido uma ameaça constante na China. Se o governo não for capaz de contê-la com medidas administrativas apenas, a economia poderá sofrer um baque. Não dá para descartar a hipótese de queda mais acentuada no crescimento chinês. E se isso acontecer, tanto a economia brasileira como o Ibovespa serão duramente afetados.
O ideal seria o governo brasileiro fazer as reformas estruturais para criar um dinamismo interno mais independente em nossa economia. Com a reforma previdenciária desarmando parcialmente a bomba-relógio do rombo na previdência, a reforma tributária reduzindo e simplificando os impostos, a reforma trabalhista flexibilizando o mercado de trabalho e a reforma política descentralizando o poder e oferecendo maior racionalidade à política nacional, a economia poderia decolar de forma sustentável.
Infelizmente, nenhum dos grandes partidos abraçou esta bandeira de reformas e, para agravar a situação, o governo Lula tem se mostrado muito irresponsável do ponto de vista fiscal no fim do segundo mandato. Nossa economia acaba extremamente dependente do fator China e do crédito estatal, que não pode continuar neste ritmo sem gerar mais inflação. Os gargalos internos ameaçam nossa recuperação econômica, e o Brasil acaba sendo somente uma aposta no crescimento chinês que, por sua vez, apresenta alguns sinais de esgotamento. Não é um quadro muito animador para investidores de longo prazo.
O Brasil e a bolsa de valores: uma aposta no crescimento chinês
Rodrigo Constantino, Jornal Valor Econômico
O crescimento econômico brasileiro ainda é muito dependente do crescimento econômico chinês, por conta do preço das principais commodities que o país exporta. As empresas brasileiras exportam quase cinco vezes mais hoje do que faziam no começo do governo Lula, e boa parte do aumento se deve aos produtos básicos. Se isso é verdade para a economia como um todo, é ainda mais verdadeiro para o desempenho da bolsa no Brasil. O Ibovespa ainda é muito concentrado em empresas diretamente ligadas ao preço das commodities.
Quase metade do principal índice de ações do país é formada por empresas que dependem das commodities, que são cada vez mais impactadas pela demanda chinesa. A Petrobras e a Vale, sozinhas, representam algo como 25% do Ibovespa. E a China já representa quase a totalidade do crescimento na demanda mundial de petróleo e minério de ferro. Quando comparado ao índice de outros países, o Ibovespa se destaca por essa excessiva concentração em commodities.
O Dow Jones americano, por exemplo, tem menos de 15% em empresas atreladas diretamente ao preço de produtos básicos, patamar semelhante ao do CAC na França. O FTSE inglês já é mais exposto às oscilações das commodities, com quase 30% em empresas que dependem desses produtos. Já o Nikkei no Japão, o Kospi na Coreia do Sul e a bolsa de Taiwan possuem menos de 10% em empresas expostas às flutuações das commodities. São países com elevada participação de empresas de tecnologia.
Mesmo a bolsa chinesa tem baixa exposição a empresas de commodities, cerca de 20% do total. A demanda chinesa é cada vez mais relevante para determinar o preço desses produtos, mas a bolsa de ações na China possui participação maior em setores como o financeiro, por exemplo. É o crescimento chinês que dita o preço das principais commodities, mas é o Ibovespa que acaba dependendo mais de sua flutuação.
Comparando o desempenho do Ibovespa em dólar com o CRB, principal índice de commodities da bolsa de Chicago, verifica-se elevada correlação ao longo do tempo. A correlação semanal desde 2009, por exemplo, está acima de 0,95. A Austrália é outro país que acaba surfando bem esta onda chinesa, apresentando enorme correlação com o Ibovespa.
Com as principais economias desenvolvidas sem crescimento e com taxas de juros próximas de zero, os investidores buscam alternativas para alocação de capital, tentando aproveitar o crescimento ainda acelerado na China. Mas o melhor instrumento para isso nem sempre será o próprio mercado de ações chinês. Por isso o Brasil acaba se destacando como um excelente "China play", uma forma de os investidores internacionais apostarem no crescimento chinês indiretamente.
O problema disso é que o Brasil se tornou mais vulnerável a choques externos, principalmente da economia chinesa. Ninguém sabe ao certo para quanto vai o crescimento chinês. O que parece mais razoável prever é que a atual taxa não é sustentável. Existem claros sinais de espuma no setor imobiliário chinês, e até o mercado de trabalho começa a apresentar alguns problemas, pressionando os salários para cima. A inflação tem sido uma ameaça constante na China. Se o governo não for capaz de contê-la com medidas administrativas apenas, a economia poderá sofrer um baque. Não dá para descartar a hipótese de queda mais acentuada no crescimento chinês. E se isso acontecer, tanto a economia brasileira como o Ibovespa serão duramente afetados.
O ideal seria o governo brasileiro fazer as reformas estruturais para criar um dinamismo interno mais independente em nossa economia. Com a reforma previdenciária desarmando parcialmente a bomba-relógio do rombo na previdência, a reforma tributária reduzindo e simplificando os impostos, a reforma trabalhista flexibilizando o mercado de trabalho e a reforma política descentralizando o poder e oferecendo maior racionalidade à política nacional, a economia poderia decolar de forma sustentável.
Infelizmente, nenhum dos grandes partidos abraçou esta bandeira de reformas e, para agravar a situação, o governo Lula tem se mostrado muito irresponsável do ponto de vista fiscal no fim do segundo mandato. Nossa economia acaba extremamente dependente do fator China e do crédito estatal, que não pode continuar neste ritmo sem gerar mais inflação. Os gargalos internos ameaçam nossa recuperação econômica, e o Brasil acaba sendo somente uma aposta no crescimento chinês que, por sua vez, apresenta alguns sinais de esgotamento. Não é um quadro muito animador para investidores de longo prazo.
sábado, junho 19, 2010
Mises: um liberal democrata
Rodrigo Constantino
Boa parte dos membros do Mises Institute atualmente se diz libertária com viés anarquista, ou seja, prega a completa abolição do estado. São seguidores mais de Rothbard e Hoppe que do próprio Mises. O debate entre esses “anarco-capitalistas” e os “minarquistas” é legítimo e, particularmente, eu o considero inconclusivo. Mas creio que seja importante fazer a distinção entre ambos, lembrando que o próprio Mises, cujo nome, afinal de contas, o instituto utiliza, não concordava com a postura revolucionária de seus atuais seguidores.
Uma das principais diferenças diz respeito ao desprezo pela democracia. O instigante livro de Hoppe, Democracy: The God That Failed, conquistou muitos adeptos, que passaram a enxergar a democracia como um verdadeiro câncer contra a liberdade. Mas Mises jamais concordou com esta visão. Ele sempre soube das inúmeras imperfeições da democracia, que não é exatamente louvável por sua capacidade de boas escolhas, mas ainda assim defendeu com unhas e dentes o modelo democrático. O principal motivo era semelhante ao que Karl Popper tinha: a democracia é a forma mais pacífica que conhecemos para eliminar erros e trocar governantes, sem derramamento de sangue.
Popper resumiu bem a questão quando disse que “não somos democratas porque a maioria sempre está certa, mas porque as instituições democráticas, se estão enraizadas em tradições democráticas, são de longe as menos nocivas que conhecemos”. Mises estava de acordo, e defendeu a democracia em diversos livros. Em Liberalism, por exemplo, ele escreveu: “A democracia é aquele forma de constituição política que torna possível a adaptação do governo aos anseios dos governados sem lutas violentas”. Para Mises, que depositava enorme relevância no poder das idéias, somente a democracia poderia garantir a paz no longo prazo.
Em sua obra-prima, Human Action, Mises reforça esta visão em prol da democracia: “Por causa da paz doméstica o liberalismo visa a um governo democrático. Democracia não é, portanto, uma instituição revolucionária. Pelo contrário, ela é o próprio meio para evitar revoluções e guerras civis. Ela fornece um método para o ajuste pacífico do governo à vontade da maioria. [...] Se a maioria da nação está comprometida com princípios frágeis e prefere candidatos sem valor, não há outro remédio além de tentar mudar sua mente, expondo princípios mais razoáveis e recomendando homens melhores. Uma minoria nunca vai ganhar um sucesso duradouro por outros meios”.
Em Socialism, Mises escreve: "A democracia não só não é revolucionária, mas ela pretende extirpar a revolução. O culto da revolução, da derrubada violenta a qualquer preço, que é peculiar ao marxismo, não tem nada a ver com democracia. O Liberalismo, reconhecendo que a realização dos direitos econômicos objetivos do homem pressupõe a paz, e procurando, portanto, eliminar todas as causas de conflitos em casa ou na política externa, deseja a democracia". Ele acrescenta ainda: “O Liberalismo entende que não pode manter-se contra a vontade da maioria”. Logo, um liberal seguidor de Mises irá sempre lutar pelas vias democráticas, buscando persuadir a maioria de que o liberalismo é o melhor caminho.
Tampouco era Mises um anarquista com o objetivo de eliminar o governo. Longe disso! Toda a essência de sua filosofia política passa bem distante desta bandeira típica dos libertários mais radicais. Em todos os seus livros ele reconhece um importante papel para o governo. Em Bureaucracy, por exemplo, ele sustenta que a polícia deve ser uma clara função do estado. Mises escreve: "A defesa da segurança de uma nação e da civilização contra a agressão por parte de ambos os inimigos estrangeiros e bandidos domésticos é o primeiro dever de qualquer governo”.
Em Liberalism, Mises é ainda mais direto: “Chamamos o aparato social de compulsão e coerção que induz as pessoas a respeitar as regras da vida em sociedade, o estado; as regras segundo as quais o estado procede, lei; e os órgãos com a responsabilidade de administrar o aparato de compulsão, governo”. E, caso não tenha ficado claro, ele enfatiza: “Para o liberal, o estado é uma necessidade absoluta, uma vez que as tarefas mais importantes são sua incumbência: a proteção não só da propriedade privada, mas também da paz, pois na ausência da última os benefícios completos da propriedade privada não podem ser aproveitados”.
Mises ataca diretamente os anarquistas, fazendo questão de separá-los dos liberais: “Liberalismo não é anarquismo, nem tem absolutamente nada a ver com anarquismo. O liberal entende claramente que, sem recorrer à compulsão, a existência da sociedade estaria ameaçada e que, por trás das regras de conduta cuja observância é necessária para assegurar a cooperação humana pacífica, deve estar a ameaça da força, se todo edifício da sociedade não deve ficar continuamente à mercê de qualquer um de seus membros. É preciso estar em uma posição para obrigar a pessoa que não respeita a vida, a saúde, a liberdade pessoal ou a propriedade privada dos outros a aceitar as regras da vida em sociedade. Esta é a função que a doutrina liberal atribui ao estado: a proteção da propriedade, liberdade e paz”.
Portanto, está muito claro que Mises discordava dos meios anárquicos para se preservar a propriedade e a paz, e considerava o estado fundamental para exercer estas funções. Para Mises, “o anarquista está enganado ao supor que todos, sem exceção, estarão dispostos a respeitar estas regras voluntariamente”. Segundo ele, “o anarquismo ignora a verdadeira natureza do homem”, e seria praticável “apenas em um mundo de anjos e santos”.
Nenhum defensor da liberdade precisa concordar com tudo que Mises defendeu. O debate é legítimo, sempre. E, de fato, Mises não teve acesso a todos os argumentos desenvolvidos depois por seus seguidores anarco-capitalistas. Mas tais pontos, como a democracia e o monopólio das leis pelo estado, não eram detalhes do pensamento político de Mises; eram parte de sua própria essência! Portanto, seus seguidores, ao menos no nome, devem respeito a estas idéias. Especular que o pensamento de Mises teria “evoluído” hoje na direção anarquista é puro exercício de adivinhação. Mises conhecia os pilares da anarquia, mas os rejeitava veementemente. E precisamos nos ater aos fatos: Mises era um liberal democrata. Que o Mises Institute tenha sempre isso em mente, ou então mude o nome para Hoppe Institute.
sexta-feira, junho 18, 2010
A Morte de Saramago
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Morreu aos 87 anos o escritor português José Saramago, prêmio Nobel de literatura. Saramago foi defensor do socialismo a vida toda, como ocorre com muitos intelectuais. Vários pensadores liberais já tentaram explicar esta atração que intelectuais sentem pela utopia socialista. Em Mente Cativa, outro prêmio Nobel de literatura, Czeslaw Milosz, descreve como foi a vida dos intelectuais na prática sob o regime que eles costumam defender de longe. O “socialismo real” é incompatível com o livre pensar, com a criação artística genuína. O intelectual se transforma numa máquina de proselitismo, num simples instrumento do partido.
Milosz cita o exemplo de Pablo Neruda para mostrar como bons poetas acabam escrevendo sobre aquilo que não conhecem. O exemplo poderia ter sido Saramago também. Em sua defesa, vale lembrar que ele rompeu com o regime cubano em 2003, após Fidel Castro mandar fuzilar três pessoas sem antecedentes, em julgamento sumário, pelo “crime” de tentar fugir da ilha-presídio. À época, o escritor disse: “Cuba não ganhou nenhuma batalha heróica com o fuzilamento desses três homens, mas sim perdeu minha confiança, destruiu minhas esperanças e decepcionou minhas ilusões”. Até então, Saramago era um entusiasta do regime e amigo do ditador. Um “pouco” tarde para descobrir a realidade por trás da retórica humanitária do sistema socialista!
Mas, como diz o ditado, antes tarde do que nunca. Esta declaração de Saramago ajuda a limpar um pouco sua imagem e seu legado. O poeta Ferreira Gullar, que fora um defensor do socialismo também, vem fazendo um admirável esforço de mea culpa, reconhecendo os erros do passado e o perigo do socialismo. Seria ótimo se cada vez mais intelectuais, escritores, poetas e pensadores de forma geral acordassem para o que é o socialismo na prática. Afinal, o que mais se vê por aí é intelectual esquizofrênico, do tipo que ama o socialismo, mas bem de longe. Foi Roberto Campos quem descreveu com perfeição este fenômeno:
“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola...”
Seitas Fechadas
Rodrigo Constantino
“A mente é como um para-queda: ela só é boa quando está aberta”. (Richard Driehaus)
Uma das posturas mais comuns entre os homens é a tendência de separar os indivíduos em dois grupos distintos, de forma bastante maniqueísta. Trata-se de um típico traço tribal, que encara o mundo como uma batalha entre clãs, o antigo “nós contra eles”. De um lado ficam os puros, os que enxergaram a Verdade, os que lutam pelo Bem, enquanto do outro lado estão todos os inimigos destes fins nobres, os cegos, os infiéis, os hereges. As seitas religiosas são exemplos claros disto. As ideologias que partem para sistemas fechados também.
Em Mente Cativa, Czeslaw Milosz faz um profundo relato da destruição da mente independente sob o comunismo, que o autor viveu na pele na Polônia. Para ele, o partido comunista aprendeu com a Igreja Católica a sábia lição de que pessoas que freqüentam um “clube” se submetem a um ritmo coletivo e, assim, “começam a sentir que é absurdo pensar diferentemente do coletivo”. A fé nas crenças do grupo seria mais uma questão de sugestão coletiva do que de convicção individual. Eis o que Milosz relata sobre o assunto:
“O coletivo é composto de unidades que duvidam, mas como esses indivíduos pronunciam as frases e cantam as canções ritualísticas, criam uma aura coletiva à qual eles, por sua vez, se rendem. Apesar de seu apelo aparente à razão, a atividade do ‘clube’ surge sob o titulo de mágica coletiva. O racionalismo da doutrina funde-se à feitiçaria e ambos se fortalecem. A discussão livre é, obviamente, eliminada. Se o que a doutrina proclama é tão verdadeiro quanto o fato de dois vezes dois ser igual a quatro, tolerar a opinião de que duas vezes dois é igual a cinco seria indecente”.
O que parece comum a estas seitas é uma sensação de superioridade moral que desperta em seus membros. Somente eles compreenderam o sentido da vida, conhecem o destino da história, e encontraram as respostas para os complexos temas que afligem os homens desde sempre. Somente eles lutam pela liberdade! Cria-se um sentimento de que tudo é compreensível e explicável. Milosz explica: “É como um sistema de pontes construídas sobre precipícios. É proibido olhar para baixo, mas isso, oh, meus Deus, não muda o fato de que existem”.
Além desta típica arrogância, as seitas fechadas costumam apelar para um extremo simplismo também: “Séculos de história humana, com suas milhares e milhares de questões minuciosas, são reduzidos a algumas, a maior parte termos generalizados. Sem dúvida, o indivíduo aproxima-se mais da verdade ao ver a história como a expressão da luta de classes em vez de uma série de questões privadas entre reis e nobres. Contudo, precisamente porque tal análise da história se aproxima mais da verdade, ela é mais perigosa. Dá a ilusão do conhecimento pleno; fornece respostas a todas as perguntas, perguntas que meramente andavam em círculos repetindo poucas fórmulas”.
Outro fator presente será o fanatismo. Qualquer desvio em algumas premissas pode alterar substancialmente os resultados, criando-se uma nova seita. Como diz Milosz: “O inimigo, de forma potencial, sempre estará presente; o único aliado será o homem que aceitar a doutrina 100%. Se ele aceitá-la apenas 99%, necessariamente deverá ser considerado um inimigo, pois do 1% remanescente pode surgir uma nova Igreja”. Isso explica porque Stalin criou a brilhante tática de rotular todas as idéias inconvenientes aos seus objetivos de “fascismo”. Socialistas alinhados a Moscou eram socialistas, enquanto qualquer outro grupo desleal era chamado de “fascista”. Basta lembrar que Leon Trotsky foi marcado para morrer como inimigo do povo, supostamente por organizar um “golpe fascista”.
No Brasil, muitos seguidores da esquerda radical apelam para a mesma tática. Todo aquele que não aceita integralmente as crenças do grupo é chamado de “neoliberal” ou mesmo “fascista”, como se ambas as doutrinas tão contraditórias fossem, no fundo, sinônimo. Basta não aderir a alguns pontos do programa para ser um “deles”. É desta forma que os esquerdistas mais radicais do PT chamam os esquerdistas mais civilizados do PSDB de “neoliberais”, ignorando que o PSDB está longe de ser um partido realmente liberal. Como disse Irving Babbitt, "o sofista e o demagogo florescem numa atmosfera de definições vagas e imprecisas”.
Infelizmente, isto não é monopólio da esquerda. Alguns libertários mais radicais, como certos anarco-capitalistas, gostam de abusar da mesma tática. Para estes, somente seu “clube” defende de verdade a liberdade, enquanto todos os demais são chamados de “socialistas” ou “fascistas”. Se alguém defende a proibição de fumar em locais públicos, por exemplo, é logo tachado de “fascista” por estes libertários “puros”. Mas ao fazer isso, eles estão tornando o termo desprovido de sentido real. Juntar no mesmo saco os seguidores de Mussolini e alguém que simplesmente defende a proibição do cigarro em locais públicos é desprezar o horror fascista. Da mesma forma, chamar tanto Marx como Hayek de “socialistas” é acabar com qualquer valor que tal conceito possa ter.
Rótulos e conceitos são perigosos. Eles servem para simplificar e facilitar a nossa compreensão, mas como toda simplificação, apresentam riscos de deturpar mais do que clarear os debates. Para um conceito fazer sentido, ele deve ser capaz de unir as semelhanças relevantes, mas também separar as diferenças importantes. Chamar qualquer um que não seja um anarquista de “socialista” é apenas confundir a mente das pessoas. As inúmeras diferenças das ideologias não cabem nesta divisão simplista e maniqueísta, típica de uma seita fechada.
Por isso existem socialistas, comunistas, social-democratas, conservadores, liberais, libertários, anarquistas coletivistas, anarquistas individualistas, etc. E mesmo assim, tais rótulos são bastante imprecisos e limitados, pois poderiam ser desmembrados e ficar mais específicos ainda, de acordo com importantes diferenças dentro de cada grupo. A complexidade do mundo real não se encaixa nas definições rudimentares destas seitas. É preciso abrir a mente como se ela fosse um para-queda. Afinal, o sistema fechado pode estar construído sobre o precipício, e a qualquer momento alguém pode cair.
quinta-feira, junho 17, 2010
O Demagogo Sortudo
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O presidente Lula, não satisfeito em aprovar o reajuste de 7,7% dos aposentados, sancionou aumentos que chegam a 38% para servidores da Câmara. Na reta final de seu segundo mandato, em ano eleitoral, o presidente abriu as torneiras da gastança pública. Seu principal objetivo, declarado pelo próprio, é eleger sua candidata, custe o que custar. E como custa caro para o povo brasileiro tanta demagogia!
"A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações", disse Winston Churchill. Lula passa mais longe de ser um estadista do que Fernandinho Beira-Mar de ser um respeitador das leis. O populismo de Lula, que já era enorme antes, alcançou níveis alarmantes no final de sua gestão, tudo para eleger seu “poste”.
Como admirador da capacidade de síntese, não posso deixar de mencionar o título da coluna de hoje de Carlos Alberto Sardenberg em O Globo: Lula = FHC + China. Como principal mérito, Lula não estragou as conquistas macroeconômicas de FHC. O restante veio com a sorte: a demanda chinesa fez o crescimento dos países emergentes, que exportam commodities, decolar. Aproveitando essa onda positiva, o presidente Lula tem expandido os gastos públicos de forma irresponsável e insustentável. A conta ele deixa para as próximas gerações, como fazem todos os demagogos.
terça-feira, junho 15, 2010
Vaidade sem limites
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O presidente Lula não encontra limites para sua vaidade e seu delírio de grandeza. Do alto de sua enorme popularidade, ele dispara comentários absurdos que permanecem impunes na República das Bananas. Sua mais recente demonstração de megalomania foi a afirmação de que Dilma era apenas seu novo nome na cédula eletrônica, para preencher o “vazio” deixado pela sua ausência entre os candidatos. Que Dilma é apenas um “poste” criado por Lula para se manter no poder, muitos já sabiam. Mas que o próprio presidente faria esta confissão, constatando a insignificância de sua criatura, isso foi uma surpresa.
O editorial do Estadão hoje (O criador e a criatura) bate justamente neste ponto, e merece ser lido com atenção. Outro artigo recomendável hoje é o de Miriam Leitão (Erro repetido), lembrando que o presidente Lula passa longe de ser um estadista que governa para todos. Lula é um político em eterna campanha, ignorando suas funções de chefe do Estado, e ainda por cima ignorando as leis eleitorais do país.
Lula é “o flagrante mais explícito da mistura entre partido e governo”, resume a colunista. Ela compara a situação atual do país, em que o presidente prefere atacar a oposição quando seu próprio partido cria dossiês ilegais, com o caso Watergate, que derrubou o presidente Nixon nos Estados Unidos. O uso do aparato estatal para fins partidários é um grave crime. Infelizmente, o presidente Lula se coloca acima das leis, e estimula o avanço de práticas nefastas que corroem a democracia.
Luís XIV, o “Rei-Sol” da França, teria dito “o Estado sou eu”. Luís Inácio, o “molusco tupiniquim”, parece pensar o mesmo. Hoje, seus arroubos de vaidade parecem blindados por sua popularidade. Mas não custa lembrar: Hitler e Mussolini foram bem populares em seus países por algum tempo...
Órfãos Políticos
Rodrigo Constantino, O GLOBO
“Os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas são criadas pela diligência dos indivíduos e não pela clarividência do Estado.” (Roberto Campos)
A política nacional vem sendo dominada por agendas que delegam ao governo um escopo cada vez maior. O governo é visto como a locomotiva do crescimento e agente da “justiça social”. Entre alguns efeitos indesejados disso, temos a crescente perda das liberdades individuais, resultado da concentração cada vez maior de poder no Estado. Outro grave problema é que os pilares deste crescimento econômico são insustentáveis, pois dependem de estímulos artificiais do próprio governo.
Não temos nenhum grande partido pregando as reformas liberais que trariam o poder novamente para o cidadão e reduziriam os riscos de crises à frente, nos moldes observados na Europa atualmente. Os gargalos de sempre começam a aparecer, pressionando a inflação, e não há candidato defendendo as mudanças necessárias para colocar o país numa trajetória sustentável de longo prazo. Corremos o risco de ver apenas mais um “vôo de galinha”.
Algumas conquistas foram obtidas durante o governo FHC e mantidas por Lula. Tivemos a flexibilização do câmbio (ainda que forçada pelo mercado), a autonomia do Banco Central (apesar de sua independência ainda não institucionalizada), a Lei de Responsabilidade Fiscal (ignorada impunemente por alguns) e importantes privatizações. Mas falta um longo caminho ainda, sem falar de alguns claros sinais de retrocesso no fim do governo Lula. A dívida pública bruta tem crescido muito, o crédito estatal está sendo expandido de forma muito acelerada, algumas estatais foram ressuscitadas e houve um inchaço dos gastos do governo.
Nem os tucanos, nem os petistas fizeram as reformas estruturais (previdenciária, tributária, trabalhista e política). Qual partido terá coragem de lidar com a preocupante realidade do rombo previdenciário, uma verdadeira bomba-relógio que precisa ser desarmada antes que a demografia torne a situação ainda mais explosiva? Que partido vai atacar o manicômio tributário deste país, com dezenas de impostos que incidem em cascata em todos os produtos? Quem vai comprar briga com as máfias sindicais que impedem as urgentes mudanças das leis trabalhistas, que concentram privilégios à custa dos trabalhadores informais e desempregados? Quem vai defender o voto facultativo e distrital, a descentralização do poder, demasiadamente concentrado em Brasília? Quem ousa mexer nos privilégios dos funcionários públicos?
Existem alguns fatores comuns aos países mais prósperos, entre eles: império das leis e ampla liberdade econômica. Uma sólida república democrática com limites bem definidos do poder Executivo costuma ajudar bastante. A iniciativa privada precisa de liberdade e segurança para investir e produzir riqueza e empregos. A livre concorrência é fundamental para garantir o processo dinâmico de “destruição criadora” capitalista, que permite a constante evolução da economia.
No mundo globalizado, a competitividade das empresas é fundamental para o sucesso econômico de longo prazo. No Brasil, as leis conspiram contra o empresário, com elevada carga tributária (apesar de o presidente Lula não achar que pagamos muito imposto), inúmeros encargos trabalhistas, insegurança e morosidade jurídica, burocracia asfixiante, etc. Leva mais de quatro meses para abrir uma empresa no Brasil, contra menos de uma semana na Nova Zelândia, na Austrália ou no Canadá. Se for um produtor rural ainda conta com o risco de invasões dos criminosos do MST, financiados pelo próprio governo, que deveria ser o guardião da propriedade privada.
O sucesso econômico do país depende da retirada de vários obstáculos criados pelo governo. Resta saber quem vai defender esta agenda no país, infelizmente dominado pela mentalidade retrógrada do “desenvolvimentismo” e do planejamento central. O caminho do dirigismo estatal na economia já foi testado e seu resultado é conhecido. Ele sempre gera mais desigualdade, ineficiência, corrupção e miséria, após a fase inicial de prosperidade ilusória. Thomas Sowell resumiu bem: “O fato mais fundamental sobre as idéias da esquerda é que elas não funcionam”.
Precisamos de menos governo e mais liberdade. No momento, aqueles que defendem este caminho são órfãos de representantes na política brasileira. Que isto possa mudar a tempo de evitarmos a tragédia grega – ou pior, a desgraça venezuelana, sob o comando do caudilho Chávez. É sempre melhor prevenir que remediar.
“Os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas são criadas pela diligência dos indivíduos e não pela clarividência do Estado.” (Roberto Campos)
A política nacional vem sendo dominada por agendas que delegam ao governo um escopo cada vez maior. O governo é visto como a locomotiva do crescimento e agente da “justiça social”. Entre alguns efeitos indesejados disso, temos a crescente perda das liberdades individuais, resultado da concentração cada vez maior de poder no Estado. Outro grave problema é que os pilares deste crescimento econômico são insustentáveis, pois dependem de estímulos artificiais do próprio governo.
Não temos nenhum grande partido pregando as reformas liberais que trariam o poder novamente para o cidadão e reduziriam os riscos de crises à frente, nos moldes observados na Europa atualmente. Os gargalos de sempre começam a aparecer, pressionando a inflação, e não há candidato defendendo as mudanças necessárias para colocar o país numa trajetória sustentável de longo prazo. Corremos o risco de ver apenas mais um “vôo de galinha”.
Algumas conquistas foram obtidas durante o governo FHC e mantidas por Lula. Tivemos a flexibilização do câmbio (ainda que forçada pelo mercado), a autonomia do Banco Central (apesar de sua independência ainda não institucionalizada), a Lei de Responsabilidade Fiscal (ignorada impunemente por alguns) e importantes privatizações. Mas falta um longo caminho ainda, sem falar de alguns claros sinais de retrocesso no fim do governo Lula. A dívida pública bruta tem crescido muito, o crédito estatal está sendo expandido de forma muito acelerada, algumas estatais foram ressuscitadas e houve um inchaço dos gastos do governo.
Nem os tucanos, nem os petistas fizeram as reformas estruturais (previdenciária, tributária, trabalhista e política). Qual partido terá coragem de lidar com a preocupante realidade do rombo previdenciário, uma verdadeira bomba-relógio que precisa ser desarmada antes que a demografia torne a situação ainda mais explosiva? Que partido vai atacar o manicômio tributário deste país, com dezenas de impostos que incidem em cascata em todos os produtos? Quem vai comprar briga com as máfias sindicais que impedem as urgentes mudanças das leis trabalhistas, que concentram privilégios à custa dos trabalhadores informais e desempregados? Quem vai defender o voto facultativo e distrital, a descentralização do poder, demasiadamente concentrado em Brasília? Quem ousa mexer nos privilégios dos funcionários públicos?
Existem alguns fatores comuns aos países mais prósperos, entre eles: império das leis e ampla liberdade econômica. Uma sólida república democrática com limites bem definidos do poder Executivo costuma ajudar bastante. A iniciativa privada precisa de liberdade e segurança para investir e produzir riqueza e empregos. A livre concorrência é fundamental para garantir o processo dinâmico de “destruição criadora” capitalista, que permite a constante evolução da economia.
No mundo globalizado, a competitividade das empresas é fundamental para o sucesso econômico de longo prazo. No Brasil, as leis conspiram contra o empresário, com elevada carga tributária (apesar de o presidente Lula não achar que pagamos muito imposto), inúmeros encargos trabalhistas, insegurança e morosidade jurídica, burocracia asfixiante, etc. Leva mais de quatro meses para abrir uma empresa no Brasil, contra menos de uma semana na Nova Zelândia, na Austrália ou no Canadá. Se for um produtor rural ainda conta com o risco de invasões dos criminosos do MST, financiados pelo próprio governo, que deveria ser o guardião da propriedade privada.
O sucesso econômico do país depende da retirada de vários obstáculos criados pelo governo. Resta saber quem vai defender esta agenda no país, infelizmente dominado pela mentalidade retrógrada do “desenvolvimentismo” e do planejamento central. O caminho do dirigismo estatal na economia já foi testado e seu resultado é conhecido. Ele sempre gera mais desigualdade, ineficiência, corrupção e miséria, após a fase inicial de prosperidade ilusória. Thomas Sowell resumiu bem: “O fato mais fundamental sobre as idéias da esquerda é que elas não funcionam”.
Precisamos de menos governo e mais liberdade. No momento, aqueles que defendem este caminho são órfãos de representantes na política brasileira. Que isto possa mudar a tempo de evitarmos a tragédia grega – ou pior, a desgraça venezuelana, sob o comando do caudilho Chávez. É sempre melhor prevenir que remediar.
sábado, junho 12, 2010
O despertar de Ferreira Gullar
Tenho lido os últimos artigos do poeta Ferreira Gullar, ex-comunista típico, e reconheço que ele mudou muito. Seus lúcidos artigos têm batido forte na demagogia do governo Lula, e na esquerda de forma geral. Antes tarde do que nunca! Gullar é a prova viva de que todos podem acordar um dia!
Seguem trechos de sua entrevista para a revista Dicta&Contradicta:
Engajamento
Quando escrevi romances de cordel na época da ditadura, queria fazer mais subversão do que arte. Estava usando a minha poesia para fazer política. A preocupação principal era levar as pessoas a ter consciência dos problemas sociais, como a reforma agrária, as favelas, a desigualdade. Não havia uma preocupação estética. (...) Lembro-me de quando fomos, com o Centro Popular de Cultura, à favela da Praia do Pinto, para fazer um espetáculo, um auto antiamericano, anti-imperialista. Quando chegamos lá, todos os adultos foram embora, ficaram só as crianças ouvindo o Vianinha (o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho) berrar contra o imperialismo. Olhava aquilo e ficava pensando: "O que é isso? Pregando o anti-imperialismo para menino de 5 anos na favela da Praia do Pinto?". Isso foi a um mês do golpe de 1964. Comecei a perceber que a ideia de fazer arte com baixa qualidade só para atingir o povo era falsa.
Enganos da esquerda
Vivi a experiência da União Soviética, em Moscou, e depois vivi o drama e a derrota do (presidente) Allende no Chile – eu estava lá quando ele foi derrubado. Tudo isso me levou a ter uma visão crítica em relação à revolução, em relação às coisas em que nós acreditávamos, aos procedimentos que adotávamos. Aprendi que a coisa era muito mais complexa do que imaginávamos. Sonhávamos em chegar ao poder – e então chegamos ao poder no Chile, com Salvador Allende. E aí? O que aconteceu? Houve uma grande confusão: as esquerdas não se entendiam. Os radicais queriam obrigar Allende a fazer o que não podia ser feito – o que ele sabia que não podia fazer, porque seria derrubado. No fim, foi a própria esquerda que causou a queda de Allende. Aquilo me deixou arrasado. Sacrifiquei minha vida, meus filhos, para me meter numa confusão dessas.
Comunismo
Um professor meu de economia política marxista lá em Moscou me disse o seguinte: "Você sabe quanto tempo levou para que em Paris houvesse, todo dia, às 8 da manhã, croissant para todo mundo, leite para todo mundo, pão para todo mundo, café para todo mundo, e tudo saindo na hora? Alguns séculos". A revolução desmonta uma coisa que os séculos criaram. Agora, o Partido resolve, e não vai ter café, não vai ter pão, leite, nada. Resultado? Trinta anos de fome na União Soviética. Você desmonta a vida! E havia outra porção de erros: afirmavam que quem faz a riqueza é o trabalhador. Mentira! O trabalhador também faz isso, mas, se não existe um Henry Ford, não existe a fábrica de automóvel e não vai ter emprego para você. Nem todo mundo pode ser Bill Gates, nem todo mundo pode inventar uma coisa. Marx está correto quando critica o capitalismo selvagem do século XIX. Quando propõe a sociedade futura, está completamente errado.
Comparem esta mea culpa corajosa do Gullar com a postura de Dilma Rousseff, que afirmou no final da entrevista à Veja desta semana: "Eu mudei com o Brasil, mas jamais mudei de lado".
Pois é. Dilma jamais mudou de lado! Ou seja, ela continua lutando ao lado... dos comunistas! Fidel Castro continua sendo um ídolo para ela. E ainda tem gente que vai votar nisso...
sexta-feira, junho 11, 2010
A Pátria de Chuteiras
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Começa hoje a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Não sei se é apenas impressão minha, mas poucas vezes vi tão pouca empolgação popular com uma Copa do Mundo no país do futebol. E isso a despeito da excessiva propaganda nos meios de comunicação. Somos bombardeados incessantemente com notícias e reportagens sobre a Copa, mas nada disso parece surtir o efeito desejado. Não tenho a explicação para o fenômeno, se é que ele está corretamente observado. Mas gostaria de propor uma hipótese, talvez influenciada por meu desejo de crer nela: o público está saturado de tanto ufanismo!
Nunca antes na história deste país se viu tanta mistura entre nacionalismo e futebol. Desde o ditador Geisel não acontecia de a seleção brasileira desviar seu percurso para beijar a mão do líder máximo da nação. O discurso do técnico Dunga no anúncio da escalação foi um show de nacionalismo barato. O povo quer ver futebol, de preferência com craques fazendo arte, mas não deseja ver populistas e demagogos se aproveitando desta paixão nacional. Ao menos eu penso assim, e mais alguns amigos que vejo revoltados com esta postura. Será otimismo excessivo de minha parte estender isso para boa parte da população?
Em 1548, Étienne de La Boétie escreveu seu Discurso Sobre a Servidão Voluntária, onde sustenta a tese de que o povo acaba sendo escravo por opção. Ele diz: “Os teatros, jogos, farsas, espetáculos, lutas de gladiadores, animais estranhos, medalhas, quadros e outros tipos de drogas, eram para os povos antigos os atrativos da servidão, o preço da liberdade, as ferramentas da tirania”. Em resumo, o velho “pão e circo”. Troca-se o Coliseu pela Copa, e tudo continua o mesmo. “Assim, os povos, enlouquecidos, achavam belos esses passatempos, entretidos por um vão prazer, que lhes passava diante dos olhos, e acostumavam-se a servir como tolos”, lamenta o autor. Será que alguns estão finalmente acordando, graças aos exageros do nosso presidente? Sonhar é bom...
quinta-feira, junho 10, 2010
Torre de Marfim
Rodrigo Constantino
“Muitos problemas não são resolvidos; eles são substituídos por outras preocupações.” (Thomas Sowell)
Vários intelectuais gostam de criar modelos utópicos desvinculados da complexidade do mundo real. Usa-se a expressão “torre de marfim” para designar esta postura, bastante comum nos comunistas. Infelizmente, isso não é monopólio da esquerda coletivista. Alguns libertários parecem viver justamente neste mesmo local confortável, onde dilemas éticos são freqüentemente ignorados em troca de uma visão bastante simplista das relações humanas e do conceito de justiça.
Para aqueles que vivem nesta torre, tudo parece mais simples. Ocorre uma espécie de monopólio dos fins, onde somente os adeptos de determinada seita defendem a liberdade e a paz. Os demais são todos inimigos, e não é preciso entrar em detalhes sobre os meios mais adequados para se preservar a tal liberdade e a paz. Este é o típico pensamento tribal, de “nós contra eles”, que não aceita concessões nem falhas. Como as religiões, estas ideologias respondem tudo, consolando contra as angústias inevitáveis de uma vida imperfeita. Normalmente, elas conquistam mais pelo regozijo que despertam em seus membros, pela sensação de superioridade moral, do que pelos resultados concretos que entregam. Devido ao excessivo idealismo, costumam conquistar os mais jovens, em busca de uma solução completa para os problemas do mundo.
Para estes libertários utópicos, o estado representa a fonte de todos os males e, portanto, a solução para nossos problemas está na dissolução do estado e na privatização de absolutamente tudo, incluindo leis e segurança. Trata-se de uma visão tentadora, mas, infelizmente, bastante ingênua em relação à natureza humana. Algo análogo aos herdeiros de Rousseau, que viam na propriedade privada a fonte de todos os males, partindo da premissa tola de que antes éramos “bons selvagens”.
Colocar a culpa de todos os males no estado, como se ele fosse algo totalmente à parte da sociedade, significa ignorar que são sempre seres humanos que agem, e todo estado, especialmente aqueles sob democracias, dependem do aval da maioria para sobreviver. Quando Jesus é crucificado e Barrabás é libertado, não é o estado romano que comete tal injustiça apenas, mas sim o próprio povo, cuja pressão levou a esta decisão. Para efeitos retóricos, separar os indivíduos em duas classes – exploradores e explorados – faz sentido, como Marx sabia; mas, na prática, dificilmente será fácil alocar indivíduos de forma tão maniqueísta. A maioria está em algum lugar no meio do caminho, pagando pesados impostos, mas também consumindo muitos bens públicos. O estado tampouco é algo monolítico, uma entidade estanque com um mesmo grupo de gente no comando. Ele sofre a influência de inúmeros grupos de interesse, além da opinião popular. Os libertários devem lembrar que Ron Paul, por exemplo, faz parte do estado americano.
A própria idéia de que existe uma solução para os conflitos humanos é demasiadamente otimista. Como diz Thomas Sowell na frase da epígrafe, a maioria dos problemas é apenas substituída por outros, talvez menores. O que existe no mundo real são trocas (trade-offs), alternativas imperfeitas, onde cedemos algo para preservar outra coisa mais valiosa. Viver em sociedade tem inúmeros benefícios, mas eles cobram seu custo. Imaginar um modelo de sociedade onde há somente trocas voluntárias o tempo todo entre os indivíduos, sendo o homem o que é, parece um belo sonho, porém, irrealista. Como Freud escreveu em O Mal-Estar na Cultura, “as duas aspirações, a de felicidade individual e a de integração humana, têm de lutar entre si em cada indivíduo; é assim que os dois processos de desenvolvimento, o individual e o cultural, têm de se hostilizar mutuamente e disputar o terreno um do outro”.
Uma característica comum aos utópicos é uma ilimitada crença na razão humana. Com base em um princípio, como o da não-iniciação de agressão, todo um sistema de sociedade justa é definido. Se ao menos fosse tão fácil assim! Séculos e mais séculos de intensos debates filosóficos, os mais sábios dos sábios discordando entre si, apresentando visões distintas sobre justiça, e eis que tudo isso está resolvido: basta aplicar sempre o princípio absoluto de não-iniciação de agressão! Infindáveis casos vêm à mente para testar a praticidade deste valor absoluto no mundo real, demonstrando que abaixo da torre de marfim a situação é sempre mais complicada. Como um exemplo, podemos pensar qual seria a reação justa, legítima, de uma sociedade sob o ataque de invasores. Qualquer reação em forma de guerra, uma guerra justa para a maioria, levaria inevitavelmente à morte de inocentes de ambos os lados. Mas como alguém fanaticamente apegado ao princípio absoluto em questão poderia aceitar tal conseqüência? A partir do momento em que vidas inocentes serão claramente perdidas, a reação se torna ilegítima por este prisma: haveria o início de agressão a quem não iniciou agressão alguma. Como reagir então à ameaça nazista de Hitler? O resultado prático deste “pacifismo” seria, no mundo real, o triunfo da barbárie sobre os inocentes. Como diz David Friedman, “se não estamos dispostos a impor custos sobre os outros para defender a nós mesmos, então há uma política externa libertária – a desistência”.
A razão humana é uma ferramenta fantástica, a mais poderosa que temos. Mas ela é limitada, e seu próprio uso serve para reconhecermos humildemente isto. Somos seres falíveis. Por isso tenho tanta desconfiança de qualquer “sistema fechado”, que julga ter encontrado todas as respostas para as complexas relações entre seres humanos. Como disse Robert Winston em Instinto Humano, “é a nossa capacidade de combinar instinto, emoção e razão que nos possibilita feitos impressionantes”. Sabemos que o que falta num psicopata não é lógica nem coerência, mas outra coisa, como a capacidade de empatia. A lógica é crucial para os humanos, mas não é tudo!
Basta pensar nos mais cabeludos tabus, como o incesto ou a pedofilia. Não há nada lógico que diga que relações incestuosas devem ser proibidas com base no princípio de não-iniciação de agressão. Cachorros não ligam para o incesto! Entretanto, acredito que a imensa maioria das pessoas não aceitaria viver numa sociedade em que pais e filhas casassem à vontade. A pedofilia é ainda mais complicada, pois como definir a idade em que indivíduos podem começar a praticar trocas voluntárias? Um homem que oferece um sorvete para uma menina em troca de sexo oral está praticando uma troca voluntária, mas qualquer um com um mínimo de bom senso iria repudiar esta transação e defender sua proibição legal. Com qual idade o princípio absoluto, já não tão absoluto assim, começa a valer? Há como evitar alguma arbitrariedade aqui?
Acredito que o maior receio dos libertários utópicos seja abrir brechas em seu sistema fechado, e entendo o medo. Inimigos da liberdade individual vão tentar usar estas brechas para criar um rombo nos pilares que sustentam o liberalismo. “Se não é possível saber tudo, então não sabemos nada!”, dirão os mais pérfidos. Mas, em nome da honestidade intelectual, creio que devemos correr este risco, e mostrar que há sim bastante conhecimento objetivo – o que não é sinônimo de certeza absoluta. Como disse um velho judeu da Galícia, “quem quer que diga que está 100% certo é um fanático, um criminoso e o pior tipo de crápula”. A postura mais humilde me parece mais inteligente do ponto de vista utilitarista também, pois acho que brechas ainda maiores na doutrina liberal são abertas atacando a postura dogmática e muitas vezes até bizarra de alguns libertários. Certas bandeiras mais radicais fazem eu questionar se estes revolucionários não são os hippies da “direita”.
Mas quais são então as soluções para os dilemas éticos mais complexos? O monopólio das leis nas mãos do estado garante mais eficiência e justiça que um livre mercado de agências privadas concorrendo em busca do lucro para fornecer leis e segurança? Se o leitor acompanhou atentamente o texto até aqui, já compreendeu que eu não tenho a menor pretensão de saber a resposta. Sei apenas que encaro com profunda desconfiança qualquer um que afirma saber, e que ainda por cima considera tudo muito simples. Utilizo uma vez mais as palavras de Freud para concluir: “Assim, perco o ânimo de me fazer de profeta entre os meus semelhantes, e me curvo à censura que me fazem de que não sei trazer nenhum consolo – pois é isso que todos pedem no fundo, os mais selvagens revolucionários não menos apaixonadamente do que os mais bem-comportados beatos”.
A política de um só instrumento
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Logo após o anúncio da maior taxa de crescimento trimestral do PIB já registrada pelo IBGE, o Banco Central subiu a taxa básica de juros, que passou novamente de 10% ao ano, e deve subir mais. É verdade que parte da explicação para a elevada taxa de crescimento da economia está na base muito baixa de comparação, no auge da “marolinha” que fez a produção no país desabar em 2009. Mas, de fato, a economia parece acelerada demais, dando claros sinais de superaquecimento. Como o BC continua isolado, sem auxílio de uma âncora fiscal para conter o aumento dos preços, o único instrumento para segurar a inflação é a taxa de juros.
O presidente Lula, em mais um de seus delírios megalomaníacos, afirmou que está fazendo como Jesus, multiplicando os pães. Na verdade, o mérito do crescimento não pertence ao governo. Ao contrário, a parte insustentável que gera desconforto é que se deve aos atos irresponsáveis do governo. O crescimento nos setores de construção civil e produção de automóveis e refrigeradores, por exemplo, tem como justificativa a redução dos impostos. Basta o governo parar de drenar um pouco os recursos do setor privado que a economia reage bem. Já o aumento excessivo de crédito estatal e o inchaço dos gastos públicos acendem alertas preocupantes no mercado, pois são insustentáveis e inflacionários.
Falta para uma trajetória sustentável de crescimento mais poupança e, concomitantemente, mais investimentos. A taxa de investimento ainda está abaixo de 20% do PIB, nível muito aquém do necessário. Mas há pouca poupança porque o governo é uma draga de recursos, usados para gastos sociais, custeio da pesada máquina estatal e fartos privilégios. Enquanto o governo não faz as reformas necessárias, não reduz seus gastos correntes e ainda estimula a economia com crédito público, o crescimento “chinês” será temporário, pois a inflação será uma ameaça constante. E o único instrumento para atacar o problema será a taxa de juros.
Os “desenvolvimentistas” gostam de acreditar que basta o governo pisar fundo no acelerador que tudo ficará bem. A boa teoria econômica, com várias ilustrações históricas, já mostrou que isto não passa de uma falácia. Uma perigosa falácia!
terça-feira, junho 08, 2010
Ajustes Necessários
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O governo de Angela Merkel anunciou cortes de quase US$ 100 bilhões nos gastos, além da demissão de 15 mil funcionários públicos. A gravidade da situação na Europa não permite mais a farra das cigarras. É chegada a hora de ajustes dolorosos, porém necessários. Trata-se do encontro entre a ilusão do welfare state com a realidade das leis econômicas. Estas medidas anunciadas ainda são tímidas frente ao desafio econômico da região. Os países do euro precisam de reformas que flexibilizem o mercado de trabalho e acendam uma luz no fim do túnel em relação aos gastos explosivos dos governos, principalmente no que tange à previdência social. Isso tudo sem jogar suas economias numa depressão. Resta saber se os líderes serão capazes de encarar tais desafios.
Como David Brooks resumiu no The New York Times, em uma tradução livre: “Se você for eleito presidente ou primeiro-ministro em praticamente qualquer país no mundo desenvolvido de hoje, você se depara com o mesmo conjunto de desafios: reduzir o déficit nacional, sem estancar uma recuperação frágil; aparar o estado de bem-estar social e aumentar os impostos enquanto ainda financia as coisas que levam ao crescimento de longo prazo; tentar aprovar medidas brutalmente dolorosas num momento em que os eleitores não confiam nos seus líderes; fazer isso num momento em que a política está polarizada e uma centena de diferentes grupos de interesse tem a capacidade de bloquear as mudanças. As chances de que os líderes mundiais serão capazes de fazer estas coisas com sucesso estão entre baixas e nulas”.
Os países desenvolvidos vivem momentos delicados, enquanto os emergentes surfam uma onda ainda favorável. No Brasil, a economia cresceu 9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, a maior taxa já registrada no país, segundo o IBGE. Entretanto, alguns pilares deste crescimento acelerado são insustentáveis, pois dependem de estímulos artificiais do governo. Se não desejamos ser amanhã a Grécia de hoje, devemos realizar ajustes enquanto o vento joga a favor. O governo precisa cortar com muito mais determinação seus gastos, demitir pessoal, abandonar o estímulo estatal ao crédito, e fazer as reformas estruturais, com prioridade para a trabalhista, tributária e previdenciária. Ainda há tempo para evitar o pior. O complicado é saber quem vai ser capaz de fazer tais ajustes necessários.
O governo de Angela Merkel anunciou cortes de quase US$ 100 bilhões nos gastos, além da demissão de 15 mil funcionários públicos. A gravidade da situação na Europa não permite mais a farra das cigarras. É chegada a hora de ajustes dolorosos, porém necessários. Trata-se do encontro entre a ilusão do welfare state com a realidade das leis econômicas. Estas medidas anunciadas ainda são tímidas frente ao desafio econômico da região. Os países do euro precisam de reformas que flexibilizem o mercado de trabalho e acendam uma luz no fim do túnel em relação aos gastos explosivos dos governos, principalmente no que tange à previdência social. Isso tudo sem jogar suas economias numa depressão. Resta saber se os líderes serão capazes de encarar tais desafios.
Como David Brooks resumiu no The New York Times, em uma tradução livre: “Se você for eleito presidente ou primeiro-ministro em praticamente qualquer país no mundo desenvolvido de hoje, você se depara com o mesmo conjunto de desafios: reduzir o déficit nacional, sem estancar uma recuperação frágil; aparar o estado de bem-estar social e aumentar os impostos enquanto ainda financia as coisas que levam ao crescimento de longo prazo; tentar aprovar medidas brutalmente dolorosas num momento em que os eleitores não confiam nos seus líderes; fazer isso num momento em que a política está polarizada e uma centena de diferentes grupos de interesse tem a capacidade de bloquear as mudanças. As chances de que os líderes mundiais serão capazes de fazer estas coisas com sucesso estão entre baixas e nulas”.
Os países desenvolvidos vivem momentos delicados, enquanto os emergentes surfam uma onda ainda favorável. No Brasil, a economia cresceu 9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, a maior taxa já registrada no país, segundo o IBGE. Entretanto, alguns pilares deste crescimento acelerado são insustentáveis, pois dependem de estímulos artificiais do governo. Se não desejamos ser amanhã a Grécia de hoje, devemos realizar ajustes enquanto o vento joga a favor. O governo precisa cortar com muito mais determinação seus gastos, demitir pessoal, abandonar o estímulo estatal ao crédito, e fazer as reformas estruturais, com prioridade para a trabalhista, tributária e previdenciária. Ainda há tempo para evitar o pior. O complicado é saber quem vai ser capaz de fazer tais ajustes necessários.
segunda-feira, junho 07, 2010
Coral da Flotilha da Paz - "We Con the World"
Não deixem de ver este vídeo com legenda do coral da flotilha da paz financiado pelo Hamas. Até agora não tinha me pronunciado sobre o caso, até porque condeno em parte a postura exagerada do governo de Israel. Mas isso é bem diferente de enaltecer o outro lado, dos "pacifistas" do Hamas, sem falar das mentiras da imprensa, que mesmo após imagens claras das agressões aos soldados israelenses, ainda insistiam na versão "oficial". O antissemitismo é uma praga!
Uma cultura "apenas" diferente
Deu na The Economist:
"In an attempt to stop child marriages, Saudi Arabia began issuing wedding contracts in which the bride's age must now be given. The move was prompted by cases of girls as young as eight being married off to much older men."
Meninas de 8 aninhos casando?! Para os relativistas culturais de plantão, isso não passa de uma "pequena diferença" cultural. E afirmar o contrário é ser um etnocentrista! Constatar o atraso cultural em diversos países islâmicos é ser um intolerante!
Como disse Thomas Sowell: "No one is more dogmatically insistent on conformity than those who advocate 'diversity'". É a ditadura do "politicamente correto".
Encontro entre ilusão e realidade
Alemanha anuncia plano de cortes de 80 bilhões de euros até 2014
Do G1, com informações da EFE
A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou nesta segunda-feira (7) o mais drástico plano de cortes de gastos na história da Alemanha _considerada a maior economia europeia_ desde a Segunda Guerra Mundial, no valor de 80 bilhões de euros até 2014.
"Temos de assegurar o futuro de nosso país", disse Merkel em entrevista coletiva após dois dias de reunião extraordinária de seu conselho de ministros para detalhar as medidas de economia.
Ainda nesta segunda-feira, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, advertiu que o déficit público do país está em "pior" situação do que se pensava antes e, por isso, o problema afetará o "estilo de vida" de toda a população britânica.
O plano a ser adotado pela Alemanha, que inclui uma economia orçamentária de mais de 11 bilhões de euros para o ano que vem, contempla cortes relevantes para as pastas de Trabalho e Assuntos Sociais, Defesa e Infraestrutura e Construção.
A chanceler Angela Merkel ressaltou que, como se tinha anunciado anteriormente, não serão prejudicados os orçamentos destinados à educação e à pesquisa. Segundo ela, essas áreas inclusive terão aumento de 12 bilhões de euros na presente legislatura.
"Estamos em tempos duros e difíceis. Ainda não podemos nos permitir tudo aquilo que desejamos se quisermos desenhar o futuro", assinalou a chanceler. Apesar da "difícil situação de nosso país", ela disse estar "otimista" e convencida do sucesso caso sejam aplicadas tais medidas.
O vice-chanceler alemão e titular de Exteriores, Guido Westerwelle, comentou na mesma entrevista coletiva que "vivemos nos últimos anos acima de nossas possibilidades" e qualificou o pacote econômico de "ambicioso, amplo e sólido".
O gabinete ministerial sob comando de Merkel acordou também reduzir até 2014 em 10 mil o número de funcionários ministeriais e de outras instituições federais e suspender o previsto aumento em 2011 dos salários de Natal.
[...]
Comento: É chegada a hora de apertar os cintos, cortar a fartura dos parasitas, reduzir privilégios. O welfare state irresponsável finalmente encontra a realidade. Ainda é muito pouco, muito tarde. Os governos quebraram as nações. É tempo de ajustes dolorosos. Será que os atuais líderes mundiais serão capazes de enfrentar os desafios da falência do modelo atual? Eis que a ilusão do paternalismo estatal encontra a realidade das leis econômicas...
Cota na TV a cabo
Recebi da SKY o seguinte alerta:
Atualmente se discute na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 29/07. Este projeto, em seu capítulo V, apresenta propostas que, em nossa opinião, se aprovadas segundo sua redação atual irão impactar diretamente os assinantes de TV por assinatura de todo o país.
Entre as mudanças impostas estarão cotas de conteúdo nacional dentro dos atuais canais internacionais, além de cotas de novos canais nacionais dentro dos atuais pacotes comprados pelos clientes, independentemente de sua reconhecida relevância, seu interesse ou sua escolha.
Por meio da ANCINE - Agencia Nacional do Cinema - será definido o que é ou não “qualificado” para que a sua família assista. Não se trata aqui da programação da sua TV por assinatura que você acha que vale a pena ou não. Também poderá definir o que você deve assistir no horário nobre, já que as cotas vão interferir neste horário de maior audiência.
Que tal “House” às 16:00 ou “Two & a Half Men” à meia noite?
A SKY democraticamente discorda do texto atual do capítulo V deste projeto e entende que isto representa um ataque à sua liberdade de escolha.
Contratos existentes entre canais e operadores serão quebrados, assim como os contratos entre as operadoras como a SKY e todos os assinantes de TV paga do Brasil. O resultado: mensalidades mais caras com conteúdo gerenciado e controlado.
Atualmente se discute na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 29/07. Este projeto, em seu capítulo V, apresenta propostas que, em nossa opinião, se aprovadas segundo sua redação atual irão impactar diretamente os assinantes de TV por assinatura de todo o país.
Entre as mudanças impostas estarão cotas de conteúdo nacional dentro dos atuais canais internacionais, além de cotas de novos canais nacionais dentro dos atuais pacotes comprados pelos clientes, independentemente de sua reconhecida relevância, seu interesse ou sua escolha.
Por meio da ANCINE - Agencia Nacional do Cinema - será definido o que é ou não “qualificado” para que a sua família assista. Não se trata aqui da programação da sua TV por assinatura que você acha que vale a pena ou não. Também poderá definir o que você deve assistir no horário nobre, já que as cotas vão interferir neste horário de maior audiência.
Que tal “House” às 16:00 ou “Two & a Half Men” à meia noite?
A SKY democraticamente discorda do texto atual do capítulo V deste projeto e entende que isto representa um ataque à sua liberdade de escolha.
Contratos existentes entre canais e operadores serão quebrados, assim como os contratos entre as operadoras como a SKY e todos os assinantes de TV paga do Brasil. O resultado: mensalidades mais caras com conteúdo gerenciado e controlado.
domingo, junho 06, 2010
O efeito esmola
Dilma lidera no Norte e Nordeste e Serra, no Sul e Sudeste, mostra Ibope
Petista lidera entre eleitores com renda de 1 a 2 salários mínimos.
Liderança entre eleitores com renda acima de 5 salários é de Serra.
Do G1, em São Paulo
Pesquisa Ibope de intenção de voto para presidente da República aponta que Dilma Rousseff (PT) ganhou espaço entre os eleitores das regiões Norte/Centro Oeste e Nordeste. José Serra (PSDB) manteve a liderança nas regiões Sul e Sudeste. O levantamento foi encomendado pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo".
Em todo o país, a pesquisa apontou Dilma Rousseff e José Serra empatados. Os dois têm 37% das preferências e Marina Silva, 9%. Nove por cento dos entrevistados disseram que votarão em branco, nulo ou em nenhum candidato. Os indecisos somam 8%. O Ibope ouviu 2.002 eleitores em 141 cidades do país entre os últimos dias 31 de maio e 3 de junho. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foi a primeira pesquisa feita pelo Ibope depois da exibição de propagandas políticas do PT e do DEM.
Dilma tem 43% das intenções de voto na região Norte/Centro Oeste, acima dos 34% do último levantamento do Ibope, em abril. Na mesma região, Serra passou de 33% para 31%, enquanto Marina Silva (PV) passou de 16% para 11%.
Na região Nordeste, Dilma passou de 41% em abril para 47%. Serra tem 27% das intenções de voto, ante 33% em abril. Marina passou de 6% para 9%.
Serra manteve a liderança no Sudeste, com 41% das intenções de voto, ante 44% verificados em abril. Dilma aparece em segundo lugar na região, com 33%, acima dos 28% da pesquisa anterior. Marina passou de 9% para 10%.
A liderança também permaneceu com Serra na região Sul, com 46% das intenções de voto, ante 48% do levantamento anterior. Dilma passou de 24% para 26%, enquanto Marina foi de 8% a 6%.
Renda
A pesquisa Ibope também mostrou que a intenção de voto em Dilma é maior entre os eleitores com renda de um a dois salários mínimos, enquanto Serra lidera entre os que ganham mais de cinco salários mínimos.
Entre os eleitores com renda até um salário mínimo, Dilma tem 43% das intenções de voto, enquanto Serra tem 32% e Marina, 5%.
Serra lidera entre os eleitores com renda entre um a dois salários mínimos, com 37% das intenções de voto. Dilma tem 35% das intenções, enquanto Marina tem 9%.
Dilma e Serra aparecem empatados com 38% das intenções de voto entre os eleitores com renda de 2 a 5 salários mínimos. Marina tem 11%.
Entre os eleitores com renda acima de cinco salários mínimos, Serra tem 42% das intenções de voto, enquanto Dilma tem 33%. Marina tem 12%.
Comento: A pesquisa demonstra o óbvio, qual seja, que quanto menor a renda e a escolaridade, maior a probabilidade de votar em Dilma. Analfabeto e humilde, eis o principal alvo que o oportunismo petista tenta seduzir com suas promessas populistas. Como o Norte e o Nordeste concentram mais miséria e ignorância, o PT volta suas energias para estas regiões, com suas crescentes esmolas estatais, chamadas de Bolsa-Família. À medida em que o sujeito avança nos estudos e começa a ganhar melhores salários, aumenta a probabilidade de ele rejeitar a petista. Por que será?
terça-feira, junho 01, 2010
O amigo do rei populista
Deu na Agência Estado:
O cineasta americano Oliver Stone, de 63 anos, e sua equipe foram barrados ontem, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, ao chegar de Los Angeles, nos Estados Unidos. Sem ter o visto brasileiro, eles esperaram cerca de 2h30 para poder entrar no País e o cineasta não chegou a tempo da pré-estreia de seu filme, "Ao Sul da Fronteira", em que ele retrata presidentes sul-americanos - Hugo Chávez, da Venezuela, é a ''estrela''.
Avisado da situação, o produtor Luiz Carlos Barreto, que tem os direitos do filme no Brasil, ligou para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que acionou o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que teria contatado a Polícia Federal. De posse de uma lista de nomes fornecida pelo produtor, a Polícia Federal teria contornado a situação para liberar todos. A delegacia da Polícia Federal em Cumbica recebeu um fax da direção da PF em Brasília com a ordem de conceder o desembarque condicional, por oito dias, ao cineasta e sua equipe.
Comento: Comunista é assim mesmo, não gosta de seguir as regras válidas para todos os outros. Visto? Burocracia? Isso é coisa para os mortais. O comunista "amigo do rei", que vende filmes em defesa de tiranos socialistas para ficar rico (ah, como os comunistas amam o capital!), prefere ignorar as normas e furar a fila. Nada que algumas ligações aos figurões do governo não possam resolver. Já para o povão daquela ilha-presídio que o comunista adora, não tem jeito. Não tem ligação que faça com que o ditador cubano permita a saída da bloqueira Yoani Sánchez, para que ela possa receber os prêmios que lhe deram. Lembram da máxima da "revolução dos bichos"? Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que os outros. Os animais comunistas adoram a diferença que só o poder oferece!
Os Aloprados de Dilma
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
De acordo com reportagem do jornal O Globo hoje, foi abortado pelo comando da campanha presidencial de Dilma, um suposto dossiê petista, cujo alvo principal seria Verônica Serra, filha do candidato tucano, José Serra. Em 2006, petistas já tinham comandado a tentativa de compra de um falso dossiê contra Serra. Os “aloprados”, como o presidente Lula chamou seus companheiros na época, foram pegos com quase R$ 2 milhões em dinheiro vivo para esta finalidade.
Ninguém duvida da notícia, tampouco fica surpreso com este novo escândalo, pois é conhecida a mentalidade dessa gente. A clandestinidade é como um vício para eles. A mentira é um costume corriqueiro. O uso de quaisquer meios para obter seus fins é uma antiga tática comunista. A sede pelo poder é tão grande que vale tudo no jogo sujo da política. Adulterar currículos, usar a imagem de uma atriz como se fosse a candidata, comprar dossiê falso contra o concorrente, praticar terrorismo eleitoral, desrespeitar as leis e realizar campanha antecipada, nada disso é um obstáculo ético para o PT.
A campanha mal começou e já embrulha o estômago das pessoas honestas que restam nesse país. O que será que o PT vai aprontar se Dilma ficar para trás nas pesquisas? O desespero de perder as tetas do Estado pode levar os aloprados a fazer loucuras! Os sindicalistas já se mostram em pânico. O líder do MST já afirmou que a derrota de Dilma seria terrível... para os invasores de terra. Lula, com seu carisma, tinha alguma condição de domar os seus aloprados. Será que Dilma teria a mesma força? Ou será que uma eventual vitória sua seria a tomada definitiva de poder pelos aloprados do PT?