Prezados leitores, terminamos novembro com 80 mil visualizações do blog, repetindo o patamar de outubro. Até que para um hobby a coisa vai ficando séria. Imagina o desespero dos esquerdistas se eu vivesse disso e trabalhasse aqui full time?!
Mas, por sorte deles e como não sou da imprensa golpista chapa-branca, que recebe polpudas verbas do estado para disseminar mentiras pelas redes sociais, preciso ganhar a vida alhures, restando menos tempo para postar aqui.
Aproveito para avisar que o blog está de cara nova, mais limpo e mais fácil de ler, principalmente pelo celular (o fundo branco ajuda).
Sigamos em frente! Obrigado a todos pelo apoio.
Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
sexta-feira, novembro 30, 2012
O mercado dos trinta
Rodrigo
Constantino
O
artigo de Claudia Safatle no jornal Valor Econômico hoje é elucidativo da forma
de pensar deste governo. Segundo a bem informada articulista, o Palácio do
Planalto acredita que “as maiores críticas e desconfianças são fomentadas pelo
mercado financeiro e atribui isso aos interesses contrariados dos banqueiros,
que teriam perdido o ganho fácil da alta taxa de juros que sustentava os
elevados lucros do sistema”. Por isso o mau humor do mercado e os baixos
investimentos no país.
O
“mercado”, em outras palavras, age de má-fé ou sofre de incompreensão por
acreditar que a presidente Dilma é estatizante. Na cabeça da fonte no governo,
Dilma é pragmática e pró-mercado. E o mais importante vem depois, na explicação:
ela é pró-mercado porque escutou Delfim Netto, o Sarney da nossa economia, e se
aproximou da indústria e de grandes empresários. O governo até selecionou um
grupo de 30 grandes empresários para reuniões!
Em
seguida, a fonte dá a entender que políticas cambiais são decididas com base
nas opiniões desses grandes empresários: "O Banco Central entrou no
mercado de câmbio, porque 30 empresários vieram aqui e pediram isso à
presidente". Trata-se de algo da maior importância, se for verdade. Isso
significa que a Fiesp e a Firjan “assumiram” a gestão do governo, fizeram lobby
para mexer artificialmente no preço de nossa moeda em busca de vantagens
pontuais e insustentáveis, e que o governo cedeu. Para o inferno com o preço
livre! Isso é coisa de quem acredita no... mercado!
Outro
exemplo de um “pedido” atendido diz respeito ao pacote de energia recente, que
visa à redução das tarifas na marra, jogando a conta para as estatais. A Fiesp
e a Firjan chegaram a gastar um bom dinheiro para fazer pressão na imprensa,
com anúncios enormes aplaudindo a “presidenta” (quem usa esse termo já se
entrega no ato como puxa-saco, até porque Dilma não deve ter sido uma boa
“estudanta”). A Eletrobrás despencou e perdeu bilhões em valor de mercado.
Resumindo,
Dilma é pró-mercado porque tem Delfim Netto como guru (aquele mesmo lá de trás,
daquelas ideias heterodoxas fantásticas para combater a inflação), acata
pedidos da Fiesp e Firjam com foco no curtíssimo prazo, e se reúne com 30
grandes empresários em uma sala para escutar suas demandas. E o mercado
financeiro não gosta, considera a presidente intervencionista, porque não
compreende as coisas ou deseja a era dos altos juros de volta.
Alguém
precisa explicar para a turma do governo que simbiose entre governo e grandes
empresas não é pró-mercado, e sim pró-negócios grandes. Isso tem até um nome
feio lá fora: capitalismo de compadres. No limite, fascismo também atende,
principalmente quando lembramos que as máfias sindicais participam da farra.
Conceder privilégios para o Eike Batista e para a CUT não é ser pró-mercado nem
aqui, nem na China!
Em
outra reportagem do mesmo jornal, o modelo do governo Dilma fica mais claro:
Tesouro banca 51% dos empréstimos do BNDES. Foram quase R$ 280 bilhões entre
2009 e setembro de 2012, sendo que quase dois terços foram para grandes
empresas. O banco cobra taxas subsidiadas, muitas vezes abaixo da própria
inflação. Um seleto grupelho de uma dezena de grandes empresários mama nas
tetas estatais, e Dilma acha que é pró-mercado assim?
Mercado
é livre concorrência, ausência de privilégios, poucas barreiras à entrada de
novos competidores, direito de propriedade bem definido e segurança jurídica.
As intervenções arbitrárias do governo Dilma não guardam semelhança alguma com
esse modelo. O “desenvolvimentismo” nacionalista de Dilma, sob a influência de
Delfim Netto, da Fiesp e do “grupo dos 30”, representa o oposto de um modelo
pró-mercado.
Ao
que tudo indica, o pessoal do Palácio do Planalto realmente não compreende
isso. E fica depois perplexo porque a reação dos investidores não é aquela
esperada. Insanidade, dizia Einstein, é fazer tudo igual novamente e esperar
resultados diferentes.
A pressão do Felipão
Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
Uma
vez mais apontado como o técnico da nossa seleção, Felipe Scolari entrou de
sola ao declarar que os jogadores têm que aceitar a pressão, caso contrário
deveriam trabalhar no Banco do Brasil. Naturalmente, sua fala incomodou a turma
defensora do estado empresário. Mas ele não mentiu.
Claro
que nem todos os funcionários públicos são acomodados. Tem gente séria
trabalhando em estatais. Mas os raladores de verdade são exceção, não a regra.
E o motivo está no mecanismo de incentivos. Como Felipão bem sabe, o jogador,
para dar o melhor de si, precisa dessa pressão, da punição se jogar mal, e do
bônus se arrebentar.
O
mesmo não ocorre nas estatais. Os funcionários estão cercados de privilégios, e
quase nunca o mérito é utilizado como régua, sendo mais comum o uso de
politicagem na escada hierárquica dessas empresas. Vide os escândalos
infindáveis envolvendo estatais, as indicações apadrinhadas, os favorecimentos
dos compadres.
Mas
nem todos os funcionários públicos podem trabalhar sem pressão. Aqueles da
Receita Federal precisam trabalhar direito para tirar mais recursos da
sociedade e transferi-los aos cofres do governo. Por isso virou manchete, como
de praxe: arrecadação bate novo recorde!
Trabalhamos
mais de um terço do ano só para sustentar o setor público. Como a carga é
escandinava, mas os serviços são africanos, ainda temos que pagar tudo em
dobro: plano de saúde privado, segurança do condomínio, escola particular para
os filhos etc. Como seria bom se os acomodados estivessem na Receita em vez de
no Banco do Brasil...
Para
resolver a ineficiência de nossas estatais, nem a pressão do Felipão dá jeito,
pois ele não teria liberdade para agir com base na meritocracia. Só resta mesmo
uma saída: Privatize Já!
quinta-feira, novembro 29, 2012
Felipão sabe das coisas!
"Se o jogador entrar sem pressão nenhuma, pensando que o objetivo é jogar a Copa, não pode ser assim. Fui jogador do interior. Eu era bom. O pessoal dizia que não, mas eu era bom. E tem pressão. Eles têm que saber. Nossos jogadores sabem que seria um dos títulos mais importantes que o Brasil já conquistou. Tem que trabalhar bem esse aspecto. Se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada." (Felipe Scolari)
Só tem um jeito mesmo para resolver isso: Privatize Já!
Lançamento no Rio - fotos
Seguem algumas fotos do lançamento de "Privatize Já!" ontem no Rio, Livraria Travessa do Shopping Leblon. Obrigado a todos pela presença!
Palestra da Elena Landau sobre o tema privatização |
Casa cheia. Bernardo Santoro perguntando, sob o olhar de Jorge Maranhão |
Fila (longa) para os autógrafos |
Assinando as dedicatórias |
Guilherme Fiúza prestigiando o evento |
Decisões morais
Contardo Calligaris, Folha de SP
É uma da tarde, e você dirige uma caminhonete pelas ruas de São Paulo. De repente, você esbarra num carro parado; ao lado dele, dois motoqueiros; um dos dois enfia seu braço armado pelo vidro do motorista do carro; o assaltante ameaça e grita, ele pode atirar a qualquer momento, quer seja porque não estão lhe entregando o que ele pediu, quer seja porque não gostou do que lhe foi entregue, quer seja porque, simplesmente, ele está nervoso e a fim de matar.
Atrás de você e da cena do assalto, só buzinam os mais afastados, que não enxergam o que está acontecendo. Os mais próximos ficam paralisados, divididos entre o medo e a vergonha por não reagirem e por serem cidadãos de um lugar onde isso é possível e corriqueiro.
Você está na posição ideal para pisar fundo e atropelar os dois meliantes, antes que atirem ou que fujam, ganhando, mais uma vez, dos assaltados e de todos nós.
Você não vai acelerar. É por medo de que o assaltante evite seu carro e acerte você com um tiro? É por preguiça de se envolver com polícia e investigação? Ou receia que cúmplices e familiares dos criminosos se vinguem?
Tudo bem, imaginemos que seja noite funda: não há ninguém, só os assaltantes, os assaltados e você. Ninguém verá nada. Ainda assim, você não vai acelerar?
Talvez prevaleça em você a inibição que paralisa a muitos na hora de machucar um semelhante, mesmo odioso. Ou talvez você queira agir "segundo a lei". Mas você sabe que a lei contempla e admite a "legítima defesa de terceiro"? Tudo bem, sua única obrigação jurídica é acionar a autoridade competente: fique no seu carro e ligue para a PM, uma viatura chegará a tempo para interromper o assalto e proteger os assaltados -não é verdade?
Ok, você hesitou demais, um dos assaltados acaba de ser baleado. Juridicamente, você não tem responsabilidade por não ter agido. A lei não exige de ninguém que seja herói. Mas será que isso é verdade também da moral? Você vai dormir tranquilo?
Outro dilema. Agora, imagine que, exatamente na mesma cena, você seja o assaltado. A caminhonete do dilema anterior apareceu, atropelou os assaltantes e sumiu. O bandido para quem você entregou sua bolsa está no asfalto, numa poça de sangue. Você faz o quê? Chama uma ambulância e espera para dar depoimento? Ou recupera o que lhe foi roubado e vai embora?
Já escrevi aqui mais de uma vez: admiro a teoria dos estágios do pensamento moral, de Lawrence Kohlberg. Resumindo, com nosso exemplo: é inútil querer decidir se é mais moral jogar a caminhonete para cima dos ladrões ou se esconder atrás do volante.
O que importa é a razão de nossa escolha. Se decidirmos por medo da punição, por conformidade ou mesmo por respeito à lei, nossa conduta será moralmente medíocre. Se decidirmos segundo o que nos parece certo, em nosso foro íntimo, nossa conduta -seja ela qual for- será de uma qualidade moral superior.
Mais uma coisa: Kohlberg também mostrou que a gente não melhora moralmente à força de memorizar valores ou exemplos a seguir, mas destrinchando dilemas e ponderando como e por que agiríamos de uma maneira ou de outra.
Os dois dilemas que acabo de expor são extraídos de um filme excelente, que não me sai da cabeça, "Disparos", de Juliana Reis, em cartaz desde sexta passada.
"Disparos" acontece no Rio, embora seu roteiro seja, hoje, mais paulistano do que carioca. De qualquer forma, não perca o filme e não fuja do debate íntimo sobre o que você faria numa situação parecida (até porque as chances de viver uma situação parecida aumentam a cada dia).
O Senado acaba de incluir disciplinas de ética no currículo do ensino fundamental e médio. Espero que se evite a monumental estupidez de ensinar ética normativa, ou seja, de querer enfiar valores em nossas crianças -goela abaixo, como se fossem partículas consagradas.
Para crianças como para adultos, "aprender" ética significa aprimorar a disposição a pensar moralmente, ou seja, a capacidade de debater, em nosso foro íntimo, os enigmas complexos (e, muitas vezes, insolúveis) que a realidade nos apresenta. Como disse, essa disposição só melhora à força de encarar dilemas.
Sem esperar o mais que provável desastre do novo curso, podemos ir (e levar nossos adolescentes) ao cinema. "Disparos" é um filme perfeito para pesar a complexidade da vida urbana no Brasil, ou seja, para pensar o que significa sermos morais hoje, aqui, no lugar em que estamos vivendo.
Privatização na cadeia
Rodrigo
Constantino, para a revista VOTO
Não
é novidade para ninguém: as prisões brasileiras são cheias de ratos,
goteiras e não têm banheiro; as celas nas cadeias e delegacias superlotadas
são insalubres, os esgotos ficam a céu aberto, a alimentação fornecida é de
péssima qualidade, a violência entre presos é comum e o abuso de autoridade
dos agentes penitenciários, recorrente.
Todos nós estamos cansados de ver
nos jornais e na TV imagens de superlotação nas prisões brasileiras,
com frequentes rebeliões e motins, colchões queimados e protestos que os presos
fazem para chamar a atenção da sociedade às condições desumanas a que eles se
encontram submetidos.
Mais
uma vez, vale imaginar: e se, em vez do estado, uma empresa particular
cometesse horrores como esse? A televisão estamparia o rosto dos donos da
empresa, que seriam processados e talvez presos, milhares de jovens se
mostrariam eufóricos no
Facebook reivindicando a justa e rigorosa punição dos culpados por esse
sistema.
Mas,
como o culpado são os governos, paira uma aura de que sempre foi assim, de que
um dia a situação vai melhorar. Mas nunca melhora.
Claro
que prisões não devem ser como hotéis cinco estrelas. Tampouco podem
funcionar como escolas do crime, onde quase sempre a pessoa sai pior do que
entrou. Ninguém pode considerar isso algo positivo, nem mesmo a ala mais
radical da direita, que encara a prisão, acima de tudo, como instrumento de
punição (vingança) e afastamento do bandido da vida em sociedade. Também
nesse problema, a privatização pode ajudar.
Alguns
críticos do modelo privado de presídios temem que uma indústria do crime
seja criada e inicie um poderoso lobby para o aumento das penas e da população
carcerária, o que representaria maiores lucros. São preocupações legítimas
que devem ser respondidas pelos defensores da privatização nesse setor.
Em
seu livro “Privatização do Sistema Prisional Brasileiro”, Grecianny Carvalho
Cordeiro levanta essas e outras questões interessantes sobre o assunto. Ela
também aborda alguns casos empíricos de privatização, incluindo o Brasil. Uma
vez que sua conclusão é desfavorável ao modelo privado, acredito que utilizar
seu livro como base para lidar com o tema parece bastante adequado aqui. Nada
como o embate de ideias contrárias.
A
privatização dos presídios se tornou realidade nos Estados Unidos, na
Inglaterra, na Austrália, na África do Sul, na França
e até no Brasil. Invariavelmente, os motivos para essa experiência foram
os mesmos, sendo o principal deles a superlotação das cadeias geridas
pessimamente pelo estado.
Sobre
as instalações da Penitenciária Industrial Regional do Cariri, no Ceará, que
foi o segundo caso de parceria público-privada com transferência da gestão
para uma empresa voltada ao lucro, a autora afirma que “são diferentes de tudo
aquilo que passou a ser sinônimo de prisão, pois ali não há celas superlotadas,
com presos se revezando para poderem dormir; não há alimentação de péssima
qualidade; não se verificam condições insalubres nos alojamentos ou vivências;
tampouco faltam espaços para os encontros íntimos”.
Ela
ainda acrescenta: “A Penitenciária Industrial Regional do Cariri é um
estabelecimento penitenciário com biblioteca, salas de aula, espaços para a
recreação e serviços de assistência médico-odontológica, jurídica e psicológica,
assim como oficinas que propiciam trabalho e câmeras de vídeo espalhadas em
todos os recintos”.
De
acordo com o censo do IBGE de 2000, a população carcerária brasileira era de
quase 240 mil, sendo que havia um déficit de vagas de quase 60 mil. Seria
necessária a construção de 116 estabelecimentos penitenciários com
capacidade para 500 vagas, número recomendado como limite desejável pela ONU.
Alguém consegue imaginar o governo construindo isso tudo, em prazo razoável,
e por custo aceitável?
Por
falar em custo, eis outro argumento favorável à privatização. Apesar da melhor
qualidade das instalações, estudos mostram que os presos custam menos nas
prisões privadas. Segundo o analista policial americano Geoffrey Segal, do
Reason Public Policy Institute, as prisões privadas operam a um custo até 15%
menor que as prisões públicas. Já a estimativa do custo do preso na França,
segundo a própria Grecianny Carvalho Cordeiro, chega a ser 40% menor no setor
privado.
A
Penitenciária Industrial de Guarapuava, no Paraná, que foi a primeira a
contar com gestão privada no Brasil, abriga uma fábrica de móveis, onde a
maioria dos detentos trabalha, recebendo um salário mínimo mensal. Além
disso, o índice de reincidência é de apenas 6%, enquanto no restante do país
esse índice chega a 70%, segundo a própria autora. Ela alerta que esse
índice em Guarapuava é discutível, pois ela começou a funcionar em 2000. Mas
os sinais não são desanimadores.
Para
aqueles cegados pela ideologia, é difícil enxergar as evidências a favor da
privatização.
O texto foi retirado do livro “Privatize
Já!”, lançado recentemente pela editora LeYa.
quarta-feira, novembro 28, 2012
terça-feira, novembro 27, 2012
Privatize Já!
Rodrigo Constantino, O GLOBO
Milton Friedman alertava que se o governo fosse colocado para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltaria areia no local. O que aconteceria se o governo fosse o empresário em um país com abundância de fontes baratas de energia?
Sabemos a resposta: apagões frequentes, necessidade de importar combustível e energia cara para os consumidores. É importante notar que este resultado não depende tanto assim de qual partido está no poder, ainda que a capacidade de o PT causar estragos maiores não deva jamais ser ignorada. Mas o principal ponto é que o mecanismo de incentivos na gestão estatal é totalmente inadequado.
Quando o empresário depende do lucro para sobreviver no livre mercado, a busca por excelência passa a ser questão de vida ou morte para ele. Manter a elevada produtividade de sua empresa e atender bem à demanda de seus clientes é crucial para ele prosperar. Para tanto, ele terá de estimular seus bons funcionários, e punir os incompetentes.
Já nas estatais, os “donos” somos nós, sem poder algum de influência em sua gestão, que fica sob o controle de políticos e burocratas cujos interesses diferem dos nossos. A troca de favores políticos para a “governabilidade”, o uso da empresa como cabide de empregos para apaniguados ou instrumento de política nacionalista, o descaso com o “dinheiro da viúva”, estas são as características comuns nas estatais.
Não é coincidência a enorme quantidade de escândalos de corrupção que é divulgada na imprensa envolvendo estatais, tampouco o fato de os setores dominados pelo Estado serem os mais precários. Portos e aeroportos, os Correios, os transportes públicos, as escolas e os hospitais administrados pelo governo, o Detran, os presídios, enfim, basta o Estado intervir muito para estragar qualquer setor da economia.
Quando um partido com mentalidade mais estatizante assume o governo, a situação tende a piorar bastante. A arrogância de que o governo pode fazer melhor do que a iniciativa privada acaba levando a um nefasto modelo “desenvolvimentista”. É o caso do governo atual. A presidente Dilma acredita que é realmente capaz de administrar os importantes setores de nossa economia.
Isso explica a quantidade assustadora de intervenções arbitrárias que tanto mal têm causado ao país. A Petrobras virou símbolo de incompetência, com crescimento pífio da produção e enorme destruição de valor para seus milhões de acionistas. Seu valor de mercado já caiu pela metade desde 2010, mesmo com o preço do petróleo estável no mundo. Enquanto isso, o valor da Ambev quase dobrou no mesmo período e chegou a ultrapassar o da estatal.
Os bancos públicos se transformaram em instrumentos de populismo, fornecendo crédito barato a uma taxa de crescimento irresponsável, que vai acabar produzindo uma bolha imobiliária no Brasil, tal como vimos nos EUA, na Irlanda e na Espanha. A Caixa expandiu sua carteira em 45% nos últimos 12 meses!
O BNDES virou um megaesquema de transferência de recursos dos pagadores de impostos para grandes empresas próximas ao governo. Grupos como JBS, Marfrig e EBX, do bilionário Eike Batista, receberam bilhões em empréstimos subsidiados.
A Eletrobras já perdeu cerca de 70% de seu valor de mercado apenas este ano, pois o governo resolveu usar a estatal como centro de custo para sua meta de reduzir as tarifas de eletricidade na marra, em vez de cortar os impostos (que correspondem a 45% da tarifa final). Como o cobertor é curto, vai faltar recurso para novos investimentos, prejudicando o futuro do setor.
Existem outros exemplos, mas o ponto está claro: o governo costuma ser um péssimo empresário, e isso se deve a fatores estruturais. Quando um partido convencido de sua suposta clarividência chega ao poder, o estrago por meio das estatais tende a ser ainda pior. Estamos vendo exatamente isso na gestão Dilma. Suas medidas estancaram o crescimento econômico, mas a inflação continua elevada.
O Brasil, para usar um termo dos psicólogos, é hoje um caso borderline. O governo sofre do transtorno de personalidade limítrofe. Ele ainda não sabe se quer fazer parte do grupo dos vizinhos mais decentes, como Chile, Colômbia e Peru, ou do “eixo do mal”, com a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador. Pelos sinais emitidos até aqui, ele parece gostar é do fracasso socialista mesmo.
Milton Friedman alertava que se o governo fosse colocado para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltaria areia no local. O que aconteceria se o governo fosse o empresário em um país com abundância de fontes baratas de energia?
Sabemos a resposta: apagões frequentes, necessidade de importar combustível e energia cara para os consumidores. É importante notar que este resultado não depende tanto assim de qual partido está no poder, ainda que a capacidade de o PT causar estragos maiores não deva jamais ser ignorada. Mas o principal ponto é que o mecanismo de incentivos na gestão estatal é totalmente inadequado.
Quando o empresário depende do lucro para sobreviver no livre mercado, a busca por excelência passa a ser questão de vida ou morte para ele. Manter a elevada produtividade de sua empresa e atender bem à demanda de seus clientes é crucial para ele prosperar. Para tanto, ele terá de estimular seus bons funcionários, e punir os incompetentes.
Já nas estatais, os “donos” somos nós, sem poder algum de influência em sua gestão, que fica sob o controle de políticos e burocratas cujos interesses diferem dos nossos. A troca de favores políticos para a “governabilidade”, o uso da empresa como cabide de empregos para apaniguados ou instrumento de política nacionalista, o descaso com o “dinheiro da viúva”, estas são as características comuns nas estatais.
Não é coincidência a enorme quantidade de escândalos de corrupção que é divulgada na imprensa envolvendo estatais, tampouco o fato de os setores dominados pelo Estado serem os mais precários. Portos e aeroportos, os Correios, os transportes públicos, as escolas e os hospitais administrados pelo governo, o Detran, os presídios, enfim, basta o Estado intervir muito para estragar qualquer setor da economia.
Quando um partido com mentalidade mais estatizante assume o governo, a situação tende a piorar bastante. A arrogância de que o governo pode fazer melhor do que a iniciativa privada acaba levando a um nefasto modelo “desenvolvimentista”. É o caso do governo atual. A presidente Dilma acredita que é realmente capaz de administrar os importantes setores de nossa economia.
Isso explica a quantidade assustadora de intervenções arbitrárias que tanto mal têm causado ao país. A Petrobras virou símbolo de incompetência, com crescimento pífio da produção e enorme destruição de valor para seus milhões de acionistas. Seu valor de mercado já caiu pela metade desde 2010, mesmo com o preço do petróleo estável no mundo. Enquanto isso, o valor da Ambev quase dobrou no mesmo período e chegou a ultrapassar o da estatal.
Os bancos públicos se transformaram em instrumentos de populismo, fornecendo crédito barato a uma taxa de crescimento irresponsável, que vai acabar produzindo uma bolha imobiliária no Brasil, tal como vimos nos EUA, na Irlanda e na Espanha. A Caixa expandiu sua carteira em 45% nos últimos 12 meses!
O BNDES virou um megaesquema de transferência de recursos dos pagadores de impostos para grandes empresas próximas ao governo. Grupos como JBS, Marfrig e EBX, do bilionário Eike Batista, receberam bilhões em empréstimos subsidiados.
A Eletrobras já perdeu cerca de 70% de seu valor de mercado apenas este ano, pois o governo resolveu usar a estatal como centro de custo para sua meta de reduzir as tarifas de eletricidade na marra, em vez de cortar os impostos (que correspondem a 45% da tarifa final). Como o cobertor é curto, vai faltar recurso para novos investimentos, prejudicando o futuro do setor.
Existem outros exemplos, mas o ponto está claro: o governo costuma ser um péssimo empresário, e isso se deve a fatores estruturais. Quando um partido convencido de sua suposta clarividência chega ao poder, o estrago por meio das estatais tende a ser ainda pior. Estamos vendo exatamente isso na gestão Dilma. Suas medidas estancaram o crescimento econômico, mas a inflação continua elevada.
O Brasil, para usar um termo dos psicólogos, é hoje um caso borderline. O governo sofre do transtorno de personalidade limítrofe. Ele ainda não sabe se quer fazer parte do grupo dos vizinhos mais decentes, como Chile, Colômbia e Peru, ou do “eixo do mal”, com a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador. Pelos sinais emitidos até aqui, ele parece gostar é do fracasso socialista mesmo.
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Aproveito para convidar todos ao lançamento do meu novo livro “Privatize Já!”, pela editora Leya, amanhã na Livraria Travessa do Shopping Leblon, às 19h. Haverá um debate com Elena Landau antes dos autógrafos.
Aproveito para convidar todos ao lançamento do meu novo livro “Privatize Já!”, pela editora Leya, amanhã na Livraria Travessa do Shopping Leblon, às 19h. Haverá um debate com Elena Landau antes dos autógrafos.
... e se fosse seu filho?
Dr. José Nazar, psiquiatra e psicanalista
É isso mesmo, ...e se fosse o seu filho, ou sua filha, que estivesse perdido no mundo das drogas, vivendo nos escombros de uma cracolândia. Qual seria a sua posição, você seria contra ou a favor de uma internação hospita- lar à força? Nesse caso, a coisa seria diferente?
E você, qual é a sua opinião, é contra ou a favor de uma internação compulsória? Esta foi a pergunta que lancei para alguns pro- fissionais, que têm reagido de uma maneira veemente contra a ideia das internações compulsó- rias para usuários de drogas, mesmo em casos de muita gravidade.
Mas quando lancei, mesmo sem pensar, a pergunta: e se fosse seu filho? A resposta veio rápida: aí seria totalmente diferente!
De fato, essa não é uma questão simples de se resolver. Se é que algum dia ela venha a ser resolvida, pois parece que o ser humano necessita da droga para continuar vivendo.
A sociedade como um todo deveria participar, se implicar, praticar um pouco mais de cidadania, dizer o que acha de uma situação tão difícil quanto delicada como essa. Isso porque, todos estamos no mesmo barco, fazemos parte dessa tragédia, de algo esdrúxulo que redundou na construção de redutos abismais, assim chamados de cracolândia.
Esse fato, atual, tornou-se motivo de um debate que não vai ficar por aí, de graça, isso ainda vai render. A coisa toda circula entre o que se torna necessário, no sentido de uma medida justa, no sentido de fazer cessar algo desconhecido pelo próprio sujeito, de uma doença compulsiva grave, que coloca em risco máximo, a vida do usuário de drogas – e, como consequência, a de outros também, sejam familiares ou não –, e aquilo que é permitido por lei, o que é humano ou não, agressivo ou aterrorizante, em relação a intervenções.
Difícil para os governos, para os agentes de saúde, para a sociedade, para os cofres públicos. Um problema de saúde pública!
O problema reside na iniciativa atual do governo – diga-se, corajosa, saudável num certo sentido –, que resolveu olhar de frente para esta questão limite, levando a sério uma iniciativa de se criar uma política pública, mais agressiva, contundente, radical, em relação aos excessos que têm com- parecido, em relação ao uso abusivo de drogas, mais especificamente, do crack.
Veja, em se tratando de doenças da cabeça, não existe uma medida justa, correta, sem dor.
As intervenções propostas neste plano inicial de combate aos excessos da pulsão de morte geram consequências.
Muitas são as pessoas que não concordam com uma internação compulsória de usuários de crack. Uns se apoiam em leis existentes, estabelecidas, profissionais da área de saúde mental, que acreditam ser possível alcançar o mesmo objetivo, utilizando procedimentos menos agressivos, e por aí vai. Só que a coisa continua, formam-se guetos, núcleos alimentados pelos efeitos catastróficos de uma pulsão de morte, suicídio em massa.
A razão de tal recusa encontra respaldo no argumento de que o sujeito deve ter liberdade de dizer se aceita ou não tratar a sua dependência em regime fechado. Esse ponto de vista vale até para aqueles de- pendentes que vivem suas vidas no abandono dos redutos denominados cracolândia.
Acreditam que possa haver uma outra maneira de abordar uma situação como essa, sem a necessidade do uso da força, abrindo perspectivas de diálogos.
O debate sobre o uso e o abuso de drogas ultrapassa todos os valores preconizados pelas dimensões da existência humana.
Quem sabe responder por uma questão como esta, tão difícil quanto delicada, que toca fundo os impasses da vida e da morte?
O indivíduo que se encontra imerso no vício de crack, ele mesmo não pensa mais, há muito abriu mão da sua dignidade de desejo, e deixou de responder por si mesmo. Tornou-se um objeto, onde não mais sabemos quem é quem, se ele próprio não se tornou a própria droga.
Uma cracolância é algo que promove os piores sentimentos em todos nós. Ali, naquele amontoado de indivíduos em sofrimento, existe um pedacinho de cada um de nós, de um dejeto, de uma escória, de uma...desistência.
Portanto, sou inteiramente a favor das internações compulsórias. Isso não é sem erros, isso não é sem dor, isso não é sem uma margem de risco. Mas é melhor do que nada fazer. Desculpem-me!
A Europa de Steiner
João Pereira Coutinho, Folha de SP
Estou sentado num café no centro de Lisboa. Sobre a mesa, os jornais do dia. Então um cavalheiro aproxima-se da minha mesa, olha para os jornais e pergunta: "São da casa?".
Eu sorrio, digo que não, que são meus, mas disponibilizo a prosa na mesma. O homem agradece, escolhe um deles, afasta-se e começa a leitura matinal. Então eu penso: isto é a Europa.
Penso eu e pensa George Steiner, em pequeno ensaio que recomendo. Intitula-se "A Ideia de Europa", foi uma conferência célebre proferida por Steiner no Instituto Nexus, da Holanda, e a ambição do autor era a de encontrar o patrimônio cultural que une os europeus.
Steiner é magistral, na forma e no conteúdo: não, aquilo que une os europeus não é a União Europeia, o euro e outras construções burocráticas presentemente em crise.
A ligação fundamental encontra-se, antes, na cultura, no pensamento e, enfim, numa certa forma de estar e de viver que, embora possa ser exportada para outras latitudes, tem um berço reconhecível.
Os cafés são um bom exemplo. As ilhas britânicas podem ter os seus pubs. As cidades americanas podem ter um bar em cada esquina. Mas os pubs e os bares não são os cafés de Lisboa, frequentados por Fernando Pessoa. Nem os cafés de Odessa, povoados pelos gângsteres de Isaac Babel.
Para Steiner, os cafés da Europa são lugares de encontro, ociosidade, debate e até produção intelectual. Como escreve o autor, podemos imaginar tudo num pub ou num bar. Não imaginamos a produção de uma obra filosófica; um debate político intenso; o nascimento de um novo movimento artístico; ou até, como agora, a simples partilha anônima dos jornais do dia para acompanhar o café da manhã.
A Europa são os seus cafés. E seria possível escrever uma história cultural do continente atribuindo a Karl Kraus, a Carnap ou a Musil o seu café particular, escreve Steiner.
Mas a ideia de Europa não se limita aos cafés. Nessa ideia, está também a dimensão humana e histórica dos lugares. A Europa não é percorrida por uma selva amazônica ou por um deserto do Saara. As suas distâncias não são geológicas ou continentais.
A Europa, desde sempre, foi um território pedestre, no sentido literal do termo: algo para ser descoberto a pé. As distâncias são humanamente modestas. E, em cada rua ou praça, não temos a classificação impessoal e numérica das grandes cidades americanas: Quinta Avenida, Sexta, Sétima, e por aí afora.
Temos marcas literárias, políticas, artísticas, de um continente saturado de passado. Steiner cita exemplos: rue Lafontaine, place Victor Hugo, Pont Henri IV. Os europeus convivem diariamente -melhor: caminham diariamente- pela evidência material e imaterial do que ficou para trás.
Por fim, não interessa se você nasceu em Lisboa, Paris ou Berlim. O europeu é sobretudo herdeiro de Atenas e Jerusalém: da cidade terrestre e da cidade celeste; da tensão permanente entre a razão e a fé; entre o espírito científico e as "intimações" da transcendência.
Foi desse diálogo, e até desse confronto, que nasceu o melhor das artes e das letras. Um patrimônio que sobrevive até hoje.
Claro que Steiner, o último grande humanista do nosso tempo, também sabe que a ideia de Europa não se limita a páginas nobres: a Europa foi igualmente o espaço de ódios viscerais e barbaridades sem perdão.
Como Steiner repetidamente escreve em várias das suas obras, o continente europeu foi aquele onde era possível escutar Schubert ao jantar e, na manhã seguinte, gasear judeus de consciência limpa.
Mas mesmo essa experiência negra conferiu aos europeus um "sentido de finitude" apurado. É essa consciência assombrada que distingue o homem europeu do otimismo fundacional que impera no Novo Mundo.
Moral da história?
Todos os dias, o leitor é confrontado com notícias apocalípticas sobre o futuro da União Europeia. E é possível que, lendo essas notícias, o leitor cometa o erro mais comum sobre a matéria: confundir a União Europeia com a Europa e os burocratas de Bruxelas com os europeus.
Nada mais falso. Ler George Steiner é reaprender que a ideia de Europa é anterior à União Europeia. E que, aconteça o que acontecer, essa ideia irá sobreviver a ela.
Estou sentado num café no centro de Lisboa. Sobre a mesa, os jornais do dia. Então um cavalheiro aproxima-se da minha mesa, olha para os jornais e pergunta: "São da casa?".
Eu sorrio, digo que não, que são meus, mas disponibilizo a prosa na mesma. O homem agradece, escolhe um deles, afasta-se e começa a leitura matinal. Então eu penso: isto é a Europa.
Penso eu e pensa George Steiner, em pequeno ensaio que recomendo. Intitula-se "A Ideia de Europa", foi uma conferência célebre proferida por Steiner no Instituto Nexus, da Holanda, e a ambição do autor era a de encontrar o patrimônio cultural que une os europeus.
Steiner é magistral, na forma e no conteúdo: não, aquilo que une os europeus não é a União Europeia, o euro e outras construções burocráticas presentemente em crise.
A ligação fundamental encontra-se, antes, na cultura, no pensamento e, enfim, numa certa forma de estar e de viver que, embora possa ser exportada para outras latitudes, tem um berço reconhecível.
Os cafés são um bom exemplo. As ilhas britânicas podem ter os seus pubs. As cidades americanas podem ter um bar em cada esquina. Mas os pubs e os bares não são os cafés de Lisboa, frequentados por Fernando Pessoa. Nem os cafés de Odessa, povoados pelos gângsteres de Isaac Babel.
Para Steiner, os cafés da Europa são lugares de encontro, ociosidade, debate e até produção intelectual. Como escreve o autor, podemos imaginar tudo num pub ou num bar. Não imaginamos a produção de uma obra filosófica; um debate político intenso; o nascimento de um novo movimento artístico; ou até, como agora, a simples partilha anônima dos jornais do dia para acompanhar o café da manhã.
A Europa são os seus cafés. E seria possível escrever uma história cultural do continente atribuindo a Karl Kraus, a Carnap ou a Musil o seu café particular, escreve Steiner.
Mas a ideia de Europa não se limita aos cafés. Nessa ideia, está também a dimensão humana e histórica dos lugares. A Europa não é percorrida por uma selva amazônica ou por um deserto do Saara. As suas distâncias não são geológicas ou continentais.
A Europa, desde sempre, foi um território pedestre, no sentido literal do termo: algo para ser descoberto a pé. As distâncias são humanamente modestas. E, em cada rua ou praça, não temos a classificação impessoal e numérica das grandes cidades americanas: Quinta Avenida, Sexta, Sétima, e por aí afora.
Temos marcas literárias, políticas, artísticas, de um continente saturado de passado. Steiner cita exemplos: rue Lafontaine, place Victor Hugo, Pont Henri IV. Os europeus convivem diariamente -melhor: caminham diariamente- pela evidência material e imaterial do que ficou para trás.
Por fim, não interessa se você nasceu em Lisboa, Paris ou Berlim. O europeu é sobretudo herdeiro de Atenas e Jerusalém: da cidade terrestre e da cidade celeste; da tensão permanente entre a razão e a fé; entre o espírito científico e as "intimações" da transcendência.
Foi desse diálogo, e até desse confronto, que nasceu o melhor das artes e das letras. Um patrimônio que sobrevive até hoje.
Claro que Steiner, o último grande humanista do nosso tempo, também sabe que a ideia de Europa não se limita a páginas nobres: a Europa foi igualmente o espaço de ódios viscerais e barbaridades sem perdão.
Como Steiner repetidamente escreve em várias das suas obras, o continente europeu foi aquele onde era possível escutar Schubert ao jantar e, na manhã seguinte, gasear judeus de consciência limpa.
Mas mesmo essa experiência negra conferiu aos europeus um "sentido de finitude" apurado. É essa consciência assombrada que distingue o homem europeu do otimismo fundacional que impera no Novo Mundo.
Moral da história?
Todos os dias, o leitor é confrontado com notícias apocalípticas sobre o futuro da União Europeia. E é possível que, lendo essas notícias, o leitor cometa o erro mais comum sobre a matéria: confundir a União Europeia com a Europa e os burocratas de Bruxelas com os europeus.
Nada mais falso. Ler George Steiner é reaprender que a ideia de Europa é anterior à União Europeia. E que, aconteça o que acontecer, essa ideia irá sobreviver a ela.
segunda-feira, novembro 26, 2012
domingo, novembro 25, 2012
Crime e castigo
Ferreira Gullar, Folha de SP
VAMOS PENSAR juntos: você acha que seria viável uma comunidade humana sem leis, sem normas? Claro que não, porque onde não há normas a serem obedecidas, impera a lei do mais forte, o arbítrio.
Todos sabemos que a natureza não é justa, já que faz pessoas saudáveis e pessoas deficientes, pessoas belas e pessoas feias, talentosas, mas sem talento outras. Isso é o óbvio, mas nem todo mundo tem a inteligência de um Albert Einstein ou o talento musical de um Villa-Lobos. A justiça é, portanto, uma invenção humana, porque necessitamos dela.
De certo modo, a aplicação da Justiça decorre da necessidade de normas que regulem a sociedade -e que são resultado de uma espécie de acordo tácito, que torna todos, sem exceção, sujeitos a ela. Quem as viola deverá ser punido.
É chato ter que punir, mas, se não houver punição, as normas sociais correm o risco de não serem obedecidas, o que levará a sociedade à desordem total. Ao mesmo tempo, não é justo que todos sejam obrigados a obedecer às normas e que aqueles que não as obedeçam não paguem por isso.
Daí a instituição da Justiça na sociedade, que foi criada para que o cidadão que desrespeite as normas seja punido e passe a obedecê-las. A punição, portanto, não é represália, vingança da sociedade contra o transgressor: é o recurso de que ela dispõe para fazer justiça e manter o respeito às leis sem as quais o convívio social se torna inviável.
Faço essas óbvias considerações porque, como já observei aqui noutra ocasião, a impressão que se tem, muitas vezes, é de que punir é algo que só se deve fazer em último caso e do modo mais leve possível.
Participo, em parte, dessa opinião, desde que não implique em anular totalmente o objetivo da punição, que é manter a obediência dos cidadãos às normas que regem o convívio social. Se o princípio de justiça é de que todos são iguais perante a lei, a não punição de quem a viole é a negação desse princípio.
Isso é tanto mais grave quando se trata de pessoas ricas e poderosas que, em nosso país, dificilmente são punidas. Todos são iguais, mas há aqueles que são mais iguais.
Punir é, portanto, afirmar a vigência da lei e a equidade entre os cidadãos, sem o que as normas sociais perdem significação.
Isso fica ainda mais evidente se nos lembramos de como a punição funciona no futebol. Ali, como na vida social, todos estão sujeitos às mesmas normas, graças às quais o jogo se torna possível. E ali, como na vida, quem viola as normas deve ser punido, e com penas que variam de acordo com a gravidade da falta cometida. Se um jogador de um dos times chuta o adversário dentro da pequena área, a punição é o pênalti. Se o juiz não pune o infrator, o jogo perde a graça, e os torcedores se revoltam.
Na sociedade, também. Por isso, de vez em quando, vemos pessoas na rua se manifestando contra a falta de punição a indivíduos que, muitas vezes, não respeitam nem mesmo a vida humana.
A punição não é pura e simplesmente castigo pelo mal ou erro cometido. Nela está implícito o intuito de educar o infrator, de levá-lo a compreender que mais vale obedecer às normas sociais do que violá-las. Isso não significa, no entanto, que todo infrator, ao ser punido, passe a obedecer às normas sociais.
Sabemos que tal coisa nem sempre acontece, pois muitos deles jamais abandonam a prática do crime. Se isso não justifica tratar a todos como irrecuperáveis, tampouco implica em ver a punição como um abuso da sociedade contra o indivíduo. É igualmente inadmissível manter os presos em condições carcerárias sub-humanas.
Se faço tais considerações, é porque tenho a impressão de que nossos legisladores e os responsáveis pela efetivação da Justiça parecem ter esquecido o verdadeiro propósito da punição.
Sentem-se culpados em punir e, por essa razão, criam leis ou as aplicam de modo a, por assim dizer, anular a punição. Frequentemente, um prisioneiro deixa a prisão para visitar a família, some e volta ao crime. E você acha mesmo que um jovem de 16 anos não sabe que roubar e matar é errado? Mas nossas leis acham que não.
Tal procedimento não ajuda a ninguém. Quando um juiz de futebol pune o jogador que comete falta, não está praticando uma maldade, está seguindo a norma que permite que o jogo continue.
VAMOS PENSAR juntos: você acha que seria viável uma comunidade humana sem leis, sem normas? Claro que não, porque onde não há normas a serem obedecidas, impera a lei do mais forte, o arbítrio.
Todos sabemos que a natureza não é justa, já que faz pessoas saudáveis e pessoas deficientes, pessoas belas e pessoas feias, talentosas, mas sem talento outras. Isso é o óbvio, mas nem todo mundo tem a inteligência de um Albert Einstein ou o talento musical de um Villa-Lobos. A justiça é, portanto, uma invenção humana, porque necessitamos dela.
De certo modo, a aplicação da Justiça decorre da necessidade de normas que regulem a sociedade -e que são resultado de uma espécie de acordo tácito, que torna todos, sem exceção, sujeitos a ela. Quem as viola deverá ser punido.
É chato ter que punir, mas, se não houver punição, as normas sociais correm o risco de não serem obedecidas, o que levará a sociedade à desordem total. Ao mesmo tempo, não é justo que todos sejam obrigados a obedecer às normas e que aqueles que não as obedeçam não paguem por isso.
Daí a instituição da Justiça na sociedade, que foi criada para que o cidadão que desrespeite as normas seja punido e passe a obedecê-las. A punição, portanto, não é represália, vingança da sociedade contra o transgressor: é o recurso de que ela dispõe para fazer justiça e manter o respeito às leis sem as quais o convívio social se torna inviável.
Faço essas óbvias considerações porque, como já observei aqui noutra ocasião, a impressão que se tem, muitas vezes, é de que punir é algo que só se deve fazer em último caso e do modo mais leve possível.
Participo, em parte, dessa opinião, desde que não implique em anular totalmente o objetivo da punição, que é manter a obediência dos cidadãos às normas que regem o convívio social. Se o princípio de justiça é de que todos são iguais perante a lei, a não punição de quem a viole é a negação desse princípio.
Isso é tanto mais grave quando se trata de pessoas ricas e poderosas que, em nosso país, dificilmente são punidas. Todos são iguais, mas há aqueles que são mais iguais.
Punir é, portanto, afirmar a vigência da lei e a equidade entre os cidadãos, sem o que as normas sociais perdem significação.
Isso fica ainda mais evidente se nos lembramos de como a punição funciona no futebol. Ali, como na vida social, todos estão sujeitos às mesmas normas, graças às quais o jogo se torna possível. E ali, como na vida, quem viola as normas deve ser punido, e com penas que variam de acordo com a gravidade da falta cometida. Se um jogador de um dos times chuta o adversário dentro da pequena área, a punição é o pênalti. Se o juiz não pune o infrator, o jogo perde a graça, e os torcedores se revoltam.
Na sociedade, também. Por isso, de vez em quando, vemos pessoas na rua se manifestando contra a falta de punição a indivíduos que, muitas vezes, não respeitam nem mesmo a vida humana.
A punição não é pura e simplesmente castigo pelo mal ou erro cometido. Nela está implícito o intuito de educar o infrator, de levá-lo a compreender que mais vale obedecer às normas sociais do que violá-las. Isso não significa, no entanto, que todo infrator, ao ser punido, passe a obedecer às normas sociais.
Sabemos que tal coisa nem sempre acontece, pois muitos deles jamais abandonam a prática do crime. Se isso não justifica tratar a todos como irrecuperáveis, tampouco implica em ver a punição como um abuso da sociedade contra o indivíduo. É igualmente inadmissível manter os presos em condições carcerárias sub-humanas.
Se faço tais considerações, é porque tenho a impressão de que nossos legisladores e os responsáveis pela efetivação da Justiça parecem ter esquecido o verdadeiro propósito da punição.
Sentem-se culpados em punir e, por essa razão, criam leis ou as aplicam de modo a, por assim dizer, anular a punição. Frequentemente, um prisioneiro deixa a prisão para visitar a família, some e volta ao crime. E você acha mesmo que um jovem de 16 anos não sabe que roubar e matar é errado? Mas nossas leis acham que não.
Tal procedimento não ajuda a ninguém. Quando um juiz de futebol pune o jogador que comete falta, não está praticando uma maldade, está seguindo a norma que permite que o jogo continue.
sábado, novembro 24, 2012
Mais um super-herói nacional
Guilherme Fiúza, O GLOBO
José Dirceu acertou uma: disse que o populismo chegou ao Supremo Tribunal Federal. E chegou mesmo. Não no mérito do julgamento do mensalão, que é o que Dirceu quer desclassificar. Mas nas maneiras e nos discursos afetados dos ministros, em especial o presidente que a Corte acaba de empossar, Joaquim Barbosa — o novo herói brasileiro.
O presépio está ficando completo: a “presidenta”, afilhada do ex-operário, que indicou o negro para a elite do Judiciário. Negro como Barack Obama, o presidente da nação mais rica, que ganhou o Nobel da Paz sem fazer nada — não por seus belos olhos, mas pela cor da sua pele. O mundo politicamente correto é racista.
Depois do Nobel “étnico”, Obama começou a trabalhar e mostrou enfim quem era: um líder fraco, canastrão, tentando se equilibrar entre o conservadorismo americano e seu símbolo de defensor dos fracos. Não agradou verdadeiramente a ninguém. Conseguiu uma reeleição apertada contra um dos piores candidatos republicanos dos últimos tempos. E já saiu anunciando aumento de impostos para os “ricos” — a única coisa que os populistas sabem fazer: garfar quem produz e quem investe para engordar a burocracia estatal.
Claro que Obama não vai produzir bem-estar social nenhum desse jeito, sangrando uma economia asfixiada a pretexto de distribuir renda. Os esquerdistas que emergiram na Europa panfletando contra o rigor fiscal alemão já começaram a dar com os burros n’água. As sociedades cresceram demais, e o que pode salvá-las é mais dinamismo, e não mais impostos e gastos estatais. Mas o mito do governante bonzinho que vai salvar a todos parece indestrutível.
O Brasil vive esse sonho de ter um governo mais humano por ser presidido por uma mulher. As pessoas acreditam em qualquer coisa. Basta ver os argentinos dando corda para os delírios autoritários de Cristina Kirchner (o presépio progressista tinha que ter uma viúva profissional). Cristina e Dilma são irmãs gêmeas em certas decisões maternais, como a redução na marra das tarifas de energia. O desastre decorrente dessa bondade já se consumou na Argentina, e começa a se consumar no Brasil, com as ações das empresas do setor desabando vertiginosamente. É comovente como o populismo arruína as estruturas de um país sem perder a ternura.
Enquanto a propaganda do oprimido funcionar, o governo sabe que não precisa governar. A última pérola é a campanha publicitária da Infraero. Como se sabe, o governo Dilma não planeja nada (não dá tempo), e aí vem a Copa do Mundo jogar um holofote nos remendos da infraestrutura. O que faz então o governo? Propaganda. Após anos de escárnio no Aeroporto Internacional do Galeão, onde já se viu até passageiro arrastando bagagem pela escada por falta de elevador, o contribuinte tem que ouvir agora a mensagem de que a Infraero está trabalhando pelo seu conforto etc. Podem zombar, os brasileiros não ligam.
Nem se importam que o ministro da Justiça faça comício contra as prisões brasileiras, quando seus companheiros mensaleiros se encaminham para elas. José Eduardo Cardozo disse que preferia morrer a ir preso no Brasil. Aparentemente, também prefere a morte a ter que descer do palanque e administrar as prisões. Com a crise de violência em São Paulo, um preposto do ministro apareceu para declarar que ofereceu uma maleta detetora de celulares ao governador paulista. O mais importante era avisar à imprensa que o governo tucano não respondera à generosa oferta. Em meio à onda de mortes, a estratégia do governo popular era fazer pegadinha partidária.
Cardozo disse que as prisões brasileiras são medievais. Em seguida, por coincidência, Dias Toffoli, o ministro do PT no Supremo, declarou que as penas de prisão para os mensaleiros são medievais. Os brasileiros não se incomodam de ter um juiz partidário fingindo que julga seus companheiros, e aí ficam achando que o que julga de verdade é herói.
Onde está o heroísmo de Joaquim Barbosa? Ele foi o relator de um processo julgado sete anos depois do fato — e nesse intervalo o partido dos réus fez a festa em três eleições. A estratégia petista de fazer o mensalão sumir no retrovisor só não deu certo porque a imprensa gritou contra o escândalo do escândalo — e praticamente empurrou o STF para o julgamento.
Joaquim fez bem o seu trabalho. Mas também fez bravatas, mostrou pouca serenidade em bate-bocas com colegas (tivera um embate público quase infantil com Gilmar Mendes), se empolgou às vezes com sua própria mão pesada, mostrou-se intolerante e preconceituoso ao dizer a jornalistas que eles estavam fazendo “pergunta de branco”. Tomou posse no STF com discurso militante, para delírio dos progressistas que o veneram por sua origem pobre e pela cor da sua pele.
O Brasil mimou o ex-operário e não aprendeu nada com isso. Continua em busca do seu super-herói social. Os parasitas da nação agradecem. Eles se saem muito bem no reino da fantasia.
Boicote a Israel
EU SOU A FAVOR DO BOICOTE A PRODUTOS ISRAELENSES:
Mas este boicote não pode ser "leve". Se é para boicotar, boicote MESMO, com coragem e até as últimas conseqüências.
Vamos ajudar os companheiros do Fórum Palestino a boicotar Israel, prestigiando o gênio Tarso Genro, patrocinador do evento.
Tomem nota de alguns produtos, inventos e patentes, de origem israelense:
• Medicamentos genéricos da TEVA, maior produtora de antibióticos e
medicamentos genéricos do mundo e que também desenvolveu um fármaco
para tratar o mal de Parkinson.
• Windows NT e XP desenvolvidos pela Microsoft Israel.
• Pen Drive, desenvolvido pela companhia israelense M-Systems.
• Telefones celulares, desenvolvidos pela primeira vez pela Motorola
Israel, em Haifa.
• Câmaras fotográfica de celulares, desenvolvidas pela companhía
israelense TransChip.
• Messenger, desenvolvido por uma equipe de quatro jovens engenheiros
israelenses.
• Antivirus, desenvolvido desde 79 em Israel.
• Sistemas de irrigação por gotejamento que minimizam a quantidade de
água necessária.
• “Babysense”, produto israelense que previne a síndrome de morte
súbita en bebês.
• Tecnologia para carros elétricos, em pleno desenvolvimento por
empresas israelenses.
. Aproveitamento da Energia solar
• “Exoesqueleto eletrônico”, que ajuda as pessoas con paralisia a
deslocar-se com maior facilidade.
• Nariz artificial, desenvolvido em Israel para detectar tumores cancerosos.
• Irrigação com água salgada, para diminuir o consumo de água doce.
• “Coplaxon”, fármaco contra a esclerose múltipla, “copolímero-1
(COP-1)”, que detém con êxito o avanço da esclerose múltipla,
especialmente em sua forma exacerbada/renitente.
• Tecnología Pentium MMX, Pentium 4 ou Centrino desenhados em Israel
pela Intel-Israel.
• ICQ, desenvolvido por jovens engenheiros israelenses em 1996.
• Diagnóstico do câncer de mama computadorizado e livre de radiações.
• Sistema computadorizado de administração de medicamentos, que
assegura uma administração mais eficiente, eliminando o erro humano em
tratamentos médicos.
. Projetos de segurança de eficiência praticamente total para a indústria aérea.
• Câmara de vídeo ingerível, pela Israel Givun, utilizada para
observar o interior do intestino delgado, ajudando no diagnóstico do
câncer e outras desordens digestivas.
• Dispositivo que ajuda diretamente o coração a bombear sangue através
de sistema sensorial para enfermidades cardíacas avançadas – inovação
com potencial de salvar vidas entre pessoas com insuficiência
cardíaca. O dispositivo, sincronizado com as operações mecânicas do
coração, funciona através de um sofisticado sistema de sensores.
• ClearLight, tratamento da acne, que produz uma luz de alta
intensidade, livre de raios ultravioletas de banda estreita, que faz
com que as bactérias da acne desapareçam sem destruir o tecido cutâneo
periférico.
. Tecnología VOIP, que permite que as chamadas internacionais sejam
simples, econômicas e acessíveis.
• Fármaco da empresa Pfizer de Israel para prevenir a cegueira.
• Conversor de resíduos radioativos em energia limpa.
• Teste para detectar a clamídia.
• Teste para detectar a hepatite A e B.
• Teste para detectar o citomegavirus.
• Teste para detectar a rubéola.
• Teste para detectar a toxoplasmose.
• Teste para detectar anticorpos HIV de alta confiabilidade em apenas
dois minutos.
• Fármacos para tratar os casos de malária mais renitentes.
• Peptídeo de crescimento osteogênico (OGP), que incrementa a formação
de tecidos ósseos (importante para tratar osteoporose).
• Anticoagulantes para tromboses.
• Remédios “Decog” para o diabetes juvenil.
• Sistemas de ultrassom utilizados em medicina.
• Tomógrafos de medicina nuclear.
• Medidores de pressão sem braçadeira.
• Monitores portáteis e informatizados de ondas cerebrales.
• Tecnologia para estimular eletricamente os músculos do braço para
tetraplégicos.
• Aviões comerciais que dispõem de sistema antimísseis.
• Tratamentos redutores da dor.
• Projetos de eletricidade em larga escala com energia solar e
totalmente funcional.
Agora, tomara que não cobrem a mesma postura do lado de Israel. O que seria da vida dos judeus sem as incríveis invenções dos palestinos, que tornaram o mundo um lugar tão melhor?
sexta-feira, novembro 23, 2012
Populismo elétrico
Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
A
carga tributária representa 45% do valor final da tarifa de eletricidade no
país. O governo Dilma resolveu que a redução das tarifas do setor é parte
importante na estratégia de derrubar o Custo Brasil e melhorar a
competitividade da nossa indústria. Qual a solução encontrada pelos brilhantes
estrategistas do governo? Reduzir os pesados impostos do setor? Claro que não!
Acharam melhor decretar a queda da tarifa e ponto final.
Como
não existe almoço grátis, sobrou para as empresas do setor a fatura final. Mais
especificamente, para a grande estatal que controla boa parte do setor, a
Eletrobrás. O governo resolveu usá-la como centro de custo para seu objetivo
míope de curto prazo. Suas ações já caíram mais de 70% no ano, e a insegurança
jurídica agora é total, afugentando novos investidores. A capacidade de
investimento foi gravemente afetada. O longo prazo foi sacrificado pelo curto
prazo, como de praxe neste governo.
Mas
há quem aplauda. A Firjan gastou um bom dinheiro para publicar hoje um anúncio
de página inteira no jornal O Globo,
defendendo a presidente e alegando surpresa com os opositores, supostamente um
lobby em defesa das estatais. Curiosamente, o anúncio não cita uma única vez o
tamanho da carga tributária no setor. A indústria não quer atacar as causas do
problema. Prefere lutar por seus subsídios, e para o inferno com o amanhã!
Rogério
Werneck, professor da PUC, detona em seu artigo no mesmo jornal os argumentos
dos defensores desse populismo elétrico. Sua conclusão vai direto ao ponto: “Como
consumidor de energia, o leitor pode até estar satisfeito. Mas, como
contribuinte, deveria estar seriamente preocupado”. Lembrem-se sempre daquilo que
não se vê no primeiro momento...
A marca de Raul Seixas
Rodrigo Constantino
Acabei de ver o documentário sobre Raul Seixas, de Walter Carvalho. Está bom. Raul foi, como todos nós de certa maneira, um homem de seu tempo, filho e também um pouco pai da contracultura, subversivo e rebelde. Mas imprimiu sua marca singular, o "raulseixismo", como ele mesmo disse.
O pêndulo com a revolução cultural dessa gente 'muito louca' parece ter ido longe demais para o outro lado, e creio ser hoje o verdadeiro "revolucionário" aquele que prega o resgate de certos valores e tradições perdidas ou latentes. Não o moralismo excessivo e hipócrita da era vitoriana, ou o reacionarismo carola, mas o bom senso mesmo. Algum equilíbrio, quem sabe?
O mundo da "metamorfose ambulante", das drogas, do alcoolismo, do "carpe diem", dos filhos espalhados mundo afora com várias mulheres diferentes, do "maluco beleza", e também da fama, esta que pode ser a droga mais pesada de todas, eis um mundo que costuma levar somente a um único lugar: o abismo! É preciso ter muita estrutura para experimentar o veneno e resistir, para fechar um pacto mefistofélico e sair bem dele, ileso. Parece-me que quase ninguém consegue.
Acabei de ver o documentário sobre Raul Seixas, de Walter Carvalho. Está bom. Raul foi, como todos nós de certa maneira, um homem de seu tempo, filho e também um pouco pai da contracultura, subversivo e rebelde. Mas imprimiu sua marca singular, o "raulseixismo", como ele mesmo disse.
O pêndulo com a revolução cultural dessa gente 'muito louca' parece ter ido longe demais para o outro lado, e creio ser hoje o verdadeiro "revolucionário" aquele que prega o resgate de certos valores e tradições perdidas ou latentes. Não o moralismo excessivo e hipócrita da era vitoriana, ou o reacionarismo carola, mas o bom senso mesmo. Algum equilíbrio, quem sabe?
O mundo da "metamorfose ambulante", das drogas, do alcoolismo, do "carpe diem", dos filhos espalhados mundo afora com várias mulheres diferentes, do "maluco beleza", e também da fama, esta que pode ser a droga mais pesada de todas, eis um mundo que costuma levar somente a um único lugar: o abismo! É preciso ter muita estrutura para experimentar o veneno e resistir, para fechar um pacto mefistofélico e sair bem dele, ileso. Parece-me que quase ninguém consegue.